Foi realizada no Verão de 1980 e não foi uma daquelas viagens “inter-rail” (já não tinha idade para isso), mas uma espécie, com tudo mais ou menos programado por mim: o tempo para a efectuar, o dinheiro disponível, e os locais a visitar.
Assim, eliminei qualquer paragem em Espanha, por já conhecer as duas grandes cidades (Madrid e Barcelona) e porque pela proximidade, poderia ir por lá mais frequentemente, depois.
Marquei as cidades que me interessava visitar, em França, Itália, Jugoslávia e Grécia e dividi essas cidades em dois grupos: as que visitaria à ida e as que conheceria na volta.
O percurso era o mais directo possível, sem desvios e efectuado em comboios dos mais baratos e viajando preferencialmente de noite, pois assim dormindo em viagem, pouparia dinheiro em hospedagem.
Em França quis conhecer apenas Marselha e Nice.
Quanto a Marselha, cheguei ao amanhecer e confesso que fiquei confuso com a “fauna humana” que se me deparou na estação e cá fora, à volta dela. Decidi não ficar e guardar a visita para o regresso, pelo que segui no comboio seguinte para Nice,
onde estive dois dias, e não foi uma cidade que me parecesse espectacular, embora tivesse valido a paragem.
Dali fui até Génova; também não foi uma cidade que me entusiasmasse em demasia, mas conheci no comboio um tipo de lá que me convidou a ficar em sua casa (foi a primeira de variadas experiências homossexuais que tive na viagem), e assim visitei, com guia pessoal os locais mais importantes, como a casa de Cristóvão Colombo e o Cemitério – o mais belo cemitério que já visitei e que por si só justifica uma visita a Génova.
Deixei Veneza para o regresso e fiz uma breve paragem em Trieste.
Depois entrei na Jugoslávia e a primeira cidade que visitei foi a actual capital da Eslovénia, a pequena e muito bonita cidade de Liubliana
onde voltei a encontrar um “guia pessoal” muito simpático e não só…
Visitei de seguida Zagreb,
actual capital da Croácia, da qual gostei bastante e seguiu-se o mais longo trajecto ferroviário, de Zagreb a Salónica, na Grécia, tendo guardado Belgrado para o regresso.
Curioso que por pouco não parei em Skopje, actual capital da Macedónia, pois no comboio conheci um individuo dessa cidade que queria à força que eu descesse ali e passasse um dia ou dois com ele; era lindo, lindo e não sei como consegui resistir…
Adorei Salónica, a capital do Norte da Grécia
e ali estive uns dias e ali tomei conhecimento de que decorria por essa altura um festival cultural em Atenas e durante o tempo em que lá estaria, poderia talvez comprar um bilhete para um espectáculo fabuloso, do qual falarei adiante.
Cheguei a Atenas cheio de expectativas, pois ia visitar o berço de uma civilização que sempre me encantou. Mas, na realidade e com excepção da Acrópole, claro, Atenas foi uma grande decepção.
Estive ali uns dias num hotelzinho pequeno mas razoável e no qual passei por uma experiência que não me recordo se já contei aqui no blog; mas os meus amigos mais chegados conhecem a história… (que é mesmo de bolinha encarnada...)
Fui comprar o tal bilhete e qual o meu espanto quando esperava na fila, ouvi chamar nitidamente o meu nome: voltei-me e deparo com o meu primo Mário, nessa mesma fila.
Uma enorme coincidência pois nenhum de nós sabia que o outro andava por ali e claro uma enorme alegria. Arranjámos bilhetes para ver uma representação do Ballet dirigido pelo Rudolph Nureyev, penso que era o Ballet de Zurich e ia voltar a vê-lo dançar ao vivo, depois de já o ter visto em Lisboa, mas desta vez, ao ar livre no Anfiteatro de Herodes Ático, em plena Acrópole. (ver vídeo da "Música do Dia").
Foi deslumbrante!!!
No dia seguinte, que era o último do meu primo em Atenas, fomos os dois a uma coisa que se chamava “Festa do Vinho”, e onde o ingresso (barato), dava direito a um copo que nós podíamos utilizar com todas as espécies de vinho que por lá havia.
É óbvio que ambos apanhámos uma valente carraspana e perdemo-nos um do outro; ainda hoje não me recordo como fui ter ao hotel…
Depois fui ver o pôr do Sol mais belo da Grècia, a umas dezenas de quilómetros a sul de Atenas, no Cap Sounion
e depois embarquei para visitar duas ilhas: Paros e Mikonos. As ilhas gregas são todas maravilhosas e quando um barco chega ao porto aparecem muitas mulheres com ofertas de quartos para alugar a bom preço e se compartilhado, ainda melhor.
Assim, em Paros
juntei-me a um tipo finlandês, que parecia um gigante (não, este não era gay), e conheci a ilha com ele.
Era uma pessoa excepcional mas com um “pequeno” defeito – a partir do meio da tarde já estava completamente grosso e dava-lhe para se meter com toda a gente, principalmente com o sexo feminino, não se preocupando se elas estavam ou não acompanhadas; evitei muitos problemas e não houve uma única noite em que não tivesse que levar esse “touro” até casa e pô-lo na cama.
Mas era uma jóia.
Em Mikonos
na chegada do barco ao porto fui abordado por um mexicano que já me tinha galado no barco, para alugar um quarto com ele.
Ok, tudo bem, paguei eu pois ele não tinha dinheiro disponível, tinha que ir ao banco, e na primeira noite foi uma “festa”.
Mas no outro dia eu disse-lhe que devia ir ao banco e ele disse-me que iria no dia seguinte; não gostei da brincadeira, saquei-lhe o passaporte e disse-lhe que só lho devolveria após ele me pagar a parte dele do quarto, que estava alugado para 3 noites; muito contrariado lá me pagou, e nunca mais o vi.
Curiosamente também eu não voltei a dormir no quarto pois conheci um holandês lindo e passei a dormir com ele na tenda que ele tinha na praia. Nasceu dali uma amizade que mais tarde me levou a Nijmagen, a cidade de onde ele era natural, na Holanda.
Mikonos era espectacular nessa altura, um autêntico paraíso gay, pejada de bares e discotecas e com praias para nudismo , a Paradise e a Superparadise
onde se ia num barquito (como era divertido)…
Bem, depois iniciei o regresso, tendo apanhado um comboio em Atenas ao princípio da noite e me deixaria em Belgrado, ao amanhecer.
Mas essa viagem de Atenas para Belgrado foi uma aventura e dela e do resto da viagem falarei mum outro post.