Mostrar mensagens com a etiqueta sítios/viagens. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sítios/viagens. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 6 de maio de 2014

Viagens 11 - Madrid

Antes da minha paragem do blog, há uns tempos, eu tinha algumas rúbricas de carácter mais pessoal que entretanto deixei de publicar. Uma delas, que acho interessante, era sobre as minhas viagens, e eu já ia por volta da dezena de postagens sobre o assunto. Claro que não estão incluídas as viagens que fiz a Belgrado para estar com o Déjan, ou as viagens que fiz com ele, à Croácia, Londres, Itália, Budapeste e Madrid, pois essas fui-as relatando na altura própria. São viagens feitas anteriormente e ainda me faltam uma série delas. Vou hoje reatar essas viagens, começando por falar nas inúmeras viagens que já fiz a Madrid, sem dúvida a cidade não portuguesa que mais vezes visitei, logo seguida por Londres…
Madrid é uma cidade muito bonita e plena de interesse.
A primeira visita, mal me recordo, foi quando era miúdo, com os meus Pais e irmãos. E em família, só uma outra vez estive em Madrid, já há uns anos, quando ofereci uma viagem à minha Mãe e à minha irmã Teresa. Embora já há tempos, a minha Mãe já tinha certa idade e foi uma visita calma, muito baseada ali no centro, privilegiando as compras e alguns passeios clássicos.
 Mas Madrid é essencialmente para mim, uma cidade de descoberta de um “mundo novo”, principalmente quando nos anos 90, a movida fazia de Madrid uma das mais loucas cidades europeias. A Gran Via
pelas quatro da manhã tinha quase tanto movimento como a Baixa lisboeta durante os dias de semana no horário laboral; a vida nocturna era intensa e o centro nevrálgico das minhas noitadas era naturalmente o bairro da Chueca
que começa na Gran Via, na Calle Hortaleza e em tantas pequenas ruas com uma imensidade de bares, discotecas, restaurantes, lojas, e outros locais sempre cheios de gays.
 Para mim era uma descoberta, foi ali que entrei pela primeira vez num quarto escuro
conheci locais maravilhosos, gente bonita e fiz muita, mesmo muita malandrice.
Frequentei saunas e locais de “cruising”
enfim a movida permitia todos os excessos.
Fui a Madrid sozinho, e também acompanhado, quer com o Miguel, meu primeiro namorado, quer com o Duarte, e com ambos ali passei noites de fim de ano, sempre começadas na loucura da Puerta del Sol
Outra novidade que Madrid me deu a conhecer foi o cinema de “engate” com o super conhecido “Cine Carretas”
na calle do mesmo nome, mesmo ali na Puerta del Sol.
Por duas vezes assisti em Madrid ao dia do Pride (Orgulho Gay) e foram celebrações gigantescas, maiores do que as que vi em Londres
Nesses dias, à noite, na Chueca era quase impossível circular e o que mais me entusiasmou foi o imenso apoio do povo madrileno, quer durante o desfile (que na altura começava na Puerta de Alcalá
e terminava no Sol), quer depois à noite na Chueca; havia tanta gente ou mais ainda, hétero que gays… Agora, Madrid está mais calma, mas continua apaixonante.
Estive lá pela última vez com o Déjan, também numa passagem de ano.
Mas Madrid não foi só para mim, como é óbvio, motivo de actividades gays; conheci ao longo de muitas visitas tudo o que é importante na cidade, quer monumentos, quer museus, quer jardins, e ali cheguei por vezes de carro, por comboio ou por avião.
Deu também para visitar alguns locais não muito distantes, como o Escorial

ou Toledo

Continuo a gostar muito da cidade, que considero a mais espanhola de Espanha, já que Barcelona é mais europeia.
Madrid é monumental, é das tais cidades que não esquecem nunca e a que apetece voltar sempre. Apetece repetir um dos mais conhecidos “dizeres” dos tempos da movida: “Madrid me mata…”

terça-feira, 15 de abril de 2014

"Io Che Amo Solo Te"

