Tenho até orgulho no percurso que entretanto certos blogs tiveram depois disso, pois quer se queira, quer não, um blog sem seguidores ou comentadores não passa de um diário.
Mas hoje falo de um blog que é um clássico da blogo, mais antigo que o meu, um dos resistentes dos velhos e bons tempos da blogosfera.
Trata-se do blog do Miguel e se o chamo assim e não pelo seu nome (a referência ao blog obtém-se ao clicar no nome), é porque o Miguel, como o Félix, como o Paulo, só para dar alguns exemplos são para mim, muito mais Amigos do que bloguistas.
Mas neste caso, o blog, ali enclausurado num condomínio fechado da blogosfera, chamado Livejournal, é um blog que merece ser lido pois revela uma pessoa sensível, culta, com bom gosto e com variadas ramificações de interesses. Não somos muitos os seguidores, mas somos imensamente fiéis.
E foi neste blog que encontrei esta recente postagem, que está muito dentro daquilo que eu penso de certos blogs, que se “perdem” com fotos quando os seus autores têm capacidades muito mais amplas que isso, e ao mesmo tempo chama a atenção para um blog novo, interessantíssimo e que no texto está bem referenciado.
Depois deste longo introito, eis o texto em causa, devidamente autorizado pelo Miguel, como é óbvio.
"The Gay Men Project
A net está cheia de representações da masculinidade homossexual. Na maior
parte dos casos, na enormíssima parte dos casos, isso equipara-se a fotografias
de gajos nus muito carregadas eroticamente (deixemos de fora a pornografia pura
e dura, cuja circulação e disponibilidade, segundo alguns mal-intencionados,
foi a verdadeira razão para qual a internet foi inventada!)
A questão é que, em rigor, a construção desse imaginário homo-erótico deve muito pouco à representação da homossexualidade masculina, e eu até me atreveria a dizer que é, em grande parte, vincadamente heterosexual, ainda que dirigido à fantasia, e à líbido, dos homossexuais.
Não me esqueço de que há toda uma imagética ligada directamente a diversos estilos de vida (ou culturas) tipica ou exclusivamente gays; estou-me a lembrar, por exemplo, da cultura bear e dos seus códigos visuais (ainda que, mesmo neste caso, não ande longe de certos imaginários predominantemente heterossexuais, como por exemplo o dos motards). Mas o ponto é que não há site pessoal ou blog que não esteja cheio de fotografias mais ou menos ‘sexys’ (atenção às aspas) de modelos e modelitos, de corpos irrepreensíveis e dirigidos a variados paladares, que constituem, digamos assim, o denominador comum (mínimo ou máximo, será questão de perspectiva) entre delírios gays de todas as idades e fantasias femininas de pendor mais ou menos adolescente.
Onde eu quero chegar é que não são afinal nada frequentes os lugares da net que apresentam representações da masculinidade que sejam especificamente homossexuais (ou gays, ou queers, ou o que se quiser), e nos quais a sexualidade não se esgote no seu apelo mais ou menos erótico, mas que aposte no carácter identitário dessas representações.
São todas estas reflexões que (me) sugerem o extraordinário trabalho do Kevin Truong no seu site/blog The Gay Men Project, que se apresenta como ‘the visual catalog of gay men across the world’. No site, o Kevin Truong fotografa homens gays (originalmente nas suas casas ou espaços de trabalho, mas depois o projecto alargou-se a outros sets) e apresenta pequenos depoimentos dos fotografados acerca das suas experiências enquanto homossexuais. Vale a pena conhecer o site, e é obrigatório visitá-lo frequentemente.
Ainda que seja para concluir, como me parece ser o caso (e ainda bem), que essas representações não traduzem, afinal, um mundo aparte, e que a resposta à questão “com que se parece um gay?”, só possa ser “com uma pessoa qualquer”."
A questão é que, em rigor, a construção desse imaginário homo-erótico deve muito pouco à representação da homossexualidade masculina, e eu até me atreveria a dizer que é, em grande parte, vincadamente heterosexual, ainda que dirigido à fantasia, e à líbido, dos homossexuais.
