Gosto muito de filmes que se debruçam não sobre personagens de ficção, mas sobre pessoas reais que de alguma forma se distinguiram durante a sua vida; se um filme desse tipo fala não da vida de uma, mas de três pessoas, diferentes no seu contributo para serem conhecidas, mas que se relacionaram em vida, tanto melhor. É o caso de “Little Ashes”, ainda não estreado entre nós e que relata o encontro e a amizade de três grandes vultos da cultura espanhola do século XX: o poeta Frederico Garcia Lorca, o pintor Salvador Dali e o cineasta Luis Buñuel, desde que se encontram, como jovens universitários, na Madrid dos anos 20 e que vai até ao assassinato de Lorca, no início da Guerra Civil Espanhola. A extravagância do jovem Dali, encontra receptividade no espírito aberto e boémio dos dois outros vultos, ambos originários das elites espanholas de então; é uma Madrid de noites de farra e de excessos, com o despontar do surrealismo, misturado na euforia do jazz, mas com imensas restrições e que anunciam à distância um confronto brutal, que acabou por ser uma espécie de ensaio para a II G.G. A homossexualidade de Lorca encontra algum acolhimento no espírito libertário de Dali, embora Buñuel não aprove essas formas de expressão sexual; aliás, é Buñuel o primeiro a achar que a Espanha dessa época nunca lhe poderia abrir caminho à necessidade de expressar a sua anti-religiosidade, através do cinema, partindo para Paris (foi em França e no México, onde faleceu, que realizou toda a sua obra). A ele se junta depois Dali, deixando Lorca só, com os seus viveres e a sua noção de cidadão de esquerda, que levaria Franco a prendê-lo e assassiná-lo, na sua Córdoba natal. Antes disso visita Dali em Paris onde este lhe apresenta a mulher que iria preencher toda a sua vida futura e lhe servirá de musa e inspiração até à morte – Gala!
Filme realizado no ano passado por Paul Morrison, terá nas interpretações as maiores críticas, tendo o realizador optado por um actor espanhol pouco conhecido para representar Lorca (Javier Beltrán) , tendo Dali a defender a sua personagem, um dos actores de “Harry Potter” e de "Crepúsculo" (Robert Pattinson) e sendo Matthew McNulty escolhido para o papel de Luís Buñuel.
Sendo eu um admirador confesso do cinema de Buñuel, a quem ficam a dever-se momentos únicos da história do cinema, como a cena do olho da curta “Un chien andalou”(1929) e a da composição da “última ceia” com mendigos, bêbados e prostitutas no fabuloso “Viridiana"(1961).
Sendo eu um admirador confesso de toda uma vasta e extraordinária obra que revolucionou a pintura , de Salvador Dali.
Sendo eu um admirador confesso dos poemas inolvidáveis de Lorca e do seu posicionamento como cidadão
"Meu entranhado amor, morte que é vida,
tua palavra escrita em vão espero
e penso, com a flor que se emurchece
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem a sombra conhece nem a evita.
Coração interior não necessita
do mel gelado que a lua derrama.
Porém eu te suportei. Rasguei-me as veias,
sobre a tua cintura, tigre e pomba,
em duelo de mordidas e açucenas.
Enche minha loucura de palavras
ou deixa-me viver na minha calma
e para sempre escura noite d'alma. "
este filme é verdadeiramente importante; poderá não ser uma obra prima, mas é um filme a não perder.
Que trindade, essa, que estranheza e que saudade. Pois venham daí mais filmes, mais tributos e até outros produtos, que por cá já se faz a justeza de lhes chamar génios, sem a necessidade de mais convénios. Abc,
ResponderEliminarCaro Luís
ResponderEliminaracredita que me lembrei de vocês quando o filme mostra a visita de Lorca à Catalunha...
Abraço amigo.
Quero ver esse filme. Infelizmente ainda não tive oportunidade. Não é um filme muito conhecido, mas talvez a participação do astro do Twilight ajude.