Ontem, ao rever algumas cenas, principalmente as últimas, do filme “Haway” que o João Eduardo pôs no blog dele, e como é hábito quando vejo cenas semelhantes, vieram-me as lágrimas aos olhos e o meu pensamento voou para Belgrado e para a intensa saudade e a imensa necessidade de abraçar e ter o Déjan comigo.
Claro que passado poucos minutos estávamos a falar no Skype e não consegui ocultar os meus sentimentos do momento, aos quais ele juntou os dele.
Há muito não estamos juntos e não podemos saber quando poderemos fazê-lo de novo, mas embora isso seja uma enorme necessidade para ambos, não estamos a colocar qualquer pressão sobre o assunto pois sabemos ambos que o processo de mudança de vida que o Déjan está a passar, com o final do estágio, o aproximar do final dos estudos de alemão e toda a complicada burocracia da sua candidatura ao trabalho num hospital ou clínica alemã, é demorada e árdua.
Além disso, o Pai dele resolveu viver com ele estes últimos tempos antes de ele rumar para a Alemanha o que inviabiliza uma deslocação minha a Belgrado.
Qual a minha surpresa quando hoje recebi uma encomenda  remetida de Belgrado (claro que enviada há dias), e pelo apalpar da mesma logo vi que vinha aí mais um daqueles coraçõezinhos vermelhos com a frase “VOLIM TE” (amo-te), para a minha já considerável colecção. 
Mas vinha acompanhado, o coração; trazia uma foto dele
linda, linda (claro que eu sou suspeito), e que já está devidamente encaixilhada e no sítio certo, na minha sala, com uma daquelas frases típicas do Déjan no verso da foto: “amo-te bubuska moa bubana” – tirando o “amo-te” o resto são palavras inventadas das muitas que ele tem para me mimar, e só eu sei a sua “tradução”, pois não vêm em qualquer dicionário.
Vinha também um postal de Belgrado, que dizia mais ou menos isto: “esta cidade precisa de ti, mas eu espero que nos encontremos, algures na Alemanha, na próxima vez. É um período muito difícil e stressante para mim, mas tu estás sempre no meu coração”.
Acreditem, é difícil, mas é maravilhoso e muito compensador, apesar de tudo, para ambos, viver um amor assim, vai para 9 anos...
E, pronto, porque sou Carneiro, porque nos amamos muito, aqui estou a partilhar a minha imensa felicidade.

VOLIM TE, chako pako!!!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um excelente fim de semana

Foi um excelente fim de semana, marcado por dois acontecimentos bastante diferenciados e qualquer deles muito gratificantes.
Em primeiro lugar, quero referir-me à visita a Lisboa do meu amigo de há muito, o Edu, que há anos andava a “ameaçar” vir até cá, mas só agora cumpriu a “ameaça”. Trouxe com ele excelente companhia: a sua Mãe, D.Augusta, pessoa simpatiquíssima e com quem se pode falar de tudo com uma amabilidade extrema, e também o seu namorado, o Reginaldo, com quem o Edu faz um excelente par.
O Edu é exactamente aquilo que eu sempre julguei pelo que lia no blog e nos contactos que íamos tendo – uma pessoa com um dom especial de convivência, com um discurso muito particular e saborosíssimo, naquele linguarar de Sampa, que é muito mais que o brasileiro a que estamos habituados; tem um humor muito apurado, e é de uma grande ternura.
Passei com eles o dia de sexta feira, tendo-os levado de carro naquele “velho percurso”: Lisboa, Sintra, com Pena incluída, Praia das Maçãs, Azenhas do Mar, Cabo da Roca, Boca do Inferno, Cascais, Estoril, e depois uma visita aos pastéis de Belém e ainda uma ida ao Cristo Rei, para ver Lisboa de frente, sempre tão linda.

No sábado fomos jantar ao Parque das Nações, num grupo alargado ao Miguel Nada, à Margarida Leitão e ao João Máximo e Luís Chainho, em casa de quem acabámos a noite (moram mesmo pertinho da Expo)
a apreciar uma torta de laranja deliciosa que a Margarida fez para a ocasião e numa tertúlia muito interessada sobre música brasileira e música portuguesa, e seus intérpretes
 Foi uma bela noite.

