Edward Hopper (Nyack, 22 de julho de 1882 — 15 de maio de 1967) foi um pintor, artista gráfico e ilustrador norte-americano conhecido por suas misteriosas pinturas de representações realistas da solidão na contemporaneidade.[1] Em ambos os cenários urbanos e rurais, as suas representações de reposição fielmente recriadas reflecte a sua visão pessoal da vida moderna americana.
Luz –
solidão – poesia – silêncio – angústia – introspecção – quotidiano – américa –
são algumas das palavras de ordem quando se fala de Edward
Hopper. Cada obra é como uma compilação de sonhos, de
sentimentos pungentes ou puras construções mentais. Romântico, realista,
simbolista: Hopper foi incluído em diversos movimentos e
estilos. E, é, precisamente, essa complexidade que enriquece o seu trabalho.
As visitas de Edward Hopper a Paris foram numerosas: em 1906, pela
primeira vez, tendo permanecido quase um ano, e, posteriormente, por um período
mais curto, em 1909 e 1910. Foi influenciado por vários artistas que aí
conheceu: por Degas e pelo princípio poético
de “dramatização” do mundo; por Albert Marquet e pelos seus vários pontos de vista do
rio Sena; Félix Vallotton e pela luz inspirada em Vermeer;Walter Sickert e o seu universo iconográfico urbano.
Em Paris, Hopper adopta o impressionismo.
A capital francesa foi, para ele, uma inspiração constante, aí descobriu
cores e sombras, inexistentes em Nova Iorque e quase tudo foi tema de estudo e
trabalho: as escadas da Igreja Baptista, perto do seu apartamento, os barcos
do rio Sena, a Pont Neuf, Notre Dame, entre muitos
outros locais.
‘A
pintura de Hopper toca a excelência nos domínios da
forma e do mistério. Uma ode à introspecção.A Noite Interior. Atmosferas
dignas de um cenário. Banhadas por uma luz especial - a da noite
americana – que o realizador
francês François Truffaut homenageou no filme ‘La Nuit Américaine’ (A Noite Americana) de
1973. Das suas pinturas, Hopper gostava de dizer, “são
sobre mim”. E há, também, o seu auto-retrato (1925-1930). A
sua pintura parte da exploração do seu eu interior, um imenso oceano
flutuante, que ele nunca parou de explorar. Ele pinta o exterior com o olhar
voltado para dentro. Uma metáfora óbvia.
A sua pintura transcende as aparências e é aí que reside,
precisamente, a sua força. E a propósito, Hopper numa
entrevista cita Renoir: “Há algo de essencial na pintura que
não conseguimos explicar”. Abrirmos, assim, nas suas pinturas uma
janela e depois outra. Através, desses espaços, o nosso olhar retoma o caminho percorrido
pelo pintor. As janelas são pontos de passagem. Sem vidros. Sobre isso, Hopper disse: “Sou
fascinado pelos interiores urbanos, sem saber muito bem porquê. Talvez seja uma
tentativa de abraçar um todo, toda a cidade, e não apenas algumas partes ou
detalhes.” Somosvoyeurs dessas
vidas imóveis, congeladas, petrificadas. Somos espectadores impotentes desses
quartos, apartamentos e escritórios povoados de solidão. Seres imersos no seu
mundo, numa calma aparente, em silêncio, que nunca saberemos, realmente, se é
um acto de meditação ou marca de uma angústia profunda. Montaigne escreveu nos
seus ensaios: “Quem se conhece (a si próprio)
conhece, também, os outros, porque cada homem transporta, em si, a forma
inteira da condição humana”. Na procura de si, através da pintura, Hopper acaba
por nos representar a todos.
Excelente texto, João! Parabéns e... queremos mais. :D
ResponderEliminarJoão
Eliminarnão imaginas como o Pintrest me tem ensinado tantas coisas, nomeadamente sobre pintura.
Oa americanos do século XX são muito bons, mesmo excelentes, na pintura.
Abraço amigo.
É uma solidão cromática que nos abraça de forma tão familiar e fraterna.
ResponderEliminarIncontornável nome da pintura.
Também subscrevo o J. Máximo. Ótimo texto.
Alex
Eliminare eu gostei muito também da forma sintética, mas muito correcta como qualificaste a pintura de Hooper.
Abraço amigo.
Já enriqueci a minha cultura geral
ResponderEliminarObrigado pela partilha
Abraço amigo
Francisco
EliminarNós estamos sempre a aprender uns com os outros: todos!!!
