Desde que há já bastante tempo, mais propriamente desde que li um interessante livro sobre a bissexualidade, da autoria de Margaret Meade, em que ela afirma que todo o ser humano é potencialmente bissexual e essa bissexualidade a maior parte das vezes apenas não se manifesta quer por medo, quer por falta de oportunidade, que estou convencido dessa verdade que aliás vem de encontro ás teorias de Kinsey, segundo as quais as fronteiras entre as diferentes orientações sexuais são ténues nos seus limites e a respectiva catalogação obedece apenas a uma questão de predominância.
Sucede que agora, achei o momento oportuno para falar disto e encontrei um interessante artigo publicado na revista "Única" do jornal Expresso de 29 de Janeiro de 2011, de onde retirei este excerto, já que o artigo é demasiado longo:
"Podemos interrogar se a bissexualidade está na moda como tendência entre a população mais jovem, por exemplo, que, livre de preconceitos, é seduzida pela ideia da experiência? "Penso que não", diz Pedro Frazão*. "O que acontece é que, em Portugal, a discussão sobre as questões de género têm vindo a conquistar cada vez mais espaço na discussão política. Neste sentido, todas as questões relacionadas com a orientação sexual ganharam visibilidade, o que permite às pessoas sentirem-se mais livres para assumirem as suas escolhas. Não é uma questão de moda."
"A androgenia é uma tendência. A bissexualidade está na moda e vende", diz Alexandra Santos, 24 anos, voluntária na rede ex aequo, a associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT). Ela trabalha no Projeto Educação da rede e percorre as escolas do país a debater identidade de género: "A orientação sexual é um tema que se discute muito durante a adolescência, e a bissexualidade tem o apelo de ser interessante: sugere mente aberta, capacidade de experimentar... Mas, para além deste aspeto mais superficial, muita gente tem dúvidas sobre a sua identidade, e a bissexualidade é a caixinha da confusão. Mas não basta ter uma experiência homossexual para se ser 'bi'."
Apesar da tendência e da confusão, Alexandra Santos, assistente social, sabe o que sente. Afirma sem vacilar: "Não traio, não sou promíscua, tenho relações duradouras. Gosto de homens e de mulheres em igual percentagem." Soube que a atraíam ambos os sexos quando entrou na Faculdade e começou a perceber "que aqueles sentimentos giros que sentia pelas minhas amigas não eram só amizade". Aí, sim, a confusão instalou-se. Nada tinha ainda acontecido e já ela desesperava. "Ai, ai, o que vai ser da minha vida? Porque todos desejamos a normalidade. Assusta muito perceber que nem sempre é assim", conta Alexandra, agora descontraidamente sentada num café do Chiado. "Depois de me questionar se não seria só uma fase, fiz uma viagem à Bélgica para participar num programa entre jovens europeus, conheci uma rapariga e percebemos que tínhamos muita coisa em comum. Principalmente a nossa fé. Quando voltei, continuámos a falar no Messenger e combinámos encontrarmo-nos. Namorámos alguns meses entre cá e lá e depois terminou."
Foi nessa altura que se aproximou da rede ex aequo. Queria encontrar outras pessoas que sentissem coisas semelhantes e perceber que identidade era aquela. A questão do pecado preocupava-a. Um dia ouviu esta frase de uma crente: "Deus manifesta-se em cada um de nós quando estamos bem e fazemos bem aos outros." Sentiu que poderia ter essa força e arriscou clarificar. Em casa, começou a espalhar discretamente as revistas distribuídas pela rede LGBT até a mãe perguntar: "Aquelas revistas que trazes cá para casa são o quê?" Alexandra falou na ex aequo e explicou o projeto: "E o teu pai sabe disso?" Nessa noite, ao jantar, com as três irmãs e o pai já sentados à mesa, a mãe voltou à carga: "Tu és alguma dessas coisas?" Ela disse: "Tanto poderia casar com um homem como com uma mulher." A mãe ainda tentou dar um ar de normalidade: "Se fosses homossexual, eu aceitava." O pai disse logo que não aceitava e uma das irmãs perguntou-lhe: "O que é que te deu para dizeres uma coisa dessas aos pais?" Alexandra encolheu os ombros: "Porque é verdade."
