«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno de olhos abertos.
E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo…e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»
José Saramago – Cadernos de Lanzarote – Diário III – pag. 148
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Excelente!
ResponderEliminarE o retrato também!
Conhecia, mas sabe tão bem ler de novo.
Abraço amigo, João.
Eu preciso urgentemente de ler mais Saramago.
EliminarNão gostei dele como homem, devo confessar, mas há que não misturar as coisas, pois como escritor admiro-o muito.
Abraço amigo.
Aprendi a gostar de Saramago com o tempo.
EliminarNão foram amores imediatos.
Aliás achava-o antipático e ... lia as obras com reservas.
Mas aderi antes de ser prémio nobel.
Agora releio e gosto.
Mas quem sou eu para falar dele...
Abraço, João.
Pedro
Eliminarele de simpático nada tinha.
Mas é um grande escritor paraquem eu estou numa estranha dívida, que quero reparar em breve.
Abraço amigo.
Discordo. Não há ninguém que não tenha nada de simpático (como não há ninguém que não tenha nada de antipático). E discordo porque o José Saramago tinha muito de simpático. Infelizmente os últimos dois ou três anos têm dado razão a muitas das palavras porque muitos o achavam antipático (não estou a dizer que seja o caso). Vejo agora muita gente que falava (muito) mal do José Saramago (quais cães de Pavlov) citar com bajulação o que disse e escreveu. O José Saramago nunca foi simpático para quem queria ouvi-lo dizer aquilo que ele não tinha para dizer. Porque disse sempre o que pensava. Simpatia significa partilhar o pathos. Não - nesse sentido José Saramago não era simpático para com a maioria das pessoas - porque a maioria das pessoas não podia admitir que partilhava o pathos com José Saramago. Agora a realidade obriga muitas dessas pessoas a sair do seu estado de «cegueira». E José Saramago já se lhes afigura «simpático». Abraço.
EliminarAndré
Eliminarconheces-me há muitos anos e sabes bem a que me refiro. Claro que as palavras "nada simpático", pode para quem não me conheça, i,plicar como um caso de antipatia total, o que não é o caso.
Mas e pessoalmente, não esqueço os seus tempos ditatoriais como director do DN, e os saneamentos radicais que aí efectuou nos tempos do PREC.
E no seu dia a dia, talvez por motivos de feitio próprio era um homem que raras vezes se via sorrir e que não era dado a familiaridades.
Claro que seria simpático para certas pessoas e muita gente o acharia simpático, mas isso n~unca foi algo generalizado.
E da mesma forma que não se deve pôr em causa uma obra por o seu autor ser ou não pouco simpático (por exemplo, tenho razões muito particulares para detestar Ary como pessoa e nunca isso impediu de o admirar como poeta), também na inversa não se deve olvidar uma maneira de ser menos agradável, apenas porque ela pertence a um escritor que admiramos sobremaneira.
Abraço amigo.
Ora nem mais!
ResponderEliminarRosa
EliminarSucinto e acutilante...
Beijinho.
A propósito deste texto do Saramago, relembrei-me deste:
ResponderEliminarhttp://thoughloversbelostloveshallnot.blogspot.com/2011/06/o-fim-da-europa-o-fim-de-um-sonho.html
Perguntaste na altura se estaríamos num beco sem saída...
E cada vez mais acossados. É ripostar(gosto da expressão inglesa para dizer isto, acho-a mais precisa: fight back) ou morrer... Abraço.
André
Eliminarpodes não acreditar, mas não me recordava que tivesses publicado esta frase no teu blog.
Quanto à minha pergunta de então, posso dizer-te que de então para cá, tenho cada vez menos dúvidas...
Abraço amigo.
É um dos escritores a nível mundial, e um dos poucos a nível nacional, de quem mais li.
ResponderEliminarGosto do seu estilo satírico acutilante na análise da natureza pessoal e social dos humanos.
Alex
Eliminarquase me envergonho,mas apenas li um livro dele até agora e um dos publicados póstumamente - Claraboia.
Mas quero recuperar.
Abraço amigo.
A visão de Saramago cada dia mais actual.
ResponderEliminarPrivatize-se...privatize-se... e que se prevatize o que foi privatizado...
Luís
Eliminaré assim que se começa a classificar um escritor como um clássico.
Olha o exemplo do Eça...
Abraço amigo.