Hoje domingo, fui à tarde, com o Miguel, ver a última produção teatral dos Artistas Unidos, no TNDM, “Regresso a casa”, de Harold Pinter, numa encenação de Jorge Silva Melo, que também é intérprete.
O protagonista é o fantástico João Perry, no papel de Max, o pai, que vive com dois dos seus filhos, interpretados por Elmano Sancho e João Pedro Mamede e com o seu irmão (JSM), e a este núcleo familiar totalmente masculino, muito marcado pela ausência de uma figura feminina ( a mãe, já tinha falecido???), junta-se o terceiro filho, que vive nos EUA e traz com ele a sua mulher, que a família ainda não conhece. Este casal é interpretado por Rúben Gomes e Maria João Pinho.
Note-se que todos estes actores à excepção de João Perry, fazem parte dos elencos habituais da companhia dirigida por J.Silva Melo e são todos actores de excelência.
A peça, uma das mais conhecidas de Pinter é muito forte e a única personagem feminina torna-se o centro não só da narrativa, como toma mesmo o centro nevrálgico daquela família tão peculiar.
É uma peça que eu atrever-me-ia de qualificar de amoral, mais do que imoral, pois aqui a moralidade não existe…Fortíssima pois, como é hábito de Pinter.
Jorge Silva Melo
já muito experimentado na encenação do dramaturgo inglês, não tem qualquer dificuldade em assinar uma encenação, a todos os títulos brilhante.
É uma peça imperdível, do melhor que tenho visto nos últimos tempos.

E, "the last, but not the least", o meu Benfica, sagrou-se hoje, praticamente campeão nacional da época 2013-14 (falta-lhe um ponto e três jogos para o conseguir). 
Absolutamente justo este título do SLB.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

The Gay Men Project

A ideia por detrás do “Gay Men Project” é bastante simples.
Nos últimos dois anos Kevin Truong* viajou por diferentes cidades em todo o mundo e fotografou como pode, muitos homens gays.
Até agora foram cerca de 400, em 15 cidades distribuídas por 4 continentes.
Ele pede a cada uma das pessoas que fotografa, que descreva a sua história, publicando esses depoimentos junto com as respectivas fotos.
Tem um blog com esses depoimentos
O seu objectivo é criar uma plataforma para desfiar estereótipos e é também uma forma de criar uma espécie de comunidade para outras pessoas que podem não ser tão abertamente gays.
Pode ser uma pessoa conhecida (um actor, um atleta profissional), mas também uma pessoa perfeitamente desconhecida.

*Kevin Truong nasceu num campo de refugiados vietnamita, em Kuala Lumpur (Malásia), tendo a sua família emigrado para os EUA no ano seguinte ao seu nascimento.
Aí fez o Bacharelato em Economia numa Universidade e passou quatro anos a trabalhar, sem fins lucrativos, num programa de desenvolvimento para a juventude, em vários pontos dos EUA e também em Belize.

Podem ver aqui um vídeo com os primeiros 373 retratados.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dois livros de fotografia

O meu amigo Félix, amante da fotografia e bom fotógrafo, esteve recentemente em minha casa e trouxe-me alguns belos livros de fotografia.
Claro que são livros especiais, em que o texto tem a sua importância, mas em que o essencial são as imagens.
Já li (vi) dois deles, ambos muito belos e bastante diferentes.
Um é “Gens du Barroso – Histoire de une belle humanité”
com fotos do fotógrafo francês Gérard Fourel e com textos do português Antero de Alda, em que se faz o registo de algumas das mais típicas aldeias da serra do Barroso (Trás-os-Montes). São fotos cruas, de uma vida dura, cinzenta e fria, mas muito belas.

O texto é bilingue (francês e português) e é um livro muito interessante. Podem e devem ver todas as fotos deste livro aqui.

