Na minha febre devoradora de livros actual, da Páscoa até hoje li, "O Mestre" de Tom Coíbin, "O 3º.Sexo" de Raquel Lito, "Clarabóia", de José Saramago e acabei há pouco um livro singular, de seu nome "O Livro dos Dias" de Stephen J.Rivelle.
É este livro que me traz aqui o assunto das Cruzadas, Mas primeiro quero frisar dois ou três pontos importantes; o autor, um americano de origem francesa, numa viagem à Europa, decidiu conhecer um pouco da história dos seus antepassados. E foi assim que tomou conhecimento da existência de um diário escrito por Roger, Duquede Lunel, um comandante da Primeira Cruzada (1096-1099), e que foi conservado pelos clérigos da Igreja de Saint Gilles de Lunel, até que um descendente de Roger se apresentasse.
Há quem considere este livro como o relato mais fiel da Primeira Cruzada e nele o autor do diário disseca de uma forma brilhante o que levava toda aquela gente a "embarcar" numa aventura tamanha, e que seria mais do que defender a Terra Santa dos ocupantes não cristãos, mas sim a expiação dos seus pecados. E é ele próprio que exemplifica com a sua vida essa visão da Cruzada, já que vai dando conta do seu passado e no próprio decorrer da Cruzada, de outros pecados e vivências.
Um parêntesis para referir que sou um admirador confesso da História, mas sempre tive uma profunda aversão pelo período da Idade Média, um período obscuro dominado totalmente por uma Igreja, que não deixava vir à superfície senão a miséria, a precariedade dos povos, a selvajaria e a brutalidade das guerras e não trouxe nada de bom à Humanidade na sua vigência. Se dúvidas tivesse antes, depois de ler este livro fiquei perfeitamente esclarecido.
Mas vamos então às Cruzadas.
As Cruzadas são tradicionalmente definidas como expedições de caráter "militar" organizadas pela Igreja, para combaterem os inimigos do cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos desses infiéis. O movimento estendeu-se desde os fins do século XI até meados do século XIII. O termo Cruzadas passou a designá-lo em virtude de seus adeptos (os chamados soldados de Cristo) serem identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes. A cruz simbolizava o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus. Era o testemunho visível e público de engajamento individual e particular na empreitada divina.
O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos factores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros factores explicativos das Cruzadas. Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direcção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa, a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis, os hereges e todos os demais que não aceitavam a igreja.
Tendo como base a intensa religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa.
Houve nove cruzadas, mas se lhes acrescentarmos a Cruzada dos Populares ou dos Mendigos, a Cruzada Albigense e a Cruzada das Crianças, elas foram realmente doze.
Nesta carta podemos ver os percursos das quatro primeiras Cruzadas.
O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos factores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros factores explicativos das Cruzadas. Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direcção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa, a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis, os hereges e todos os demais que não aceitavam a igreja.
Tendo como base a intensa religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa.
Houve nove cruzadas, mas se lhes acrescentarmos a Cruzada dos Populares ou dos Mendigos, a Cruzada Albigense e a Cruzada das Crianças, elas foram realmente doze.
Nesta carta podemos ver os percursos das quatro primeiras Cruzadas.
Já referi a data da Primeira Cruzada, (1096-1099), tendo a última, a Nona Cruzada, ocorrido já no século XIII (1271-1272).
Focando-nos apenas na Primeira Cruzada, da qual o livro fala com imenso rigor histórico: *
* Esta descrição mais minuciosa, apenas interessará a quem goste verdadeiramente de História ou do movimento das Cruzadas, embora seja fascinante.
Em Agosto de 1096 partiu a Primeira Cruzada "oficial", chamada de Cruzada dos Nobres, Cruzada dos Cavaleiros ou Cruzada dos Barões (1096-1099). No total, esta expedição militar organizada, radicalmente diferente do movimento de peregrinos pobres da Cruzada Popular, consistiria em cerca de 30.000-35.000 guerreiros, incluindo 5.000 cavaleiros.
Liderada espiritualmente por Ademar de Monteil, legado papal e bispo de Le Puy, a liderança militar era repartida e disputada principalmente por:
§ Raimundo IV de Toulouse, talvez o mais carismático líder no início da expedição, já tinha participado da Reconquista e era acompanhado pelos cavaleiros da Provença e pelo legado Ademar; (era a este Senhor Feudal quem servia Roger, Duque de Lunel)
§ Boemundo de Taranto, líder dos normandos do sul da Itália, velhos inimigos do Império Bizantino, acompanhado pelo seu sobrinho Tancredo de Hauteville;
§ Godofredo de Bulhão trazia um exército da Lorena, juntamente com os seus irmãos Eustácio III de Bolonha e Balduíno de Bolonha, e foi acompanhado por Roberto II da Flandres e os seus flamengos;
§ Hugo I de Vermandois, irmão de Filipe I da França, portador do estandarte papal.
Liderada espiritualmente por Ademar de Monteil, legado papal e bispo de Le Puy, a liderança militar era repartida e disputada principalmente por:
§ Raimundo IV de Toulouse, talvez o mais carismático líder no início da expedição, já tinha participado da Reconquista e era acompanhado pelos cavaleiros da Provença e pelo legado Ademar; (era a este Senhor Feudal quem servia Roger, Duque de Lunel)
§ Boemundo de Taranto, líder dos normandos do sul da Itália, velhos inimigos do Império Bizantino, acompanhado pelo seu sobrinho Tancredo de Hauteville;
§ Godofredo de Bulhão trazia um exército da Lorena, juntamente com os seus irmãos Eustácio III de Bolonha e Balduíno de Bolonha, e foi acompanhado por Roberto II da Flandres e os seus flamengos;
§ Hugo I de Vermandois, irmão de Filipe I da França, portador do estandarte papal.