ResponderEliminarAbraço
Tal como tu, sou admiradora dos três... e gosto imenso de filmes sobre personagens reais. Parece-me uma óptima sugestão...vou falar com o meu "dealer". Quando vir, comento! Beijinho
ResponderEliminarUm filme a não perder. De todo. Admiradora das três personalidades sobre as quais incide fiquei cheia de curiosidade ainda que não seja uma obra-prima.
ResponderEliminarBem-hajas, amigo!
Beijinhos
Federico (García Lorca) e não Frederico.
ResponderEliminarÉ lamentável que os "professores" se refugiem no anonimato.
ResponderEliminarClaro que é Federico, mas qual o problema de aportuguesar o nome? Aliás tenho visto usá-lo assim várias vezes, e como sou um pouco "casmurro" até nem mudo.
Preocupa-te com outras coisas, pois parece que arranjar um pretexto idiota para vir aqui comentar, é sinal de estupidez...
André
ResponderEliminarainda não foi estreado; quando for, decerto se falará mais dele.
Abraço amigo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEva
ResponderEliminarse precisares do link para o filme, eu mando-o por mail: mas se tens "dealer" privado, tanto melhor...
Beijinho.
Isabel
ResponderEliminaré um filme muito interessante, pois define uma época importantíssima da cultura europeia; dos surpreendentes anos 20 madrilenos à Paris dos anos 30, capital que os grandes vultos de todas as artes procuravam como ponto de convergência de uma nova Cultura...
Beijinho.
Como de costume, deixas-me com " a pulga atrás da orelha ", para ir a correr procurar e ver este filme. Ainda para mais, alem de ser sobre três dos maiores vultos da cultura do inicio do século XX, é passado num período histórico que a mim tanto diz como o período pré- Guerra Civil de Espanha. Obrigado por ires desvendando estas coisas que infelizmente ainda tardam em chegar até nós...
ResponderEliminarAbraço
:-)
ResponderEliminarObrigado!
Ricardo
ResponderEliminaracredito que o filme seja exibido comercialmente em breve aqui em Portugal.
Abraço grande.
Fico já aguardar...Obrigada pela descrição e pela poesia.
ResponderEliminarbj
Tinha que ser!
ResponderEliminarQuerido pinguim, ao ler o teu posto não consegui deixar de fazer um enorme sorriso.
Nunca falámos disso, mas temos, também,em comum uma enorme admiração por esses três grandes Nomes da cultura espanhola.
A Espanha está aqui mesmo ao lado e no entanto não se fala deles tanto quanto devíamos e eles merecem .
Obrigada pelo alerta, não deixarei de ver o filme. Um grande e afectuoso abraço.
Nocturna
TEXTO MARAVILHOSO AMIGO
ResponderEliminarMY EGGS - BRAZIL
http://myeggsbrazil.blogspot.com/
Violeta
ResponderEliminarsei que vais gostar bastante...
Beijinho.
Olá Nocturna
ResponderEliminarsabes que não me admira nada estes nossos gostos comuns? E mais haverá, decerto, pois vivemos o mesmo tempo, e fomos beber a nossa sede de cultura mais ou menos nos mesmos sítios...
De Dali, gosta-se com normalidade, pois é um vulto à parte, com Picasso, na pintura do século XX; já Lorca (o "Frederico") é um nome pouco lembrado: morreu novo, há muitos anos e a sua poesia dirá pouco às gerações modernas; Buñuel, é dos três o mais desconhecidos, mas é Grande, muito grande a sua obra, com filmes a preto e branco, que a história do cinema registará para sempre e que lançou ou ajudou a lançar essa inolvidável "Belle de Jour" que se chama Catherine Deneuve...
Enfim, três grandes Homens!!!
Beijinho.
Caro My Eggs
ResponderEliminarum obrigado pelo teu acolhimento.
Abração.