Hoje acredita que para a sua família seria menos complicado se ela fosse homossexual. Pelo menos, seria uma coisa só. Agora aquilo assim... "Como é que se consegue gostar de homens e de mulheres ao mesmo tempo? Lá está, a questão da promiscuidade. Mas eu sou monogâmica e não tenho namorados e namoradas em simultâneo." Tenta explicar que cada sexo tem as suas diferenças, e ela gosta dessas diferenças. "Sinto-me atraída por pessoas e não por géneros", diz Alexandra. Depois dá conta da frase e desata a rir: "Este é o verdadeiro cliché dos 'cotonetes', não é?"
Pedro Frazão, o psicólogo, esclarece: "Esse é precisamente o discurso da bissexualidade. Interessa é o que se sente por determinada pessoa, independentemente do sexo. Como há uma maior abertura em relação à homossexualidade, essa abertura reflete-se, naturalmente, nos jovens, e observo que cada vez os discursos são menos estanques em relação aos rótulos identitários. Nestas faixas etárias tem-se, naturalmente, menor dificuldade em definir atrações e experiências e há uma noção cada vez mais clara de que todos os percursos são diferentes."
Os pomossexuais. "Já ouviu falar em pomossexualidade?", pergunta Ruben. Espreitamos a Wikipédia: "Pomossexual é um neologismo que descreve pessoas que evitam rótulos restritos como hetero, homo ou bissexual."
Ruben Santos, Raquel Bravo, Marta Cardoso: 19, 17 e 20 anos, respetivamente. São estudantes associativos e muito empenhados em causas cívicas. Ruben e Marta conheceram-se na Associação do Liceu Padre António Vieira. Raquel é animadora de teatro comunitário e amiga de Marta. Os três afirmam perentoriamente que não gostam de definições: "Os rótulos são muito limitadores. Acredito que, ao longo da vida, qualquer pessoa pode sentir emoções pelo sexo de que é suposto gostar e pelo que é suposto não gostar. Não conheço ninguém da minha idade que não sinta essa atração", conta Marta, referindo o seu interesse por raparigas e a maneira como gosta de viver cada uma das suas relações. Por agora está menos interessada no género masculino. Mas, aos 18 anos, ainda nada precisa de ser definitivo.
Também Raquel Bravo tem dificuldade em usar claramente uma palavra que a classifique: "Sei o que não sou", diz, tentando clarificar. "Não sou hetero, nem homo. Durante cinco anos tive um namoro fortíssimo com um rapaz que morreu e depois a minha relação com os homens mudou. Era como se estivesse a traí-lo. Quando entrei no meio artístico, tive as minhas primeiras relações lésbicas", conta Raquel descontraidamente: "Não quero casos. Quero definitivamente estar com alguém que seja minha e eu dela. Não sei se será um homem ou uma mulher, também não me preocupa. Gostar é simplesmente gostar."
Ruben Santos, o rapaz que também não sabe se é ou não homossexual, tem a teoria de que todas as pessoas, se pudessem, seriam 'bi' e acredita que só não são por uma questão de educação. "Como é que uma pessoa pode dizer sim ou sopas se não experimentou?", interroga. "Se temos várias opções, porquê aceitar uma só?" Excluir, logo à partida, a possibilidade de atração por pessoas do mesmo sexo pode ser uma construção. "Para um rapaz, custa muito aceitar. Cheguei a ter nojo de mim. Fazia-me confusão a ideia de uma relação estável ou de envelhecer ao lado de um homem. Agora, embora ainda sinta algum medo desse quotidiano, já não penso tanto nisso."
Marta, que em breve irá para a universidade e tem ideias muito próprias sobre o amor, conta que nunca se sentiu excluída ou posta de lado quando está com uma rapariga. Os amigos todos sabem e aceitam. Afirma que na sua geração é normal nos liceus os casais homo andarem abraçados: "Ninguém liga. Nem os professores."
Ruben, apesar das dúvidas, por agora não lhe interessa pensar em escolhas. Neste momento, namora com um rapaz. Mas sabe que quer ter filhos seus. E não é só isso: "Gosto do masculino e do feminino. De proteger e de me sentir protegido quando me deito num abraço", reflete.
"A bissexualidade é a zona invisível", diz Joana, a terapeuta. "A ânsia de sabermos o que somos, de nos definirmos, tem a ver com a eterna necessidade de tentarmos perceber porque nos apaixonamos por A ou por B. Nunca sabemos porque nos apaixonamos, e mesmo para a ciência continua a ser um grande mistério.”