§ Roberto II da Normandia (irmão do rei Guilherme II da Inglaterra) e Estêvão de Blois (neto de Guilherme I de Inglaterra), traziam o contingente do norte da França.
Hugo I de Vermandois comandou o primeiro contingente a chegar a Constantinopla. Saíu da França a meados Agosto e passou pela Itália, recebendo o estandarte de São Pedro em Roma. No caminho, muitos dos seguidores do conde Emico juntaram-se-lhe após a derrota que tinham sofrido contra os húngaros. Ao contrário dos outros exércitos cruzados que viajaram por terra, este atravessou o mar Adriático, partindo de Bari. Mas uma tempestade ao largo do porto bizantino de Dyrrhachium destruíu muitos dos seus navios. Os sobreviventes foram resgatados pelos bizantinos e escoltados para Constantinopla, onde chegaram em Novembro.
Godofredo de Bulhão e os seus irmãos seguiram pela "Estrada de Carlos Magno" como, segundo o cronista Roberto o Monge, Urbano II terá chamado a este trajecto (que passava por Ratisbona, Viena, Belgrado e Sófia). Ao passarem pela Hungria tiveram alguns conflitos com os locais, que já tinham sido atacados pelas diferentes vagas da Cruzada Popular. O rei Colomano exigiu um refém para garantir a conduta correcta dos cruzados, e por isso Balduíno de Bolonha ficou em poder dos húngaros até os seus companheiros saírem deste território.
Depois de mais algumas escaramuças no domínios do Império Bizantino, os bolonheses foram o segundo exército a chegar a Constantinopla, em Novembro, e mais uma vez não conseguiram evitar que as suas forças pilhassem os territórios vizinhos. O imperador Aleixo I Comneno foi forçado a ceder um refém aos cruzados para repor a paz, e o escolhido foi o seu filho e futuro imperador João II Comneno, que foi confiado a Balduíno.
Boemundo de Taranto tinha motivações geopolíticas específicas aos seus domínios para se envolver em uma expedição até territórios bizantinos. Partiu do sul da Itália assim que as primeiras forças francesas passaram pelos seus domínios e chegou a Constantinopla em Abril de 1097.
O mais numeroso dos exércitos, encabeçado por Raimundo IV de Toulouse, era acompanhado pelo legado Ademar de Monteil. Com alguma dificuldade atravessaram a Dalmácia (actual costa croata) durante o Inverno. Ao chegar aDyrrhachium, entraram na estrada romana Via Egnatia, que os levou a Tessalónica e depois a Constantinopla no 21 de Abril.
O último grande contingente, sob as ordens de Roberto II da Normandia, saiu de Brindisi e cruzou o mar Adriático, chegando à capital bizantina em Maio de 1097, dois meses depois da aniquilação da Cruzada Popular.
Com escassez de alimentos, os cruzados acampados às portas de Constantinopla esperavam que Aleixo I Comneno, que tinha solicitado a sua ajuda, alimentasse a vasta multidão, reforçada pelos ainda mais miseráveis sobreviventes da Cruzada Popular. Outros populares pobres, sem equipamento, armas e armaduras adequadas para a campanha militar, tinham acompanhado os vários nobres. Pedro o Eremita, que se juntara à Cruzada dos Nobres em Constantinopla, foi responsabilizado pelo bem-estar destes pauperes, que assim se organizaram em pequenos grupos, geralmente liderados por um nobre também empobrecido.
O imperador bizantino estava apreensivo quanto a esta multidão, frequentemente hostil, que provocara incidentes com os povos dos locais por onde passava, para além da sua experiência anterior com os peregrinos da Cruzada Popular. Para além disso, o seu velho inimigo Boemundo de Taranto liderava parte da expedição.
Pretendendo exercer algum controlo sobre os cruzados, em troca de provisões e transporte para a Ásia Menor, Aleixo exigiu que os líderes da cruzada lhe prestassem um juramento de vassalagem e prometessem entregar ao controlo bizantino todas as terras que conquistassem aos turcos. O braço de ferro entre orientais e ocidentais quase levou a um conflito armado em grande escala na capital do império.
Sem alternativa, a maioria dos líderes sujeitou-se ao juramento, que acabariam por não cumprir. Outros, como Tancredo de Hauteville, recusaram-se terminantemente, e Aleixo acabou por ceder em fornecer provisões e transporte a todos. Raimundo IV de Toulouse terá sido o mais hábil político, evitou fazer o juramento ao prometer vassalagem ao imperador apenas se este liderasse pessoalmente a cruzada. O bizantino recusou, mas ambos se tornaram aliados, partilhando uma apreensão em comum sobre a pessoa de Boemundo.
Para acompanhar os cruzados através da Ásia Menor, Aleixo enviou um exército bizantino liderado por um general chamado Tatizius. Conforme o acordado em Constantinopla, o seu primeiro objectivo era a tomada de Niceia, recentemente conquistada pelos seljúcidas, e agora a capital do Sultanato de Rum. Boemundo de Tarantotornou-se no principal líder da Primeira Cruzada no percurso de Constantinopla a Antioquia. Comandou um cerco algo ineficaz a Niceia, uma vez que não foi possível controlar os movimentos no lago que bordeava a cidade, e por onde esta continuava a poder receber abastecimentos e fazer comunicações.
