Nascido no seio de uma família da alta burguesia (origem inglesa por parte da avó paterna). Um ano depois foi viver para o Alentejo. O pai morre cedo, num desastre de viação. Em Sines passa toda a infância e adolescência até que a família decide enviá-lo para o estabelecimento de ensino artístico Escola António Arroio, em Lisboa.
A 14 de Abril de 1967, refractário militar, mudou-se para a Bélgica, onde estudou pintura na École Nationale Supérieure d’Architecture et des Arts Visuels (La Cambre), em Bruxelas.. Após concluir o curso, decide abandonar a pintura em 1971 e dedicar-se exclusivamente à escrita.
Regressa a Portugal a 17 de Novembro de 1974 e aí escreve o primeiro livro inteiramente na língua portuguesa, "À Procura do Vento num Jardim d'Agosto".
"O Medo", uma antologia do seu trabalho poético desde 1974 a 1986, é editado pela primeira vez em 1987. Este veio a tornar-se no trabalho mais importante da sua obra e o seu definitivo testemunho artístico, sendo adicionados em posteriores edições novos escritos do autor, mesmo após a sua morte.
As únicas excepções são os seus últimos livros de poemas “Horto de Silêncio”(1997), e “Degredo no Sul” (publicado apenas em 2007).
A 10 de Junho de 1992 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Deixou ainda textos incompletos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava.
Morreu de linfoma.
Em 2009 a Companhia de Teatro O Bando estreia no Teatro Nacional Dona Maria II em Lisboa um espectáculo intitulado A Noite a partir de Lunário, Três cartas da memória das Índias, Apresentação da noite, O Medo, À procura do vento num jardim d'Agosto e Dispersos.
Além da poesia, Al Berto deixa-nos em prosa: “À Procura do Vento num Jardim d’Agosto” – “Meu Fruto de Morder” – “Todas as Horas” - “Lunário” - “O Anjo Mudo” - “Dispersos” e “Diários” (publicado no final do ano passado).
É também autor de uma peça de teatro, “Apresentação da Noite” e de um livro de Desenhos, “Projectos de 1969”.
Em 1988 foi galardoado com o Prémio Pen Club de Poesia, pela obra “O Medo”.
Acabei de ler os meus primeiros livros de Al Berto: "Horto de Incêndio" (poesia) e "Lunário" (prosa).
Quanto a "Horto de Incêndio", e eu não posso fazer comparação com os seus outros livros de poesia, pois este é o único que li, achei-o surpreendentemente belo e...triste. Escrito muito pouco tempo antes da sua morte, ele antecipa-a e prepassa por todo o livro uma atmosfera de desapego da vida e a preparação para efrentar o destino que estava próximo.
Poderia escolher variados poemas, pois o tema, com variações, está claro, está sempre presente.
Escolhi este, pois o achei sublime:
recado
ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte
vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer — vai por esse campo
de crateras extintas — vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo — deixa
que o outono traga os pássaros e as
abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração — ouve-me
que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna — o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite
não esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira — não esqueças o ouro
o marfim — os sessenta comprimidos letais
ao pequeno-almoço
Já no que respeita a "Lunário", este texto é-nos oferecido como a sua
"primeira incursão"* nos domínios da prosa.
Não se trata então de um
romance, nem de uma novela, nem de contos, mas de um «micro-romance»?
É uma
narrativa composta por sete "capítulos", unidos pela presença do
"eu" narrador, Beno.
Este dá, sucessivamente, preponderância às
outras personagens, revelando-as como principais, em cada um dos diversos encontros-capítulos:
Lúcio e Gazel, o par homossexual, em «Crepúsculo», Nemú, o rapaz sem nome em
«Lua Nova», o regresso de Alba, a mãe do seu filho Silko em «Quarto
Crescente», a morte e «ressurreição» de Kid, em «Lua Cheia», a companheira de
bar Zohía em «Quarto minguante» e, por fim, a viagem e regresso de Alaíno em
«Úmbria». «Cântico» – um encontro do «eu» consigo próprio? - corresponde
a uma síntese, a reunião final dos diversos fragmentos do sujeito (os
«heterónimos»?) que – como a imagem das fotografias o repete ao longo do texto
– cada personagem representa.
Este livro é prosa sim, mas arrisco a dizer que Al Berto apenas "sabia escrever" poesia, pois todo o livro é constituído por pequenos textos que são, na realidade, poemas.
E dou dois exemplos:
"Um dia, quando a
minha memória de homem fugitivo
alcançar a idade de um deserto, debruçar-me-ei num poço e
tentarei beber o tempo esquecido do teu rosto. Estarei lucidamente
morto, eu sei, e os meus olhos já não prenderão a adolescência,
nem as imagens que dela se soltaram. E a minha cegueira surgirá
cercada por frondosas árvores e pássaros, mas não os verei mais.
