sábado, 22 de junho de 2013

"Dead Dreams of Monochrome Men"

Assassinatos homossexuais e necrofilia podem não ser os assuntos mais apropriados para uma coreografia, mas em Dead Dreams of Monochrome Men (1990), a companhia de dança DV8* produziu um trabalho poderoso em que explora estes aterradores aspectos da psique humana.
O ponto de partida é um importante estudo de Brian Master sobre o serial killer Dennis Nilsen “Killing for Company”, embora não seja uma adaptação rígida desse estudo.
Esta peça encontrou uma linguagem de movimentos que explora e expõe uma sequência de estados emocionais…

Como se pode adivinhar é um vídeo forte, carregado de homo-erotismo, mas nunca pornográfico, e que embora longo, não posso deixar de recomendar vivamente a sua visão (a cópia, não sendo actual, não será a ideal, mas a maior parte dos seus vídeos não estão disponíveis).

*Companhia criada em 1985, a DV8 é reconhecida pela sua postura simultaneamente radical e acessível, e questiona a estética e os temas tradicionais da dança, apostando na clareza para transmitir ideias e sentimentos. 
É uma companhia de Teatro Físico, do País de Gales, dirigida por Lloyd Newson, que concebe e desenvolve todos os espectáculos da companhia, e para cada projecto  recruta uma equipa de actores/bailarinos.
O resultado é poesia virtual e auditiva.
Produziu ao longo destes anos, 15 espectáculos que foram aclamados pelo público e têm sido apresentados em vários países, e também  cinco filmes premiados, para televisão, entre os quais este que aqui foi apresentado.

Quem estiver interessado pode consultar o site da companhia DV8 aqui.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Os perigos de uma história única"

Já ouviram falar de Chimamanda Amichie? Eu também nunca tinha ouvido falar e desconhecia completamente a existência de uma escritora nigeriana com este nome.
Mas porque a blogo vale a pena, muito mais que todas as redes sociais do mundo, descobri esta brilhante mulher num blog que há muito sigo e que já por várias vezes recomendei aqui no meu blog , as “Tertúlias” do meu bom amigo Ricardo, um brasileiro que habita em Viena há já bastante tempo e que delicia os seus seguidores com as suas incríveis descobertas.
Pois é retirado deste seu blog que aqui tenho o imenso prazer de partilhar este vídeo brilhante com esta fabulosa Senhora, numa dissertação sobre os “perigos de uma história única”.


E, parecendo que nada tem a ver com isto, mas tem tudo a ver com a riqueza desta blogo que não me canso de enaltecer, façam favor de passar pelo blog “Felizes Juntos” e vejam os deliciosos preliminares de mais uma história do “The Book Of Distance”; para já são sete postagens imperdíveis…

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Gatos...

Este é possívelmente o mais extenso post jamais publicado neste post, mas é em termos de texto, perfeitamente minimalista.
Quer gostem ou não de gatos, divirtam-se, e claro que a música ambiente é de um "gato" , o ex Cat Stevens...































































sexta-feira, 14 de junho de 2013

"The Last Fead"

Esta é uma tela de Paula Rego, intitulada "The Last Fead", ou seja, traduzindo à letra "A Última Mamada". Estou à espera da reacção da Presidência da República, com uma eventual abertura de um processo de averiguações ou uma coima de 1300 euros à pintora, por difamação do Chefe de Estado, que não só sugere que o mesmo é um palhaço, mas que até vai mamando aqui e ali (não quero ser má língua, mas esta última mamada terá algo a ver com o BPN?)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cinema e música 6 - "Morte em Veneza"


Se há filmes que marcam pela sua sensibilidade, um deles é sem dúvida a obra prima de Luchino Visconti, “Morte em Veneza” (1971).
Aliás todos os filmes que têm Veneza como cenário são mágicos, como mágica é aquela cidade do Adriático. Acredito que não haja no mundo uma cidade tão “cinematográfica”.
Neste filme cuja época nos reporta ao princípio do século passado, um compositor passa férias no Lido, a praia em frente da cidade, onde procura refúgio para problemas recentes, profissionais e pessoais, e acaba por se deixar seduzir por Tadzio, um jovem com uma beleza andrógina, que ali passa uma temporada com a família.
Entretanto é focada também a epidemia de cólera que assolou aquela cidade na altura e que as autoridades procuram esconder para não comprometer a estação turística.
A cena final, da morte do protagonista, só, na praia, e com Tadzio a brincar por perto, é de uma beleza ao mesmo tempo terrível e tocante, com Dirk Bogarde a ter uma das suas mais brilhantes interpretações.
De realçar a beleza e o porte senhoril de uma grande dama do cinema europeu, Silvana Mangano, que tantas vezes trabalhou com Visconti.
E também a presença do jovem actor sueco Bjorn Andrésen, que protagoniza Tadzio, e que podemos ver aqui  num curioso vídeo, em que Visconti o testa para este papel.
Claro que a base desta postagem é a relação do cinema com a música e aqui não só por ser um compositor o principal protagonista. E há quem diga que foi em Gustav  Mahler que Thomas Mann, o autor da obra aqui adaptada, se inspirou para dar vida ao personagem.
E é precisamente deste compositor o principal tema musical do filme, o célebre Adagietto da sua 5ª.Sinfonia, e que para mim é das mais belas peças musicais de sempre.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

