Terminou o 15º. Queer Lisboa e o grande e merecido vencedor foi o filme “Rosa Morena”, uma co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, realizada por Carlos Oliveira, filme a que eu já tinha dado um especial destaque no post anterior.
Antes de falar no resto do palmarés, quero dar um breve resumo desta segunda parte do festival, na minha perspectiva. Vi mais dois filmes a concurso para o melhor filme, tendo assim assistido a sete dos 10 candidatos. Um inenarrável filme grego, com um nome qualquer e que foi das piores coisas que vi na minha vida (a Grécia está mesmo em crise…), e um muito interessante filme alemão, cujo nome inglês é “The Harvest”, passado numa comunidade agrícola, longe do bulício das grandes cidades e onde se vai desenvolvendo um belo relacionamento entre dois jovens trabalhadores-estudantes.
Fora de competições vi o melhor filme de todo o festival: o peruano “Contracorriente”, que não pôde concorrer ao prémio do melhor filme por ser já de 2009. É um filme soberbo, passado numa pobre comunidade piscatória do Perú, em que aparece um fotógrafo e pintor oriundo da cidade e de outro mundo, o qual se apaixona por um homem casado, em vésperas de ser pai e que, naturalmente, embora nutrindo sentimentos muito intensos entre eles, têm uma visão diferenciada desse mesmo relacionamento; depois do desaparecimento do fotógrafo, ele ( o seu fantasma) continua a “conviver” com o seu amante, até que é descoberto o seu corpo no fundo do mar. O seu amante, contra tudo e contra todos, assume a relação que entre eles existiu, ao fazer-lhe um enterro naquelas paragens, como seria seu desejo. É um drama intenso, mas nunca piegas, que aconselho vivamente a que procurem obter e ver.
Também com muito interesse, nesta secção Panorama, não em concurso, vi dois excelentes filmes: o argentino “Piedras”, onde dois jovens modificam a sua vida depois de assistirem a uma festa e um muito especial “Miss Kicki”, uma co-produção entre a Suécia e Taiwan, com uma envolvente viagem que desnuda o relacionamento entre uma mulher de meia idade e o seu jovem filho.
Nos documentários, assisti apenas a mais um – “Rent Boys”, do conhecido realizador alemão Rosa von Praunheim, sobre a vida dos jovens prostitutos berlinenses, sendo a secção a concurso de que vi menos filmes, quatro em dez.
Vi um filme da secção Queer Art, que desperta muito interesse em muita gente, mas não a mim; o filme visto foi sobre a carreira do realizador Bruce LABruce, um dos ícones dos festivais Queer de Lisboa, e que não é muito o meu género; o filme chamava-se “The Advocate for Fagdom”.
Resta falar das curtas metragens, das quais vi várias com muito interesse: ”Eu não quero voltar sozinho” (Brasil), “Fuckbuddies” (Espanha), “The Game kiss” (Indonésia), “Loop Planes” (EUA), “Plan Cul” (França), “Love 100%C” (Coreia do Sul), “Spring” (Reino Unido) e “Uniformadas” (Espanha).
Concluindo, foi um bom festival, com alguns filmes muito bons (Contracorrientes e Rosa Morena), um filme que não se entende como foi seleccionado – o grego; com um muito apropriado filme de abertura (Uivo) e um, quanto a mim, muito mal escolhido filme de encerramento, muito antigo e muito datado (Taxi Zum Klo).
Tenho pena de não ter assistido a um dos momentos mais importantes do festival, que foi o aparecimento após a projecção do filme “The Life and Death from Celso Júnior”, deste entusiasta pelo cinema gay, de quem me orgulho de ser seu amigo e que pode bem ser apelidado do “pai” do Festival LGBT de Lisboa. A sua apresentação como drag queen, mas com as inseparáveis botas foi um momento único, para quem viu…
A cinematografia latino americana imperou em quantidade e qualidade.
E agora o palmarés:
Melhor filme de ficção.: “Rosa Morena” de Carlos Oliveira.
Melhor actriz: Corinna Harfouch, em “Looking for Simon”
Melhor actor: Roberto Farias, em “Mi ultimo round”
Melhor documentário; “I am” de Sonali Gulati (India) …..(não vi)
Melhor curta metragem, por votação do público: “Não quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro (Brasil).
Também com muito interesse, nesta secção Panorama, não em concurso, vi dois excelentes filmes: o argentino “Piedras”, onde dois jovens modificam a sua vida depois de assistirem a uma festa e um muito especial “Miss Kicki”, uma co-produção entre a Suécia e Taiwan, com uma envolvente viagem que desnuda o relacionamento entre uma mulher de meia idade e o seu jovem filho.
Nos documentários, assisti apenas a mais um – “Rent Boys”, do conhecido realizador alemão Rosa von Praunheim, sobre a vida dos jovens prostitutos berlinenses, sendo a secção a concurso de que vi menos filmes, quatro em dez.