O rosto, o teu rosto, já não conseguirá atrair-me para o fundo
circular do poço.
O tempo de sedução terminou. Terás de me tocar, terás de
trocar o tacto dos olhos pelo tacto dos dedos. Apenas persistirá o
jogo, a cumplicidade, e uma ténue vibração do corpo que se
perdeu contra o meu corpo.
Por isso me ergo daqui e atravesso estas imagens coladas às
paredes, e ao atravessá-las descubro que estou perdido, e
condenado também a perder-te.
Levanto-me do fundo de mim mesmo e abandono a casa, os
bens que herdei, e vou pela memória daqueles vestígios que se me
cravaram no interior das pálpebras, mas não semeio nem recolho
nada. Apenas persigo os passos que outrora abandonei pelas
cidades onde te procurei, antes mesmo de saber que existias.
E perco-me, perco-me onde a sombra dos corpos é um
sudário de melancolia sobre o mar. Mas, ainda aqui estou, quase
vivo, atento ao movimento perene de tuas mãos sobre o meu
corpo. E sem bússola, nómada até aos ossos, sigo pela noite onde
aportei, e não reconheço a casa que me destinaram para morrer."
alcançar a idade de um deserto, debruçar-me-ei num poço e
tentarei beber o tempo esquecido do teu rosto. Estarei lucidamente
morto, eu sei, e os meus olhos já não prenderão a adolescência,
nem as imagens que dela se soltaram. E a minha cegueira surgirá
cercada por frondosas árvores e pássaros, mas não os verei mais.
O rosto, o teu rosto, já não conseguirá atrair-me para o fundo
circular do poço.
O tempo de sedução terminou. Terás de me tocar, terás de
trocar o tacto dos olhos pelo tacto dos dedos. Apenas persistirá o
jogo, a cumplicidade, e uma ténue vibração do corpo que se
perdeu contra o meu corpo.
Por isso me ergo daqui e atravesso estas imagens coladas às
paredes, e ao atravessá-las descubro que estou perdido, e
condenado também a perder-te.
Levanto-me do fundo de mim mesmo e abandono a casa, os
bens que herdei, e vou pela memória daqueles vestígios que se me
cravaram no interior das pálpebras, mas não semeio nem recolho
nada. Apenas persigo os passos que outrora abandonei pelas
cidades onde te procurei, antes mesmo de saber que existias.
E perco-me, perco-me onde a sombra dos corpos é um
sudário de melancolia sobre o mar. Mas, ainda aqui estou, quase
vivo, atento ao movimento perene de tuas mãos sobre o meu
corpo. E sem bússola, nómada até aos ossos, sigo pela noite onde
aportei, e não reconheço a casa que me destinaram para morrer."
e um outro
"No centro da cidade, um grito. Nele morrerei,
escrevendo o que a vida me deixar. E sei que cada palavra escrita é um dardo
envenenado, tem a dimensão de um túmulo, e todos os teus gestos são uma
sinalização em direcção à morte - embora seja sempre absurdo morrer. Mas hoje,
ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar. Medito no meu regresso.
Possuo para sempre tudo o que perdi. E uma abelha pousa no azul do lírio, e no
cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti. Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto
- aqui sentado, junto à janela fechada. Ouço-te ciciar amo-te pela primeira
vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo. Recolho
o mel, guardo a alegria, e digo-te baixinho: «Apaga as estrelas, vem dormir
comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge»."
*os dois primeiros livros de prosa, anteriores a “Lunário”,
estão incluídos na compilação “O Medo”, pelo que “Lunário” é sim, a primeira
obra em prosa publicada autonomamente (1988).
João:
ResponderEliminarCá tens mais uma obra poética de Al Berto: "A vida secreta das imagens" - 1991, editada em Lisboa pela Contexto. Um exemplo:
"Falso retrato de Andy Warhol"
não penso
transcrevo conversas telefónicas ou falo
com a noite de new york
ou não falo e gravo a voz dos outros filmo
obsessivamente a morte
ou não filmo e multiplico cadeiras eléctricas
excito-me
sou o centro do mundo dos outros e
não existo
ou é a vida que me atravessa o sexo
e finjo a morte ou cintilo
como o diamante.
Um abraço de Valência.
Leo
Olá Leo
Eliminarhá três edições de "O Medo", a antologia poética (e não só) de Al Berto. A primeira, de 1987 que inclui toda a sua obra, essencialmente poética de 1974 a 1986, e que inclui assim os dois primeiros textos em prosa; uma outra edição, de 1991, com a obra dele até 1990, e uma última datada de 1998, que inclui obras poéticas posteriores a 1990, sendo uma delas "A vida secreta das imagens" -(1991). Só não está incluída "Horto de Incêndio", de 1988 e só editada em 1997 e o se último livro de poesia publicado,já em 2007 - "Degredo no Sul".