José António Almeida

Não é fácil escrever um texto, nos moldes clássicos, sobre o poeta português José António Almeida.
Após aturada busca, não encontrei na net uma biografia ou mesmo uma bibliografia completa, muito menos uma foto do poeta.
Apenas a indicação que terá nascido há cerca de 50 anos na vila de Cuba , no Alentejo, e que se tornou mais conhecido depois das reflexões em que participou na Capela do Rato, sobre a tripla condição de poeta, homossexual e católico, aliás referida no seu livro “O casamento sempre foi gay e nunca triste”,
já falado neste blog quando inseri um dos seus textos junto com o abominável vídeo da Drª(?) Madalena Fontoura.
Desse post resultaram variados e interessantes comentários dos quais eu próprio, (e parece que não só eu) adoptei uma palavra sugerida pelo Ophiuchus para substituir o catolicismo, e que é a Espiritualidade, ou seja a minha relação com Alguém, difícil de definir, mas que consubstancia muito daquilo que nos faz acreditar num ser superior e nos permite ter fé.
Esse livro é um dos quatro que li recentemente de José António Almeida, e sobre ele aconselho vivamente a ler uma excelente e completa entrevista dada pelo escritor à revista Pública, em 11 de Abril de 2009 e que pode ser lida aqui.
O primeiro livro que li de José António Almeida foi no entanto “Obsessão”,
um curto livro de poemas, publicado como o referido anteriormente pela “&etc”, que me seduziu pois vi nalguns dos seus poemas algo que o aproxima, com o devido respeito e nalguns aspectos a António Botto.
Vejamos o poema primeiro e que dá o nome à obra:

Numa só coisa porfio:
Outra vez ver o teu corpo
Na minha cama despido,

De livro folhas abertas
Com os dois braços cruzados
Atrás do rosto de efebo

- devorando cada letra
Em meu quarto no segredo.
De noite o membro de nácar

Sempre com donaire erguido,
Acróstico no teu peito
Começado sem ter fim.”

Ainda com a mesma chancela (&etc), um outro seu livro, desta vez em prosa, “A vida de Horácio”,
delicioso apontamento sobre uma personagem que vai alternando a sua homossexualidade com o aparecimento na sua vida de duas mulheres que o marcaram fortemente: a frágil e virginal Miss Savonarola, e a impetuosa e imponente Madame Robespierre. Como se adivinha esta pequena história está descrita com um subtil humor e o autor mostra aqui uma veia até então desconhecida.
Finalmente o último livro que li deste autor é de novo em verso e é excelente: “O rei de Sodoma e algumas palavras em sua homenagem” da Colecção Forma, da Editorial Presença.
Alguns poemas são verdadeiramente admiráveis e permito-me aqui transcrever aquele que mais me seduziu:

Cruzou-se de noite entre as sombras do parque
com outro vulto, como dois desconhecidos
deslizando furtivamente um pelo outro.
Mas o cão que acompanhava o vulto estranho
(um podengo velho, sem pelo, quase cego,
Com menos de metade das forças de outrora)
levantou a cabeça e as orelhas, pôs-se
a farejar-lhe as pernas, abanando a cauda
(o estranho continuou, sem olhar para trás).
O animal reconhecera o cheiro dos membros
despidos com que brincara muitas vezes
numa casa em que o dono e aquele corpo
partilharam quatro paredes, há muito tempo.
E o homem, fugindo, enxugou uma lágrima.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Half-Drag

Half-Drag é o nome do projecto do fotógrafo nova-iorquino Leland Bobbé, que retrata os dois lados de drag queens da cidade.

"Através do poder de cabelo e maquilhagem, esses homens são capazes de transformar-se completamente e encontrar o seu lado feminino, enquanto, simultâneamente, mostram o seu lado masculino", disse Bobbé ao Huffington Post.

E atenção, de acordo com o mesmo, não se trata de montagens, pois as imagens foram feitas num único clique.

