P tinha 27 anos e apenas perdera a sua virgindade aos 23 e com um homem; estava ainda em luta consigo próprio para aceitar a sua condição de homossexual, pelo que não frequentava bares, saunas ou outros locais de fáceis encontros e a internet, com todas as suas possibilidades virtuais, não existia ainda. No entanto, era um rapaz perspicaz e “farejava” os seus iguais muito facilmente, com um simples olhar…e não perdia uma oportunidade, desde que isso lhe parecesse seguro e apetecível.
Claro que fora do seu habitat normal, as coisas fluíam de outra forma e assim quando viajava, surgiam por vezes, situações curiosas.
Certa noite estival, algures numa capital europeia, P dirigia-se calmamente para o seu hotel, em busca de um descanso para as muitas visitas do dia; era cerca da meia-noite e na zona mais próxima do hotel, não havia grande movimento. Não foi difícil, pois, e devido ao tal instinto para “adivinhar” o não óbvio, que ao cruzar-se com G, um jovem bonito, um pouco mais jovem que ele se tivesse dado o tal curto-circuito visual que era infalível. E assim começa o "jogo" do andar e parar, repetidas vezes, e quando tudo indicaria que um contacto oral seria o lógico passo a ser dado, P decidiu continuar o “jogo”, arriscando-se a perdê-lo, mas afinal era um jogo…
Continuou o seu caminho até ao hotel, sempre seguido a pouca distância por G; entrou e dirigiu-se à recepção a pedir a chave do quarto; não precisou de olhar para trás para saber que G esperava no átrio; dirigiu-se ao elevador, agora já com a presença de G a seu lado, mas sem uma troca de palavra, apenas o esboço de um sorriso mútuo. À porta do quarto, um compasso de espera e P quebra o silêncio: “do you want come in?”, a idiota pergunta que só teve como resposta a efectiva entrada de G no quarto.
P inquiriu o que já suspeitava: G não falava inglês e o entendimento oral iria ser nulo.
Pois o que sucedeu depois, não será difícil de ser adivinhado e apenas se poderá dizer que foi bom, muito bom mesmo, para ambos; há coisas que não precisam de palavras, nem para serem descritas nem para explicar o prazer que dão.
Estranhamente, G após p prazer saciado, começou a vestir-se, sem sequer tomar um duche e P, nu, na cama, assistia com alguma estranheza a isso; qual o espanto quando viu G, já completamente vestido dirigir-se à mesa do quarto, já perto da porta, tirar uma nota do bolso e colocá-la na mesa; perante isso, levantou-se repentinamente, mas só teve tempo de reparar que G havia saído a correr da habitação. Não iria correr nu atrás do rapaz…
A nota permaneceu, intocada na mesa e P foi tomar um duche; nem queria acreditar no que se tinha passado; vestiu umas boxers e deitou-se à espera do sono.
Passado cerca de uma hora, P foi despertado por umas leves pancadas na porta; foi abrir e deparou-se com um jovem, belíssimo, de sorriso aberto e com uma nota na mão…Estaria a sonhar? Mas não, pois desta vez ouviu num inglês aceitável: “o meu amigo gostou muito e eu também queria…”
Inacreditável!!!!! Sem perder a compostura que costuma ter nos “grandes momentos”, P disse ao rapaz para entrar, para guardar a sua nota, a do seu amigo G para lhe devolver, e para se despir…A utlilização dos textos deste blogue, qualquer que seja o seu fim, em parte ou no seu todo, requer prévio consentimento do seu autor.
Eh, eh , eh! Surpreendente... gostei muito d ler. Nem me atrevo a pensar que haverá um fundo auto-biográfico...LOL. P deve ser um alter ego teu, que tem umas fantasias no mínimo interessantes.
ResponderEliminarAdorei o teu conto. Beijinh@s (estou quase a regressar ao "activo")
Olá S.M.
ResponderEliminarporque ficaste surpresa? De um carneiro tudo se pode esperar...se tiver "pachorra", mais haverá (daí o "1" do título.
Quanto ao resto, a querer tirar nabos da púcara, a menina, hein????
Beijinhos.
Gostei muito. O final que poderia ser trágico não deixa de cómico e a personagem mostra que sabe aproveitar o que de melhor a vida nos dá. Uma boa concretização da ideia: "Se a vida nos dá limões...
ResponderEliminarAbraço
Caro X
ResponderEliminarno aproveitar é que está o ganho...