O outro é da autoria da famosa fotógrafa americana Annie Leibovitz, de ascendência judia e à qual já dediquei há tempos um post neste blog com algumas das suas mais famosas fotos.
Chama-se o livro “A Photografer’s Life: 1990-2005"
e nele,Annie mais que mostrar as suas principais fotos, dedica a maior parte da obra a dois temas muito pessoais – a sua família, nomeadamente os seus pais e o seu relacionamento com Susan Sontag

 uma das mais importantes pessoas da sua vida.
Claro que estão no livro fotos célebres, mas essencialmente são registos muito íntimos, sem a preocupação de fazer uma bela foto, mas e por isso mesmo, muito reais. Pode ver-se o envelhecimento dos pais e pode ver-se a progressão da doença de Susan.
Curiosamente uma das fotos mais conhecidas deste livro foi tirada por Susan Sontag e é um retrato de Annie nua e em adiantado estado de gravidez.
É portanto um livro fundamental para quem se interessa por fotografia e principalmente pela vida e obra de Annie Leibovitz.

Em complemento um acompanhamento musical de canto popular transmontano – “A fonte do salguerinho”.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Eu e um "filmezinho" que mexeu comigo...

Eu por vezes dou comigo a pensar que não me conheço ao fim destes anos todos, completamente bem.
Já vivi muito, tive variadíssimas experiências, das quais poucas, muito poucas mesmo me arrependo; não me considero estúpido, tenho mesmo alguma cultura; enfrentei de frente, sem medo a minha sexualidade; sou amigo verdadeiro dos meus amigos e tenho medos, como toda a gente.
Adoro a minha família e tive uma educação primorosa, baseada nos princípios que sempre reinaram em nossa casa; não fui habituado a luxos, mas também me ensinaram sempre a ser digno.
Tudo isto para dizer o quê? Que tenho um temperamento que por vezes não controlo, sou tudo menos perfeito e se procuro consensos, também há alturas em que marco muito, talvez demasiado as minhas paixões e os meus “odiozinhos de estimação”.
Um dos meus maiores defeitos é pôr quase sempre o coração à frente da cabeça, embora não entre em desvarios e nunca me arrependi disso. Quando gosto, gosto mesmo muito, quando não gosto, mostro-o abertamente – nunca seria um bom actor…
Sou muito crítico em relação a certas situações, e não me abstenho de o afirmar, mesmo quando envolvem coisas delicadas, como a política ou a religião.
E…sou um piegas do caraças!!!!
Estou para aqui a palrar sobre mm próprio, quase com medo de afirmar que acabei de ver um filmezinho, nada de um filme de grande orçamento, com grandes actores e vedetas que chamem o grande público. E que quando acabei de ver esse filmezinho tinha duas lágrimas a rolar-me pelas faces – piroso, sou isso talvez, mas que hei de eu fazer se sou assim.
O filme foi realizado por um jovem, Ruben Alves
filho de emigrantes portugueses em França, e com este filme ele quis homenagear os seu pais, a mãe, uma porteira e o pai, trabalhador da construção civil.
Já adivinharam que me refiro ao filme “A Gaiola Dourada”, protagonizado por Rita Blanco e Joaquim de Almeida, e que nos mostra de uma maneira bastante correcta o dia a dia de uma típica família portuguesa emigrada e a trabalhar em Paris. Claro que é uma emigração dos tempos da “mala de cartão” e não a emigração de hoje, mas é sempre emigração, com tudo o que essa situação traz a quem é obrigado a fazê-lo.
Eu, que tantas vezes sou tão crítico do meu país, até da nossa maneira de ser, da nossa tão apregoada falta de produtividade e do nosso hábil “desenrascanço”, vi-me no final do filme, qual sentimentalão romântico a pensar que afinal, caramba, Portugal e principalmente nós os portugueses somos uns gajos porreiros…
Eu sei que isto é apenas um filme, mas está ali muito de nós, muito da forma como somos, quase sempre humildes, o que não quer dizer que sejamos subservientes.
 E por eu ser assim, por reconhecer que eu poderia fazer parte daquela gente é que estou a dizer isto tudo.
Se já viram o filme, gostaria de saber a vossa opinião, mesmo que seja bastante diferente da minha; se não viram, façam o favor de ver, até porque está ali uma das maiores actrizes portuguesas, Rita Blanco
e até o habitual canastrão Joaquim de Almeida se safa muito bem.
Aqui fica um vídeo que mostra algumas cenas do filme assim como algumas entrevistas e também pequenos apontamentos do seu “making of”