O sultão Kilij Arslan I, fora da cidade, aconselhou os seus soldados a renderem-se se a sua situação se tornasse insustentável. Temendo que os cruzados saqueassem Niceia e a destruíssem, ou que não cumprissem o seu juramento de lhe entregar as suas conquistas no Levante, durante a noite Aleixo I Comneno negociou em segredo a rendição da cidade ao Império Bizantino. Na manhã de 19 de Junho de 1097 os cristãos latinos surpreenderam-se ao ver o estandarte bizantino nas muralhas da cidade. Proibidos de saquear, só lhes foi permitida a entrada na cidade de pequenos grupos, sob escolta.
Sentindo-se traídos pelos seus aliados, e depois de coagidos a prestar o juramento de vassalagem, a partir deste momento os cruzados começaram a sentir-se sozinhos na sua expedição, sem obrigações para com os bizantinos. Para simplificar o problema dos abastecimentos, o exército cristão dicidiu-se em dois grupos: na vanguarda, Boemundo, Tancredo de Hauteville,Roberto II da Normandia e Roberto II da Flandres, ainda acompanhados de forças imperiais; na retaguarda, Godofredo de Bulhão, Balduíno de Bolonha, Raimundo IV de Toulouse, Estêvão de Blois e Hugo I de Vermandois. Estêvão de Blois escreveu para a sua esposa neste período, dizendo acreditar que a marcha até Jerusalém demoraria cinco semanas. Na verdade, demoraria dois anos, e Estêvão abandonaria a cruzada antes disso.
A 1 de Julho, o grupo de Boemundo foi cercado nas proximidades de Dorileia. Godofredo e mais alguns do segundo grupo vieram em auxílio de Boemundo, mas seriam as forças do legado Ademar de Monteil, provavelmente comandadas por Raimundo de Toulouse, que tornariam a batalha numa vitória decisiva dos cruzados. Kilij Arslan retirou e os cruzados continuaram quase sem oposição através da Ásia Menor, na direcção de Antioquia. Pelo caminho conquistaram algumas cidades - Sozopolis, Iconium e Cesareia Mazaca - apesar de a maioria destas voltar para o domínio turco em 1101.
Em pleno Verão a marcha era difícil, e os cruzados tinham pouca comida e água, pelo que homens e cavalos morriam em grande número. Apesar de ofertas de alimentos e dinheiro que por vezes recebiam de outros cristãos na Ásia e na Europa, os peregrinos viam a sua sobrevivência dependente de pilhagens aos poucos locais com recursos por onde passavam. Ao mesmo tempo, os diferentes líderes continuavam a disputar a primazia militar da expedição. Apesar de nenhum se conseguir afirmar decisivamente, a liderança espiritual era universalmente reconhecida no bispo Ademar de Monteil.
Em Heraclea Cybistra, Balduíno de Bolonha e Tancredo de Hauteville separaram-se das restantes forças, entrando em conflito entre si pela posse deTarso e outras praças que conquistariam aos cristãos arménios, ambos tentando estabelecer os seus feudos no Levante. Mas a situação nunca passou de pequenas escaramuças, tendo Tancredo acabado por continuar a sua marcha para Antioquia.
Depois de se juntar ao exército principal em Marach, Balduíno recebeu o convite de um arménio chamado Bagrat e seguiu para leste, em direcção ao rio Eufrates, onde tomou a fortaleza de Turbessel. Depois recebeu outro convite, desta vez de Teodoro de Edessa, um ortodoxo grego em conflito com a ortodoxia arménia dos seus súbditos. Balduíno foi-se impondo na política deste isolado domínio, depois ameaçou partir para se juntar aos restantes cruzados, obrigando o governante a adoptá-lo como filho e herdeiro. Teodoro foi assassinado a 9 de Março de 1098 e Balduíno sucedeu-o, tomando o título de conde e assim criando o primeiro estado cruzado - o Condado de Edessa.
Os cruzados tinham ouvido o rumor que Antioquia tinha sido abandonada pelos turcos seljúcidas, pelo que se apressaram a tomá-la. Mas ao chegar aos arredores da cidade a 20 de Outubro, verificaram que esta ainda estava ocupada e disposta a oferecer grande resistência, protegida por imponentes muralhas. Para além disso, a cidade era tão grande que os invasores não tinham homens suficientes a cercá-la eficazmente, pelo que foi parcialmente abastecida pelo exterior.
Durante os oito meses do cerco, em que tiveram de combater contra um exército de Damasco e outro de Alepo, os cruzados passaram por grandes dificuldades. Foram forçados a comer até os próprios cavalos ou, conforme as lendas, os corpos dos companheiros cristãos que não sobreviveram. Estêvão de Blois e Hugo I de Vermandois abandonaram esta expedição, acabando depois por aderir à Cruzada de 1101 para cumprir o seu voto. Balduíno de Edessa enviou dinheiro e mantimentos ao exército latino, apesar de não participar pessoalmente na acção militar.
Face às dificuldades do cerco, Boemundo de Taranto viu a ocasião de tomar um domínio para si. Imediatamente ameaçou, com o pretexto da demora, voltar a Itália para trazer reforços, mas as suas capacidades estratégicas e a importância do contingente que o acompanhava eram absolutamente necessárias à cruzada. Por isso foi-lhe prometido tudo o que quisesse para continuar. Entretanto a partida de Tatizius, o representante do Império Bizantino, deu-lhe um pretexto para alegar uma traição, o que podia autorizar os cruzados a considerarem-se livres do seu juramento a Aleixo I Comneno.
