Tinha havido uma flagelação aérea das NT (nossas tropas) ao IN (inimigo) e como consequência, grande parte da população de uma aldeia no mato tinha ficado queimada. E eu estou a usar a palavra certa, não me enganei, não deveria ser ferida, mas sim queimada, com o napalm que o avião ou os aviões despejaram naquela população, talvez porque tivesse sido referenciada aí alguma actividade IN.
Eu apenas recebi ordens para ter na pista os poucos meios médicos que ali possuía, e que se resumiam a um pequeno post de enfermagem e um enfermeiro, aliás bastante competente.
Os helicópteros iriam ao mato buscar os feridos para a minha companhia e daí seriam transferidos de avião (um Nord Atlas) para o hospital de Vila Cabral (hoje Lichinga).
Foi impressionante ver como vinham aqueles corpos, negros mas quase sem pele, com um líquido a escorrer, nús e alguna a caminharem pelo seu pé; e saber que daí a horas seriam cadáveres.
Foi o mais penoso dia que passei em África e a memória não pode apagar nunca dos meus olhos tal visão
Esses meus olhos, que não puderam evitar as lágrimas que me caíam sem as poder conter, embora eu soubesse que isso era "militarmente incorrecto", pois um superior não pode chorar em frente dos seus subordinados.
Mas não era só eu a fazê-lo.
Peço desculpa da crueza da foto, e não pus a pior.
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Este post apanhou-me totalmente de surpresa e estou incrédulo com a violência da imagem e das tuas palavras. E de pensar que te refreaste de publicar algo mais chocante, e de que viveste a situação... nem consigo imaginar as memórias que guardas. nem sei o que dizer, só que te deixo um abraço
ResponderEliminarQue horror! Se já é mau saber que isso acontece(u) e ver as fotos, nem imagino como será vivenciar tal evento...
ResponderEliminarP.S.: Mas gostei das fotos que puseste no FB.
"Malhas que o império tece"
ResponderEliminarComo o ser humano pode ser tão cruel?
ResponderEliminarCusta-me entender.
Um filme de terror.
ResponderEliminarSpeedy
ResponderEliminar"viver" uma guerra não provoca só morte e ferimentos físicos.
Há toda uma imensa cadeia de reacções, na altura muito difíceis, mas que embora se vão atenuando no tempo, não se apagam jamais.
Sabes o que significa dar uma ordem para matar um homem? Eu sei!
Abraço amigo.
LusoBoy
ResponderEliminarde certa forma, o ter publicado as fotos de Metarica, hoje no Facbook, foi quase um acto reflexo por causa desta data.
Eu tenho centenas de fotos, mas muito poucas digitalizadas.
Abraço amigo.
Francisco
ResponderEliminaré bem correcta essa frase neste contexto.
Abraço amigo.
Giovana
ResponderEliminare eu posso considerar-me um felizardo,pois poucas vezes vivi situações de perigo real.
Mas pelo que vi e tenho lido sobre a guerra colonial, posso imaginar todo o terror de qualquer guerra.
Beijinho.
Paulo
ResponderEliminaresta data foi isso mesmo, podes estar certo.
Olha, hoje faz anos uma sobrinha minha; acreditas que só me recordo disso, depois de me recordar destes factos?
Abraço grande.
Sem dúvida, um momento impressionante
ResponderEliminarFelizardo sou eu que não vi nem vivi neste tempo. Só de pensar que a imagem é apenas um fotograma de um filme de terror que viveste...
ResponderEliminarRealmente é uma foto arrepiante.
ResponderEliminarNa Guerra do Ultramar foram cometidas imensas atrocidades que, infelizmente, ficaram esquecidas da opinião pública nacional...
Só um homem com "HONRA" é que chora...
ResponderEliminarAbraço
Sérgio
ResponderEliminara foto não está brilhante; já não sei quem a tirou, foi revelada numa câmara escura improvisada que um alferes tinha lá naquele "buraco" e hoje está um pouco deteriorada pelo tempo.
Estou a focar estes aspectos, que são irrelevantes para o facto, porque sei que gostas de fotografia.
E até me espanta, confesso, que alguém naquela ocasião tivesse tido a frieza de tirar fotos...
Abraço amigo.
