O Sad Eyes, além das três edições dos contos Pixel, cuja
última edição subordinada aos temas Natal e LGBT, está agora em fase de
votação, lançou um outro desafio, a que deu o nome “The Book of Distance” e que
consiste na escrita de pequenas histórias, que não têm ligação entre si e que
de alguma forma sugiram distância. Essas histórias serão nove, o número de
letras da palavra DISTÂNCIA, e cada uma delas terá um título começado com a
letra correspondente. O próprio Sad escolheu, e bem o Arrakis para o primeiro
conto, que corresponde à letra D, e depois cada um, escolhe o autor da história
seguinte, evidentemente com um título começado pela letra respectiva,
respeitando a sequência. As histórias são manuscritas num caderno pequenino,
que vai andando de mão em mão, até ser devolvido pelo autor da última história
ao Sad.
Sucede que após a quarta história, escrita pelo K, este
muito gentilmente convidou-me para escrever a história seguinte; mas eu estava
naquele período de pausa do blog, e com pena, declinei o mesmo. Mas parece eu estava
mesmo fadado que teria que escrever uma das histórias, e o Miguel, conseguiu “dar-me
a volta” e aqui estou com a história correspondente ao N.
É uma história real, como quase sempre são as minhas
histórias, passou-se comigo e as outras duas personagens são reais (apenas com
os nomes alterados) e está baseada num
dos episódios daquela minha saga “A guerra cá do João” que publiquei já há
bastante tempo. A noção de distância, nesta história não é apenas baseada em
ter como cenário um local distante, mas principalmente uma distância
(distanciamento) que tem que haver na hierarquização militar.
Só para terminar e antes de aqui colocar a história, fico
muito satisfeito de poder comunicar que o próximo autor, da história começada
por C, será o Paulo (Zoninho) do blog “Felizes Juntos”, que estou certo dará uma
excelente colaboração a esta ideia que o Sad em boa hora teve.
Nunes era um jovem furriel operacional da companhia que eu comandava, no Niassa moçambicano, para onde tinha sido enviado. Lá longe, e numa rendição individual, fui encontrar 200 homens que nunca tinha visto antes e que a partir daí, iria comandar; eram quase todos de raça negra, da chamada “incorporação local”, ou seja, oriundos da própria colónia, incluindo mesmo alguns brancos, alferes, furriéis e cabos. Do continente não éramos mais que 20, todos brancos, dois alferes, os sargentos, alguns (poucos) furriéis e cabos e até um que outro soldado com especialidades menos comuns, como os que tratavam dos barcos pneumáticos nos quais fazíamos a travessia do Lugenda para a outra margem, onde decorriam quase todas as operações.
Eu sentia-me muito só, pois embora por feitio fosse muito comunicativo, tinha como obrigação não estabelecer amizades ou contactos privilegiados com quer que fosse, pois na vida militar e numas condições de vida, assim precárias, isolados do mundo, sem população num raio de 100 kms, o comandante tinha que ser o garante de uma hierarquização, mais necessária do que desejada; sim, havia convívio, mas não ultrapassava os limites que os factos impunham.
Por outro lado, a minha condição de homossexual estava ainda numa fase que não era plena e total, e tinha perfeita consciência que não seria ali que iria ter qualquer tipo de relação sexual, e nem era preciso um grande sacrifício, pois estava perfeitamente capacitado disso. Aliás, as idas com alguma regularidade a Vila Cabral, ou em menor escala, a Nampula permitiam-me, nessas alturas “carregar baterias”. E também nunca olhei nenhum homem sob o meu comando, segundo um ponto de vista sexual; havia dois ou três bastante dentro do meu padrão de gosto pessoal, mas nada mais que isso.
Sabia, isso sim, que havia homossexuais na companhia, pois que alguns, não muitos, tinham aquele “não sei o quê”, que os homossexuais sentem em relação aos restantes homens, mas nunca se tinha visto ou falado em ninguém a ser conhecido por comportamentos homossexuais.