Abraço grande.
rrrsssss.... deliciosa esta tua história(?)...tal como já me escreveste no meu blog, é sempre bom ler as confidências sem complexos, ou neste caso, pudor... claro que este caso, poderia perfeitamente ter sido num contexto hetero...e dependendo do sexo do ocupante do quarto, o desfecho teria sido semelhante, ou não... :)E mais! Se és carneiro, está tudo explicado!!!!!(I've known some...) LOL, adorei esta partilha, se calhar há mais destas por aí no blog, mas ainda não tinha lido. Um beijinho, Pinguim, e bom fim-de-semana.
ResponderEliminarOlá Eva
ResponderEliminarHá um outro conto, sim, chamado "A Borboleta" e com o qual participei no livro "Partilha-te", o qual foi escrito para participar num concurso de contos promovido por um amigo bloguer sobre "Blind Dates"...e que voltei a publicar em 6/3/2009.
Beijinho.
adorei o conto :O)
ResponderEliminarem relação ao teu comentario no meu modesto blog é verdade, faço anos 2f, 24 agosto virgem!
abraço grandeee e votos de um excelente fim d semana!!
João
Olá João
ResponderEliminarobrigado pela tua apreciação do conto e vamos ver se não me esqueço de segunda feira; com que então "Virgem"???
Abração.
Soubeste dar bem a volta amigo, a parte de o G ter deixado uma nota ao P, foi completamente inesperada! Hehe, gostei, gostei! :)
ResponderEliminarbeijinhos
Apreciei bastante este conto, pois a história narrada, além de ser tocante, tem um je ne sais quo de ironia.
ResponderEliminarParabéns! Temos escritor. ;)
Possa, isso é que estava aí um enfardador, lol! Bom, tirando a parte do dinheiro até que lhe correu bem! lol
ResponderEliminarBoa história! ;)
Abraço
Sandrinha
ResponderEliminarafinal P. até podia "estabelecer-se por conta própria", caso quisesse, eheheh...
Beijinho.
Maldonado
ResponderEliminara ironia quando não é demasiada e vem no momento certo, acaba por valorizar os assuntos e as situações.
Abraço amigo.
Félix
ResponderEliminaro rapaz tinha "estaleca", o que é que queres????
Abraço grande.
Tenho a sensação de já conhecer este "conto"!!!
ResponderEliminarlolol
Muito bom, sim senhor!!!
Eu lembro-me de ter ouvido este conto já há uns tempos... ;)
ResponderEliminarDava uma excelente curta e tem um final surpreendente e divertido... seria um sucesso de certeza!
Abraços!
PS: Eu acho que era mesmo boa ideia escreveres a história e registá-la na SPA. E escreveres mais!
Tong
ResponderEliminarsim, uma vez, lembro-me de te ter falado nalguns contos que "giravam" na minha cabeça...
Só agora decidi "refazê-lo"...
Abraço grande.
fico expectante quanto ao conto seguinte...afinal a tua alma de contista está tambem a revelar-se...
ResponderEliminarum abraço
Engine, estás vivo, rapaz!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminaré mesmo bom ter-te por aqui, acredita; e o teu blog? Está em "banho-maria" há demasiado tempo; vamos lá saber dessas aventuras "ginasiais"...
Pois quanto ao meu conto, também a ti devo ter falado do seu "esboço" e recordo mesmo que me entusiasmaste para publicá-lo...
Se dava uma curta boa ou não, depende de quem a dirigisse e dos intérpretes (não me estás a ver interpretar nenhum dos papéis, pois não????
Abraço grande.
Luís
ResponderEliminarsão simples impetuosidades de "carneiro", como foi o caso de "A borboleta".
O próximo? Poderá ser em breve ou demorar muito.
Contista exemplar, sei eu quem é e estou a escrever este comentário para ele, eheheh.
Abraço grande.
Hummm..escreva mais pra gente amigo.
ResponderEliminarAdorei o final,rsrsr.
Ah, quanto aos seus comentarios..nada a declarar..fiquei sem graça,kkkkkkkkkkkkk
E tá bom ,só vou fazer na horizontal mesmo...acho que minha coluna nem aguenta mais aquelas peripércias..srrs..
abraços e um ótimo fim de semana.
Olá Glauko
ResponderEliminarainda bem que gostaste do final; mas como poderia terminar de outra forma, diz-me?
Abração.
Gosto de contos porque são simples e dizem mais que excessos de palavras e é caso. Quando as ideias dão formas a contas fico com elas e não as partilho, não é por mal, apenas dizem mais do que eu queria. É a força das palavras. são traiçoeiras quando não esquecemos do verdadeiro significado.