Quando chegaram notícias da aproximação de Kerbogha de Mossul, Boemundo pressionou um sentinela arménio, com quem tinha vindo a trocar comunicações, para permitir a entrada de um pequeno grupo de cruzados para abrir as portas da cidade ao exército principal. O plano teve lugar a 3 de Junho de 1098, seguindo-se o massacre dos habitantes muçulmanos da cidade.
Somente quatro dias depois, Kerbogha chegou para sitiar os até ao momento sitiadores da cidade. Devido ao longo cerco a que tinham sujeitado Antioquia, havia pouco alimento e a peste alastrava-se. Aleixo Comneno vinha a caminho para auxiliar os cruzados mas voltou para trás ao ouvir as notícias de que a cidade já tinha sido retomada.
No entanto estes ainda resistiam, moralizados por um monge chamado Pedro Bartolomeu que afirmou ter descoberto a lança do destino, que ferira o flanco de Cristo na cruz. Com este novo objecto santo à cabeça do exército, marcharam ao encontro dos muçulmanos, a quem derrotaram miraculosamente - milagre segundo os cruzados, que afirmavam ter surgido um exército de santos a combater juntamente com eles no campo da batalha.
Boemundo pretendeu tomar Antioquia para um seu domínio, mas nem todos os outros líderes concordaram, particularmente Raimundo IV de Toulouse, e a cruzada atrasou enquanto os nobres criavam partidos e discutiam. Historiograficamente entende-se que os francos do norte da França, os provençais do sul da França e os normandos do sul da Itália se consideravam "nações" separadas no todo do exército, e que cada contingente se unia para ganhar poder sobre os outros. Este pode ter sido um dos motivos para as disputas, mas a ambição pessoal dos líderes terá também tido um peso muito importante.
A tomada de Antioquia
Entretanto, a fome e a peste (provavelmente tifo) alastravam, matando inclusivamente o único líder incontestado e principal unificador da expedição, Ademar de Monteil. Em Dezembro, a cidade de Ma'arrat al-Numan foi conquistada depois de um cerco, seguindo-se o marcante incidente de um novo massacre e do canibalismo dos cruzados aos habitantes locais.
Descontentes, os nobres menores e os soldados ameaçaram seguir para Jerusalém sem os seus líderes mais notáveis. Sob esta pressão, no início de 1099 Raimundo de Toulouse (o mais carismático devido à sua crença no poder da santa lança) liderou a marcha para a cidade santa, deixando Boemundo livre para se estabelecer no seu Principado de Antioquia - o segundo estado cruzado.
Em Dezembro de 1098/Janeiro de 1099, Roberto II da Normandia e Tancredo de Hauteville tornaram-se vassalos do mais poderoso e rico Raimundo IV de Toulouse. Godofredo de Bulhão, apoiado pelo seu irmão Balduíno de Edessa, recusou-se.
A 13 de Janeiro, Raimundo iniciou a marcha em direcção ao sul, descalço e vestido como um peregrino, percorrendo a costa do mar Mediterrâneo. Os cruzados enfrentaram pouca resistência, uma vez que os pouco poderosos governantes muçulmanos locais preferiram comprar uma paz com provisões em vez de lutar. Também é provável que estes, pertencentes ao ramo sunita do Islão, preferissem o controlo de estrangeiros ao governo xiita dos fatímidas.
A caminho encontrava-se o emirado de Trípoli. Em 14 de Fevereiro o conde de Toulouse iniciou o cerco de Arqa, uma cidade deste domínio. Provavelmente, uma das suas intenções seria fundar um território independente em Trípoli que limitasse a capacidade de Boemundo expandir o seu principado para sul. Mas o cerco demorou mais do que o previsto e, apesar de algumas conquistas menores no local, o atraso da cruzada para Jerusalém fez-lhe perder muito do apoio que ganhara em Antioquia.
A cruzada prosseguiu a 13 de Maio, ao longo da região costeira, passando por Beirute no dia 19 e Tiro a 23. Em Jaffa abandonaram a costa e a 3 de Junho alcançaram Ramla, que tinha sido abandonada pelos seus habitantes. No dia 6 Godofredo enviou Gastão IV de Béarn e Tancredo de Hauteville para a bem sucedida conquista de Belém, e a 7 de Junho de 1099 os cruzados chegaram a Jerusalém, acampando no exterior da cidade. O exército cristão ficara reduzido a cerca de 1.200/1.500 cavaleiros e 12.000/20.000 soldados de infantaria, carentes de armas e provisões.
Um padre chamado Pedro Desiderius ofereceu uma solução de fé: afirmou que uma visão divina lhe tinha dado instruções para que os cristãos jejuassem e depois marchassem descalços em procissão ao redor das muralhas da cidade; estas cairiam em nove dias, da mesma forma que a Bíblia relata ter acontecido com Josué no cerco de Jericó. A procissão realizou-se no dia 8 de Julho.
Entretanto, uma frota da República de Génova liderada por Guilherme Embriaco desmantelara os seus navios para construir torres de assalto com a sua madeira, com as quais foi possível derrubar secções das muralhas. O ataque principal ocorreu a 14 e 15 de Julho (uma sexta-feira santa, sete dias depois da procissão). Vários nobres reclamaram a honra de terem sido os primeiros a penetrar na cidade. Segundo uma das crónicas da época, a exacta sequência terá sido Letoldo e Gilberto de Tournai, depois Godofredo de Bulhão e o seu irmão Eustácio III de Bolonha, Tancredo e os seus homens. Outros cruzados entraram pela antiga entrada dos peregrinos.