Estas são algumas das imagens




Todas as imagens podem ser vistas aqui

 Esta postagem foi feita através do blog da revista Qüir.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Viagens 9 - Espanha aqui tão perto (região Centro)

Nesta segunda incursão das minhas viagens a terras espanholas, não longe das fronteiras portuguesas, privilegio os tempos em que vivi na Covilhã e a facilidade com que habitualmente dávamos uma “saltada” a Espanha.
Neste mapa se pode ver quão perto distam da Covilhã, as cidades de Salamanca e de Cáceres. 

 Afinal, Salamanca é uma grande cidade, se a comparamos com a minha cidade e muito mais acessível, pelo menos nesses tempos, do que Lisboa ou o Porto; e sempre era ir a um outro país. Da Covilhã a Salamanca, distam cerca de 200 Kms, de uma boa estrada, então e por isso era frequente, quer familiarmente, quer mais tarde sozinho ou com amigos deslocar-me ali. Salamanca é uma linda cidade, universitária com todo o bulício que isso implica, com uma Catedral imponente que se recorta de qualquer ângulo pelo qual se espreite a cidade. Merece uma demorada visita.
Mas o centro atractivo desta cidade castelhana reside na sua Plaza Mayor, considerada como a mais bela de toda a Espanha, suplantando mesmo a de Madrid; é enorme e com todos os pormenores que necessita para ser considerada como tal: monumentalidade, dezenas de esplanadas ao longo das suas arcadas e espaço, muito espaço.
Uma ida a Salamanca a passar um fim de semana era sinal de um tempo óptimo para comprar algumas coisa, visitar outras e também viver aquelas típicas situações de comer umas tapas antes de um jantar tardio e de muita diversão nocturna, naquelas ruas estreitinhas que partem da Plaza Mayor e estão repletas de bares e “bodegas”.

Mas, e quase a meio caminho entre a Covilhã e Salamanca está uma pequena cidade que merece uma paragem; trata-se de Ciudad Rodrigo
uma cidade murada, pequena mas excepcionalmente atractiva com alguns monumentos que justificam umas horas de visita, nomeadamente todo o centro histórico, com destaque para a Catedral.
Fica apenas a 25 kms da fronteira portuguesa.

Já o terceiro destino, deste roteiro fica mais a Sul, já na Estremadura espanhola: é a cidade de Cáceres, para a qual se pode ir pelo mesmo caminho até Ciudad Rodrigo e aí divergir para Sul, ou então entrando em Espanha pela fonteira perto de Penamacor.
Cáceres é o maior município espanhol em extensão e a sua Ciudad Vieja é Património da Humanidade por ser um dos mais importantes conjuntos urbanos da Idade Média e do Renascimento de todo o mundo.
É uma cidade austera e talvez por isso me impressionou muito ter ali assistido às cerimónias religiosas de uma Sexta Feira Santa que ganharam no meio daquela monumentalidade muito própria, um espirito especial. Curioso que tendo já assistido a festividades semelhantes na Andaluzia (Sevilha e Cáceres), me ficaram mais na memória, estas, de Cáceres.

Não falo nestes relatos, de Badajoz, não só porque já dista um pouco da Covilhã. Mas também por ser tão raiana que é quase meio portuguesa e confesso, não é uma cidade que me entusiasme – prefiro Elvas!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Jantar