Até que um dia, (há sempre um dia), estava eu no “parrot”(*)que servia de refeitório a oficiais e sargentos e vi um livro, cujas capas estavam forradas, em cima de uma mesa e peguei nele; era um livro que já tinha lido, “As Amizades Particulares” do Roger Peyrefitte, bem conhecido na então muito incipiente literatura homossexual. E curiosamente, algumas das partes mais “interessantes” estavam sublinhadas a lápis.
Estava a folhear interessadamente o livro, vendo esses sublinhados, quando entrou o furriel Nunes, um bocado apressado e parou aterrado ao ver-me com o livro na mão; vi logo de imediato que o livro era dele e para o pôr à vontade disse-lhe que conhecia o livro , que o achava interessante, principalmente as partes sublinhadas; não poderia ter sido mais directo, mas tudo sucedeu sem uma intenção real de interesse pelo rapaz, que até era bem apessoado, e sim de o sossegar pois ele estava quase em pânico. O facto é que realmente lhe disse implicitamente que era homossexual e notei o alívio com que ficou.
Uns dias mais tarde, o Nunes que era “sabidote”, de uma forma respeitosa, perguntou-me se eu era realmente homossexual e eu disse-lhe que sim, não menti. Abri uma torneira, pois o Nunes logo me foi dizendo que já havia estado com a,b,c,d, eu sei lá o abecedário inteiro…e só nessa altura me capacitei do “perigo” que corria de ficar a fazer parte do abecedário, o que não era aflitivo, pois pelos vistos, quase todos os elementos brancos da companhia já tinham tido experiências homossexuais, mas sendo eu o comandante, não estava nada interessado em transformar a minha companhia numa companhia de “homens com gostos diferenciados” para não usar termos grosseiros…
Mas o Nunes e por iniciativa própria, assegurou-me que nunca me exporia e que tudo o que já se tinha passado entre ele e outros, tinha sido feito com o necessário recato.
O que é um facto é que, visto o Nunes estar a par da minha situação, e porque sempre fui muito oportuno e rápido na forma de agir, em tais circunstâncias, sugeri ao rapaz que nas noites em que estivesse escalado para fazer rondas às sentinelas, passasse pela minha cabana – eu era o único a ter o privilégio de dormir sozinho, sem ser em camaratas – para “conversarmos um pouco”… Convite aceite, e assim passei a ter periodicamente direito a um muito agradável convívio sexual e que ninguém mais soube.
Tive a certeza disso, quando já com a guerra acabada, vim a conhecer melhor, aqui em Lisboa o Martins, alferes lá na companhia e que teve há tempos um bar e depois um restaurante no Bairro Alto e com quem muito conversei aqui sobre esses tempos que lá passámos. Ao falar casualmente no Nunes, ele descaiu-se e disse-me que tinha tido relações com ele lá, coisa que eu nunca soube, e quando eu lhe confessei que o mesmo se passara comigo, ele quase não quis acreditar…
Falámos então de alguns homens que ele, Martins, tinha conhecido sexualmente na companhia e daí concluí mesmo, e depois de ter visto o que vi em Vila Cabral, Nampula e Beira, de que uma grande maioria dos homens que fizeram a guerra colonial, tiveram lá experiências homossexuais.
O Martins e eu tornámos-mos bons amigos, mas nunca houve sexo entre nós e uma bela noite estávamos os dois num bar gay daqui de Lisboa, a beber um copo, quando apareceu…o Nunes! Que festança fizemos, o que rimos e o que falámos, os três até de manhã. O Nunes morava no Norte, tinha vindo a Lisboa de fim de semana e perdi-lhe o rasto. Até mesmo o Martins, deixou o restaurante do Bairro Alto e nunca mais o vi… Distâncias…
(*)Parrot
Foste bem escolhido...gostei! ***
ResponderEliminarLyn
ResponderEliminarainda bem. Eu gosto de escrever acerca de factos que acinteceram na minha vida.
Beijinho.
Esse livro vai ser um best seller :)
ResponderEliminarCreio que já tinha lido essa tua história aqui neste canto. Os teus momentos em África, creio eu...