Durante a tarde e noite do dia 15 e manhã do dia seguinte, os cruzados massacraram a população de Jerusalém - muçulmanos, judeus e cristãos do oriente. Godofredo de Bulhão não terá participado deste aspecto mais violento, Tancredo de Hauteville e Raimundo de Toulouse teriam tentado proteger alguns grupos da fúria assassina, mas na generalidade falharam: a maioria dos relatos só diverge na descrição da quantidade de cadáveres amontoados ou de sangue que escorria pelo chão - segundo um cronista "Nunca ninguém tinha visto ou ouvido falar de tal mortandade de gentes pagãs". A estimativa do número de mortos varia entre 6.000 e 40.000. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Assim que a tomada da cidade foi concluída, era necessário estabelecer um governo. A 22 de Julho, realizou-se um concílio na Igreja do Santo Sepulcro.Raimundo IV de Toulouse foi o primeiro a recusar o título de rei, talvez tentando provar a sua piedade, mas provavelmente esperando que os outros nobres insistissem na sua eleição.
Godofredo de Bulhão, que se tornara no nobre mais popular depois das acções do conde de Toulouse no cerco de Antioquia, aceitou o cargo de líder secular, mas recusou-se a ser coroado rei na cidade onde Cristo usara a coroa de espinhos. O seu título ficou assim mal definido - teria sido Advocatus Sancti Sepulchri (Protector do Santo Sepulcro), princeps (príncipe) ou dux (duque). Raimundo terá ficado desagradado com isto e saiu com o seu exército para acabar por cercar Trípoli.
A 12 de Agosto teve lugar a última batalha da Primeira Cruzada, com a relíquia da cruz na qual Jesus teria sido crucificado (descoberta no dia 5) na vanguarda do exército - em Ascalon, Godofredo de Bulhão e Roberto II da Flandres venceram os fatímidas. Depois disto, a maioria dos cruzados, entre os quais Roberto da Flandres e Roberto da Normandia, considerou os seus votos cumpridos e voltou para a Europa. Segundo Fulquério de Chartres, apenas algumas centenas de cavaleiros permaneceram no reino recém-formado.
Carta da Primeira Cruzada (Roger pertencia ao grupo assinalado a azul claro, proveniente da França). Todos os grupos se reuniram em Constantinopola.
Uau, magnifico mesmo, gosto de aprender quando cá venho.
ResponderEliminarAbraço
Sérgio
ResponderEliminartenho a certeza de que este não será um post fácil e não agradará a muita gente.
Mas basta que meia dúzia de pessoas tenha a mesma reacção que tu, para me sentir compensado.
Abraço amigo.
bravo João, um post muito bom sobre um aspecto histórico de que hoje não se fala muito (e com o qual a história do nascimento do nosso país está muito ligada).
ResponderEliminarquando estive no Cairo fui visitar a cidadela e a mesquita, muito ligadas a Saladino, um dos heróis de todo o mundo árabe (em Damasco, na Síria, vi uma estátua dele). e confesso que fui apanhado de surpresa quando o guia começou a contar a história das cruzadas pela perspectiva 'errada', a dos invadidos, que olhavam para os cruzados como os verdadeiros infiéis.
é sempre muito interessante, e ilustrativo, tomarmos consciência de que a realidade histórica tem sempre duas perspectivas, e que a nossa, não é por ser nossa que é necessariamente a mais correcta.
Acabei de ler, ufff! Agora a sério. Muito interessante, até porque este tema é apaixonante porque mistura religião, política, economia, cultura...
ResponderEliminarÉ um tema sem fim.
Recomendo, também a leitura do livro "As cruzadas vistas pelos árabes" do Amin Maalouf, um outro olhar, o olhar do outro lado, dos infiéis, mas no fim também os vencedores.
Miguel
ResponderEliminarno livro há uma personagem feminina, extremamente interessante, de grande cultura e turca. De certa forma, e em pequenos apontamentos expressa esse ponto de vista dos "infiéis".
E eu, nunca estive convencido, nem agora fiquei, de que as Cruzadas, pelo menos esta Primeira, tivesse unicamente fins de restabelecer o Cristianismo nos lugares santos; muitos outros interesses estavam em jogo.
Abraço amigo.
Lear
ResponderEliminaré preciso fôlego, tens razão. Mas olha que o livro é muito bom e explica muita coisa das Cruzadas, e da época, terrível em que esta decorreu.
Como o mundo, como os homens eram cruéis!!!
Mas havia também sentimentos belos e até a homossexualidade tem um certo relevo, embora de uma forma muito inteligente na sua abordagem.
Abraço amigo.
uau! li, gostei muito, já tinha lido algumas coisas sobre as Cruzadas, mas o teu resumo está muito bom.
ResponderEliminarum parêntesis sobre a Idade Média, a Idade das Trevas. é muito mais que isso: temos a invenção da imprensa, a numeração árabe, o desenvolvimento agrícola, os progressos da Astronomia, da Matemática, os Descobrimentos, as primeiras universidades… enfim, é só procurar na Internet. a influência da Igreja foi enorme, claro, mas não podemos ser assim tão redutores.
e os óculos! foram inventados por essa altura, uma fantástica invenção (eu que o diga, que não passo sem eles) ;)
bjs.
Margarida
ResponderEliminareu não sou redutor; claro que algo se evoluiu durante aquele tempo. Mas foram tempos obscuros, de vivências miseráveis (as vidas dos senhores feudais, não, como é óbvio) com o povo sujo, criminoso e mau.