ResponderEliminarAbraço,
Carlos
(E obrigado)
Carlos
ResponderEliminarMuito curiosa a tua interpretação genérica de um género literário, que pessoalmente também me agrada muito - o conto.
Não é que não concorde contigo, mas acho que escrever um conto torna fácil, ou pelo menos facilita quem quer exprimir uma ideia e é infinitamente mais cómodo que escrever um romance; claro que as palavras são sempre traiçoeiras, mas isso até numa só frase se pode notar.
Ninguém escreve por masoquismo, penso eu...
Abraço muito amigo.
Estou sem palavras... Inacreditável! Bonito texto.
ResponderEliminarBeijinhos
Martinha
ResponderEliminarpode ser que qualquer dia haja mais; quem sabe?
Beijinhos.
Quer-me parecer que o problema foi o inglês. Se calhar na lingua do G, “do you want come in?” soou-lhe a tudo menos o que significa. :-)
ResponderEliminarP acabara de descobrir uma forma de ultrapassar a crise.:-)
Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.
Abraço.
Miguel
ResponderEliminaristo são capítulos isolados, mas subordinados a um mesmo tema...
Abraço amigo.
Mas afinal ele "come" das duas formas, eheheheh (atenção mentes perversas, aqui o "come" é uma palavra inglesa; eu sei lá se ele comeu ou foi comido...)
Confesso que o dinheiro dá sempre jeito,mas neste caso perde todo o valor,gostei muito da história,dá que pensar...
ResponderEliminarAbraço amigo
Olá Carametade
ResponderEliminarpois o dinheiro nestas circunstâncias perde todo o seu valor, mas a história também chama a atenção para esse facto: há gente para quem o dinheiro tudo compra...
Abração.
Estive a ler o conto anterior, "borboleta", e também gostei bastante. Mas devo dizer que gosto mais deste, pelo humor subtil... you have to remember I'm half brit, and anything humourous is my thing...
ResponderEliminarcont de bom fim-de-semana!
Quase uma curta do canal Arte :-)
ResponderEliminarParabéns
Lost
Conto I implica que vêm aí mais... certo?
ResponderEliminarAguardo.
bjs
Olá amigo Pinguim!
ResponderEliminarSempre a surpreender...
Aguardo por novos "episódios"!
Ainda bem que gostaste do poema. Sim, é da minha autoria. De vez em quando tenho estes devaneios poéticos. Se vires outras entradas do blogue encontras mais alguns...
Abraço e resto de bom domingo!
Excelente este conto meu caro João, fizeste muito bem em partilhá-lo. venham mais.
ResponderEliminarUm abraço
Eva
ResponderEliminarsão duas variações sobre o mesmo tema; aliás, se houver mais, o tema será o mesmo.
Beijinho.
Paulo
ResponderEliminarmas que exagero, meu bom amigo...
Abração.
Violeta
ResponderEliminar"on sait jamais"...(para quebrar o português ou inglês).
Je t'embrasse.
Olá Eugénio
ResponderEliminarDesculpa eu ter duvidado, mas é belíssimo; tenho que ser mais profundo no teu blog.
Abraço amigo.
Papagueno
ResponderEliminarvamos ver quando virá a inspiração; apenas há esboços...
Abração.
Gostei muito do conto. Claro que ficamos sempre a pensar se é real ou não, mas no fundo não interessa, pois mesmo se foi real, acaba por ser sempre melhorado pela memória, e se não o foi, de alguma fonte de inspiração teve de vir.
ResponderEliminarAbraço!
Aro Swear
ResponderEliminartudo na vida tem conexão com a realidade, mesmo a ficção.
Abraço amigo.
Gosto da tua escrita. Fluida, perpassada de sentimento, lê-se de um trago. Quanto ao conteúdo só te posso dizer que o amor é a melhor coisa do mundo. Há que fruí-lo.
ResponderEliminarBem-hajas!
Beijinhos
Isabel
ResponderEliminartodas as formas que o amor representa...
Beijinho.
belo conto, Pinguim. gostei imenso. e também acho que dava uma bela curta-metragem.
ResponderEliminarabração
Miguel
ResponderEliminarcomo já és a segunda pessoa a dizer isso, vou entrar num jogo de que muito gosto; quando leio algo que me agrada, livro, obviamente, tento imaginar actores adaptáveis àqueles papéis...
Abraço grande.