* - Pedro Frazão, psicólogo clínico, especializado em questões de género, concorda que, entre todas as orientações sexuais, a bissexualidade é a mais difícil de definir. "Na comunidade académica e científica era entendida como uma imaturidade. A partir do Relatório Kinsey publicados entre 1948 e 1953, a nossa sexualidade começou a ser observada como um mapa que se vai construindo e delineando ao logo da vida, sobretudo no percurso das mulheres", afirma o psicólogo. "É um dado que a sexualidade feminina é mais complexa, e nas mulheres a orientação sexual decorre com maior fluidez do que nos homens."
E não me perguntem bem porquê, mas achei nada descabida, e até bastante oportuna a inclusão nesta postagem do conhecido vídeo dos R.E.M. "Everybody Hurts"
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"Everybody hurts
ResponderEliminarYou're not alone"
Não sei se é "in" ser bi.
Pela parte que me toca, não tive dúvidas da minha opção. Também não tive necessidade de realizar experiências. Romantismo? "Caretice"? Ambiente familiar? Sorte? Azar?
Não sei.
Mas se o importante é gostar de alguém que goste de nós... pois então... que assim seja.
(Gostei muito do post e já tinha percebido que, entre os adolescentes há uma "relativa" abertura, mas não consideraria, ainda, uma pronta aceitação.)
O artigo é muito interessante, e basicamente concordo que todos somos bisexuais.
ResponderEliminarUm abraço
Rosa
ResponderEliminaré um assunto delicado e nunca podemos dizer "desta água não beberei".
Claro que são essencialmente as predominâncias que nós aceitamos como a forma correcta como nos catalogamos. Mas há, ou houve em muitíssimos casos, situações que a maior parte das pessoas, por uma vez, por isto ou por aquilo, fantasiam...
Não se o que se passa no mundo feminino, mas posso assegurar-te que no mundo masculino, por assim dizer todos os rapazes passam por uma fase de interrogação, mesmo aqueles que o negam.
Beijinho.
Justine
ResponderEliminareu acredito nisso piamente...
Beijinho.
Sinceramente, não acredito que sejamos todos potencialmente bissexuais, embora, tenho de concordar que provavelmente, não se manifestará mais por falta de oportunidade ou medo. Cada vez mais as gerações mais novas, sentirão maior liberdade de descoberta mas não penso que esteja "in", é talvez "in", ser apologista dessa descoberta... pelo que me apercebo nos amigos da minha filha. Acredito sim, que a orientação sexual como em várias outras áreas, como a da saúde mental, por exemplo, ou mesmo a ideologia política e outras, pode eventualmente fluir no amplo espectro da sexualidade humana se se situar numa zona média, mas dificilmente fluirá nos indivíduos cuja orientação se situa nos pólos extremos desse mesmo espectro. O que haverá, é provavelmente um grande numero de pessoas que se situam nessa zona intermédia, sem se aperceberem... Também não achei o vídeo nada despropositado. :) Beijinhos
ResponderEliminarTodos temos capacidade para matar, dentro de nós está um assassino sem escrúpulos. Quase todos já pensámos em matar alguém, mas não matámos, tal como a bissexualidade dava uma carga de trabalhos.
ResponderEliminarMas agora a sério, lol, todos somos bissexuais? Possivelmente, não sei. Podem atravessar-se 1000 mulheres à minha frente, o meu cérebro teima em não fazer ligação à minha pila. Disto tenho a certeza.
Eva
ResponderEliminara pergunta que serve de título ao post, não será de todo feliz, pois embora seja uma pergunta, parece que eu estou de acordo com a situação, o que não é verdade. Acho que não está "in", sempre esteve, embora hoje em dia e nomeadamente nas gerações mais novas, ela seja mais visível.
Quando digo que acredito mesmo que todos nós somos bissexuais, estou-me a referir a esse facto como potenciais.
Sobre a música do R.E.M., gosto que a tua opinião seja idêntica à minha.
Beijinho.
Félix
ResponderEliminaré curioso que seja nos homossexuais que vamos encontrar a maior "resistência" à ideia de que todos somos potencialmente bissexuais, o que não quer dizer que isso não seja verdade, como aliás reconheces quando dás a imagem do assassino em potência.
Eu falo por mim: antes de me aceitar total e completamente homossexual, tive variadas vezes relações heterossexuais, não para saber exactamente o que eu sou, pois isso eu sabia, mas porque isso não me repugnava e até em circunstâncias especiais foi aceitável (África),
Se me perguntares se agora o faria, estou absolutamente convencido que não, mas não posso dizer que isso não acontecerá outra vez...será apenas quase impossível...
Abraço amigo.