Não me esqueço de que há toda uma imagética ligada directamente a diversos estilos de vida (ou culturas) tipica ou exclusivamente gays; estou-me a lembrar, por exemplo, da cultura bear e dos seus códigos visuais (ainda que, mesmo neste caso, não ande longe de certos imaginários predominantemente heterossexuais, como por exemplo o dos motards). Mas o ponto é que não há site pessoal ou blog que não esteja cheio de fotografias mais ou menos ‘sexys’ (atenção às aspas) de modelos e modelitos, de corpos irrepreensíveis e dirigidos a variados paladares, que constituem, digamos assim, o denominador comum (mínimo ou máximo, será questão de perspectiva) entre delírios gays de todas as idades e fantasias femininas de pendor mais ou menos adolescente.
Onde eu quero chegar é que não são afinal nada frequentes os lugares da net que apresentam representações da masculinidade que sejam especificamente homossexuais (ou gays, ou queers, ou o que se quiser), e nos quais a sexualidade não se esgote no seu apelo mais ou menos erótico, mas que aposte no carácter identitário dessas representações.
São todas estas reflexões que (me) sugerem o extraordinário trabalho do Kevin Truong no seu site/blog The Gay Men Project, que se apresenta como ‘the visual catalog of gay men across the world’. No site, o Kevin Truong fotografa homens gays (originalmente nas suas casas ou espaços de trabalho, mas depois o projecto alargou-se a outros sets) e apresenta pequenos depoimentos dos fotografados acerca das suas experiências enquanto homossexuais. Vale a pena conhecer o site, e é obrigatório visitá-lo frequentemente.
Ainda que seja para concluir, como me parece ser o caso (e ainda bem), que essas representações não traduzem, afinal, um mundo aparte, e que a resposta à questão “com que se parece um gay?”, só possa ser “com uma pessoa qualquer”."
Bonita (e rara) demonstração de amizade e admiração! :D
ResponderEliminarJoão
Eliminaro meu conceito de Amizade a isso me leva, mas não só, pois como tu decerto concordas e "conheces" o Miguel há muito menos tempo do que eu, ele é uma excelente pessoa em todos os sentidos.
Abraço amigo.
Shame on us! (declarado com duplo sentido, o afirmativo e o irónico, para significados opostos)
ResponderEliminarO trabalho fotográfico é muito interessante, e as estórias breves um perfeito complemento, do projeto. Para quando Lisboa?
A análise do Miguel parece-me objetiva, mas também desdenhadora. E quem desdenha...
Abraço
Alex
ResponderEliminarse conhecesses o blog do Miguel, nem sequer será preciso conhecê-lo a ele, nunca referirias como o fazes, de que a sua atitude é desdenhadora.
Claro que ninguém, seja homo ou heterossexual fica indiferente à beleza de um corpo, e eu próprio que também não gosto muito desse "exagero" de que o Miguel fala, deixo muito de vez em quando de pôr algumas imagens dessas. Mas não faço disso um uso diário, e é nesse ponto que ele e eu estamos em sintonia.
Há blogs próprios para esse efeito e eu de vez em quando visito-os, não sou hipócrita; o que me entristece é ver pessoas com imensas capacidades para mostrar ou falar de outras coisas, fazer dessas imagens um uso de dia a dia, até porque são sempre as postagens que mais comentários registam. E tu sabes bem como são esses comentários - quem lê um, uma vez, lê-os todos, todas as vezes, ou não será assim?
Eu sei que cada um é dono do seu blog e põe lá o que muito bem entende e quem quer visita-os ou não os visita. Eu visito-os porque além disso têm motivos suficientes para me motivarem. Mas não entro na onda de admiração estarrecida pelas ditas imagens.
Espero que me compreendas e acima de tudo que não presumas ilacções sobre pessoas que não conheces minimamente.
Abraço amigo.
Viva a diversidade!
EliminarE vivam os 'delírios gays de todas as idades e fantasias femininas de pendor mais ou menos adolescente'!
Claro que sim, Alex.
EliminarA vida seria completamente monótona e desprovida de interesse se não houvesse essa diversidade.
Abraço amigo.
“com uma pessoa qualquer” --> A mellor definición.
ResponderEliminarUn pracer atopar gays na rede que foxen dos estereotipos.
Gostei moito do site do seu amigo, adoro os retratos e aínda adoro mais os retratos das persoas a través das cousas das que se rodean.
Sorprendeume moito tamén a alta frecuencia das publicacións.
Obrigada pola recomendación.
Saúdos.
Olá X
ResponderEliminarainda bem que gostaste do "Innersmile", o blog do Miguel; o contrário é que me espantaria...