Poderá presumir-se a publicação de uma quarta edição, que inclua finalmente toda as ua obra, pois além destes dois livros de poesia, foram publicados vários livros de prosa, um de Teatro e um de Desenho?
De qualquer forma é sempre bom ler mais um excelente poema de Al Berto, e que eu não conhecia e que tem a marca inconfundível do autor.
Abraço amigo.
Conheço pouco de Al Berto, fizeste um belíssimo trabalho para me motivares a saber ainda mais...
ResponderEliminarParabéns!
Abracinho meu!
Maria Teresa
Eliminareu até agora não conhecia nada, e fiquei a conhecê-lo com a leitura destes dois livros.
E conheci bastante da sua vida e obra no trabalho de pesquisa para esta postagem.
Sabes que uma das coisas que me dá um enorme prazer é a edição de um post, com a escolha de fotos, da música ou vídeos e principalmente dos textos; posso ddizer-te que estive quase duas horas a fazer esta entrada...
Para conhecer a sua obra, quero comprar a última edição de "O Medo", mas é muito cara, mesmo comprada nos "leilões". E ainda há as edições posteriores, principalmente "Os Diários", editados o ano passado, e que o Miguel tanto elogiou...
Beijinho.
dizer que gosto muito da escrita do Al Berto é pouco. ela é, de certo modo, um dos meus contrapontos para as agruras do quotidiano pardo. e, de uma certa maneira muito humilde e canhestra, uma das maiores influências da minha relação com a literatura. leio-a sempre, mas vivo-a mais do que a leio.
ResponderEliminarMiguel
Eliminareu tinha o "Lunário" desdes há anos, na prateleira à espera de leitura e com a tua crítica tão entusiástica de "Os Diários" e a oportunidade de ter encontrado há duas semanas "O Horto de Incêndio", na FNAC, a cerca de cinco euros, comprei-o, li-o e fui de imedoato buscar o "Lunário" à prateleira.
E agora quero mesmo conhecer toda a sua obra, pois fiquei rendido, como tu.
Essa forma "humilde e canhestra", como tu lhe chamas, li ontem num texto que encontrei, como um defeito maior na sua obra. Não a entendo assim; nem todos os poetas são Pessoa e a sua particularidade muito pessoal e comunicativa, é para mim um facto positivo e não negativo.
Abraço amigo.
Não conhecia, irei cuscar e aprofundar uma vez gostei ;)
ResponderEliminarAbraço amigo
Francisco
Eliminartens uma excelente oportunidade, adquirindo e lendo este "Horto de Incêndio", pois está a preço de saldo, na FNAC, e lê-de de uma penada...
Abraço amigo.
conhecia, mas da biblioteca. se há escritores que devemos ter em casa, este é um deles, e confesso em papel, para ler e reler e sublinhar que há coisas que o tablet não substitui é esta capacidade de pegar no livro da cabeceira e abrir a página marcada de imediato. os botões são, para determinadas obras, insípidos. agora irei comprar (mais um...)
ResponderEliminarbjs
(está quase! :D, até eu estou em pulgas pela aproximação da tua viagem).
Margarida
Eliminarcompletamente de acordo contigo.
Sim, está quase, e até já seleccionei os livros que vou levar...
Beijinho.
Tb ando há bastante tempo para ler especialmente a sua poesia e talvez siga a tua sugestão.
ResponderEliminarGostei muito do teu post e concordo com a Margarida, também prefiro dos livros em papel embora não goste nada de riscar livros, nem a lápis.
E a tua viagem está mesmo quase...
Abc
Sad
Eliminarestou 100% de acordo contigo, no que respeita à preferência pelos livros em papel e também nunca sublinho passagens, embora respeita outras opções.
Se realmente pensas em começar a ler a poesia do Al Berto é uma oportunidade única.
Está quase, sim, mas tive uma má notícia há pouco: o PC do Déjan pifou e possivelmente terei que levar o meu, o que me diminui, e muito o espaço disponível da bagagem.
Abraço amigo.
Conheço Al Berto e adoro. Aliás, o avô tem alguma obra sua na biblioteca de sua casa. Já vi por lá.
ResponderEliminarUma magnífica referência.
abraço, João.
Mark
Eliminarentão deves ter gostado da postagem...
Abraço amigo.
Não sou grande leitor de poesia... só alguma (pouca) poesia me toca forte.