Amigo Coelho
ResponderEliminaré uma felicidade que hoje a nossa vida não tenha esse cutelo da guerra, sobre nós; mas por vezes penso que há um desconhecimento enorme dos jovens de hoje sobre um aspecto que afectou por assim dizer toda uma geração; foram 13 anos de guerra, de 1961 a 1974 e por assim dizer nenhuma família portuguesa não teve alguém na guerra colonial; e isso não pode, nem deve ser esquecido.
Abraço amigo.
Maldonado
ResponderEliminaré absolutamente verdade isso; apesar de alguns livros sobre o assunto, de um filme ou outro (permito-me destacar aqui a trilogia do Joaquim Leitão), o assunto é demasiado incómodo para ser muito "mexido".
Eu pergunto: quantos portugueses sabem o que se passou em Wiriamu? Possivelmente ninguém ouviu falar em tal assunto.
Por curiosidade deixo um link, que é bastante sintético, mas suficientemente explícito sobre o assunto
http://www.cidadevirtual.pt/k-arriaga/Wiriamu.html
Abraço amigo.
Francisco
ResponderEliminarum apertado abraço agradecido.
Obrigado pelo link. Hei-de lê-lo com interesse.
ResponderEliminarDe facto o massacre de Wiriamu é um dos "mistérios" da Guerra do Ultramar, a qual é um tema que me fascina bastante.
Maldonado
ResponderEliminarna net encontras muita coisa; curiosamente, quando entrei no google com a palavra Wiriamu, o primeiro link que encontrei foi este que aqui deixei, por me parecer conciso e curto, para quem não quer aprofundar muito o assunto.
Recentemente adquiri uma colecção de 10 cadernos sobre as grandes operações nos 3 teatros de guerra e este episódio estava muito detalhado. Esta colecção apareceu no Verão passado junto com o Correio da Manhã, mas podia comprar-se sem o jornal e ainda bem...
Curiosamente, eu estava na altura em Moçambique, mas só sobre algo Wiriamu, quando acabei o serviço militar.
Abração.
Cheguei aqui através de blogs que costumo ler. e estou sem palavras. a guerra é a coisa que mais temo. nunca vivi uma situação de guerra, mas ela está nos piores pesadelos. sonho que cenários que nunca vi. acordo com o som das explosões e dos meus próprios gritos. chego a ficar com dores no corpo da força e do medo que faço e sinto nessas noites.
ResponderEliminarexplorei o resto do blog (não tudo - mas bastante) e resta-me dizer que andarei por cá mais vezes.
bolas Pinguim...
ResponderEliminarOlá Alice
ResponderEliminarsê bem vinda aqui ao blog.
A situação de guerra é atroz e tem consequências psicológicas que só vão desaparecendo com o tempo; por exemplo, nos primeiros tempos depois de ter terminado, assustava-me ao ouvir fechar a porta de um frigorífico, pois era o mesmo som de uma "bazzoka" a sair do cano...
Volta sempre que queiras.
Beijinho.
Speedy
ResponderEliminaré verdade! Uma vez no mato, numa emboscada, ripostámos e ferimos um dos homens da Frelimo, com extrema gravidade (tinha por assim dizer as tripas de fora) e a sua morte era iminente. Era impossível e infrutífero transportá-lo; só havia uma solução para acabar com tamanho sofrimento - apressar-lhe a morte.
O que me chocou foi ver a quantidade de soldados que me pediam para ser ele a matá-lo. Só eu poderia dar a ordem e assim chamei um furriel e disse-lhe que o matassem, afastando-me; nem sei quem lhe deu o tiro, mas só sei que ainda hoje oiço o disparo.
Abraço amigo.
Somos levados a pensar não poucas vezes que estas coisas só acontecem nos filmes. Depois quando nos confrontamos com a realidade desta forma tão crua, há uma coisa que nos abana, um choque, um vómito. Não posso imaginar o que terá sido viver pra ver dias como este de que falas.
ResponderEliminarEstou arrepiada!
ResponderEliminarTanta crueldade, tanto sofrimento que uma guerra traz e os homens continuam a não aprender nada com ela...
Abracinho meu!
Uma vez mais admiro o teu espaço.
ResponderEliminarMais cego é aquele que não quer ver, e eu acho que as pessoas se esquecem daquilo que vocês passaram lá fora.
Matar para não morrer. Vida por vida.
É duro, mas foi uma realidade, que ainda assombra muitos dos que lá estiveram como tu.
O governo não se lembra destas imagens quando é hora de tratar traumas e retribuir com alguma ajuda nas reformas. Seria por-vos bem na vida, com todas as assistências disponíveis e ainda era pouco.