Acho que nem todos tem potencial bissexual, mas de certa forma há muitos que lutam contra os desejos intimos.
ResponderEliminarA sexualidade é um mistério.
Abraços
Eu, para contrariar, não acredito que somos bissexuais. Acho que se está a confundir bissexualidade com identificação com as pessoas, sejam elas de que sexo for. Eu diria mesmo um excesso de identificação, quase acto de adoração/idolatria. Acho que os bissexuais são pessoas confusas que não sabem o que querem.
ResponderEliminarPor fim, de realçar que efectivamente está correcta, a meu ver, a designação "orientações sexuais". "Opções sexuais" ou "escolhas", como o Rúben falou no seu caso, é que não. A sexualidade é uma coisa que nos é inerente, logo não é algo do qual podemos escolher. Tal como a mim nunca ninguém me ensinou a gostar de mulheres; é uma coisa que já nasceu comigo e nunca tive dúvidas disso.
Seja como for, tratam-se de jovens. Certamente não sabem sequer o que é que querem da vida propriamente dita.
Abraço.
Cada um poderá falar da sua própria dualidade.
ResponderEliminarExistem varios artigos que tratam este tema com bastante delicadeza, este foi um deles.
Importante é que cada pessoa se encontre e se enfrente sem medos.
Ro
ResponderEliminara sexualidade não é um mistério: o ser humano com os seus preconceitos de toda a espécie, é que faz dela um mistério.
É demasiado importante para o equilíbrio do homem para continuar a ser vista como um tabú em muitos dos seus aspectos.
Abraço amigo.
FireHead
ResponderEliminaros bissexuais são seres confusos e que não sabem o que querem? Não concordo de todo; será apenas uma outra forma de conceber a sexualidade, além da hetero e da homossexualidade.
Acredito que um bissexual tenha sempre ou pelo menos tenda para ter, uma preferência para um dos lados, mas é essa dualidade sexual que caracteriza a bissexualidade.
Tu afirmas, e eu acredito que sinceramente que sempre e só gostaste de mulheres.
Mas eu pergunto-te: podes assegurar sem sombra de dúvida que estarás sempre com essa exclusiva orientação sexual? Não te esqueças do velho ditado - Nunca digas que desta água não beberei...
Abraço amigo.
Luís
ResponderEliminargostei imenso do teu comentário: sucinto, directo e corajoso.
Abraço amigo.
Acho que aqui ninguém acredita realmente que "a bissexualidade está na moda". Por vários motivos, as questões de orientação sexual estão a ser mais debatidas do que nunca; isto leva a que pessoas que antes provavelmente nunca tivessem pensado no assunto, agora façam alguma auto-análise e questionem alguns pressupostos da nossa sociedade. Imaginando alguém que hoje se assumisse como homossexual e voltando a imaginar essa pessoa aqui há um século atrás, mas agora nascido numa aldeia de algumas dezenas de pessoas, não me parece muito ousado afirmar que a homo ou bissexualidade nunca lhe teriam passado pela cabeça. Nascia, casava, tinha filhos e morria descansado.
ResponderEliminarHá também quem diga que somos todos bissexuais. Pessoalmente, acho esta teoria muito mais plausível do que a vigente (90% hetero, 10% homo). Pegando na escala do Kinsey e imaginando a sexualidade como um contínuo, explicam-se alguns fenónemos da nossa sociedade (actual e não só). Por exemplo, a aparente obsessão de toda a gente com a homossexualidade, um tema que gera sempre interesse: como explicar isto se toda a gente fosse mesmo total e completamente heterossexual? Que me importaria a mim, se não fosse um tema que me dissesse respeito também? Creio, aliás, que esta é uma das causas da homofobia corrente.
Recuando mais no tempo, temos também outras sociedades em que a homossexualidade era vista de uma forma mais natural. Tendo em conta que a espécie humana não mudou desde o período clássico até agora, como explicar as relações de muitos gregos e romanos? Dantes havia essa "tendência" e agora desapareceu por magia?
Também é verdade que, comparada com a homossexualdiade, a bissexualidade parece quase não existir. O facto de "parecer" não quer dizer que seja menos prevalente na sociedade e este fenónemo tem até um nome, Bisexual Erasure (vejam na Wikipedia que é interessante). Penso que uma das razões disto acontecer é que uma pessoa gostar exactamente 50,0% de homens e 50,0% de mulheres não deve ser muito comum. Só o facto de gostar um pouco mais de um género do que o outro vai fazer com que o acabe por preferir. Imaginem agora que eu gostava 60% de Coca-cola e 40% de Pepsi. Acham que pedia uma Cola 60% das vezes que ia a um restaurante ou a pedia sempre? Ao fim de algum tempo convencia-me de que só gostava de Cola. :p
Lugares pouco comuns
ResponderEliminarprimeiro um sincero obrigado pela tua visita e por me dares a oportunidade de conhecer o teu blog que me parece ser verdadeiramente interessante.
