quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Portalegre, Régio ...e o Miguel

Tenho uma irmã minha que resolveu ir casar a Portalegre, não porque o marido fosse da região, mas porque era a meio caminho, mais ou menos das terras das respectivas famílias; casou numa capelinha na encosta em frente da cidade.
Tinha um grande Amigo, que a morte ceifou cedo demais, que escolheu Portalegre para viver a sua vida profissional, que sempre ali exerceu, sendo a sua mulher sido professora naquela cidade durante esse tempo.
E conheci, há menos tempo, um tipo que me enviou um dia um mail, acerca de um texto que eu publiquei aqui no blog sobre um homofóbico artigo de um jornaleco da cidade e que chegou às minha mãos. Nesse mail, esse tipo, com um orgulho muito alentejano,  orgulho ferido naturalmente, lamentava não o meu texto, mas o artigo em questão, sentindo-se envergonhado, como portalegrense da verborreia de um seu concidadão. Esse tipo, que vim a descobrir ser um tipo muito porreiro, é o Miguel, o Mike, de quem foi tão fácil tornar-me Amigo.
E, “last but not the least”, Portalegre é a cidade de José Régio, um dos grandes nomes da literatura portuguesa  do século passado.
Visitei recentemente Portalegre, onde não ia desde esse referido casamento, para mostrar um pouco mais de Portugal ao meu Déjan, e aí reencontrei o Miguel, evidentemente, que nos acompanhou num dia muito agradável.
Agora, e a propósito da publicação no blog do Mike do poema máximo de Régio – “O Cântico Negro”, ele falou na existência de um CD com a leitura do próprio poeta dos seus versos; perante o meu interesse, o Miguel enviou-me o referido CD, que agradeço sensibilizado.
Dele retirei uns dados auto biográficos manuscritos pelo  poeta que aqui transcrevo.
E porque como referi na altura, a melhor “leitura” que conheço do poema é do grande e inesquecível João Villaret, aqui a deixo também, com toda a sua força brutal.
Finalmente a interpretação muito boa também de Maria Bethânia, deste poema, neste vídeo que deixa também as palavras, em português e em Inglês.

(Clicar na imagem do texto de José Régio, para aumentar).

20 comentários:

  1. Olá amigo João, já faz pelo menos 2 anos que não passo por Portalegre. Mas felizmente conheço minimamente. Alias, foi aí que o meu cunhado andou a tirar o "curso" (sim porque GNR, também é um curso lol), além de outros amigos que também se formaram na mesma casa.
    Aquela capela de frente para a cidade, azul e branca, também estive lá e tenho algumas fotos (isto em 2006). Cidade agradável aonde já fui feliz... mas apenas como visitante hehe, também local de passagem para as férias em Sevilha.

    Já agora um abraço ao Miguel que conheci no jantar.

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  2. Essa declamação do Villaret é qq coisa de arrepiante! :O
    Não conhecia e por isso agradeço.
    Grande abraço.

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  3. Nuno
    nessa visita em que o Miguel foi um excelente cicerone, almoçámos na cidade, visitámos a parte antiga e depois fomos a Marvão e a Castelo de Vide - um dia muito bem passado.
    Abraço amigo.

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  4. Catso
    João Villaret foi o mais brilhante declamador português de sempre.
    Os programas dele na RTP eram seguidos com grande entusiasmo e graças a ele, estou certo, muita gente começou a gostar de poesia.
    Abraço grande.

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  5. Oh João, mais uma vez muito obrigada por este bocadinho. O Cantico Negro do José Régio é qualquer coisa de superior, e estes dois exemplos de dizê-lo e vivê-lo são sublimes.
    Quanto a Portalegre, é um lugar do meu Alentejo que pouco conheço, estive lá uma vez ou duas sempre de passagem para outras paragens.
    Beijinho

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  6. Meldevespas
    a região norte do distrito de Portalegre a que eu chamo de Alentejo beirão ou Beira alentejana, pois ali se misturam bastante bem as características de cada uma das regiões, é das menos conhecidas, injustamente, de todo o Alentejo, pois as pessoas preferem Évora, a costa vicentina, e mesmo o Alentejo puro de Serpa ou Mértola.
    Mas tem o seu encanto e Régio que ali passou grande parte da sua vida deixou bem a sua homenagem à cidade nos seus versos (Toada de Portalegre, p.ex.)
    Quanto a estas duas versões do Cântico negro, tão maravilhosas ambas, mas bem diferentes; impossível deixar uma de fora.
    Beijinho.

