Na minha última viagem, e na escala em Londres, já no regresso, enquanto aguardava, no aeroporto de Lutton, a chamada para o “boarding”, cruzei-me com uma enorme quantidade de judeus ortodoxos, com os seus originais trajes negros, o seu cabelo caindo em caracóis e os seus enormes chapéus, pois havia dois voos programados na mesma altura para Telavive; curiosamente quase todos muito jovens, quase imberbes, acompanhados das suas jovens (e bonitas) mulheres e de vários filhos para quem é tão jovem. As mulheres também respeitando no vestuário as suas convenções a esse respeito
Veio-me à lembrança um filme recente sobre a relação homossexual entre dois judeus ortodoxos, de idades diferentes, um casado e outro solteiro, e do qual gostei muito.
Trata-se de “Eyes Wide Open” 2009, de Haim Tabakman .
Sucede que estou a meio da leitura de um de vários livros que comprei no foyer do cinema S.Jorge, quando do festival de cinema "Queer Lisboa", por tuta e meia; trata-se de “Martin Bauman; ou Uma Presa Segura” de David Leavitt (custou-me um euro e meio). Deste autor já havia lido antes “A Linguagem Perdida dos Guindastes” e “Florença – Um Caso Delicado”, da colecção “O Escritor e a cidade”. Sucede que estou a gostar muito do livro, que não trata de assuntos religiosos, mas sim da vida de um jovem escritor americano (será auto-biográfico?), mas que a uma certa altura, nos apresenta uma personagem, Sara, que professa a religião em causa. E achei uma delícia o pequeno diálogo que aqui transcrevo e que faz a ligação ao tema desta postagem:
“Foi aí que lhe confessei, numa quinta-feira à noite, que era gay. Ela permaneceu muda e queda.
-Mas aposto que não há gays judeus ortodoxos, pois não? – perguntei, em tom de desafio.
- Claro que há.
- E como é que conciliam a sua vida sexual com a religião?
-Bem - explicou Sara - aqueles que eu conheço, como as escrituras dizem que não se podem deitar com outro homem, fazem-no de pé.”
Finalmente e para aguçar o apetite pelo excelente filme atrás referenciado, aqui deixo algumas imagens e o tema musical do mesmo
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Judeus ortodoxos
Publicada por
João Roque
à(s)
11:46
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Etiquetas:
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Engraçado, na adolescência tive a panca de ter o cabelo a "judeu Ortodoxo" depois passou-me e decidi pinta-lo de azul...
ResponderEliminarNão vi o filme de que falas mas já li quase tudo do David Leavitt, gosto especialmente de "A colcha de mármore" e de " A linguagem perdida dos guindastes", livro pelo qual ainda hoje (e já lá vão uns 10 anos) sou gozado aqui no trabalho. Não pela temática mas pelo titulo... Enfim...
Abraço-te
Tu devias ser fresco, quando eras mais novo; adorava ter-te visto com esse tipo de penteado...
ResponderEliminarQuanto ao D.Leavitt, encomendei alguns livros dele, na semana passada alguns livros dele, na FNAC.
Já leste o "Martin Bauer"?
Abraço amigo.
Ah, os detalhes de um "contrato" mal-redigido! Se não pode deitar, faz em pé ou sentado. Muito lógico!! :-)
ResponderEliminarAinda não. Estou a meio do "Abraço" do Peixoto, depois se calhar atiro-me a esse "Martin Bauer", salvo seja.
ResponderEliminarSó um aparte, eu ainda sou fresco. Ó lá se sou ;)
Abreijos.
Edu
ResponderEliminaro óptimo é inimigo do bom...
Beijo.
Zé
ResponderEliminaré uma coincidência, pois, em princípio, depois do "Martin Bauer" eu vou ler o "Abraço"...
Há, ainda és fresco? Gostava de ver...
Abraço amigo.
O judaísmo ortodoxo é uma seita gnóstica que foge bastante (completamente) da linha tradicional judaica. Diria mesmo que é um paganismo judaico refinado.
ResponderEliminarE sim, claro que há homossexuais judeus ortodoxos. Há homossexuais de todas as crenças.
FireHead
ResponderEliminarembora de uma forma algo laica, penso que deste uma boa definição deste tipo de religião.
Sim, claro que há homossexuais em todas as crenças (o filme de que fala dá disso exemplo, embora seja ficção); o que achei divertido foi a resposta de Sara...
abraço amigo.
Um filme muito bom na minha opinião. Cheguei a falar dele lá no meu blog até porque é original na sua abordagem. Gostei do filme embora lá está, o final destes filmes nem sempre nos agrada.
ResponderEliminarUm abraço
gostei imenso do Eyes Wide Open, sobretudo da personagem do talhante, da maneira como ele viveu um dilema terrível.
