Serpa é uma cidade alentejana, situada no distrito de Beja, e na margem esquerda do Guadiana, do qual dista pouco, como pouco dista da vizinha Espanha, pela fronteira de Ficalho.
A sua história remonta aos romanos, sendo uma das terras conquistadas aos mouros por D.Afonso Henriques, em 1166.
É na agricultura que o concelho centra a sua actividade económica (59%), principalmente com o cultivo de cereais e do olival.
Foi a esta terra, até então desconhecida para mim, que o destino me levou, em 1976, quando ali fui colocado como docente, na Escola Preparatória, num edifício, que hoje já não existe, pois Serpa é hoje uma cidade que muito se tem expandido e modernizado, sem deixar de ser uma das mais belas terras de Portugal, sendo para mim inolvidáveis, os tempos ali passados.
E curiosamente, não foi muito boa a primeira impressão que colhi de Serpa, pois cheguei em plena crise da Herdade da Lobata, que opunha patrões e trabalhadores das cooperativas, não esquecendo que estávamos na altura do PREC, e Serpa, parecia preparada para uma guerra civil, com “chaimites” nas entradas, e muita discussão em todo o lado. Vim a saber, mais tarde, pelo convívio, ao longo de quase 4 anos ali passados, com aquelas gentes, que, apesar das divergências políticas, ideológicas e até sociais, toda a gente se conhece bem e se estima.
Ali, quer a nível de colegas, de alunos e da população em geral, só grangeei amizades, algumas das quais ainda hoje perduram. As refeições na adega “Molhó bico”, hoje um moderno restaurante, onde se continua a comer bem, mas eu preferia nos tempos da “ti Clara”, as cervejas no “Lebrinha”, famosas muito além da terra, a gastronomia em geral, desde as típicas açordas e migas à mais sofisticada lampreia, apanhada à rede, no Pulo do Lobo, até aos cantares alentejanos, que por vezes se ouviam entoar nas noites quentes de verão, tudo isso contribuiu para eu ir ganhando raízes que só não se agarraram mais ao solo, por imperiosos motivos pessoais e familiares. Mas ali mantenho amizades que vou cultivando nas minhas frequentes visitas, a última das quais, em Janeiro passado, para mostrar a terra ao Déjan. E foi curiosamente, nessa altura, quando jantava com ele e a Manuela S., no “Molhó Bico”, que um conhecido grupo coral que ali festejava um aniversário de um familiar, nos ofertou algumas das pérolas do seu repertório. De entre os cantares ouvidos, estava um, que é emblemático da terra, cuja letra aqui deixo, e que podem ouvir aqui.
Vão a Serpa, não se arrependem, pois há coisas lindas a ver,(não percam o Museu do Relógio), e pessoas maravilhosas para encontrar e conversar.
Saudade não é peso
Dá lá muitas a meu bem
Faz-me lá esse favor
Que eu já hoje o não verei
Saudades quem as não tem
Dentro das tuas muralhas
Há uma rosa quem eu quero bem
Adeus ó velho castelo
Companheiro do luar
Quem me dera já lá ir
Quem me dera já lá ir
Para me ouvires cantar
Ó Serpa pois tu não ouves
Os teus filhos a cantar
Enquanto os teus filhos cantam
Tu Serpa deves chorar
Adeus ó vila de Serpa
Saudades quem as não tem
Dentro das tuas muralhas
Há uma rosa a quem eu quero bem
Adeus ó velho castelo
Companheiro do luar
Quem me dera já lá ir
Quem me dera já lá ir
Para me ouvires cantar
Não estou certo, se no meu apagado blog, tinha feito um texto sobre Serpa. Se isso aconteceu, não fará muito mal, pois falar de Serpa é sempre bom, e aqui vai pelo menos a novidade dos cantares locais.
Olá Pinguim,
ResponderEliminargosto do Alentejo e dos Alentejanos, são um povo encantador.
Estive em Serpa uma manhã, vi o Museu do Relógio, almoçei e segui para Pias, fiquei na Albergaria Bética, é muito giro também.
E o vinho? Do melhor que há cá.
Este verão espero ainda voltar ao Alentejo.
Conheço um pouco do Alentejo mas nunca fui a Serpa. Pelo menos conheço o queijo que é uma maravilha.