E esta postagem parece talhada para ti, e como tal, este teu comentário acho-o extraordinário e vem dar um contributo muito positivo a este assunto.
Como poderás ver pela minha abordagem do assunto e pelo que já disse nos comentários estamos precisamente na mesma onda.
Abraço.
pessoalmente não concordo que haja uma especial tendência bissexual por parte de toda a gente. Acredito que nos podemos apaixonar por pessoas, não por sexos. Mas atracção física propriamente dita, não acho que seja assim tanta a gente a senti-la por ambos os sexos. Eu definitivamente não serei um desses casos...e não teria vergonha, medo ou seja o que for em estar com uma mulher...simplesmente não "funcionaria" (ahahahahaha).
ResponderEliminarA bissexualidade é uma sexualidade que ainda não sei muito bem o que pensar...mas, há uma coisa que me irrita em muitos bissexuais, é que tratam os homo ou heterossexuais como pessoas fechadas. Como se fosse uma possibilidade óbvia de toda a gente poder escolher o sexo com quem deseja estabelecer contacto físico (não falo no elemento emocional, isso acredito que sejamos todos "bi-emocionais" lol). Em suma, tratam a sexualidade como uma escolha.
Não sou homossexual porque quero ou porque escolhi. Da mesma forma que eu precisarei aprofundar e repensar a questão da bissexualidade, a muitos "bis" tb não custava nada informarem-se melhor da hetero e homossexualidade.
Se é "in" ou não...acho que sim, tenho sentido uma especial tendência, de há uns anos a esta parte, das pessoas se assumirem como tal.
(Ima)
Ima
ResponderEliminarcomo sempre sucede com temas interessantes e delicados como este a tua opinião é importante.
Concordo, como é óbvio, que as pessoas se apaixonam por pessoas e não por um ou outro sexo.
Mas aqui não se está falar de paixões, mas sim daquilo que tu, e bem, denominas de atracção física, que levada a um certo ponto, leva à prática sexual com um indivíduo do sexo diferente daquele que lhe está normalmente mais conotado e aqui funciona não só para os dois sexos, como é lógico, mas também para as duas situações sexuais mais conhecidas:os heterossexuais e os homossexuais.
Não sei porque não aceitar como perfeitamente normal uma situação de uma pessoa tendencialmente homo ou hetero, mas que nutre atracção ou mesmo desejo por outra de orientação sexual diferente, como uma pessoa bissexual.
Se um homem predominantemente hetero ou mesmo, na prática, só hetero, sente um dia atracção por outro homem e chega mesmo à prática de actos homossexuais, pode ser chamado de homossexual? De forma alguma, mas também tem um seu lado que o leva a essa atracção; o que é ele? Para mim é um hetero com tendências bissexuais.
Uma lésbica a que sucede o mesmo em relação a um homem, não deixa de ser lésbica, mas tem também tendências bissexuais.
Estes são apenas dois exemplos, mas encontramos no subconsciente da maioria das pessoas e eu diria mesmo na totalidade, fantasias, algumas imediatamente reprimidas e outras que nem se chegam a manifestar conscientemente, que me leva a afirmar que todos somos potencialmente bissexuais.
Quanto à pergunta de se é ou não moda nos tempos correntes, eu acho que não; apenas as gerações mais novas estão mais esclarecidas, não têm tantos preconceitos e aceitam estes factos quase como naturais e normais.
Abraço amigo.
Acredito que nos dias de hoje, ser gay é ser fashion, é estar na moda, é ser amigo lindo, etc etc
ResponderEliminarPois!
Ser Bi é SER IN,
Ser Gay é SER OUT :)
Creio que sou OUT e também posso ser IN(In de Beto) ou não?
Abraço amigo
Francisco
ResponderEliminarafinal ser gay é ser fashion(?) e também é ser out...
Mas isto nada tem com os gays, mas sim sobre a bissexualidade.
Abraço amigo.
Acho que os bissexuais sofrem preconceito dos heteros e dos gays. Eu sou um deles. Excelente postagem, vou divulgar. Abcs!