ResponderEliminarMas depois deste teu artigo tão completo e da tua rendição tão forte, não resisto a dar uma espreitadela.
:D
João
Eliminarrendição minha, e não só, pois o Miguel ainda está mais rendido.
É uma tentativa "honesta" de fazer a paz com a poesia.
Abraço amigo.
Obrigada pela visita e comentário, João.
ResponderEliminarAtravesso momentos de desalento e as tuas palavras são um bálsamo precioso. Obrigada por isso.
Teu blog nos transmite tanto saber, tanta possibilidade de reflexão. Te agradeço por isso também.
Abraço, BShell
Blue
Eliminarfui professor muitos anos e revi-me, com o devido distanciamento temporal, em muitas das tuas afirmações, principalmente quanto à forma como vives o ensino.
Não sei se conseguiria nos tempos de hoje, voltar a ser professor.
Beijinho.
Um post sensacional, João!
ResponderEliminarNão conhecia Al Berto, nunca li nada deste poeta/escritor e confesso que me despertaste a curiosidade.
Nota-se bem na forma com explanas os assuntos, essa tua faceta de professor, e olha, devia ser um privilégio aprender contigo. Alás, é um privilégio ler-te e aprender contigo!
Estás a abastecer-te de livros para levares para Belgrado? Espero que possas continuar com o blog, João. Imagino como deves andar ansioso!
Acredita que é muito bom para mim saber, que vais concretizar algo há muito esperado.
Beijinho, Amigo!
Olá Janita
EliminarAl Berto foi um poeta excelente que a morte levou cedo, mas a sua obra aí está para testemunhar a força das suas palavras.
É fascinante lê-lo, acredita.
Sim, já seleccionei três livros para levar, um sobre a Guerra Colonial na Guiné e dois mais pequenos e mais leves.
Claro que estou ansioso, mas também nervoso, pois estas viagens com escalas prolongadas são desgastantes; terei que ficar num hotel, pertinho do aeroporto de Londres (Lutton), tanto à ida como à vinda.
No regresso, a viagem de Belgrado para Londres é muito cedo e para estar no aeroporto a tempo, tenho que passar por assim dizer a noite no aereoporto, que é longe, e que só tem transportes até cerca da meia noite. Parauma pessoa da minha idade já é algo desgastante, mas compensa bem o encontro com o Senhor Doutor, que me dá umas massagens de relaxamento, que são um sonho.
Beijinho.
Eheheheh
EliminarQue bom, João! As massagens, claro!
Beijos!
Janita
Eliminarnão sejas "perversa", hehehe, são mesmo massagens.
Mas também há outras coisas, pois claro...
Beijoquita.
Conheço muito pouco da poesia e da prosa do Al Berto, mas este teu post aguçou-me o apetite.
ResponderEliminarEstás quase de partida, que bom que vai ser matar saudades :)
Abraço.
Arrakis
Eliminaré curioso encontrar tanta gente que conhece pouco de poesia; estás longe de ser um caso único...
Há sempre um começo para tudo.
A poesia tem duas facetas, muito mais marcantes que a prosa: o sentido que o poeta lhe quis dar, e é esse o que realmente interessa, e mesmo sem o conhecermos realmente, gostamos da poesia objectivamente; e o sentido que nós lhe damos, os olhoa com que nós lemos o poema, à luz da nossa vivência e das nossas ideias.
E isso é fascinante.
Abraço amigo.
Que belos poemas, intenso e arrepiantes, gostei muito!! Era capaz de ler muito mais!! Fiquei curiosa!!
ResponderEliminarAbraço doce
Sairaf
ResponderEliminarpara as pessoas ficarem curiosas é que se partilham as coisas...
Beijinho.
Não conheço o autor e depois desta informação detalhada, ilustrada por alguns dos seus versos fica a vontade de explorar mais. Beijinhos
ResponderEliminarMary
Eliminare não darás por mal empregue o tempo gasto nessa exploração.
Beijinho.
Que homenagem linda a Al Berto! Ele é um dos meus poetas favoritos, como sabes. Aquele que gosto de reler, em esparsos tempos.
ResponderEliminarE sim, é um poeta triste, solitário, tantas vezes... em muitos dos seus textos comparo-o a António Nobre.
É natural que seu último livro transmita todo esse desprendimento (ou desalento sem retorno?). A vida estava a ser breve...
(...)
restam-me os corredores de vidro
onde posso afagar os restos carbonizados do corpo
abro a porta que dava acesso ao rosto
desço os degraus musgosos do pátio
atravesso o jardim de alvenaria onde vivi
todo este tempo antes de me precipitar
Os Dias sem Ninguém (in O Medo)
Fragmentos
Eliminaré uma descoberta minha, recente, e muito estimulante.
Beijinho.