Como estava programado realizou-se no passado sábado, dia 25, o sexto jantar de blogs por mim organizado e desta vez com a ajuda da Margarida, tendo o Paulo S. Mendes contribuído com o “banner” do mesmo.
Como sempre, deu-me muito trabalho, a começar na escolha da data, a qual se pretende seja a mais consensual possível, mas nunca poderá ser a ideal.
Tenho muitos contactos na blogo, quer daqueles que estão no activo, quer de muitos que já não estão, mas que continuam a privilegiar estes eventos e até simples comentadores.
A todos contacto e sei que se por pura utopia todos pudessem estar presentes teríamos que repensar o jantar, pelo menos quanto ao espaço.
No entanto esses contactos trazem inúmeras e a maior parte das vezes, compreensíveis respostas negativas e por diversos motivos: terem que se deslocar, casos de trabalho, e alguns casos de menor assiduidade no contacto virtual, que levam a uma quase normal recusa.
Mas também há recusas que me custam aceitar e que são em primeiro lugar aquelas que provêm de um total alheamento do contacto, sem se dignarem a um simples “não”.
Depois há os que alegam motivos perfeitamente identificados com desculpas esfarrapadas, quando seria muito mais bonito dizer que não vão porque não querem.
Há ainda e são vários os casos em que há o medo de se mostrarem publicamente, e aqui se associa a maior parte das vezes um medo de se assumirem como homossexuais que são, com a ideia errada de que o simples facto de estarem presentes os identifica como tal…
Enfim, muitas justificações para uma não presença que considero normal dentro do contexto deste tipo de reuniões.
Depois há os que aderem de imediato, e se eu aceito que até à data do evento algo possa acontecer que impeça a sua presença, aceito ainda melhor quem me diga que sim, estarão presentes em princípio, mas isso dependerá de circunstâncias que só mais na hora poderão confirmar; claro que não os incluo na lista dos participantes e aguardo a semana do jantar para definir a sua situação.
E também aqui há por vezes alguma precipitação pois não é uma eventual tarefa ou compromisso que os impedirá de estar presentes, mas sim um futuro estado de espírito.
Concluindo, não é fácil determinar com exactidão o número de participantes e as últimas horas são mesmo stressantes, principalmente depois de ter comunicado ao restaurante o número de presenças.
Este ano tive especial cuidado com o cálculo desse número, tendo-o fixado em 40.
Estivemos 37; uma presença agradavelmente não esperada e quatro ausências, duas delas justificadas pela presença dos companheiros que quiseram mesmo assim estar presentes e duas não justificadas, sem dar cavaco (salvo seja…)
Mas os 37 foram um belo grupo e mais que suficiente para uma noite muito bem passada e que justificou em absoluto o trabalho que tive.
Quero, como é óbvio agradecer em primeiro lugar a todos os que estiveram presentes, mais ainda aos que vieram de fora: Cadaval, Coimbra, Évora, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Porto, Braga e Galiza!
O jantar decorreu normalmente com as pessoas a conhecerem-se mutuamente ou a recordar encontros anteriores e mais uma vez a norma funcionou: aqueles que vieram pela primeira vez e foram bastantes, gostaram verdadeiramente e ficaram com vontade de mais convívios deste tipo.
Claro que neste tipo de eventos é necessário usar de algumas formas que levem a um clima de convivência bom; o primeiro é termos mais uma vez optado por um jantar volante, que pode não ser o ideal, mas leva a que não se fique limitado a conhecer apenas os 3/4 companheiros de mesa.
Outro e importante é apresentar sempre alguma coisa extra-jantar, que una por alguns minutos todos os convivas.
Este ano esse momento foi dividido em três partes: primeiro, o Luís e o João apresentaram o seu projecto, que tão bons resultados está a obter e que nunca é demais enaltecer – o Index ebooks –
 e depois fizeram informalmente uma apresentação da série “Dois Mundos”, do Pedro Xavier, da qual já estão editados os dois primeiros livros, como referi no meu anterior post.
Depois foi apresentado o André, e mostrado o seu magnífico trabalho de design de automóveis e motos, o qual já foi premiado com vários prémios mundiais.
E finalmente, e tendo como base as iniciativas do Sad eyes, foram lidos alguns contos dos concursos por ele promovidos, com natural destaque para os Pixel – LGBT e também outros dois textos de pessoas presentes.
Este momento, permitiu um ainda maior convívio, principalmente de quem ainda estava com alguma timidez. Já passava das duas de manhã, quando os últimos “resistentes” partiram, até porque o restaurante tinha que fechar.
Não poderia terminar sem uma palavra de agradecimento para a equipa do Restaurante Guilho
que nos presenteou com a melhor ementa de todas as quatro vezes que já ali festejamos; excelente a confecção, muito boa a organização, inexcedível a simpatia.
Se algum problema não existirá num próximo jantar de blogs, esse será a escolha do local, pois já está naturalmente escolhido – o mesmo.
Resta apresentar aqui a lista dos participantes, com a indicação dos links dos blogs ainda activos.
Estiveram presentes o Zé Varandas, Zé Grilo, Carlos Martins, Sérgio (Lampejo), Paulo Medeiros e Nuno (Engine), já com blogs desactivados e os seguintes blogs activos: Sad eyes, João, André Luder, Francisco Eustáquio, Francisco Mendes, Miguel/Vilna/Queta, Ophiucus, Nuno, Pedro Xavier, Marco, Paulo e Zé, Mark, Ribatejano, Miguel Nada, João e Luís, Margarida, Ima e eu mesmo.
Também a presença de um antigo comentador e presença habitual nestes jantares, o Rui Carriço e de dois convidados meus – o Duarte, naturalmente, e o Zé Sapinho. De referir o facto de alguns dos participantes terem levado os seus acompanhantes, um dos quais me parece ter ficado entusiasmado com esta atmosfera e irá iniciar em breve um blog; assim o espero.
Um enorme obrigado a tod@s!