ResponderEliminarRapha
ResponderEliminaré sempre muito importante ter uma reacção de alguém que sabe o que é ser bissexual.
E é curiosa essa declaração de haver também preconceitos da parte do mundo homossexual, embora bem vistas as coisas, não custa admitir, infelizmente.
Abraço amigo.
“gostar é simplesmente gostar” é a melhor definição.
ResponderEliminarhoje existe uma maior abertura, não é apenas a questão de experimentar, porque é “cool ser-se bi”. não aceito isso. as gerações mais novas estão mais conscientes e mais informadas e não há tantas peias como antigamente (a níveis sociais e morais); o que importa é sentirmo-nos realizados a nível afectivo e sermos felizes e, francamente, não é isso o mais importante? :) bjs.
ps: excelente fotografia!
Margarida
ResponderEliminaré claro que a questão da pergunta só é pertinente, porque, e ainda bem, hoje as gerações mais novas não têm qualquer problema em assumir essa situação, que não é só de agora.
Mas é óbvio, que gostar é que é o mais importante.
Beijinho.
Habituados a uma formatação desde que nascemos, teoriza-se sobre tudo.
ResponderEliminarMas somos todos diferentes. E por que razão haveríamos de ser iguais?
Há princípios comuns... mas quando queremos explicitá-los começa o espartilho. Fizeste-me pensar, João.
Não tenho certezas mas sim dúvidas. É a dúvida que me alimenta. Bi, homo, hetero... não importa - importa sermos livres, conscientemente livres, e sermos felizes.
Viver é uma aventura maravilhosa!
Obrigado. Um abraço.
Pedro
ResponderEliminarse as dúvidas dizem respeito às denominações, elas são legítimas pois as fronteiras podem ser esbatidas.
Mas o que interessa é o que dizes em baixo: sermos livres...e viver!
Abraço amigo.
100% puro, sorry
ResponderEliminarCaro amigo Pinguim,
ResponderEliminarDepois de umas pequenas férias, regresso ao convívio do teu blog.
Ainda não deitei um olho aos temas anteriores, mas este é por excelência um tema que dá pano para mangas.
Pessoalmente, acredito que, sexualmente falando, os humanos funcionam por escala, tal como propôs Kinsey: desde os homossexuais 100% até aos heterossexuais 100%. Entre os dois extremos situam-se os que poderemos considerar como bissexuais. Agora o que eu não sei, e duvido que alguém saiba, é qual a % de população que se possa classificar como bi. Creio que será acima de 50%. Mas isto é apenas um palpite, nada mais. E depois há muitíssimos factores que afectam a nossa orientação sexual: genéticos,ambientais, de ocasião, etc. Por exemplo, muitos presidiários que mantêm relações homo nas cadeias, nunca foram nem pensaram ser homo, eram claramente hetero. Provavelmente, após a reclusão voltarão a ser hetero. Mas, nada os impede de manter relações homo com o maior prazer.
A sexualidade humana é de facto um mundo muito complexo e fascinante. Quanto ao estar fashion ou não, faz-me lembrar um amigo meu extremamente homofóbico que acredita piamente que agora há mais homossexuais porque está na moda. Tenho tentado explicar-lhe que a orientação sexual não é uma escolha, pelo menos não deliberada, mas em vão.
Um abraço com amizade.
Claro que sim, que todos temos a sexualidade como o objecto quando ela é "apenas" o sujeito com quem (nos) confrontamos - acabo de descobrir que sou "pomo" (afinal outro conceito para evitar conceitos!
ResponderEliminarCom uma amiga minha, temos desde a a uni a sua "cassete da bissexualidade" que utilizávamos para ir engatar, mas, mais do que isso, despreconceitualizar.
Também tive a minha unica experiência hetero com outra amiga para confirmar "alguma" da minha "orientação"; a shirley manson dos garbage fez-me acordar numa polução assim como a ψcanálise explica tensões edipianas/electrianas, todos nós somos "perversos polimorfos" que nos vamos construindo nesta manada de seres que nos enchem de conceitos para organizar a bela da boa da mente (o melhor órgão sexual), pelo menos assim me fizaram no mundo da ψcologia!
Abraço, João e boa pascoela!
Obrigado, João, são muito simpáticas as tuas palavras.
ResponderEliminarA ver se um dia desenvolvo o meu comentário num post no meu blog. És sempre bem-vindo a comentar!
André
ResponderEliminaré uma forma de estar...e de ser!!!
Abraço amigo.