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Realidade e ficção

O realizador holandês Siar Sedig elabora uma curta metragem de 11 minutos misturando desejos, anseios e auto-estima, e conjuga-os num fascinante problema de géneros.
“Last Exit Home” tem lugar no metro de Amsterdão, e o narrador fala do seu habitual trajecto para o trabalho; as pessoas que vê todos os dias. A familiaridade do ritual.
Subitamente alguém estranho entra no comboio e tudo muda.
Neste filme bastante simples e transformando os géneros de forma a servir os seus desejos, leva a história para um outro patamar.
É bonita a subtileza, as questões que se levantam, as questões para as quais realmente nunca haverá resposta…

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Yannis Tsarouchis

Yannis Tsarouchis (13 de Janeiro de 1919 – 20 de Julho de 1989) foi um pintor grego, nascido em Pireus; estudou na Escola de Belas Artes de Atenas (1929-1935), tendo também estudado Arquitectura.
Em 1935/1936 visitou Istambul, Paris e a Itália, tendo entrado em contacto com a arte renascentista e o impressionismo e conheceu artistas influentes como Henri Matiise e Alberto Giacometti.
Voltou para a Grécia em 1936 e dois anos mais tarde fez a sua primeira exposição pessoal em Atenas.
Mais tarde combateu na II GG e em 1949 com outros artistas gregos formou um grupo de arte – “Armos”. Expôs em Paris e Londres em 1951 e em 1958 participou na Bienal de Veneza.
Em 1967 estabeleceu-se em Paris.
Encheu as suas telas com imagens de homens vulneráveis e (em muito menor grau) de mulheres fortes.



















domingo, 12 de janeiro de 2014

"Wake in fright"

Hoje trago até aqui um filme que vi há dois dias atrás e que pretende comemorar o 40º. Aniversário da sua apresentação, já que a mesma ocorreu em 1971. Trata-se de um filme chamado “Wake in Fright”, realizado por Ted Kotcheff, um canadiano que dirigiu com competência variadíssimos filmes em Hollywood.
O filme foi apresentado nesse ano no festival de Cannes, onde foi candidato à Palma de Ouro e tem como principal intérprete um desconhecido actor (pelo menos entre nós), de nome Gary Bond
e que andou “perdido” entre séries televisivas, tendo aparecido no entanto em filmes como “Zulu” e “Rainha por mil dias”. É um excelente actor que nos faz recordar o recém desaparecido Peter 0’Toole dos seus melhores tempos.
Entre outros actores aparece o magnífico Donald Pleasance, com a sua perturbante fisionomia e que eu vi em tantos e tantos filmes, desde o fabuloso “Cul de Sac” (O Beco) , um dos primeiros filmes de Polanski.
Penso que o filme não terá sido exibido comercialmente em Portugal ,e no Brasil teve o nome apropriado de “Pelos caminhos do inferno” e socorro-me de uma critica então publicada por um blogger (Ronaldo Perrone) para dar uma ideia do enredo do filme.