ResponderEliminarsou fã do Leavitt, acho que li tudo dele, ou pelo menos tudo a que consegui deitar o dente. lembro-me pouco do Martin Bauman, se calhar devia relê-lo.
o meu preferido é o último, The Indian Clerk, que curiosamente é dos menos gays. e está publicado cá, creio que com o título O Escriturário Indiano.
abraço
André
ResponderEliminareu recordo-me de teres referido este filme no teu blog e até falei nele no comentário que lá deixei.
Pois, aqui seria pouco "ortodoxo" um final diferente, hehehe...
Abraço amigo.
Miguel
ResponderEliminarclaro que a personagem do talhante é muito mais complexa, até por ser casado, ter família.
O actor jovem é de uma beleza incrível, não achas?
Eu estou no terceiro livro do D.Leavitt, mas como disse, encomendei tudo o que está publicado em português, na FNAC, mas que não será muita coisa (note-se que já tenho três).
Gosto muito dele e este "Martin Bauer" é muito interessante e parece-me muito auto-biográfico.
Abraço amigo.
Delicioso o trecho de diálogo.
ResponderEliminarNão conheço o filme, mas vou registar para ver se o procuro.
abc
Sad eyes
ResponderEliminarporque o filme é muito bom, e porque tu mereces, aqui vai uma ajudinha
http://www.megaupload.com/?d=4OX15NSG
Abraço amigo.
Fiquei curioso com o filme, um abraço
ResponderEliminarSérgio
ResponderEliminaro filme retrata muito bem a história de um "amor proibido"...
Vale a pena ver.
Abraço amigo.
Fiquei com a curiosidade aguçada para este filme :D Grande Abraço! :D
ResponderEliminarEssa linha de diálogo do David Leavitt está um máximo :) Os primeiros livros do escritor tem bastantes elementos autobiográficos é prática comum dos escritores. :) por isso é bem capaz de ser verdade :D
Gosto bastante da forma como ele escreve :) Abraço!
António
ResponderEliminarestava convencido que já conhecias o filme; é muito interessante e agora fico curioso acerca da tua opinião.
A linha de diálogo é um prodígio de ironia sexual e eu admiro bastante o Leavitt e estou cada vez mais embrenhado na leitura do seu livro.
Abraço amigo.
Vou «investigar» as sugestões!
ResponderEliminarUm abraço!
Blog Liker
ResponderEliminarfazes bem, alguns blogs desaparecem, outros renascem.
Abraço amigo.
Ora, ora... bela forma de contornar esta lei religiosa.
ResponderEliminar:)
Mz
ResponderEliminaro que não se pode fazer "voando", faz-se "coxeando"...
Beijinho.
Para além de aqui vir buscar referências literárias, ainda tocas nuns dos meus pontos fracos: as barbas e os kipás - provavelmente devo ter umas costelas, muitas...
ResponderEliminarShalom!
João
ResponderEliminarvê o filme vais ficar "apaixonado" por um dos actores...ou pelos dois!
Abraço amigo.
Obrigado.
ResponderEliminarÉ tão bom descobrir estas pérolas. E tu tens imensas descobertas destas. Esperamos por mais.
Obrigado.
Olá Luís
ResponderEliminarse te estás a referir ao filme, é mesmo uma pérola; vê-o (o link está aí em cima) e depois quero a tua opinião sobre o filme e sobre o actor, hehehe...
Abraço amigo.
Sim, referia-me a que tu descobres estas pérolas deliciosas. Vi o trailer do filme no IMDb e o vídeo que colocaste aqui e adorei as imagens.
ResponderEliminarAbraço grande.
Luís
ResponderEliminaré imperdível.
Depois quero a tua opinião, mas personalizada. Vou contactar-te por telefone.
Abraço amigo.
Iupi!
ResponderEliminarJá encontrei o link: http://www.megaupload.com/?d=4OX15NSG.
Obrigado.
Luis
ResponderEliminartoca a ver...
Abração.
Já tinha sacado esse filme mas não tinha som nem legendas. Acabei por não vê-lo. Vou experimentar o link deixado pelo Luís V.
ResponderEliminarGostei do excerto que escolheste do livro.
Abraço
Luís
ResponderEliminaro seu a seu dono...hehehe.
Quem aqui deixou o link fui eu no comentário resposta ao Sad eyes.
O Luis V não tinha reparado e eu via telefone disse-lhe onde estava...
Mas o importante é teres o link e veres o filme como deve ser; e já viste com certeza a beleza daquele moço!!!
O excerto só está aqui porque tem a ver com o tema, pois o livro tem outros excertos muito interessantes.
Abraço amigo.