Sei que é cruel, mas é bom que os mais novos vejam parte daquilo que vocês tiveram de fazer/assistir quando tinham a idade deles.
O meu pai era ainda um miúdo quando foi para Angola. Até bem pouco tempo antes de morrer tinha pesadelos e sofria de ansiedade. Nunca foi reconhecido.
(desculpa o tamanho do comentário)
Beijo*
Já o disse antes e continuo a dizer, gostava imenso de poder estar num desses locais a fotografar. Ninguém está preparado para o fazer e não se sabe o quão profundos podem ser as marcas psicológicas MAS seria um grande desafio, mostrar ao mundo o que muito poucos vêm e que nenhuns deviam ver.
ResponderEliminarÉ um foto que te trás terríveis memórias mas que associada à tua história nos fez pensar mais uma vez no quão bárbaras e sem necessidade são as guerras.
Obrigado pela partilha.
Meldevespas
ResponderEliminarclaro que devido à situação de então, nem me passaria pela cabeça não ser confrontado directamente com a guerra, como sucedia com todos os jovens da minha idade.
Mas não tinha a menor vontade, nem pensava conseguir levar a bom termo, uma comissão, devo confessar pois as actividades físicas nunca foram muito o meu forte.
Mas, apenas outra hipótese me restava, e ainda me agradava menos: sair do país! mas não conseguiria, estou certo viver anos a fio, longe da família e não adivinhava que afinal a Liberdade viesse tão cedo.
Assim, lá tive que fazer das tripas coração e enfrentar o destino.
Apesar de tudo, tive sorte, pois cheguei vivo, inteiro e embora com algumas traumas, a minha índole conseguiu supri-las a seu tempo.
Beijinho.
Maria Teresa
ResponderEliminaro grande problema é esse; embora eu seja 100% pela Paz, penso, que em determinadas e muito excepcionais circunstâncias, pegar em armas, pode evitar males maiores.
Mas, o Homem, parece que tem prazer na guerra e é claro, que poderosos interesses económicos estão por detrás de muitas delas, não se preocupando minimamente com o sofrimento que as mesmas possam provocar aos combatentes e às populações.
Beijinho.
Admiro...
ResponderEliminarNão há comentários grandes ou pequenos: há comentários ara dizermos o que precisamos.
Podes talvez achar estranho, mas eu nunca disparei um tiro, na guerra, e estive 4 meses na Guiné Bissau e mais de 2 anos em Moçambique, sempre em zona de combate.
e não o fiz, porque nunca senti necessidade de o fazer, pois se fosse posto perante a opção entre matar ou morrer, claro que teria disparado.
Coube-me não por escolha minha, comandar e nessas funções tive que ter uma serenidade e um equilíbrio em determinadas ocasiões que eu próprio desconhecia que possuía.
E digo-te que não é fácil, muito longe disso, comandar.
Beijinho.
Félix
ResponderEliminarquando estava a pôr aqui a foto, acredita que pensei em ti; não sei quem a tirou, ou tirou uma série de fotos deste acontecimento, e até pode parecer mórbido, num momento destes, as pessoas se estarem a preocupar em fotografar; mas o facto é que o trabalho ali era de equipas de socorro e o resto de militares apenas assistia.
Acredito que com as novas tecnologias, tiradas por alguém experiente e reveladas em condições normais, estas fotos poderiam bem vir a ser candidatas a um prémio de foto jornalismo, pelo forte conteúdo que delas emana.
Abraço grande.
Olá Pinguim apesar de serem memórias, imagens e palavras fortes, é importante lembrarmos estes momentos horríveis para que nunca ninguém esqueça os erros do passado. Felizmente nunca tive de enfrentar directamente uma realidade semelhante e por isso estou muito grato.
ResponderEliminarQuanto ao facto de te teres emocionado, é perfeitamente compreensível porque antes de seres militar eras um ser humano incapaz de ficar alheio ao sofrimento de outros. Tenho a certeza que deste o teu melhor nesse dia. Um grande abraço amigo. :)
André
ResponderEliminarpenso que mesmo o mais frio dos homens deve ter sentido um arrepio ao ver aquela cena; se os visse mortos não me teria custado tanto, mas pelados e a caminharem, pareciam zombies e nessa altura ainda não se falava em tais seres.
Abraço amigo.
Os pesadelos!Os horríveis crimes da guerra! Como é possível o homem ser besta e santo simultaneamente!