"Só de olhar pra essa arte aí em cima eu já começo a sentir um calor desgraçado, uma das tantas sensações que este filme provoca. Na verdade, Wake in Fright  foi uma das experiências mais intensas que eu tive este ano em termos de cinema. E olha que já tinha visto antes! Mas é um caso curioso, porque até há algum tempo este filme australiano rolava por aí numa versão de péssima qualidade, acho que tirada de um VHS ou ripada da TV, mas que não fazia juz à grandeza desta obra prima de força descomunal, algo que eu só pude realmente sentir quando conferi a versão restaurada lançada em 2009.
Este pesadelo filmado é uma coisa desesperadora, tem direção de Ted Kotcheff, responsável pelo primeiro "Rambo", e é estrelado por Gary Bond como John Grant, professor de uma escola no meio do outback, o deserto australiano, e que consegue suas almejadas férias na qual pretende ir a Sidney, curtir uma praia e reencontrar sua garota… só que a viagem é uma merda. Primeiro pega um trem até uma cidade chamada Bundanyabba, onde precisa esperar uma noite inteira para pegar um avião no outro dia até o seu destino final. No entardecer, o nosso amigão resolve sair para tomar uma bebidinha… e é o suficiente para uma descida ao inferno tão angustiante que não desaponta o título dado ao filme aqui no Brasil! 
Primeiro, o sujeito vai à um bar gigantesco, abarrotado de pessoas entornando cerveja e logo de cara percebe-se que John se sente totalmente deslocado. Não é apenas o público que acha aquelas pessoas e o sotaque estranho (assisti ao filme sem legenda e o inglês australiano é bem complicado de seguir), mas o próprio protagonista se sente um estrangeiro em Bundanyabba, com seus rituais insólitos e uma bebedeira frenética sem fim. Ele conversa com algumas pessoas, com o xerife, e todo mundo bebe canecas de cervejas em uma virada e lhe pagam cerveja atrás de cerveja, fazendo-o beber da mesma forma que eles e putz, nunca vi na minha vida tanta cerveja sendo bebida desse jeito… em dez minutos eu já estava tonto de ver tanta cerveja entornada goelas a baixo. Ao fim da sessão eu precisava de um banho e dormir, sabendo que ia acordar com uma puta ressaca! 
E os habitantes pancados adoram Bundanyabba, acham o lugar um paraíso… Paraíso ou inferno, o negócio é que John fica literalmente preso no local - como os personagens de "O Anjo Exterminador", de Buñuel, só que de maneira mais realista - à partir da primeira bebedeira... Perde todo o dinheiro em um jogo de moedas, bebe, conhece pessoas cada vez mais estranhas, mas que ficam lhe dando cerveja a todo instante – e quando recusa, se sentem ofendidos, como se tivesse jogado merda na bandeira australiana – então ele bebe mais ainda, os dias vão passando e ele tentando arranjar dinheiro pra sair dali, joga, se envolve com a filha de um sujeito que lhe ajuda, bebe, sai pra caçar cangurus, bebe de novo, luta com os amigos bêbados, sempre com a mesma roupa, cada vez mais sujo, suado e tudo indica que tenha perdido a virgindade da “parte traseira” com o personagem do Donald Pleasence! Aí que o cara surta de vez…Mas as cenas mais impressionantes são as da caça aos cangurus, hiperrealistas e cruas. Na verdade, a sequência é uma autêntica prova de tolerância para o espectador, com os animais sendo abatidos cruelmente na tela, sem cortes, sem poupar o público de qualquer imagem mais impressionante. No final do filme há uma nota da produção informando que todas as cenas foram filmadas na época de caça, de forma legalizada, por profissionais. Mas isso pouco importa, a maneira como tudo é mostrado e editado deixa uma sensação extremamente depressiva. 
Como disse, é um pesadelo filmado, Wake in Fright é uma obra prima que deveria ter a mesma importância que "Walkabout", de Nicholas Roeg, para o cinema australiano, que começava a ganhar uma forma. E nada melhor que subverter. A coisa aqui é barra pesada, mas maravilhosamente bem filmada. O filme mexeu com meus nervos com muito mais eficiência que maioria dos filmes de terror que existem por aí… Rola uma história de que por muito tempo o negativo original havia se perdido e encontrado lá pelo ano de 2004, por isso sua restauração é tão recente. Mas sua redescoberta é obrigatória! a versão vagabunda, que eu assisti há alguns anos encontra-se disponível até no youtube. Recomendo, no entanto, a versão restaurada para uma experiência quase única, que tanto pode tangir o sublime quanto o perturbador."

 Quero deixar aqui uma ou duas opiniões próprias sobre este filme: possivelmente nunca se fez um filme que mostrasse a “outra face” da Austrália, do país profundo e não das modernas cidades como Sidney e outras. É um país muito marcado pelo “homem” e em que a mulher é relativamente pouco importante e de certa forma podemos ver neste filme uma envolvência quase homo erótica, embora isso não seja evidente, nas cenas dos bares onde os homens se divertem em jogos  e bebedeiras, fazendo por vezes lembrar bares gays (sem o serem em absoluto) e também num eventual encontro físico entre as personagens interpretadas por D.Pleasance e Gary Bond.
Finalmente, a cena da caça aos cangurus é talvez uma das mais violentas cenas que eu já vi no cinema.
Deixo aqui o link para se poder ver integralmente este filme num vídeo do You Tube. 
Vejam e apreciem, mas fica o aviso de que é um filme muito forte, mesmo.