No Judaísmo, a homossexualidade era mal vista, criticada e, essencialmente, punida. Não nos esqueçamos das leis mosaicas que vieram estabelecer regras de conduta a serem adotadas pelo povo hebreu. Moisés estabeleceu várias e mostrou-nos um Deus cioso do seu povo, um Deus que não hesitaria em castigar qualquer infração às suas regras; por seu lado, Jesus mostrou-nos um Deus tolerante, misericordioso. Deus Pai.
ResponderEliminarHoje em dia, Israel é recetivo à evolução da Humanidade e a homossexualidade encontra-se totalmente despenalizada e até tem a sua aceitação, pese embora a corrente judaica mais tradicional. Por esse motivo e por vários, correndo o risco que estar a errar ou até mesmo de defender demasiado Israel, tenho um carinho pelo povo israelita que não consigo ter pelo povo palestiniano. Não só devido ao que sofreram durante toda a História por, alegadamente, alguns terem colocado Jesus na cruz. Sofreram às mãos da Inquisição, da sociedade em geral e do monstruoso Hitler. Na Palestina - e é bom que isto se diga - um homossexual é condenado à morte; em Israel não o é. Para mim, tem muita importância.
Abraço, my dear. ^^
Mark
ResponderEliminarcomo sempre é um prazer ler a tua opinião fundamentada sobre os assuntos que explanas.
Concordo com a diversidade actual como a lei israelita e a palestiniana vêem a homossexualidade e claro que sou a favor da lei de Israel, já que a lei palestiniana segue a regra vigente nos países islâmicos sobre este assunto e que eu condeno veementemente.
A propósito aconselho-te vivamente a ver o filme israelita "The Bubble", que versa um relacionamento sentimental entre um israelita e um palestiniano e que é excelente.
Mas, não é só no aspecto homossexual que estes dois países divergem: é em muitos mais e muito mais importantes, e aí a minha simpatia vai mais para a causa palestiniana, pois embora reconhecendo todo o historial dos judeus até reencontrarem a "terra prometida", não posso deixar de condenar veementemente a forma expansionista como evoluem no Médio Oriente, com o proteccionismo declarado dos americanos.
Afinal, a Palestina também é uma terra prometida...
Abraço amigo.
Confirmo que o filme não é meu, é do Pinguim. Apenas fiz copy/paste para ficar visível num comentário mais recente.
ResponderEliminarEm relação ao conflito israelo-palestiniano... É um assunto com pano para mangas e um conflito que nunca irá ter solução. Já tive mais pachorra para tentar compreender uma posição e a outra. Já tentei também defender as duas partes, mas sou sempre fuzilado. Eu sou apologista e defendo a existência de estados onde todas as culturas, raças e credos possam coabitar pacificamente, sei que estou a ser ingénuo e utópico, mas acredito que possa ser possível.
Luís
ResponderEliminarainda bem que és ingénuo e utópico nestas questões, pois é sinal de que tens razão e procuras o equilíbrio, tão difícil ou mesmo impossível de alcançar, nesta situação.
Claro que quando há em ambos os lados posições extremistas, se torna ainda mais difícil...
Abraço amigo.
achei imensa graça à parte final...já que não se podem deitar, fazem-no de pé...
ResponderEliminarando há imenso pa ver este filme, ganhei um novo alento :-)
Ima
ResponderEliminarestá muito bem equacionado e...resolvido o "problema" dos homossexuais judeus ortodoxos.
Quanto ao filme, agora não tens desculpa: vamos lá ver isso...
Abraço amigo.
A homossexualidade existe de todo lado independente de religião, crença ou qualquer outra questão... É claro que existe também entre os judeus ortodoxos, eu conheço um casal.
ResponderEliminarBeijinhos
Pat
ResponderEliminarclaro, mas há religiões mais severas para com a homossexualidade, como por exemplo os islâmicos, que chegam à pena de morte.
E em Israel, a homossexualidade até é bastante tolerada, menos por esta facção mais ortodoxa do judaísmo.
Beijinho.
Onde se lê "correndo o risco que (...)", dever-se-ia ler "correndo o risco de (...)". Teclar à pressa dá nestas gralhas.
ResponderEliminarMark
ResponderEliminaré uma simples questão de pormenor...
Isto só revela o teu grau de perfeccionismo.
Abraço amigo.
À parte de achar estes judeus ortodoxos meio excitantes (e nem sei explicar porquê), tenho a reforçar a referência que fizeste a The Bubble, um filme espetacular que me deixou os olhos húmidos.
ResponderEliminarUm coelho
ResponderEliminarsó húmidos???
Naquela cena final, que mais parece um soco no estômago, chorei a bom chorar...
Abraço amigo.