terça-feira, 31 de julho de 2007

Michelangelo Antonioni


O mundo cinéfilo teve ontem uma das datas mais tristes dos últimos tempos.


Como se não bastasse o desaparecimento de I.Bergman, outro famoso realizador faleceu na mesma data: Michelangelo Antonioni.


Antonioni, nasceu em Ferrara (Itália) em 1912, e foi nos seus primeiros tempos como director de cinema, um dos nomes importantes do neo-realismo italiano do pós guerra, com vários filmes, de que importa realçar um, que a meu ver, é das suas melhores obras, “O grito” (1957).


Mas foi na década de 60, que Antonioni se tornou conhecido, devido essencialmente a uma trilogia sobre a alienação, constituída pelos filmes: “A aventura”(1960), “A noite”(1961) e “O eclipse”(1962), filmes estrelados pela actriz que foi um dos seus amores, Mónica Vitti. Também foi ela que protagonizou o seu primeiro filme a cores, com uma fotografia espantosa, “O deserto vermelho”(1964), e que vem na mesma linha da trilogia que referi.


Mais tarde, fez o seu primeiro trabalho em lingua inglesa, esse assombroso “Blow-up”(1966), com a fabulosa Vanessa Redgrave (foto do post), e foi com “Zabriskie Point”(1971) que se estreou em Hollywood. No entanto, a sua visão de cinema era profundamente europeia, um cinema hermético, dificíl, algo intelectual, tão em voga na Europa dos anos 60. Descrevia-se como um intelectual marxista, mas a esfera de acção dos seus filmes esteve sempre, à excepção da época neo-realista, centrada na elite e burguesia urbana.


Os seus filmes eram visualmente muito belos, mas com poucos planos e diálogos, gostando muito de sequências longas, que por vezes eram pouco suportadas pelo público, ao estilo do nosso Manuel de Oliveira.


Em 1995, foi distinguido com um Óscar honorário, pela sua carreira.


Viveu nos últimos anos nos EUA, onde realizou as suas últimas obras, que não tiveram o impacto das de 60. Foi casado com outra actriz muito conhecida, Candice Bergen.


Curiosamente, dele disse, um dia, Ingmar Bergman, que gostava de alguns dos seus filmes por serem desinteressados e visionários.


O destino uniu-os na data da sua morte.

12 comentários:

  1. o obituário instalou-se nos nossos blogs...amanhã teremos que olhar com algum cuidado para as headlines da cultura....

    o poeta do tédio como era conhecido por alguns, resolveu partir, também.

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  2. Pois É, meu caro Pinguim, esse senhor, que hoje (ontem) nos deixou proporcionou-me uns belos momentos de cinema. A melhor notícia é que irá, provavelmente, continuar a proporcionar, pois a obra dele permanece e está ai para ser (re)descoberta pelos que ainda hão-de vir.
    Abraço.

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  3. Caro Luís
    é um achado, esse teu "cognome" de Antonioni. O que acho curioso, é que eu encontrava em mim, uma curiosidade e satisfação nesses filmes, e até , por vezes, em certas tertùlias juvenis, discutíamos o que queria certo realizador dizer com isto ou aquilo; houve um filme de Resnais, "O último ano em Marienbad" que provocou teses durante uma semana,
    "O deserto vermelho" era um pouco assim, mas tinha uma fotografia em tons pastel linda de morrer.
    Hoje, não há pachorra e um filme destes só interessa a festivais, com filmes de culto.
    Nada disto invalida a forte contribuição que Antonioni deu ao cinema.
    Abraço.

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  4. Sim, os grandes filmes do passado estão a vir a público em cuidadas caixas de DVD, para deleite de quem os quer rever e para espanto de quem os não viu. Mas, amigo Oz, não é Antonioni um realizador entusiasmante para a juventude de hoje, como o foi para a minha, estou certo disso.
    Abraço.

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  5. Amigo...
    Tenho de ver os filmes antes de deixar um comentário... mas, como queria marcar presença no teu post :)
    Abraço

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  6. Obrigado João
    é uma grande amabilidade tua, mas não é obrigatório teres que fazer um comentário sempre, embora seja sempre um prazer ter-te por aqui; assim se ganham amizades.
    Grande abraço.

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  7. A vida tem destas coisas, um belo dia acaba...

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  8. Sim, mas neste caso, foi uma estranha coincidência.
    Abraço.

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  9. Olá Pinguim,
    o cinema está, de facto, mais pobre.

    Beijos

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  10. Tens razão, munha cara amiga. Se olharmos para trás não vemos no reino dos vivos, nenhum dos grandes realizadores clássicos do passado.
    Só mesmo Manuel de Oliveira, goste-se ou não, é um caso sério, resiste...e activo, coisa que Bergman e Antonioni já não estavam.
    Beijoquitas.

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  11. Bergman e Antonioni, é mesmo o fim de uma geração, só resta, goste-se ou não, Manoel de Oliveira.
    é verdade que Antonioni já não cativaria o público de hoje, talvez nem mesmo a minha geração. No entanto continuo a admirar a beleza de filmes como "Eclipse", "A Noite", ou Blow Up e Zabriskie Point. Confesso que no caso dos dois últimos a música também tem uma grande influência.
    Um abraço.

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  12. Claro que a música, é por vezes em certos filmes uma mais valia, principalmente quando mais tarde nos recordamos de um certo filme pelas suas músicas.
    E isso, caro Paulo, acontece-me precisamente no "Zabriskye Point".
    Abraço.

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