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Do You Remember?


Do you remember Venice?
And London, Madrid, Budapest, Milan?
And Lisbon, so many times?
And Beograd, so many times too, but mainly once, the first time we have seen one another?
Do you remember, Déjan, so many wonderful things during this 8 years?
At 29 December 2005 we begun our relationship, so many time ago, but it's like yesterday...
As the title of this italian song "I love only you"...today as 8 years ago, even more, because these years have been difficult, but so strong, so deeply full of love.
You are my love, but more,  you are my life.
I will be always greatful to destiny because it happens that I knew you.
Thanks my wonderful Dejanito for your love and of course you know how much I love you...
And how much I miss you, my God!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Drukpa Kunley

Um post estranho, diferente...

Talvez pouco próprio de um dia festivo como o de hoje, mas todos os dias são bons para se partilhar algo.

Depois, um post em francês, o primeiro neste blog. Talvez uma língua menos conhecida de muita gente do que o corrente inglês, mas uma língua que, para mim, é importante, pois foi esta a primeira lingua que estudei e na qual li a grande maioria dos livros na  minha juventude; a língua de uma Cultura, a francesa, onde nós vamos buscar muito da nossa identidade cultural. E depois seria fácil traduzir a introdução do artista, mas seria dificil traduzir o poema.

Finalmente, o tema, não o o tema geral, já que a chamada "Arte Urbana" está bastante disseminada, mas o motivo escolhido para expressar esta arte, pelo Drukpa Kunley  - os "phallus"...
Drukpa Kunley, connu également sous les noms de Kunga Zangpo Legpai , Drukpa Kunleg, Kunga Legpa, où le Fou du Dragon était un grand maître de mahamoudra dans la tradition bouddhiste qui a introduit le bouddhisme au Bhoutan.
Il était également poète.*
Il entra dans les ordres après le meurtre de son père et les quitta à l'age de 20 ans pour vivre une vie de mendiant.
Son style de vie était en opposition avec les préceptes rigoristes des traditions bouddhiques, en effet il passait son temps entre l'alcool et les filles et apparemment était un sacré obsédé sexuel.
Mais il dénonçait également l'hypocrisie, la suffisance, l'individualisme et la cupidité.
Il serait à l'origine de la tradition de peindre des phallus sur les murs des maisons.
Selon la légende il fit fuir un démon en le frappant avec son sexe. Il est évidemment un symbole de fertilité. En tout cas il nous a permis en visitant certains villages du Bhoutan de découvrir de véritables musées du phallus à ciel ouvert dont certains sont très beau.
Imaginez-vous vivre dans un village dont les murs des maisons sont couverts de bites!


















*La jeune vierge trouve plaisir au désir naissant,
 Le jeune tigre à la consommation de l’acte,
 Le vieillard dans sa mémoire fertile;
 Tel est l’enseignement des Trois Plaisirs.

 Le lit est l’atelier du sexe,
 Il doit être large et confortable;
 Le genou est le messager du sexe,
 Et doit être envoyé en avant-garde;
 Le bras est l’étau du sexe, il doit étreindre fermement;
 Le vagin est avide de sexe,
 On doit le satisfaire sans jamais débander;
 Tel est l’enseignement de la Nécessité.

 On reconnaît un riche à son poing étroitement serré,
 On reconnaît un vieillard à son esprit étroitement resserré,
 On reconnaît une nonne à son vagin qui serre étroitement,
 Tel est l’enseignement des Trois Contractions.

 Le beau parleur s’immisce au milieu de la foule,
 La richesse du monastère va dans l’estomac des moines,
 Le gros pénis pénètre le vagin des jeunes filles,
 Tel est l’enseignement des Trois Immixtions.

 Kunley ne se lasse jamais des filles,
 Les moines ne se lassent jamais de la richesse,
 Les filles ne se lassent jamais du sexe,
 Tel est l‘enseignement des Trois Infatigables

 Bien que les bourses puissent pendre très bas,
 Elles ne sont pas un sac adapté pour porter les provisions d’un ermitage.
 Bien que le pénis ait un manche fort et une tête large,
 Ce n’est pas un bon marteau pour enfoncer un clou.