O final do seu texto, que tu realças, é bem o espelho da forma como ele é.
Beijinho.
Caro João,
ResponderEliminaragradeço muito as tuas palavras tão amáveis. Tal como tu, considero que o melhor que isto dos blogs nos dá são as amizades, tanto mais compensadoras quando passam para o plano real das nossas vidas, como aconteceu connosco.
Agradeço também o destaque que deste ao meu texto, sobretudo porque graças a ele há mais pessoas a conhecerem o site do Kevin Truong (que é o verdadeiramente importante aqui). Mas este destaque de facto dá razão à minha escolha do livejournal: lá posso dizer as minhas palermices à vontade, como ninguém dá por isso, não me meto em discussões nem em debates, coisas que não procura e de que não gosto.
Tenho pena que o Alex não tenha gostado do que eu escrevi. A minha única intenção ao escrever o texto era destacar a importância do trabalho do KT no The Gay Men Project, e não o de menosprezar, e ainda menos ofender, quem quer que seja em função daquilo que cada um escolhe para pôr nos seus blogs. Era o que faltava. Pois se eu próprio os conheço e visito… Seria ridículo e absurdo. Torno a insistir: não há no meu texto nenhuma crítica, e por isso não retiro uma única linha do que escrevi.
A frase que o Alex destacou não se referia a ninguém, como é óbvio, mas apenas pretendia acentuar, com evidente sarcasmo, o contraste entre o recurso saturado a imagens estereotipadas de uma sexualidade masculina que deve mais à heterossexualidade do que à homossexualidade, e o trabalho do site TGMP que, ele sim, ajuda a construir uma representação da masculinidade homossexual.
Aceito com bonomia e fair play a boca do Alex de que o texto é desdenhoso. Não percebo para onde se dirige o meu desdém. Mas se estiver à venda e o preço for bom, eu compro :)
Desculpa esta utilização do teu blog, João. E, mais uma vez, fico muito contente com o testemunho das pessoas que, graças a ti, descobriram o The Gay Men Project.
Ah, e a escolha da canção: na mouche!
Miguel
ResponderEliminareu gosto muito que possa haver maneiras diferentes de ver as questões e isso até é salutar.
Mas parece que o Alex se picou e ele saberá porquê com coisas que nada têm a ver com ele e mandou uma boca pouco feliz pois não te conhecendo,não deve tomar presunções sobre as tuas motivações. Claro que não precisas que ninguém te defenda, mas uma coisa é ter opiniões diferentes e outra é procurar denegrir as pessoas e eu não gostei disso.
Mas tu já deste a melhor resposta e o assunto está resolvido, pois até nem havia assunto...
Quanto ao resto, o que realmente interessa é chamar a atenção para um blog diferente que mostra como são, como vivem os homossexuais e não as imagens que deles(?) fazem e como são utilizadas.
A cultura bear como uma subcultura muito específica do mundo homossexual é um bom exemplo dessa maneira de viver a homossexualidade, sem a preocupação de modas, de ginásios, de depilações e de "clonagens".
Abraço amigo.
Logo que tenha um tempinho passarei no blog que recomendas. Beijinhos
ResponderEliminarMary
ResponderEliminaré um blog diferente em que os homossexuais são mostrados como o Miguel diz e bem, como umas pessoas quaisquer.
Beijinho.
Obrigado pela partilha :)
ResponderEliminarAbraço amigo
Francisco
ResponderEliminarnão tens de quê. É com grande prazer que partilho este blog.
Abraço amigo.
bom dia, João. já tinha respondido no blogue do miguel. é um blogue de pessoas normais, comuns, como tu e eu. como a maioria de nós. acrescento, todavia, que, se cada um gosta de caras bonitas, corpos esculturais, também não deve ser por aí que a discussão deve enveredar. eu também gosto de um corpo bonito, masculino e feminino, sem exageros, é certo, que o culturismo, o silicone ou botox não fazem parte dos meus gostos, mas gosto de apreciar um bom decote ou um bom rabo :)
ResponderEliminarbjs.
Margarida
ResponderEliminare quem não gosta?
Como dizes, não é por aí que a discussão deve enveredar e nem sequer é motivo de discussão,pois ninguém tem o direito de interferir na maneira de gerir os blogs dos outros.