Lear
ResponderEliminarestou em total acordo contigo e temos que as teorias de Kinsey continuam bem contemporâneas.
A juntar ao teu exemplo das prisões, posso acrescentar e com conhecimento de causa o que se passou na guerra colonial onde as estimativas são de que cerca de 70% dos militares que por lá passaram tiveram relações com outros homens e com gosto; do mesmo modo acredito que a maior parte deles voltou às relações hetero, após o seu regresso.
Mas não há normas definidas acerca destes relacionamentos, tudo é contingente e cada caso é um caso.
O que acima de tudo sobressai é que não se pode ignorar a bissexualidade e que há muito mais gente bissexual do que possa pensar-se.
Abraço amigo.
João
ResponderEliminartu és único, inigualável...
É um imenso prazer ler-te e descobrir a forma encantatória como descreves as situações.
Abraço amigo.
Lugares pouco comuns
ResponderEliminarcom certeza que estarei presente nos comentários ao teu blog sempre que me pareça oportuno e acho que não faltarão ocasiões.
Abraço amigo.
Muito interessante, meu caro João! Parabéns pelo post e por manteres este espaço, sempre atualizado. Abraço grande
ResponderEliminarOlá Francisco
ResponderEliminaracho que é um tema interessante, que deve ser debatido, como todos aqueles que dizem respeito à vida sexual do ser humano.
É tempo de, uma vez por todas, acabar com os tabus e olhar o sexo como uma componente fundamental do equilíbrio do Homem.
Abraço amigo.
Não vou duvidar desses estudos mas, falo no meu caso, nada tem de verdadeiro. Medo? Nunca tive. Assumi sempre os meus actos e as minhas vontades e o que pensam os outros passou-me sempre ao lado. Falta de oportunidade? Quem quer algo procura-o. Beijinhos
ResponderEliminarMary
ResponderEliminarnão há regras sem excepção.
E muito menos duvidei que nunca tenhas tido medo de assumir os teus actos, sem te preocupares com reacções.
Quanto à questão da oportunidade, eu penso da mesma forma como tu, mas muitas pessoas utilizam-na como alibi para nada fazerem.
Beijinho.
É um tema sem dúvida polémico e que dá azo a várias interpretações.
ResponderEliminarNão sei se existirá uma bissexualidade latente em todos nós. Sei, contudo, que a moralização religiosa traz, inerentemente, um estigma social em relação a outras orientações que não a heterossexual. Vejamos o caso da Antiguidade Clássica: a homossexualidade e até mesmo a bissexualidade eram práticas comuns, banais, que perderam a sua espontaneidade com o surgimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Assim como o politeísmo, também as restantes orientações sexuais foram preteridas - mais - perseguidas a partir desse momento. Já sabemos tudo o que aconteceu posteriormente, ao longo dos séculos, devido a essa moralização.
A escala de Kinsey parece-me detalhada e explicita algo que venho defendendo: não é possível estabelecer limites, fronteiras, na sexualidade humana. Apesar de ele também falar em casos de heterossexualidade exclusiva e homossexualidade exclusiva, eu creio que as divisões que estabeleceu são bastante válidas. Nada é "preto e branco"; há "cinzentos", "brancos mais escuros", etc.
É impossível determinar a quantidade de seres humanos que se "encaixam" nas várias categorias, mas, de algo tenho a certeza: a maioria estará pelo meio, nas categorias intermédias.
Contudo, critico também todas estas divisões. Somos tão complexos que se torna impossível chegar a qualquer resultado contundente. A "catalogação" é, só por isso, abominável.
Quanto ao vídeo, não é mesmo nada despropositado. É uma música lindíssima e o vocalista assumiu-se como bissexual recentemente.
^^
Mark
ResponderEliminarcomo era tudo muito mais simples na Grécia e em Roma, até Constantino...
Na actualidade, os estudos de Kinsey, embora podendo resvalar para a tal catalogação de que falas, são fundamentais; e ele teve a preocupação de diluir ao máximo as diferentes categorias, para evitar isso mesmo.
Se vires o filme Drei,vais achar interessantíssima a maneira diferente, como os dois homens encaram a sua bissexualidade, ou pelo menos a maneira fortuita como um a atingiu (mas ela já lá estava...)
Eu sempre adorei os R.E.M.!
Abraço amigo.
Também Didier Dumas partilha a opinião de que todos somos bissexuais, apresentando argumentos acessíveis e facilmente compreensíveis.