Mais uma história entre tantas outras que tens para nos contar. É sempre um prazer visitar este teu canto
Abraço amigo
Francisco
ResponderEliminarsão pequenoas histórias, muito diferenciadas entre si e cuja maior originalidade consiste em passar as histórias para um pequeno livro - o Book of Distance - e serem manuscritas.
Esta minha história foi aflorada muito genericamente na tal saga de que falo, num capítulo dedicado à homossexualidade durante a guerra colonial,mas não foi detalhado, nem houve conclusões posteriores.
Abraço amigo.
Assim se comportam os homens de honra!
ResponderEliminar(A história está muito bem contada, João!)
Justine
Eliminarvamos lá ver...eu tenho bem conta das responsabilidades que assumo,mas também confesso que sou muito objectivo no aproveitar de oportunidades; foi o que sucedeu aqui e é assim que tem sido o sentido da minha vida.
Como digo no cimo do blog, sou muito flexível,mas há sempre limites que não se devem ultrapassar; simplemente sou eu a marcar esses limites e não é a sociedade que me os impõe...
Beijinho.
:)
ResponderEliminarfizeste bem em alterar o nome.
bjs.
Margarida
Eliminarconselhos amigos...hehehe.
Beijinho.
como sempre, os teus relatos têm a força das coisas da vida, e o interesse que a tua maneira de as contar acrescenta. ainda bem que aceitaste participar no Book of Distance, porque trouxeste um sentido muito próprio e uma dimensão inesperada, à palavra distância.
ResponderEliminarMiguel
ResponderEliminaruma das razões que me levou a escolher esta história foi essa outra maneira de ler a palavra "distância", que significa um afastamento que se faz voluntáriamente, de pessoas ou coisas,por razões específicas e ás vezes é difícil fazê-lo.
Abraço amigo.
Para além de gostar de tudo que escreve"s" (estou aprendendo, "viu"?), gostei particularmente do sentido que deste à palavra DISTÂNCIA. Muitas vezes, as "distâncias" que nos impôem ou que nós mesmos delimitamos, podem ser abissais.
ResponderEliminarAinda bem que aceitaste a escolha para participar do book.
Rosa
ResponderEliminarainda bem que essa minha visão de distância está a ser bem assimilada.
Beijinho.
Parabéns, João!
ResponderEliminarExcelente a forma clara, honesta e precisa, como dás a tua colaboração a esta espectacular iniciativa, adaptando-a na perfeição à palavra DISTÂNCIA e, simultâneamente, dando a conhecer uma determinada fase da tua vida. Eu, por exemplo, desconhecia que tinhas cumprido serviço militar em Moçambique.
Uma vez que so faltam 3 letras, não tarda nada o "Book of Distance" está terminado. Seria interessante que no final nos dissesses em que blog irá ser editado, caso o seja.
Uma vez que se trata de histórias soltas, eu gostaria bastante de as ler e talvez ficar a conhecer um pouco mais sobre este tema e as pessoas que as escreveram. Aos poucos vou-me apercebendo que há um mundo completamente desconhecido para mim. Sabes que nunca pensei que nas campanhas do Ultramar houvesse relacionamentos homossexuais entre os militares? Ingenuidade minha, talvez!
Sempre ouvi falar no relacionamento com as indígenas, isso sim! Peço-te que não interpretes mal aquilo que digo, acho que já deu para perceber que não sou absolutamente nada preconceituosa, mas a verdade é que estou a usar da mais pura sinceridade.
Um beijinho, João.
Janita, aproveito para esclarecer aqui que o "the book of distance" nasceu num pequeno caderno e por aí irá ficar muito certamente. Como referiu o João, tenho no meu blogue linques para todas as histórias (e a maioria dos participantes também o fez), mas as histórias até ao momento estão publicadas apenas nos blogues dos autores das histórias.
EliminarPodes aproveitar para conhecer o blogue de cada um e ler todas as histórias já escritas :)
Bjs
Olá Sad.