O Miguel limitou-se a indicar um excelente blog onde as pessoas homossexuais são vistas de outra forma e contrapôs, quanto a mim bem, esse blog a outros que usam e abusam dessas imagens (sem serem blogs apenas de imagens, que os há e alguns bons e que eu frequento) e afirmando muito acertadamente que essas imagens masculinas serão muito apreciadas pelo género feminino e que nestes blogs despertam a líbido dos homossexuais. Isso é mentira?
Claro que não. E tu sabes que há blogs que ambos frequentamos, muito válidos, mas que usam constantemente essas fotos e também sabes que são essas postagens as mais comentadas e sempre pelas mesmas pessoas e com as mesmas palavras. É uma rotina e é uma constatação, não uma contestação.
Mas daí surge o Alex a inferir que o Miguel ao referir tal facto o fez com desdenho, para poder concluir com o ditado conhecido "quem desdenha...quer comprar"; aqui é que eu contestei, porque tal como tu, conheço bem o Miguel e nunca estaria em causa tal facto.
O miguel, tal como eu, e tu e acho que toda a gente não necessita dessas imagens para satisfazer a líbido eventual, pois conhecemos bons blogs específicos para esse efeito e com imagens dentro dos nossos gostos - há blogs desses para todos os gostos, às centenas, na net.
E mais nada.
Beijinho.
Não posso deixar de concordar com o Alex, viva a diversidade até porque as tais fotos aqui citadas não têm o propósito deste projecto.
ResponderEliminarExcelente conceito, que embora de cariz quase pedagógico, mostra uma realidade bem diferente do que a maior parte das pessoas imagina. As fotos e os textos são bastante bons e o retrato dos gays como pessoas tão normais como outras quaisquer é mais que positiva.
Abraço.
Arrakis
ResponderEliminarvou partir de um facto inequívoco: o teu blog é excelente e por isso o sigo!
Tu és uma pessoa que escreve muito bem, mesmo muito bem, que tens uma cultura bem acima da média, postas coisas com muito interesse, descobres pormenores e fotos interessantíssimas e tudo isto é absolutamente verdade.
Mas, e olha para esta minha critica de uma forma positiva, por favor, o que acho é tens potencialidades para ter um blog fantástico, mas "perdes-te" em não aprofundar as questões; ou seja, o teu blog está escrito nos moldes das postagens do Face Book, o que é pena. Eu quando chego ao teu blog para comentar, até me assusto com o número de postagens, hehehe, e claro, só dá para comentários telegráficos, no estilo das postagens.
Eu não te critico por teres escolhido esta forma de desenvolver o blog, pois cada um sabe como fazer e conforme os seus gostos. Mas posso não estar de acordo, a tal diversidade de que tu e o Alex falam...E se não estou de acordo é por sentir que estás a subaproveitar um espaço, e nada mais. É pois num sentido muito positivo.
Quanto à tais fotos, acredito em absoluto que o teu objectivo não seja o que o Miguel afirma e eu corraboro, mas sabes e decerto concordas que há blogs que o fazem...
E na prática, embora não seja esse o objectivo, pois serão fotos que tu aprecias, como as da Liz Taylor, do Egipto, de telas famosas e tantas outras coisas, na prática, dizia eu, acabam por despertar essa líbido, e basta ver os comentários, ou não será assim?
Não vou repetir em cada comentário aqui, o que não me agradou no comentário do Alex, pois já foi dito várias vezes, mas foi algo mais do que afirmar um sempre muito agradável direito á diversidade.
Abraço amigo.
Sentimos atracção por aquilo que nos seduz. O que se passa na maioria da comunidade gay é a busca pela perfeição a quanto obrigas. Muitas vezes essa perfeição encaixa-se nos padrões femininos heterossexuais. Todos sabemos que a maioria dos gays gosta assumidamente do homem masculino, hetero, futebolista ou jogador de râguebi, um pouco "rude"... O homem heterossexual é o paradigma de quase todos os gays, onde me incluo despudoradamente. Todavia, é louvável que sejamos confrontados com isso: até que ponto será um sonho? Não deveremos descer à realidade e ver que a maioria dos gays é diferente daquilo que se idealiza?