ResponderEliminarAinda o meu blogue não era blogue mas um rascunho quando escrevi:
http://sonhosdesencontrados.blogspot.pt/2010/07/nossa-bissexualidade.html
Abraço
Paulo
ResponderEliminarvou ler interessadamente.
Abraço amigo.
Eu discordo completamente que esteja na moda ser bi. Quem escreve isso é alguém que está inserido num meio diferente daquele em que nasci ou no qual vivo e trabalho (e são ambientes diferentes). Mas acredito quando se fala de sermos tendencialmente bissexuais, ao invés da teorização da sexualidade estanque.
ResponderEliminarComo diz um dos entrevistados, eu apaixono-me por pessoas, não por géneros.
Coelho
ResponderEliminareu também acho que não; apenas há uma muito maior abertura, principalmente entre as pessoas mais jovens para aceitarem estas coisas como naturais e ao aceitá-las estão a contribuir positivamente para desmistificar um preconceito.
Sempre houve e sempre haverá bissexualidade.
Abraço amigo.
Ora Viva...
ResponderEliminarApreciei o Titulo do seu blog e respectivo conteudo e comentários...
No entanto, Se Ser Gay ou Bisexual é "IN"... francamente essa é outra história.E Conto o meu caso,
Casei... tinha ja tido em jovem algumas experiencias com rapazes, mas sempre me considerei Bisexual, ate chegar aos 30 e tal anos... depois de Casado (em Amor) e ja com um Filho.
Acontece que nasci num meio "IN" e consequentemente ... Hipócrita.
Atraz da aparencia de ser "Gente Bem" os meios "IN" ...são o mais Out possivel e de "Bem" nada têm.
A Podridão do Bulying dessa "gente (ou gentinha?) Bem" sobre o meu filho na adolescencia, a falta de moral total (apesar da aparencia) desde que não diga respeito ao seu "umbigo" e a maldizencia e maldade em classificar , marginalizar, maltratar e até ao "relatar" este Assunto do ser BI ou Gay.. Nada , afinal, de "BEM" tem..seja "IN" ou seja "OUT"
É Apenas a PODRIDÃO das "linguas-podres" da gente "BEM" e "IN" , que pura e simplesmente destroem VIDAS e Famílias, praticando os mais Vis e Podres actos de maldade e perseguição moral sendo que na maioria geralmente todos muito "liberais" , continuando a viver e a dizer ACEITAR bem a BI ou HOMOsexualidade.
Agora "IN" ou "OUT"... só mesmo quando perceberem que os BI ou Homosexauais...SÃO de facto, segregados de uma mesma sociedade...em que em tempos Segregava os Negros (como se provou ser Imbecil) ou os JUDEUS (pelos Nazis)igualmente Segregação Errada e Imbecil.
Que de facto....apesar de alguma "evolução" , somos ainda estupidamente Segregados pela sociedade, É Verdade..e por isso talvez a quantidade de "heteros-curiosos" que por ai existem , evidentemente pelo MEDO escondidos.
O MEDO da tal segregação, que sabem existir.
Por mim, o meu filho ..APENAS deixou de me Falar, ou estar na minha presença,Ha ja 3 anos, seja pela "estupidez" da situação, ou da sua inteligência e moral ..seja pela tal Segregação e maldizência..que EXISTEM , arranjem-se as desculpas ou opinancias que arranjarem, "IN" ou "OUT"
Lembra a ESTUPIDEZ daquele "pai?" que foi levar o filho de 15anos á esquadra da PSP..porque era Gay e não o queria mais!
Mas,este é Exactamente o reflexo , no seu estremo, do que pensa a sociedade, embora geralmente se manifestem e ajam de forma mais "LIGHT" ....mais "IN"...mas o "Cheiro" da atitude , é o mesmo!
Segregação Natural, que não vai mudar enquanto não for encarada como a Estupidez que È !
Ficou o meu testemunho
Um Abraço
Francisco C
Olá Francisco
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário, e as amáveis palavras sobre o blog, que actualmente está parado - é necessário parar de quando em vez, para não se parar de todo.
E obrigado principalmente pelo testemunho, coisa que não abunda neste nosso mundo carregado de hipocrisia.
Curiosamente tive uma experiência já depois se ter escrito esta postagem com um individuo que se serviu de mim, para provar a si mesmo que era o que sempre soube que era...
Claro que eu não fui coagido a nada, e só participei porque quis, mas havia um risco que corri, e veio a acontecer: perdi o amigo.
Quando eu voltar ao "activo", gostaria de o encontrar por aqui.
Abraço.