ResponderEliminarSempre fui bem recebido no alentejo, terra de boas gentes, boa comida e, claro, bom vinho.
Um abraço.
Cara r.porter
ResponderEliminaros alentejanos são realmente um tipo de pessoas muito especiais no universo português; são, com os transmontanos, as pessoas mais sinceras e que não fingem, são como são e mais nada; e eu não sou suspeito, pois sou beirão, estamos sempre de pé atrás...; Então visitaste o Museu do meu amigo Tavares de Almeida ;dedicou muito da sua vida àquela obra.
Quanto ao vinho de pias, é o melhor do alentejo, escorrega que é uma maravilha...
Beijoquitas
Pois tens que ir, amigo P.
ResponderEliminarNão falei no queijo de Serpa, por uma simoles razão: não gosto de queijo!
Mas sei-o distinguir bem, visualmente, todo avermelhado por fora, do pimentão.
Abraço.
Ainda bem que "repetiste" a proeza de escrever (assim tão bem) sobre Serpa e (alguns d)os seus encantos!!!
ResponderEliminarEu gosto de Queijo!
:) abraço
Amigo Ez
ResponderEliminaré esta uma das muitas consequências negativas do desaparecimento de um blog; eu estou certo que esa minha vontade postar sobre Serpa, mas se o fiz ou não, disso já não estou seguro; contudo há sempre o canto alentejano, e isso é mesmo novo.
Abraço.
Caro Pinguim:
ResponderEliminarSe tu soubesses como senti as palavras deste teu post, assim como o cantar alentejano (que passei a manhã toda a escutar)...
O Alentejo ensinou-me o amor, aguçou-me a curiosidade e revelou-se em toda a sua grandeza silenciosa. Amo-o por isso. E por isso fiquei fascinado por esta tua postagem.
Se queres uma boa banda sonora para essas recordações alentejanas que te devem visitar de quando em vez, experimenta fechar os olhos e escutar "Meu Alentejo" da Dulce Pontes: não há palavras.
Meu bom amigo Luís
ResponderEliminaré tão bom sentir a partilha de algo de quse gosta verdadeiramente; foi isso o que senti ao ler este teu comentário e é por comentários destes que vale a pena, também, continuar a postar.
Vou procurar a música que me indicaste, obrigado.
Um forte abraço.
Alentejo, Serpa, bom queijo, melhor vinho, um belo gaspacho frio, umas modinhas cantadas, por exemplo, pelos manos do Redondo... e fico deliciado!
ResponderEliminarA propósito de música: quem «está a» cantar é Terry Jacks, não Cat Stevens, acho eu...
Abraço!
Pois, caro Pinguim, nunca é demais regressar a Serpa. Não tenho raízes no Alentejo, pelo menos que me sejam próximas, mas é uma terra especial, cujos encantos tardaram a ser reconhecidos.
ResponderEliminarE estou com o Luís, que belo cantar!
Abraço.
Amigo Ric
ResponderEliminaré sempre com satisfação que vejo umas palavras tuas. Como referes, serpa com as suas especificidades está integrada num Alentejo, mais vasto e variado, mas será digícil encontrar muitas outras terras alentejanas que representem esse espírito, como Serpa.
Também gosto muito do Vitorino e do Janita, que nunca renegaram as suas origens, embora tivessem alargado o seu campo de acção musical para outros horizontes; talvez por isso prefira a pureza de um canto completamente alentejano, cantado em vozes masculinas e acompanhado a compasso.
Quanto ao Cat Stevens, acredito mesmo que seja, pois além de me parecer bem a sua voz, voltei ao site e confirmei que o intérprete é ele.
Forte abraço, amigo Ric.
Estás a dar-me razão no que digo no comentário que deixei ao Ric, amigo Oz.
ResponderEliminarÉ pena haver pouca disponibilidade, ainda, para encontrar belìssimas modas alentejanas, aqui na Net.
Tens que ir a Serpa, não te vais arrepender.
Abraço.
Dizer que nunca fui a Serpa fica-me mal não fica?...
ResponderEliminar...
...
... então não vou dizer...
Meu caro Ilovemyshoes
ResponderEliminarO teu comentário está muito original, gostei muito, a sério; quase tanto quanto tu gostarás de uma "fresquinha" no Lebrinha quando lá fores.
Depois diz qualquer coisa, ok?
Abraço.