Abraço amigo.
uma das coisas que me fascinam no Edward Hopper é ele ter criado um universo narrativo, cujas fundações são as suas pinturas, e que perdura até hoje e que extravasou o âmbito das artes plásticas e alastrou para outras artes. as suas obras são quase como romances, contam histórias, criam ambientes, têm leituras políticas ou filosóficas, contam-nos sempre alguma coisa sobre a condição humana.
ResponderEliminarhá uns anos vi uma exposição que fazia uma espécie de inventário de todo um conjunto de criações artísticas (filmes, instalações, esculturas, pinturas, vídeos), de diversos autores e datas, que são 'devedores' desse universo hopper (lembro-me de que um dos presentes, era o realizador Jim Jarmusch, com o filme Broken Flowers)
até na literatura eu acho que há ramificações do Hopper. um escritor que eu li muito há muitos anos, o Raymond Carver, fazia-me lembrar muito a pintura do Hopper, minimalista, impressiva, de uma angústia calada e quase mansa.
ou seja, foi bom trazeres o Hopper aqui :)
Miguel
Eliminaré absolutamente correcta essa interpretação da pintura de Hopper. Aliás no texto está a referênciaao filme de Truffaut "La Nuit Américaine".
Eu tenho pena de não pôr aqui outras telas de Hopper, pois ocupariam muito espaço, mas ele é perfeitamente fabuloso.
Abraço amigo.
já conhecia o Hopper e é um dos meus artistas preferidos. gosto particularmente dos quadros com os livros, por me identificar com essas situações.
ResponderEliminarbjs e bom fim-de-semana.
Margarida
Eliminarconfesso que não conheço muito bem esses quadros com os livros, nem me parece que sejam fundamentais na obra dele. Mas se são do Hopper são decerto bons e vou investigar.
Beijinho.
Deliciei-me a ler e a 'sentir' as telas de Hopper.
ResponderEliminarAdoro pintura e sou capaz de me perder num museu, horas sem fim, em frente a uma boa obra de arte (já fiquei sentado, mais de uma hora, frente a uma obra no Guggenheim em Veneza).
O livro, a pintura, a escultura, a obra musical - apaixonam-me!
Um abraço amigo, João.
Pedro
Eliminarcomo é bom "ver-te"aqui de novo...
Ainda bem que gostaste desta postagem sobre o Hopper - quem não gostará? - e aquilo que tu referes (ficar um tempo incerto a apreciar uma obra de arte), apenas me aconteceu, nas três vezes que já visitei a Academia, em Florença, e estive sentado a observar o "David" do Miguel Ângelo, talvez a "coisa" mais perfeita que já vi até hoje.
Abraço amigo.
Olá João.
ResponderEliminarCreio que é a consoante que é dobrada, Edward Hopper. Eu também faço muitas vezes este erro.
E o post está muito bom, obrigado.
É difícil classificar este pintor, mas eu acho-lhe sempre algo de surrealista, apesar de não ser habitualmente considerado como tal.
Grande abraço
Manel
Olá Manel
Eliminartinhas razão, claro, no erro do título, que já está corrigido.
Quanto a considerar o Hopper como surrealista, eu não consigo; nem sei mesmo em que corrente o devo incluir, pois ele tem variadas características, mas dentro de um estilo que é só dele - modernista, intimista, eu sei lá...
Talvez ninguém como ele tivesse pintado tão bem a solidão e o seu melhor quadro - na minha opinião - mostra isso mesmo; é o "Nighthawks" (1942), o primeiro dos que aqui mostro, tirando o auto retrato, claro.
Abraço amigo.
são algumas das pinturas que mostraste, as mulheres a ler, expressei-me mal.
ResponderEliminarMargarida
Eliminarjá cá não está quem falou...
Realmente a tua primeira observação induz em erro, pois presume que ele tivesse telas só sobre livros e eu nunca as tinha visto...
Quanto a esta faceta dele, de mostrar muitas vezes um livro nas mãos de uma mulher é um pormenor em que não tinha reparado, mas que é realmente evidente, já que nesta minha selecção, quiçás não a ideal, estão três quadros com essa imagem.