ResponderEliminarÉ importante não esquecer, Pinguim, e dar a conhecer aos que nunca lá estiveram...
Abraço
que horror. Minha alma ficou doída...
ResponderEliminarJustine
ResponderEliminarsou totalmente apologista do que afirmas no que respeita à divulgação destes factos, que estou certo são desconhecidos da maior parte das pessoas.
Beijinho.
Ricardo
ResponderEliminare não é para menos, acredita...
Beijo.
Acredito piamente que o pior da guerra, não é o cenário de guerra, mas o pós-guerra. Viver com as dores, com os gritos, com os fantasmas e com os horrores que a memória insiste em não apagar. Imagino que seja tremendamente difícil conviver com tantas memórias duras.
ResponderEliminarBeijo grande
Blue
ResponderEliminarisso é verdade, e este post demonstra-o, pois se assim não fosse,como estaria eu aqui agora a partilhar algo que se passou há 37 anos e que eu lembro ao pormenor?
Na guerra,muitos dos actos praticados, principalmente em combate, acontecem quase por instinto, e daí dizer-se que é ténue a fronteira entre o herói e o cobarde.
Mas depois, as acções permanecem em nós e solidificam-se no tempo.
Beijoquita.
pinguim deve ter sido um daqueles momentos da vida demasiado penosos!!
ResponderEliminarAbraço muito apertado
Com carinho
Sairaf
Sairaf
ResponderEliminarnão tenhas quaisquer dúvidas; todos temos na vida aqueles factos,que recordamos , mais tarde e para sempre, quase como um filme, minuto a minuto - este é um deles!
Beijinho.
O que tu passaste...o que tu és...é porque tenho uma mínima ideia do que passaste e porque sei como hoje és, que te admiro profundamente migo.
ResponderEliminarNestas alturas penso que não existe nem céu nem inferno após a morte, o inferno é o homem que o faz.
Emanuel
ResponderEliminaro que hoje sou, muito o devo a todas e mais variadas experiências da minha vida.
Aprendi sempre com elas, mesmo com as mais adversas e hoje sinto-me muito rico, com tudo o que tenho vivido.
Abraço grande.
Não consigo imaginar o que será guardar este tipo de imagens que se recordam o resto da vida, quanto mais vivenciá-las.
ResponderEliminarForam tempos difíceis os que se viveram lá, mas acredito que foi (e continua a ser) muito penoso guardar e viver com este tipo de memórias, sobretudo numa altura em que coisas como "acompanhamento psicológico" era coisa que não existia.
Um grande abraço.
Até a mim as lágrimas se me assumam aos olhos.
ResponderEliminarTu e todos quantos viveram aquilo jamais esquecerão aquele sofrimento.
Um abraço.
Miguel
ResponderEliminaré curiosa uma coincidência que está a acontecer; nos últimos tempos tenho tido, e felizmente um renascer de interesse em ler: tenho devorado livros e como investi muito nessa área, tenho aqui em casa matéria prima para dar e vender. Estou a ler por autores e depois de ler tudo o que tinha cá de Gore Vidal, comecei a ler Guilherme de Melo, do qual tenho quase toda a obra, e de que já lera há muito tempo dois ou três livros.
É um "velho" jornalista moçambicano, branco, a viver em Portugal desde quase o 25 de Abril e que nos seus livros fala sempre com entusiasmo de dois assuntos que muito têm a ver com ele: Moçambique e a homossexualidade; aliás foi o primeiro homem público, em Portugal a dar a cara como homossexual e isso jamais esquecerei. Estou a re(ler) o último dos livros deles que cá tenho, e que foi a sua obra prima, pois é uma autobiografia completa da sua vida e estou a adorar. Claro que refere o começo da luta armada em Moçambique e quis o acaso que o estivesse a ler na data que passou e jamais esqueço.
Como certas datas para ele, nesse livro, principalmente as mais dramáticas, são aquelas que estão mais vivas e jamais poderão ser esquecidas; já aqui falei no blog, numa saga de vários episódios que intitulei "A tropa cá do João", alguns episódios que foram decorrendo ao longo de toda a minha vida militar, desde a incorporação até à desmobilização; propositadamente omiti este, pois eu não fui parte activa, mas sim passiva e porque era demasiado brutal.
Talvez tivesse sido o facto de estar a ler Guilherme de Melo que me fez, este ano, falar do assunto, no aniversário do acontecimento.