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  7. Amigo João...bem...tu és demais.
    Que rico e belo post. E fico muito lisonjeado pela referência. Cheguei a corar e a babar-me. :-)

    O interessante deste cd é ter o próprio poeta a ler os seus poemas num registo, diria até, informal. E não era "diseur" e julgo que não foi com esse objectivo.
    Villaret esse sim, declama o poema como ninguém. E depois a surpresa: Maria Bethânia, com a singularidade das legendas nas duas linguas.

    Quanto ao facto de nos termos conhecido, foi a única coisa boa que saiu daquele artigo bizarro.
    E como foi bom ter-vos por cá (voltem sempre) e descobrir por exemplo que a mulher do teu amigo foi minha professora,e saber, como aqui contas, que tinhas estado no casamento da tua irmã na Ermida da Penha. Como gostei.
    Mais uma vez te agradeço reconhecidamente. (por tudo)
    Um forte Abração!

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  8. Olá Pinguim lembro-me bem de uma visita de estudo o Portalegre e de termos falado de ser a terra do José Régio!! Não voltei lá depois disso mas estive lá perto este verão. Lembro-me que gostei muito. Um abraço.

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  9. Miguel
    nada do que digo no texto acerca de ti está a amais: és a prova (mais uma) de que a blogosfera, além da partilha tem essa particularidade de criar amizades reais e fortes.
    Sobre Régio, já disse tudo.
    Uma vez mais, obrigado.
    E hoje levas um beijo, para ser diferente.

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  10. André
    José Régio é natural de Vila do Conde, mas grande parte da sua vida foi passada em Portalegre, onde escreveu muitos dos seus poemas e outros livros.
    Já sei que andaste pelo Alentejo, mas não sei onde; no entanto, espero pela tua crónica de viagem para ficar a saber.
    Abraço grande.

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  11. Excelentes escolhas, Pinguim. Portalegre é uma cidade de mil encantos...
    E foi bom ouvir de novo Villaret e Bethânia a saborearem o poema de Régio!
    Tudo muito, muito belo:))

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  12. Justine
    como uma pessoa de bom gosto, não poderia deixar de ser esse o teu acolhimento.
    Beijinho.

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  13. Amigo João

    A par das boas memórias pessoais que aqui partilhaste connosco, trouxeste-nos dois momentos sublimes de declamação.
    Tanto Villaret, que me habituei a ouvir desde criança, como Bethânia que me deslumbra sempre e se transfigura completamente ao declamar, deram-nos aqui belos momentos dramáticos, com as sublimes palavras de Régio,nas quais me revi tantas e tantas vezes quando tinha de reflectir com o que de dificil a vida nos trás.
    Deste-nos um post fantástico caro amigo! Obrigado!
    Até meados de Setembro!
    Um abraço forte.
    Luís

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  14. Luís
    se Villaret era "apenas" um declamador( o que até não era verdade, pois foi actor de teatro e cinema), já Bethânia era, e é essencialmente canora, e de excepção: mas como referes, sempre adorou declamar e quando o fazia, era com uma intensidade dramática imensa, mas sempre feminina. Quanto a mim, a grande diferença das duas declamações é que está bem patente a versão do género de quem "lê" o poema, o que é muito interessante.
    Quanto a reencontros, como só regresso de Belgrado para o final de Setembro, até daqui por um mês.
    Que tenhas umas excelentes férias: merecidas sei eu que são.
    Abraço grande.

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  15. E este poema de José Régio continua a "mexer com a gente"!
    Abracinho

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  16. Maria Teresa
    e mexerá sempre, minha Amiga.
    Beijinho.

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  17. Brutal e belo. Um abanão para as ovelhinhas e os clones.
    Abraço

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  18. Caro X
    dois bons adjectivos.
    Tens que me explicar melhor o abanão; apesar de o relacionar com a força do poema...
    Abraços e boas férias escandinavas.

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  19. esta entrada está excelente! mais uma homenagem à amizade e ao grande Régio e Portalegre é só uma parte do Régio que se dividia também por Vila do Conde. este CD desconhecia (tenho uma colecção de CD de poesia) e os "dados auto-biográficos" são deliciosos. e desconhecia ainda a interpretação da Bethânia. apetece-me regressar ao museu e comprar mais t-shirts com versos do Régio.
    amei!

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  20. Paulo
    o Miguel é um grande amigo que conheci através da blogosfera e tem sido impecável comigo desde aquela entrada minha sobre o jornaleco de Portalegre com o artigo homofóbico.
    Nesta ida a Portalegre conversámos muito, vimos que conhecemos gente comum e vi que é uma pessoa maravilhosa e...Amigo.
    Mandou-me o CD e eu teria que lhe agradecer publicamente com uma entrada assim.
    Abraço grande,

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