Não me lembro da última vez que fui ao cinema... e gosto tanto!!
ResponderEliminarBeijo
A ignorância é sempre atrevida. No seu caso, é também desonesta: nem se apercebeu do r a mais no nome, mas veio desculpar-se fingindo que «o aportuguesou» - como se os seus leitores fossem estúpidos. E é também hipócrita: que lhe interessa o meu nome se é capaz de adulterar arrogantemente o de um poeta como o Lorca?
ResponderEliminarAlém do mais, deveria cumprir à risca uma regra de ouro na blogosfera: não propagar erros, porque, desse modo, a internet deixa de ser um meio de informação e comunicação em que se possa confiar.
Natacha
ResponderEliminarguarda-te para este, que vale a pena...
Beijinho.
Senhor anónimo
ResponderEliminarapenas publico este comentário, para mais tarde, sabe-se lá onde (talvez num blog que seja seu e não tenha erros), não me atirar à cara que não publico comentários com os quais não concordo.
É um comentário anónimo e sob a capa do anonimato chama-me ignorante, desonesto e hipócrita...
Não acha que já chega???
E ainda insulta os meus leitores, chamando-lhes estúpidos; é curioso que continua a ler-me...não seja estúpido e vá destilar ódio para outras bandas.
Não publicarei mais nenhum comentário seu, pois não alimento polémicas fúteis e idiotas.
Sei que isso a si não interessa nada, mas sabia PERFEITAMENTE que o primeiro nome de Lorca é Federico, mas sou assim, o que é que quer... Também penso saber quem é você, mas continuo a chama-lhe anonimamente "idiota"!
Eh pá...não percebi nada do que escreveste. Acho que se deve ao gravíssimo erro do FRederico, meu caro PinguiN.(just kidding)
ResponderEliminarEnfim.... mas adiante.
Também fiquei com vontade de ver o filme, que pelo que tenho lido tem tido críticas muito boas tal como outras mais severas. Não me parece no entanto que o filme "vingue" por cá.
Gosto sobretudo de Lorca, dos poemas que estudei e alguns que interpretei em Expressão Dramática no liceu, bem como algumas peças de teatro.
Um abraço.
És um "estúpido", meu caro Miguel, eheheh...
ResponderEliminarPorque razão achas que o filme não vingará aqui?
Desconhecia que tivesses estudado Expressão Dramática e tivesses nessa disciplina os poemas de Lorca; devia ser uma disciplina deveras interessante.
Abraço grande.
São de facto três homens admiráveis, por aquilo que fizeram nas suas diversas formas de expressão cultural. Gostaria de ver esse filme.
ResponderEliminarOlá Justine
ResponderEliminarfeliz o país que possui três pessoas, na mesma geração, com este calibre cultural; e simultâneamente, desgraçado país, que não só os não aceita, como inclusive os assassina (claro que me estou a referir à Espanha da altura).
Beijinho.
Obrigada pela dica. Bou assegurar que não me esqueço de ver quando sair. Concordo contigo e acho que o dinheiro do bilhete será muito bem empregue.
ResponderEliminarDesconhecia estes três homens e a existência deste filme. Sou uma ignorante, nestes aspectos, hehe.
ResponderEliminarAmigo, em relação ao jogo de ontem... Hm, as culpas estão a ser todas atribuídas ao Eng. Rui Alves, presidente do Nacional, que como é obvio queria que a estação televisiva pagasse para poder transmitir o jogo. Ainda assim, estes rejeitaram tal proposta, e ontem ainda tiveram a lata de ir ao estádio, a ver se o Engenheiro tinha mudado de ideias. Temos pena, hehe! A verdade é que hoje em dia nada é grátis, muito menos um jogo de uma liga Europeia, por favor! Se fosse o Marítimo talvez arranjassem dinheiro para pagar, mas como se tratava do Nacional.. Enfim.
Beijinhos
Papoila
ResponderEliminarserá sem dúvida um bom "investimento".