No seu conjunto, um período negro da História.
Aliás qualquer livro, mesmo de ficção, que tenha cuidados com a reconstituição histórica, mostra isso, como por exemplo "O Nome da Rosa".
Beijinho.
(olha, o nome da rosa pairou sempre no meu raciocínio, lido, dissecado no 11.º ano, visto o filme na aula... as mulheres, o pecado, excepto claro, a maria, a pura...).
ResponderEliminarsim, tenho-o (de umberto eco, tenho também o baudolino para ler, nem de propósito...)
Margarida
ResponderEliminaracho o filme mais de acordo com a minha visão da Idade Média do que o livro.
No filme vê-se que havia imensa gente que podia ser classificada naquele cliché "feios, porcos e maus"...
Beijinho.
Reparei agora que estavas há algum tempo sem escrever cá. Provavelmente a preparar este fantástico post que em muito contribuiu para o meu conhecimento.
ResponderEliminarDe facto as cruzadas são apenas um dos muitos crimes que o ser humano desempenhou em nome da religião. Ainda há pouco tive uma conversa com um amigo religioso sobre o quão arrogante é a igreja católica. Cometeram os piores crimes da história, admitem que estiveram errados em alturas como a da inquisição e das cruzadas... Contudo cometem os mesmos erros uns atrás dos outros, não são capazes de parar 2 segundos e pensar que podem eventualmente também agora estar errados sobre algumas das barbaridades que dizem...
Abraços
André
ResponderEliminareu já tinha uma ideia sobre as Cruzadas e não era positiva.
Com este livro, tudo ficou mais claro e as atrocidades cometidas em nome de Cristo foram inqualificáveis.
Abraço amigo.
Que belo apanhado sobre as cruzadas!
ResponderEliminarMuito bom.
Sobre a idade média existe uma espécie de medo que não sei explicar muito bem. O poder nas mãos do clero, as intrigas e a matança em nome de Deus, era uma arma terrível sobre os fracos. O povo analfabeto e quase sempre faminto era alvo fácil. Foram épocas terríveis nesse ponto.
Quase ainda no início dos tempos.. ainda bem que nasci no século passado!
Abçs
Mz
ResponderEliminarnão é tanto sobre as Cruzadas, pois houve outras também muito importantes; mas essencialmente sobre a Primeira Cruzada, que teve um impacto enorme, por ser a primeira e por ter permitido, com muitas traições, alianças esquisitas e principalmente com imensa selvajaria a chegada de um exército que era uma amostra do que já tinha sido, até Jerusalém, para "expiação dos pecados" de quem lá chegou, uma espécie de "contrato" com Deus...
Beijinho.
Meu querido amigo, em primeiro lugar, parabéns pelo texto e pela ideia do post! :)
ResponderEliminarAs Cruzadas são um período histórico que de forma alguma podemos negligenciar. Muito do mapa político europeu que temos actualmente vem das Cruzadas que se desenrolaram na Europa durante a Baixa Idade Média. Aqui mesmo, na Península Ibérica, temos a formação de Portugal enquanto Estado soberano (com datas divergentes: 1143 - Tratado de Zamora ou 1179 - Bula Manifestis Probatum) intimamente ligado às Cruzadas. Também o Estado espanhol teve a sua formação nas designadas "guerras santas" contra o inimigo, unificando-se em 1492 sob o ceptro dos Reis Católicos.
A influência da Igreja Católica nestas "lutas contra o infiel" é total, mas eu tento sempre analisar sob a perspectiva da época. Os crimes actuais em nome de um fanatismo religioso são bem mais graves do que se nos remetermos à visão medieval. E a matriz cristã na formação de vários dos actuais Estados modernos europeus é inegável. Negá-la seria como negar o próprio oxigénio que respiramos.
Partilho, tal como tu e diversos historiadores, de que a Idade Média foi, sem dúvida, a Idade das Trevas, sem prejuízo dos avanços civilizacionais que surgiram nesse período e que viriam a ser absolutamente essenciais nos Descobrimentos. Foi e é considerada a Idade das Trevas porque - e talvez pela única vez na história da Humanidade - houve um retrocesso civilizacional. Um chamar-lhe-ia um hiato no desenvolvimento humano. O período antecedente, a Antiguidade Clássica, foi bastante mais fecunda a todos os níveis: sociais, civilizacionais, educacionais, artísticos e até mesmo culturais. Um bom exemplo disso é que até os hábitos de higiene, tão estimados pelos gregos e, sobretudo, pelos romanos, foram totalmente abandonados na Idade Média em nome de um fervor religioso intolerável. A nudez simbolizava o pecado. Esses mesmos hábitos só seriam repristinados já em meados do século XIX, com os avanços médico-científicos. Concluindo, os recuos não compensaram, de todo, os avanços. Salvou-nos os Renascentistas e a sua visão esclarecida do papel do Homem no mundo.
Nem será necessário dizer que fizeste uma excelente análise, que primou por não ser exaustiva, mas, para quem quer saber mais, aposto que aguçará - e bem - o apetite.
Forte abraço! ^^
Mark
ResponderEliminaradorei, como já sabia previamente, este teu comentário, ou não fosses dentro da blogo que eu frequento, aquela pessoa com mais bagagem no que respeita às questões históricas.
Por isso era imperioso ter aqui o teu testemunho, que não está, longe disso, muito afastado da minha ideia de ver estes acontecimentos.