Vi um filme da secção Queer Art, que desperta muito interesse em muita gente, mas não a mim; o filme visto foi sobre a carreira do realizador Bruce LABruce, um dos ícones dos festivais Queer de Lisboa, e que não é muito o meu género; o filme chamava-se “The Advocate for Fagdom”.
Resta falar das curtas metragens, das quais vi várias com muito interesse: ”Eu não quero voltar sozinho” (Brasil), “Fuckbuddies” (Espanha), “The Game kiss” (Indonésia), “Loop Planes” (EUA), “Plan Cul” (França), “Love 100%C” (Coreia do Sul), “Spring” (Reino Unido) e “Uniformadas” (Espanha).
Concluindo, foi um bom festival, com alguns filmes muito bons (Contracorrientes e Rosa Morena), um filme que não se entende como foi seleccionado – o grego; com um muito apropriado filme de abertura (Uivo) e um, quanto a mim, muito mal escolhido filme de encerramento, muito antigo e muito datado (Taxi Zum Klo).
Tenho pena de não ter assistido a um dos momentos mais importantes do festival, que foi o aparecimento após a projecção do filme “The Life and Death from Celso Júnior”, deste entusiasta pelo cinema gay, de quem me orgulho de ser seu amigo e que pode bem ser apelidado do “pai” do Festival LGBT de Lisboa. A sua apresentação como drag queen, mas com as inseparáveis botas foi um momento único, para quem viu…
A cinematografia latino americana imperou em quantidade e qualidade.
E agora o palmarés:
Melhor filme de ficção.: “Rosa Morena” de Carlos Oliveira.
Melhor actriz: Corinna Harfouch, em “Looking for Simon”
Melhor actor: Roberto Farias, em “Mi ultimo round”
Melhor documentário; “I am” de Sonali Gulati (India) …..(não vi)
Melhor curta metragem, por votação do público: “Não quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro (Brasil).
As decisões parecem ser as da maior parte do público, pelo que os júris
estão de parabéns.
Passaram 8000 pessoas pelas sessões do cinema S.Jorge; parabéns à organização.
Gostei da curta brasileira, e interessou-me a Contracorriente, que ando a procurar pela internet.
ResponderEliminarObrigado mais uma vez pela crónica
Kaplan
ResponderEliminarnão costumo fazer isto, mas este filme (Contracorriente) é tão bom, que não resisto: para ti e para quem queira, podem encontrá-lo aqui:
http://www.megaupload.com/?d=CDCJHQKE
Abraço amigo.
Pinguin :)
ResponderEliminarPronto, mais uma curta para o meu blog. Muito boa. E deste muito boas sugestões :) Assim que as ver colocarei uma "critica" aos filmes :D
O Taxi Zum Klo, foi reeditado este ano, não sei se será essa a razão pela qual o filme terá sido escolhido para sessão de encerramento. Este ano marca o 30º aniversário do filme. Terá sido essa razão?
Abraço!
Justpine
ResponderEliminaré realmente muito boa esta curta e era quase certo que ganharia; é de uma sensibilidade imensa.
Sim, eu sei que essas duas razões pesaram na escolha do "Taxi Zum Klo" para o encerramento, mas justificava-se um filme actual e que se destacasse no panorama GLBT, mais do que foi, por aquilo que eu sei, uma escolha pessoal.
Ainda não me deste resposta ao meu pedido sobre quem és; nem mesmo sei se és homem ou mulher, hehehe....
Assim, vai um abreijo...
João, o "Expresso" desta semana traz uma reportagem muito interessante sobre o Queer!Não estou a minimizar a tua,não o poderia fazer, mas talvez tenhas interesse em ler a do "Expresso"...
ResponderEliminarAbraço
Justine
ResponderEliminarobrigado pela dica; vou ler!
É bom saber que este festival, o mais antigo festival de cinema de Lisboa começa a ter uma cobertura condigna com a sua importância.
Quem diria, há 15 anos atrás, na sua primeira edição que esgotou a sala principal do S.Jorge em três sessões e teve na sua totalidade 8000 espectadores?
É sinal de que, passo a passo, algo está a mudar, infelizmente ainda tão homofóbica.
Beijinho.
Pinguim já te respondi :) mandei te um mail :)
ResponderEliminarPrepucio das ostras era o meu blog antigo... Não sei se te diz alguma coisa mas pronto... Cá estou eu...
De ostra a porco espinho lol :P
Eu não sei se seremos assim tão homofóbicos... acho que não somos muito de festivais isso sim... Preferimos o shopping a um bom festival seja que temática for :)
Justine já agora obrigado também pela dica :D
Grande Abraço!
Justpine
ResponderEliminarnão recebi o mail, mas não importa.
Agora sei quem és e posso dizer-te com sinceridade que fiquei muito triste quando vi que a "ostra" tinha acabado.
Mas agora fico muito satisfeito, pois tenho uma grande empatia com o teor do teu blog.
Não concordo muito com o que dizes, sobre os festivais, pois como sabes o S.Jorge tem quase sempre festivais e estão sempre cheios, como o Fantas no Porto e outros.