ResponderEliminarGostei de ser confrontado com isso. Fez-me reflectir e ver a masculinidade homossexual de outra forma. Só discordo de um pequeno ponto do texto do Miguel, quando afirma que, e transcrevo, «não há site pessoal ou blog que não esteja cheio de fotografias mais ou menos ‘sexys’ (atenção às aspas) de modelos e modelitos, de corpos irrepreensíveis e dirigidos a variados paladares, que constituem, digamos assim, o denominador comum (mínimo ou máximo, será questão de perspectiva) entre delírios gays de todas as idades e fantasias femininas de pendor mais ou menos adolescente». É uma visão um pouco redutora. O meu blogue, "site pessoal", não tem esse conteúdo. O Miguel está no seu direito de usar a crítica, mas os donos desses blogues também têm o direito de manter e publicar esses conteúdos.
abraço, querido João :3
Mark
Eliminaracho que foi mal interpretada essa frase do Miguel, pois ele ao generalizar, fê-lo de uma forma figurada; ele frequenta assíduamente o meu blog, e o da Margarida, só para falar em dois blogs que tu conheces e não vês estes dois blogs (o meu e o da Margarida) cheios dessas fotos; é uma forma de dizer as coisas que não pode nunca ser levada à letra.
Mas enfim, ninguém quis ou quer mudar a orientação de blogs alheios, apenas mostrar que há blogs, como o "The gay men project" que mostram a verdadeira maneira de ser dos homossexuais, sem "especulações" e como pessoas normais que eles realmente são.
Mas parece que alguém se "picou" com isso...é pena.
Uma coisa é a salutar diversidade, outra é o gozo, pois o assunto está encerrado, mas continuam piadas sobre o assunto e sabes, decerto, do que falo.
Abraço amigo.
O Miguel tem absoluto direito à expressão da sua opinião. Também é homem crescido para saber que a sua opinião pode ir contra a opinião de outrém e pode ser contrargumentada. O conteúdo referente ao projeto fotográfico é de bastante interesse, e a análise psico-sociológica, feita pelo Miguel, é pertinente (de que aqui o testemunho do Mark é exemplo). Na prossecução do que também tu, João, consideras como exagero do uso das fotos e da imagética heterossexual, considerei menos positivo, pessoalmente ofensivo, a classificação de 'delirante' a este gosto que eu e outros bloggers cultivamos, bem como a sua equiparação a 'fantasias femininas mais ou menos adolescentes', por parte do Miguel. Por outras palavras, o senhor Miguel chamou-nos de delirantes e adolescentes. Estava à espera de um aplauso? De braços cruzados assentindo asseveradamente a sua razão? De uma vénia diante da iluminação? Natural a contrargumentação. E na mesma dose, à lei de Talião, respondi, em jeito de provocação, com uma suposta sua vivência sexual reprimida. Obviamente que a minha intenção não era a resposta ofensiva per se, e, do alto da sua maturidade, Miguel reagiu 'desportivamente'. Nem ele, nem tu, devem ficar tristes com a situação. Houve alguém que proferiu uma opinião, houve alguém que não gostou e respondeu, em igual moeda, usufruindo desta possibilidade de expressão, que deve ser agraciada. Não penses que a situação é fruto de uma má interpretação. Eu interpretei muito bem as palavras do Miguel. A discordância nem sempre é filha da má interpretação. Como ele, há blogues e pessoas e atitudes e opções que eu considero delirantes e/ou adolescentes. Poderia até apontar quais e alguns nomes. Mas o que me acrescentaria isso? Não é o respeito pelas opções dos outros o mais importante? Viver e deixar viver é um bom lema de vida. Não me causa transtorno um blogue que publique um exagero de cultura. O que não gosto, não vejo. Não faço disso notícia ou política panfletária.
EliminarMesmo da benemérita análise do Miguel sobre a masculinidade homossexual, tanto havia e há a refutar. Talvez a masculinidade homossexual representada no projeto fotográfico, e defendida pelo Miguel, não seja assim tão representativa. De fora fica a vasta, e maioritária, não-assumida (compreensivelmente mais heterossexualizada). Afinal, como destrinçá-la num mundo que tão inúmeras vezes nos ilude? Ainda assim, achei interessantes os dois exercícios, o do projeto e o do texto do Miguel divulgando-o, congratulando-me pelos dois se unirem à distância, segundo sei por causa do teu, João, e desejando, quiçá, um encontro real entre artista e fã.
Abraço
Alex
Eliminareu julgava este assunto definitivamente morto e enterrado, no que concerne à tua reacção ao meu post, e por razões óbvias à postagem do Miguel. Disseste o que disseste, eu disse o que disse, o Miguel, no seu comentário também reagiu e pronto, dentro da tal salutar diversidade de que foste o arauto, o assunto estava encerrado. Estava e está!