Abraço grande.
Amigo Ângelo
ResponderEliminarinfelizmente o assunto é tão triste e cru, que é uma reacção normal numa pessoa que tenha sensibilidade, como tu és.
Abraço amigo.
é muito difícil encontrar palavras que dêem sentido a um comentário ao teu post, João. por isso ando há muitos dias a pensar que te "devo" um comentário a este post, mas adiando por não saber de facto o que possa dizer que acrescente algo ao que tu mostras e escreves. choca-me que tu tenhas vivido isto (situações que, como sabes, eu não ignoro que aconteceram, e a cuja sombra de certo modo vivi). e apetece-me abraçar o jovem capitão que teve de lidar com emoções que nem sequer suponho.
ResponderEliminarjá te devo ter dito, mas se o disse repito: é serviço público a maneira reconciliada, resolvida e tranquila como partilhas as tuas memórias da guerra. bem-hajas, João.
Miguel
ResponderEliminarconheces-me o suficiente para acreditares que sou sincero ao dizer da minha alguma surpresa do teu silêncio (até agora) nesta postagem, e principalmente pelo entusiasmo que mostraste por todos os textos que até agora dediquei à guerra colonial.
Mas compreendo as tuas reservas.
Como já te tinha dito antes e já aqui referi nos comentários, estou a reler "A Sombra dos Dias" e decerto a figura de Guy, alter-ego do próprio Guilherme de Melo, dir-te-à muito mais a ti que a mim, mas é muito curiosa a forma como ele trata a sua dualidade de branco (e privilegiado) moçambicano, com uma genuína compreensão do povo negro moçambicano e à forma como o mesmo foi tratado até ao início da guerra colonial.
Também a ele, como a mim, e decerto a ti, se tivesses outra idade, essa situação de guerra trouxe problemas, levou a decisões e deixou marcas.
São essas marcas, demasiado fortes para serem esquecidas que me fazem , de quando em vez voltar ao assunto, mesmo com a possibilidade real de recordar dias negros, como é o caso.
Abraço grande.
Demorei a comentar este post.
ResponderEliminarOs aviões militares fizeram parte da minha vida, não que tenha uma actividade ligada a eles, mas por pessoas muito próximas que hoje na aviação civil,contam histórias do ultramar e das atrocidades cometidas contra o IN. Era assim, as ordens eram para ser cumpridas mesmo com as lágrimas e a revolta. Ainda hoje as lágrimas correm e a revolta é sentida.Mas, por muita dor e horror que causem, estas imagens devem ser mostradas e essa gerra não deve ser esquecida.
BEm haja meu amigo!
MZ
ResponderEliminarainda bem que estás informada acerca deste assunto.
Eu imagino o que aqueles pilotos dos helicópteros que iam fazer as evacuações não terão visto, e também as difíceis condições em que esses aparelhos iam aos locais necessários, pois não havia pistas, e muitas vezes tinham que se abrir clareiras para eles baixarem e nem chegavam a pousar; por isso e por causadas pás e do vento que elas provocavam, eram sempre operações muito arriscadas.
Beijinho.
Não consigo sequer imaginar como será estar tão perto e não poder evitar uma guerra... Espero apenas que a sociedade moderna me consiga manter sempre afastado dessa realidade!
ResponderEliminarTiago
ResponderEliminarDuas situações: a primeira, a de não poder evitar uma guerra; nós somos uns minúsculos peões num enorme, estranho e violento tabuleiro de interesses hipócritas e interesseiros.
Segundo: sou muito pessimista acerca do evoluir da situação mundial; não em referência a uma guerra mundial, mas à multiplicação de conflitos regionais que arrastam pessoas de todo o mundo; os interesses económicos são hoje em dia, cada vez mais sufocantes e há mesmo "guerras" sem armas e neste particular, o nosso país é muito vulnerável e presa fácil.
Abraço amigo.
pinguim não vou acrescentar mais, as tuas lágrimas disseram tudo. Beijinhos
ResponderEliminarBrown Eyes
ResponderEliminarhá alturas que é impossível contê-las.
Esta foi uma delas.
Beijinho.
Este é o ser humano. Sempre disposto a cometer maldades pelo dinheiro, o poder.
ResponderEliminarGlauco
ResponderEliminarNão tenhas a mínima dúvida. O poder, a ambição do poder é a causa da maior parte das guerras!
Abraço amigo.