EliminarAgradeço a tua simpatia e só lamento não ter tido oportunidade de hoje ter voltado aqui ao blog do João.
Irei visitar-te com prazer e, tal como sugeres, seguirei os links dos participantes que escreveram as histórias que fazem parte deste book.
Hoje já não, mas amanhã conta comigo! :-)
Beijinho.
Será bem vinda ao meu blogue. No último post sobre o "the book" já atualizei todos os linques. As 6 histórias já escritas merecem leitura e aproveitas e segues o resto da aventura.
Eliminarbjs
Olá Janita
ResponderEliminarmuitoobrigado por este teu comentário.
Claro que o nosso conhecimento é recente e não estás a par de muita coisa que publiquei no blog, e se calhar até nem sabes que,sem querer, apaguei as primeiras 257 postagens,as quais recuperei mais tarde,na sua quase totalidade. Nesses tempos passados, publiquei espaçadamente no tempo uma "saga" a que dei o nome de "A tropa cá do João", e em que contei mais ou menos os episódios mais marcantes dos mais de 3 anos que estive na tropa, aqui na Metrópole,na Guiné e em Moçambique. Foram mais de 10 textos que tiveram um acolhimento muito simpático. E num deles eu falava deste assunto, de uma forma mais genérica, das relações homossexuais que houve entre militares portugueses durante a guerra colonial e que , sem medo de errar, asseguro que as tiveram entre 60 a 70% de quem lá esteve (repara que eu não digo que se tornaram homossexuais - ninguém se torna homossexual - apenas digo que tiveram relações homossexuais pontuais nessa altura).
Mas e para que saibas também tive relacionamentos com as indígenas...
Se estiveres interessada, posso mandar-te por mail todad essas crónicas que constituem a saga.
Quanto a esta iniciativa, podes desde já ler todas as histórias já publicadas (seis contando com a minha), bastando para isso ires ao blog do Sad Eyes e na coluna da esquerda estão lá os links delas. O link do blog dele é http://good-friends-are-hard-to-find.blogspot.pt/
Beijinho.
João:
EliminarQuando tiveres oportunidade envia-me por mail essas crónicas de que falas. Terei muito gosto em ficar a conhecer essa saga que constituiu uma parte importante da tua vida.
Curioso o nome do blog do Sad...e verdadeiro, também. Amanhã far-lhe-ei uma visita. É bom fazer novos amigos!
Beijinho, fica bem.
Olá Janita
Eliminarvisto o Sad também estar interessado em ler as tais crónicas vou enviar um mail a ambos com os links.
Já agora, depois gostaria de ter a tua opinião.
A primeira crónica, que dá o nome à "saga" é um poema um pouco idiota que tem como título "A tropa cá do João" e tem uma curiosidade acrescida, pois esse poema foi musicado pelo alferes Martins, que entra neste conto, que compunha excelentes músicas e cantava muito bem. As noitadas a ouvir o célebre "Cancioneiro do Niassa",proíbidissimo na altura,eram famosas.
Beijinho.
Como sempre, muito bem escrito, e uma abordagem muito interessante da distância.
ResponderEliminarNão li as tuas crónicas sobre "a guerra cá do João" mas sem dúvida terei que ir à procura delas porque é um tema muito interessante.
Louvo-te a coragem de expores este assunto desta forma tão "crua" porque imagino que seja incómodo para muitos...
Abraço
Sad
ResponderEliminarsó encontrarás algumas, pois outras perderam-se e eu recuperei-as.
Vou mandar para ti por mail todos os links delas, como vou mandar à Janita.
Obrigado pelas tuas palavras.
Abraço amigo.
Agradeço João, e fico à espera.
EliminarSe já tinha achado a história interessante, os vários comentários e este post (nas tuas respostas, principalmente) aguçaram-me ainda mais a curiosidade.
E partilho inteiramente a opinião do João Máximo, pois seria bastante interessante que compilasses as cónicas que já escreveste (e escrevesses outras) e que as publicasses. Estamos a falar de uma face da nossa história recente que merecia ser documentada e julgo que poucos, como tu, estarão em condições de o fazer.