Mas eis que surgem dois factos marginais: um deles, quanto a mim, bastante positivo e totalmente alheio a esta "diversidade", que se traduziu em um blog de um amigo meu brasileiro ter gostado da postagem do Miguel, que volto a referir tem como fim chamar a atenção para um blog objectivamente interessante, e aproveitá-lo para com a sua reprodução comemorar uma data importante do seu blog, e curiosamente o autor do "The gay men project" toma conhecimento da postagem do Miguel através desse blog brasileiro e transcreve também a referida postagem, o que é interessante. Assim, um texto inicial, é reproduzido primeiro por mim, depois pelo Eduardo e finalmente pelo autor do blog; é porque o Miguel diz algo que fere a sensibilidade de certas pessoas, que tomam demasiado à letra as suas palavras? Claro que não. É apenas por causa do "The gay men project". É até interessante. E não vamos agora derimir argumentos do tipo que invocas, com algum gozo, do encontro entre o "artista e fã".
O outro facto e tu sabes disso, refere-se à tua provocação posterior, num comentário no blog do Arrakis, que eu achei, sim, de mau gosto e à qual respondi com uma simples palavra: "enfim...". Gostei sinceramente do teu comentário seguinte em que reconheces que fostes provocatório. E ponto final!!!
Agora voltas a "mexer" no assunto, e quanto a mim, sem qualquer razão, pois nada mais se adiantou quanto àquilo que te levou a reagir como reagiste no início.
Penso que é salutar para toda a gente, ficarmos por aqui.
Abraço amigo.
O desejo de encontro entre artista e fã foi proferido sem qualquer gozo. Parece-me natural o desejo de conhecer alguém de quem apreciamos o trabalho, e o artista já mostrou interesse em vir a Portugal. Não me faças pior do que sou. Não há necessidade.
EliminarA congratulação foi sincera.
Como disse, aprecio o contributo, tanto do projeto como do texto do Miguel.
Feita a ressalva, junto-me à vontade de ficar por aqui.
Abraço
Alex
Eliminaracho muito bem. Assunto encerrado.
Abraço amigo.
Caro João,
ResponderEliminarJá passei uma vista de olhos ao blog e apreciei bastante. Os posts são testemunhos de homens como quaisquer outros, mas que têm apenas em comum o facto de serem homossexuais. Penso que será um blog a seguir.
Um abraço com amizade
Lear
Eliminaré sim senhor; um blog muito interessante para quem, como eu, pensa que os homossexuais são seres humanos normalíssimos e que em nada diferem de todos os outros. Apenas têm uma orientação sexual, não escolhida, diferente da tradicional, mais nada.
Abraço amigo.
O 'The Gay Men Project' é, de facto, interessante, e nesse aspecto estou agradecido ao Miguel, e secundariamente a ti por repassares essa informação. Naturalmente que não retrata a diversidade do universo gay, porque nenhuma criação humana poderá representar fielmente algo tão diverso como a própria natureza do ser humano. Assim, retrata uma série de seres humanos, de backgrounds diversos, que vivem em meios e contextos igualmente diversos, e que têm em comum o facto de serem homossexuais. Tivesse eu conhecido este projecto há uns anos atrás, e talvez tivesse aprendido bastante e desfeito ainda algumas teias de aranha que me povoam a mente (já te o assumi variadas vezes). Porém, este projeto trás-me à memória as viagens que tenho feito com o P em que ficamos (maioritariamente) em casa de casais homossexuais, e como afinal o sexo da pessoa com quem nos deitamos é apenas um detalhe de uma vastidão que é a Vida.
ResponderEliminarCoelho
EliminarÉ curioso teres chamado a atenção para essa questão da vossa experiência de partilharem, nas vossas viagens, apartamentos de outras pessoas homossexuais, pois na realidade é como se estivessem a conhecer, na prática, a realidade mostrada no "The Gay Men Project".
E também gostaria muito de, com tempo, conversar convosco sobre esse conceito de partilha, pois eu gostaria muito de viajar mais com o Déjan, apenas não o fazendo porque as despesas com alojamento são incomportáveis para mim.
Quando vier de Belgrado, terei muito prazer de vos convidar para virem jantar aqui a casa e falarmos sobre isso e muitas mais coisas, entre as quais a vossa eventual saída progressiva do "armário". Está combinado?
Abraço amigo.