Decerto haverá outros livros, tão ou mais importantes do que este para analisar as Cruzadas, num âmbito mais lato; mas no que respeita a esta Cruzada dos Nobres, e vendo-a sob um ponto de vista de um nobre francês que contrapõe não só a sua imensa fé à dos inimigos do Cristianismo, mas também às diferentes correntes que compunham aquele imenso exército, com todas as suas lutas internas pelo poder; e também a sua vida pessoal, eivada de situações muito curiosas, que não fazendo dele um anjo, também o enobreciam como homem.
É um livro que te aconselho vivamente.
Abraço amigo.
Não li ainda.
ResponderEliminarEstou com problemas no meu blogue... pois não sabia que tinhas novo post.
Pensei que estava um pouco parado o whynotnow...
Um abraço, João.
I'm so sorry :(
Pedro
ResponderEliminarnão há qualquer problema.
Não és obrigado, longe disso, a comentar tudo...
Abraço amigo.
João, só queria deixar umas rectificações: onde se lê "Um chamar-lhe-ia" dever-se-ia ler "Eu chamar-lhe-ia"; onde de lê que "os recuos não compensaram, de todo, os avanços", era precisamente o contrário: os avanços é que não compensaram os recuos... Por último, "Salvaram-nos os Renascentistas" e não "Salvou-nos". Digitalizar sem rectificar dá nestas imprecisões. Obrigado! :)
ResponderEliminarUma parte negra da história da Igreja, assim como outras mais recentes e que muito nos envergonham.
ResponderEliminarCristo pregou o amor e a tolerância. Não criou nenhum exercito para defender as Suas ideias nem a Sua mensagem.
As cruzadas foram fruto das guerras que se viviam nesse tempo e que davam o poder material não apenas à Igreja mas aos grandes senhores que dela se aproveitavam.
Condeno esta guerra como todas as guerras e ainda mais por ser promovida e apoiada pela Igreja.
Em muitas épocas a Igreja despiu-se dos verdadeiros valores da sua essência para se fazer num comércio e numa organização política.
Despiu-se da doutrina de Jesus para se colocar ao lado dos ricos e poderosos, matando e maltratando o povo indefeso...
Acredito que Jesus triunfará de todas estas passagens negras desta sociedade de homens que é a Igreja.
Mark
ResponderEliminarpelo sentido viu-se o que querias dizer; não te preocupes.
Abraço amigo.
Luís
ResponderEliminareu nunca condeno Jesus, como é óbvio, das más práticas que se fizeram (e continuam a fazer, de outras formas), em seu nome.
Condeno sim quem defende que a Igreja e os seus representantes nunca erram. As Cruzadas, a Inquisição, a "cristianização" da América, a devassidão do papado renascentista, a pedofilia actual são chagas demasiado grandes para serem esquecidas e muito menos, perdoadas.
Abraço amigo.
Bem, deste cá uma aula de História! Também não tenho uma grande simpatia pela Idade Média, embora confesse algum fascínio.
ResponderEliminarBjs
Teresa
ResponderEliminareu errei os meus estudos; sempre soube que deveria ter seguido História, mas empurraram-me para outros lados...
Beijinho.
Que lição de história, é um verdadeiro prazer perder os olhos por posts assim.
ResponderEliminarUm coelho
ResponderEliminarobrigado; é um prazer para mim, ver algum trabalho que tive neste post, mas que me deu muita satisfação, recompensado com palavras como as tuas.
Abraço amigo.
Esta tua postagem interessa-me e muito! É só um alerta que estou a fazer. Só no fim-de-semana é que vou ter tempo. Só nao queria deixar de colocar o meu apontamento.
ResponderEliminarBeijos
Isabel
Isabel
ResponderEliminaré um livro fabuloso, principalmente para quem gosta de literatura histórica, que é o meu caso.
Beijinho.
Olá, João
ResponderEliminarNem sei por onde começar. Já li o que me deixaste em relação a um comentário que fiz, creio que em relação ao Paulo Portas. Agora, não vou ver. É que, estou a escrever no word porque não consigo pôr acentos quando escrevo directamente no blog. Deve ser burrice minha. Enfim. Já li o excelente apanhado que fizeste sobre as eleições na Europo e gostei do que li. Mas, não vou discutir essa matéria agora. O queria era mesmo dar a minha opinião sobre o a “saga” que aqui deixaste no teu blog. Não, não vou já! Quero, primeiro, dar-te os parabéns sobre a música do dia e dizer-te que o teu blog é dos mais interessante que descobri por aqui. Não digo que é o mais interessante porque terei que ver muito mais e nem sei se a tanto me atrevo. Acredita que antes de ver o teu blog a minha opinião acerca desta matéria ia um pouco na linha da da Filomena Mónica. Diz ela e eu concordo que, salvo raras excepções, escrever em blogs é como escrever nas paredes das casas de banho. Eu sei a que é que me estou a candidatar com o que estou a escrever. Eu explico porque é que concordo com a Filomena Mónica. Acontece que toda a gente quer ser” imortal” e “famosa”. E, então, a nível de escrita, valha-me o “Sagrado Lenho!” Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, tornou-se imperioso e urgente. Detesto muita da literatura caseira que para aí anda. Ora, o teu blog contraria, em todos os sentidos, esta tendência dos “heróis”. És uma pessoa que tem uma cultura geral muita vasta, fazes pesquisas muito cuidadosas e na hora . Eu, sempre que aqui venho, nunca saio como entrei. O meu muito obrigada por todo o enriquecimento que me proporcionas. De certo modo, este preâmbulo enorme vem de encontro ao que te quero dizer sobre as cruzadas. Está tudo na mesma linha. Li, ontem, tudo o que escreveste de fio a pavio, só que já era tarde para te responder. É claro que vou procurar esse livro. Tal como tu, também gosto de ler tudo o que se relacione com história, incluindo os grandes romances históricos. Tenho uma colecção dessa matéria que nem te passa pela cabeça. Dentro do teu tema, posso adiantar-te e até dar-te uma sugestão , pois, a sequência do tema é visível. Refiro-me às sociedades secretas. Tenho aqui, proveniente do Círculo de Leitores, um 1º volume de uma obra que subscrevi. Chama-se “ Sociedades Secretas e Teorias da Conspiração. Comecei a lê-lo ontem e aí encontrei muito do que descreves no artigo sobre as cruzadas: origens, nomes, seitas, ordens , objectivos, etc. Estou a adorar esta leitura , tanto mais que, muitas das ordens militares, de que os cruzados faziam parte, têm ligação com sociedades secretas. Gostei da perspectiva que nos deste e de verificar que a ideia que me foi incutida, quando aprendi esta matéria, aliás os professores de história daquele tempo viravam-se muito para o santo sepulcro, ficando nós com a ideia de que as ordens militares e os cruzados eram compostas por gente pura e de boas intenções. Não digo que não. Mas… O aspecto económico e político não era evidenciado. O importante eram as indulgências conseguidas e o consequente perdão dos pecados. Eu, como sempre fui muito ingénua e crédula, encaixava aquelas tretas todas na perfeição. Por amor de Deus, as chacinas que os cruzados fizeram! Mas, não foi assim que e matéria nos foi pregada. Essa visão adulterada das coisas é uma das razões, há mais, porque ponho em questão muita da nossa história. É por isso que desconfio do Infante D. Henrique e acho que o Infante Santo foi um pamonhas dos maiores. Também não me posso esquecer, por exemplo, de D. Nuno Álvares Perira, nomeado santo, já não sei se pelo papa actual ou se pelo anterior. Então, considera-se santo um homem que matou não sei quantos mil castelhanos? Deus também toma partido? E o mesmo em relação aos cruzados. Não digo que tudo seja mau. Mas… Olha fico por aqui!
Beijinhos
Isabel
Vou experimentar como anónimo.
Isabel
ResponderEliminareu adoro a blogosfera e tenho uma visão muito pessoal dela. Para mim, o meu blog, em que só eu mando, é óbvio, tem que ser acima de tudo um retrato do que sou, do que gosto ou não, de quem admiro, mas com um carácter ecléctico. Não gosto de escrever seguidos, posts sobre assuntos políticos ou pessoais ou musicais; tenho que intermediar...
Assim depois desta análise que fiz sobre as eleições europeias vou pôr uma loucura musical cheia de bichisses e quase com sexo explícito...
Acerca das Cruzadas, claro que concordo inteiramente contigo: a expiação dos pecados era o principal objectivo e não levar o cristianismo a esses locais, mesmo à custa das maiores carnificinas.
Penso mesmo que as Cruzadas serão a maior nódoa do cristianismo logo depois da Inquisição.
Sobre essa série do CL, eu não a comprei pois interessa-me de momento ler outro tipo de livros, mas aconselhei-a ao Duarte, mas ele não quis...
Beijinhos e não fiques chocada com a minha próxima postagem (leva bolinha).
Que venha a bolinha, João! Enviei-te um mail. Não sei se viste. Claro que o teu blog é o teu "mundo".
ResponderEliminarIsabel
Isabel
ResponderEliminaragora já conseguiste enviar como Isabel...
Vi o mail a anunciar o comentário anterior, sim.
Quanto ao próximo post, não é bom, é apenas louco...
Beijinho.
Não sei como consegui, João. Escrevi directamente, ainda que ontem também tenha feito um ensaio para ver se dava e não consegui, mesmo com comentários pequenos.
ResponderEliminarBeijinho para ti.
Fico à espera da tal loucura!
Isabel
Isabel
ResponderEliminarestás a por as expectativas demasiado altas: é apenas uma brincadeira, meio maluca.
Amanhã verás.
Beijinho.
Só um detalhe, eles não lutavam contra os muçulmanos, eles lutavam contra os persas.
ResponderEliminar"Depois de conquistarem os territórios da Península Arábica, os persas tomaram Antioquia, a maior cidade do leste sírio, em 614 d.C., e, a seguir Damasco; sediaram Jerusalém, até dela dela se apoderarem e a incendiaram, pilhando e imolando seus habitantes, além de se apropriarem do Santo Lenho e de o levarem para a Pérsia, depois de arrasarem a Igreja de Jerusalém. Os pagãos de Makkah, jubilosos com a derrota cristã, prometiam derrotar os muçulmanos,povo do Livro divino, Al Corão assim como os Persas derrotaram os romanos, povo do Livro divino, o Evangelho.
Heraclitos não perdeu a esperança da vitória e preparou-se para uma batalha que apagasse a vergonha da derrota. No ano de 622 d.C., os romanos combateram os persas,em território armênio, e venceram a batalha reconquistando, então suas terras.
Estevan
ResponderEliminareste trecho aqui transcrito refere-se ao século VII, enquanto a Primeira Cruzada, de que trata o livro se realizou no final do século XI.
Não sei realmente o que se passou nos locais conhecidos como Terra Santa (Jerusalém), ao longo de quase 500 anos, mas penso que nessa altura, séc XI, já não seriam os persas a dominar essas terras.
Abraço.