Este, é mais específico e custou a entrar no "circuito", mas as pessoas agora não têm medo de ir ao Queer e até ir lá não é sinónimo de ser gay, como é óbvio.
Mas a homofobia ainda reina aqui, não no festival, pois os homofóbicos são cobardes e preferem mostrar a sua homofobia em casos isolados...
Abraço amigo.
Não tenho comentado estes teus posts do festival, porque não tinha assim muito para dizer :), mas vi agora a curta brasileira e adorei... muito simpes e terna, muito gira. :)) Beijinhos
ResponderEliminarObrigado por essas palavras encorajadoras... espero ter te como leitor assiduo :) quero que as pessoas discutam e debatam aquilo que escrevo... um pouco... como tu fazes aqui não é verdade?
ResponderEliminarO que acho é que este festival ganharia se fizesse uma edição nacional. Por exemplo Nós aqui no porto não temos direito a nada... não achas que seria algo a ter em conta?
Eva
ResponderEliminareu já a conhecia antes do festival, e quando a vi em competição, logo pensei que seria difícil não ser a vencedora.
Beijinho.
P.(é menos complicado e penso que também tem a ver com o teu nome real...)
ResponderEliminarclaro que irás ter.
Quanto ao festival, sabes que os festivais de cinema são sempre locais; vocês têm aí o Fantas.
É muito dispendioso, segundo penso, desdobrar uma organização de um festival por duas cidades diferentes; mas poder-se-ia escolher meia dúzia de filmes e depois fazer uma extensão aí...
Antes, era uma organização da Ilga, que agora também já tem uma sede no Porto, mas agora a organização do festival é da Associação Cultural Janela Indiscreta.
Abraço amigo.
Epá, este "Contracorriente" despertou-me a curiosidade... tem tudo para ser um filme que fica :)
ResponderEliminarMaurício
ResponderEliminarum conselho de amigo: faz o download do filme (tens o link aí em cima, no meu primeiro comentário) e vê o filme.
Depois,conta a tua opinião.
Abraço amigo.
Obrigado pelo link: tenho o filme e vou ve-lo.
ResponderEliminarKaplan
ResponderEliminarespero depois pela tua opinião.
Abraço amigo.
obrigado pelo link :)
ResponderEliminarenGine
Nuno
ResponderEliminartenho a certeza absoluta que vais adorar o filme.
Depois quero a tua opinião.
Abraço amigo.
Ei Pinguim, agora vou querer ver todos esses filmes. Tirando a Curta, ainda não vi nenhum desses e acredito que valham mesmo a pena. Vou seguir os teus conselhos e ver aqueles que recomendas por acredito serem os melhores. Um abraço.
ResponderEliminarAndré
ResponderEliminartens aí muitas e boas sugestões.
Começa com o "Contracorrientes" para iniciares com chave de ouro.
Abraço amigo.
Fiquei curioso com o Contracorrientes
ResponderEliminarAbraço
Sérgio
ResponderEliminarse quiseres fazer o download, o link está no meu primeiro comentário desta mesma caixa de comentários.
Abraço amigo.
Eu nem sabia da existência desse evento, porém como seu blog também é cultura, foi através de ti que descobri...
ResponderEliminarPela descrição, foi algo bem bacana...
Esse curta "eu não quero voltar sozinho" é bem bacana mesmo, bem criativo.
Forte abraço!
Ro Fers
ResponderEliminarfoi sim, e o teu país saiu um vencedor, já que o prémio do melhor filme é uma co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, todo passado em S.Paulo - "Rosa Morena" (que filme lindo!), e esta curta venceu o prémio a elas destinado,por votação do público.
Abraço amigo.
Olá my dear,
ResponderEliminarA curta "Eu Não Quero Voltar Sozinho" é realmente muito boa e, por acaso, já a conhecia. Postei-a já há alguns meses atrás. A simplicidade do amor dos dois e a forma discreta e subtil encantou-me.
Abraço. ^^
Mark
ResponderEliminaré tão puro o amor aqui mostrado!!!
Abraço amigo.
"Contracorrientes" é "só" um filme excelente!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarPodia escrever muito mais, pois tem várias leituras, mas acabei de vê-lo e não é fácil...
Uma questão apenas: porque é tão difícil duas pessoas assumirem o seu amor e a sua felicidade?
Na minha cabeça só ecoa: Why's It So Hard (de Madonna)
http://www.youtube.com/watch?v=wDBSNrSjJ-o
Nuno
ResponderEliminarfico extremamente satisfeito por concordares comigo na excelência deste filme.
Quanto à tua pergunta, ela é mais do que pertinente.
Como dizes, este é o tipo de filme, de que se poderia falar durante horas, mas apenas um apontamento - o que torna este filme diferente de tantos outros filmes LGBT é o facto de as pessoas serem simples, viverem uma vida tão normal e a localização da história: uma aldeia piscatória do sul do Perú.
Abraço amigo.