Abraço.
Sad
Eliminarcomo já disse no comentário deixado à Janita, vou-vos enviar a ambos por mail, os links das crónicas.
Peço-te que leias esse comentário meu, aí atrás, para não me repetirnas considerações que faço sobre a "saga".
Quanto ao comentário do João Máximo, ele é extremamente gentil (aliás como este teu),mas o que penso sobre esse assunto é aquilo que lhe respondi.
Abraço amigo.
Pensei começar este comentário com a expressão "Ganda Maluco"... mas depois pensei que "G" não compõe a palavra "distância".
ResponderEliminarÉ uma boa iniciativa sim senhor. Cá pela Parvónia não há nada assim (eu sei que não tenho razões para me queixar)... mas bem que faz falta. Acredito que existe quem tenha muito jeito para escrever (eu não, de certeza).
Distância... é viver longe da vida (leia-se cidade grande).
Abraço
Caro Ribatejano
ResponderEliminarentendo perfeitamente o que queres dizer sobre a tua "distância"; mas não te esqueças que todos nós temos ad nossas "distâncias" , que podem ser das mais variadas formas...
A minha é tão evidente, que nem a quis explorar nesta história; prferi ir por outro caminho.
Abraço amigo e tenta encurtar distâncias.
Gostei!!!
ResponderEliminarBeijo!
Obs.: aqui, no Brasil, já estamos utilizando o novo Acordo Ortográfico da LP (de 1990, em vigor desde 2009).
Felipe
ResponderEliminarobrigado pela tua opinião.
Quanto ao Acordo Ortográfico, aqui também está a ser utilizado oficialmente,mas tem tido muita contestação no que diz respeito a certas regras que induzem a erros de interpretação. Eu apenas outilizo em determinadas coisas que acho mais práticas. Sabes que temos um provérbio muito antigo que se aplica a mim nesta situação: "burro velho não aprende línguas"...
Beijo.
Muito bem! Eu acho mesmo que as tuas memórias de África davam um livro muito interessante! Pegando naqueles artigos do teu blogue antigo tinhas meio caminho andado...
ResponderEliminarJoão
ResponderEliminartanta gente me diz para escrever um livro sobre isto ou sobre aquilo.Sei que teria capacidades para isso, mas sou demasiado preguiçoso para o fazer.
Só tenho pena porque eu tenho tido uma vida plena de acontecimentos, muito preenchida mesmo e portanto matéria prima não faltaria...
Mas... não dá.Vão ficando estas memórias avulsas.
Abraço amigo.
Eu gosto de histórias reais, João!
ResponderEliminarE a tua está particularmente interessante, dado que mantém o registo que sempre te conheci: tens uma escrita confessional.
É sempre bom rever, ou relembrar bons amigos! Só é lamentável quando lhes perdemos o rasto :-(
Vim renovar votos de Bom Ano! E que passes uma noite de Reis, com saúde e harmonia.
Fragmentos
ResponderEliminarindependentemente da questão homossexual, as amizades feitas durante os tempos da guerra colonial marcaram-me muito,pois a convivência foi feita em condições adversas e só um grande espírito de união e amizade nos permitia ter forças para ir enfrentando a solidão, as saudades e as fraquezas.
Eu como estive numas condiçõrs especiais, numa companhia de lá, apenas com cerca de 20 elementos daqui da metrópole, não foi fácil fazer aqueles convívios que outros, integrados em batalhões formados aqui, fazem de vez em quando. Mantenho ocontacto com dois furriéis, um a viver no Porto e outro nos Açores, tendo este jantado aqui em minha casa, há cerca de dois anos, depois de não nos vermos durante 35 anos - imagina quanta coisa a recordar.
Foje, pai de 4 filhos e avô de muitos netos, terá sido um daqueles que o Nunes conheceu sexualmente lá em África, mas isso foi pontual para ele e claro que não foi abordado nas nossas conversas.
Beijinho.
Olá João!