Aliás e falando na selecção, eu devia ter falado de cada quadro, mas tornaria o post demasiado longo. Há três telas que poderão ser consideradas "a mais" nesta selecção, mas eu justifico a opção. Uma delas, a das janelas "Paris - View Across Interior Courtyard at 48 Rue de Lille" - 1904, representa uma das suas telas pintadas nas suas permanências em Paris. Outra, a do nu masculino "Male Nude" (1902-04), mostra uma das raras incursões de Hopper neste universo. E finalmente, a do rapazinho a acordar "Boy and Moon" (1906/7), é uma referência à sua vertente de artista gráfico ou ilustrador.
Beijinho.
Sem dúvida um dos pintores americanos que mais gosto e admiro. A sua capacidade de trabalhar a cor é única e de tal forma pessoal que se reconhece quase de imediato uma tela sua. Excelente post João!
ResponderEliminarAbraço.
Arrakis
Eliminaré curioso que, sem ter intenção de o fazer, os dois posts recentes sobre pintores, recaíram em autores de telas que imediatamente são reconhecidos, sem possibilidade de erro (Modigliani e Hopper); isto significa mais que uma originalidade, significa a criação de um estilo.
Hopper é genial.
Abraço amigo.
Lindas obras, confesso que não o conhecia, foi realmente um grande artista.
ResponderEliminarOlá querido João, após uma temporada de sumisso, eis me aqui novamente. Abração e um belo 2013 a ti.
Glauco
Eliminarse ainda não conhecias ainda mais vale ter partilhado. A partilha só tem real valor se este lhe é dado por quem a recebe.
Abraço amigo.
Gostei imenso deste post, aprendi um pouco mais sobre este grande senhor hoje!
ResponderEliminarObrigado pela partilha!
Um abraço :)
Kuma
Eliminarfico bem satisfeito; de vez em quando "pego" numa certa personalidade, que pode ser de variadas artes e mostro um pouco sobre quem foi ou é e o que o fez distinguir dos demais.
Foi o caso agora, com o Edward Hopper.
Abraço amigo.
As cores, nítidas, por vezes bem vivas, e os traços rectilíneos e perfeitos é o que imediatamente sobressai. Faz-nos pensar na solidão.
ResponderEliminarabraço.
Mark
Eliminarprincipalmente é essa a ideia que prevalece, a da solidão. Magnificamente retratada.
Abraço amigo.
O meu pintor estado-unidense preferido!Tem neste momento uma retrospectiva em Paris, infelizmente esgotada desde que abriu - se não...:)))
ResponderEliminarE na Gulbenkian, na exposição "As idades do mar" há uma obra dele, que vale a pena ver...
Enorme artista! Obrigada por mo trazeres aqui!
Justine
Eliminareu sei que tem; aliás quase todo o texto que aqui reproduzo foi tirado de um texto sobre essa exposição; daí as referências às conexões de Hopper com a França e os franceses.
Se alguém pusesse em dúvida o valor da pintura de Edward Hopper bastaria o facto de que essa exposição está esgotada desde que abriu. Deve ser fantástico ver as suas principais obras reunidas e vê-las ao vivo.
Beijinho.
Tive a sorte de ver quase todos estes quadros ao vivo, por mais de uma vez (numa retrospectiva em Milão, uma exposição em Paris e no Whitney Museum em NY) e de todas as vezes descobri coisas novas em cada quadro... :)
ResponderEliminariLove
ResponderEliminarpodes-te considerar um sortudo e tenho que te confessar uma pontinha de inveja...justificada.
Abraço amigo.
Excelente pintura. O primeiro quadro que colocas, Aves da Noite, é o seu melhor quadro. Beijinhos
ResponderEliminarMary
Eliminarcompletamente de acordo. Nesse quadro estão as suas cores e toda a sua noção de solidão, embora haja mais do que uma pessoa.
Off record, estive agora no teu blog (só lá vou quando me aparece no Google Reader, o sinal de nova postagem) e vi um comentário algo "acalorado" em resposta à minha opinião sobre a petição do cão; claro que respondi, pois uma coisa é não concordar, como tu fizeste, outra é não ser tolerante e eu detesto a intolerância.
Beijinho.
Aprendo sempre coisas novas aqui. Sendo Hopper um pintor largamente conhecido, lendo o teu texto e os comentários, sempre aprendi mais alguma coisa.
ResponderEliminarAmigo Coelho
Eliminarmais uma vez funciona a função, primordial, da partilha, na blogo.
E quanto não tenho eu aprendido com os relatos das vossas viagens, por exemplo?
Abraço amigo.
O meu pintor preferido.
ResponderEliminarPreferência perfeitamente justificada.
EliminarAbraço amigo.