Beijinho.
Sandrinha, que se passa? Desconhecer o filme é mais que normal; não saber quem é Buñuel? É perfeitamente normal para uma pessoa da tua idade; desconhecer Lorca? Bem, dou desconto, pois nem sempre é suficientemente divulgado; mas não saber quem é Salvador Dali, minha querida, desculpa isso é imperdoável...
ResponderEliminarVamos lá e estar mais atenta a estas coisinhas, ok?
Quanto ao jogo, aceito que se defendam os interesses de um clube, no que se refere ao dinheiro, mas acho que é até ilegal não permitir quaisquer imagens, nomeadamente dos golos...mas enfim!
Beijinhos e não fiques chateada comigo (gosto muito de ti...)
Já saquei o filme mas ainda não tive um tempinho para o ver. Claro que "espreitei"!!!! Parece.me muito bom!!!
ResponderEliminarPinguim, pois que também gosto dos três espanhóis. Lorca, perturbado, perturba-me. E quanto às polêmicas, já sofri o obscurantismo dos anônimos de plantão que chegaram, inclusive, acredite! é risível: a me ameaçar de nunca mais me visitar. Eu ri, pois mais não posso fazer. Me vale o seu conteúdo. As grafias - assim como o nosso acordo ortográfico - às favas com elas que não movem mundo se tampouco mudam as ideias (ou idéias). Agora, quanto a essa trindade, não que se tirar nem por: perfeita. Abraço!
ResponderEliminarOlá Tong
ResponderEliminaré um filme que vou ter curiosidade de saber qual a tua opinião.
Abraço amigo.
Radneck
ResponderEliminaressa "ameaça virtual" é realmente um assombro de comicidade: há gente para tudo...
Gostei da tua frase sobre Lorca (o Frederico!).
Abração.
Um filme para ver, obviamente :)
ResponderEliminarbeijinhos
Óbviamente, Martinha.
ResponderEliminarBeijo.
Olá!
ResponderEliminarMais um para a minha (interminável e sempre em construção)lista de filmes a ver. Ainda para mais sou uma cinéfila antiquada, prefiro ver os filmes no cinema; só vejo em casa (DVD) quando não tenho hipótese de ir à sala. Espero bem que este circule por cá. Obrigada pela sugestão, tão bem documentada ;)
Beijinh@s
S.M.
ResponderEliminarquem sabe até, não passe no "Queer Lisboa" apesar de não ser propriamente um filme GLBT, mas sim um filme que também aborda a homossexualidade.
Beijinhos.
Também sou um admirador da obra desses três artistas espanhóis.
ResponderEliminarA pouca poesia de Lorca que conheço, deixa-me sensibilizado. Era um poeta e um dramaturgo genial.
A sua morte injusta aumenta ainda mais o meu ódio ao franquismo e a Franco.
Estou ansioso por ver o filme que referiste.
Olá Maldonado
ResponderEliminarfocos um ponto muito interessante no teu comentário: o nome de Franco.
Quando se fala, na História recente (séc. XX) em grandes assassinos, geralmente vêem à memória dois nomes: Hitler e Estaline (mais um aportuguesamento para chatear o "anónimo"), e as pessoas tendem a esquecer Franco, responsável por mais de um milhão de mortos, na Guerra Civil Espanhola - um monstro!
Abraço amigo.
Ok,
ResponderEliminarEu depois digo-te!
Mas com a "vidinha" que tenho tido, não vai ser para já.
Estou a aproveitar as férias ao máximo!!!!!
Abraço
Tong
ResponderEliminareu tenho em lista de espera umas boas dezenas, deixa lá.
Abraço grande.
agora por tua causa, estou ansioso para ver este filme. vou tentar tropeçar nele :)
ResponderEliminarabraço
Miguel
ResponderEliminare "tropeças" facilmente, pois está muito "divulgado"; claro que vale a pena.
Abração.