ResponderEliminarDe regresso a Lisboa, passo para te deixar um abraço e desejar um excelente 2013.
Olá Carlos
ResponderEliminarmuito obrigado e quero também desejar-te o melhor ano de 2013 possível, dentro das contigências.
Abraço amigo.
Um outro conceito de distância para enriquecer o the book.
ResponderEliminarVês, o livro acabou por te ir parar às mãos. Eu já estava metido nesta tramóia toda para que desses o teu contributo, sempre tão pessoal ;)
Olá K.
Eliminaré verdade; é caso para dizer "guardado está o bocado para quem o há-de comer"...
Mais uma vez te agradeço teres-me escolhido,na altura,para dar seguimento ao "Book of Distance" e também mais uma vez te pedir desculpa de não ter aceite, o que nãosignificava nada de pessoal,é óbvio,e muito menos, desinteresse pelo projecto. Apenas uma pausa no blog,pois estava a passar um mau bocado, na altura.
Abraço amigo.
Quando as histórias são reais adquirem uma outra dimensão. Mais um excelente contributo para o 'Book'.
ResponderEliminarAbraço.
Arrakis
Eliminarjá várias vezes referi a minha dificuldade em ficcionar. Sinto-me muito mais à vontade no relato de factos reais, próprios ou alheios (refiro-me a coisas, sítios,acontecimentos e não propriamente a terceiros).
Abraço amigo.
Belas histórias do Moçambique colonial. :) Gostei bastante, sobretudo do reencontro. É bom reviver momentos e ver pessoas conhecidas que o tempo afastou.
ResponderEliminarabraço :3
Mark
ResponderEliminartenho pena de não ter mais contactos com aquela gente com quem vivi tempos tão difíceis.
E já perguntei tantas vezes a mim próprio o que será feito daqueles soldados negros que serviram no exército colonial português...
Abraço amigo.
Em primeiro lugar vou falar em algo que acho excelente e que me esqueço de mencionar, a frase que tens aqui:
ResponderEliminarEvita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!
Que traduz em grande o que é um anónimo
Excelente história. As recordações podem ser bem aproveitadas e aqui está um bom exemplo disso. Beijinhos
Mary
ResponderEliminareu gosto muito dessa frase e fico agradecido por a teres referido.
E história de cada um de nós está feita destas pequenas histórias e o que é curioso, é que com o avançar dos anos elas parecem ficar ainda mais nítidas na nossa memória.
Beijinho.
A tua história, embora o contexto bélico em que está inserido, é de uma beleza e singularidade fantásticas. A vida militar passou-me completamente ao lado, e não me imagino ter a coragem de assumir com a tua naturalidade a minha posição num meio (aparentemente) tão másculo e viril como o é o meio militar. Porém, a tua forma de ser, e principalmente de viver (aproveitando as oportunidades que a vida nos dá) é verdadeiramente estupenda.
ResponderEliminarUma última curiosidade, que não percebi inequivocamente, afinal que preferência sexual acabou por assumir o Marins (presumindo que o Nunes se manteve homossexual)?
Coelho
Eliminarobrigado pelas tuas palavras amigas.
Satisfazendo a tua curiosidade, o Martins era e é, presumo, pois nunca mais soube nada dele, abertamente homossexual; mas o seu comportamento lá na Companhia, mesmo para uma pessoa experiente em "ver" o que outros não vêem, foi de tal maneira dissimulado, que nunca me passou pela cabeça, aliás foi tanta a minha surpresa quando ele me contou, como a dele a meu respeito, o que é de salientar de uma forma muito positiva.
Ele era uma pessoa muito brincalhona, sempre bem disposto, mas cumpridor de tudo o que era preciso e muito querido pelos seus soldados, pela sua forma de comando.
Como éramos mais ou menos da mesma idade,apenas eu fui escolhido par capitão e ele alferes, ele inventou uma fórmula muito curiosa de tratamento para comigo, que embora respeitando a hierarquia, a suavizava: para ele, eu era o "Cap".
Abraço amigo.