Bem verdade :(
ResponderEliminarFeliz Páscoa amigo João
Abraço
Assim é Francisco.
EliminarBoa Páscoa para ti também.
Abraço amigo.
Saramago ainda mais assertivo que Sócrates.
ResponderEliminarUma Páscoa Feliz, João
Abraço
Carlos
Eliminardepende; numa entrevista, e principalmente nas circunstãncias destas, Sócrates não se poderia dar ao luxo de dizer asneiras e não poderia também ser muito mais cáustico do que foi.
Mas aguardemos os tempos de antena...Para já, Cavaco foi arrasado e só isso já é muito bom.
Boa Páscoa.
Abraço amigo.
fausto é um dos meus cantautores preferidos, e, claro, tenho esta na colectânea.
ResponderEliminarsaramago é para ler aos poucos, aprender a gostar. ainda não li o livro que indicas, mas está na lista :)
frase muito apropriada a este momento. a estes momentos, já não aguentamos, a bolha está a rebentar.
boa páscoa.
bjs.
Margarida
Eliminareu já sabia sobre o teu agrado acerca do Fausto e quando resolvi pôr esta música, lembrei-me se ti.
Tens toda a razão sobre a leitura de Saramago - não pode ser de enfiada.
E quanto aos dizeres aqui reproduzidos, eles pecam por escassos, apenas...
Beijinho.
Privatize-se "o raio que os parta!"
ResponderEliminarSaramago não é um escritor que me atraia, li e tenho vários livros dele e nunca me "encheu" as medidas, demasiado caustico, sempre de faca em punho e mal escritos... Gostos (ou desgostos de homem cheio de traumas mas que as colocava nos "outros")! Prémio Nobel "político" digo eu!
Abracinho meu!
Maria Teresa
EliminarSaramago sempre foi polémico e não é depois de morto que se vai transformar em consensual.
Como digo num comentário, nunca gostei dele como pessoa, mas reconheço-lhe valor literário.
Beijinho.
ResponderEliminarA nossa amizade não é privada também?
lol
Foi só para brincar, como bem sabes. Não pretendo discutir políticas com o amigo João.
A nossa amizade é privada e pública e nada tem a ver com ideologias políticas.
EliminarAbraço amigo.
Eu nao o conhecia... mas que perfeita síntese!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarObrigado!!!!!!!!
Ricardo
Eliminarnão conhecias Saramago ou este trecho?
Saramago é só, junto a Fernando Pessoa o escritor português mais conhecido de sempre.
Quanto à frase é cáustica e bem adequada à sua orientação política, já que era filiado no Partido Comunista Português; mas hoje em dia esta maneira de pensar está generalizado em toda a esquerda portuguesa, e não só...
Beijo.
Estou a privatizar tudo o que é meu... mas ainda não tive ofertas tentadoras.
ResponderEliminarE dificilmente aparecerão, Catso.
EliminarAbraço amigo.
Também gosto muito de ler Saramago.
ResponderEliminarAs palavras, são claramente a sua ideologia política, mas poderíamos perguntar também: "E que tal nacionalizar a puta que os pariu a todos?"
Abraço
Sad
ResponderEliminarna actualidade destasua frase está o principal interesse, com evidência paraa privatização dos Estados e a consequente e final sugestão...
Abraço amigo.
Saramago, comunista, ateu, homem de ideais fortes, amado por uns e odiado por outros. Gostei de alguns livros seus, nomeadamente "A Jangada de Pedra", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Caim". Li o "Memorial do Convento" por obrigação, no 12º ano, e na altura não gostei nada. Hoje reconheço a grandiosidade da obra.
ResponderEliminarabraço.
Mark
Eliminaré curioso o que dizes sobre o "Memorial do Convento", mas isso é perfeitamente natural.
Tudo oque nos obrigam a fazer não nos dá a satisfação das coisas que fazemos por vontade própria.
No caso dos livros que faziam parte do programa curricular da disciplina de Português, no meu tempo(...)era apenas um - os "Lusíadas" e eu detestava analisar uma obra daquelas em termos quase apenas gramaticais (dividir orações e coisas do género).
Só depois surgiram os livros que tinham como objectivo despertar o interesse pela leitura, mas que eram vistos de uma forma demasiado interpretativa e emborade autores verdadeiramente importantes do panorama literário português (Pessoa, Eça, V.Ferreira, Saramago) lá estava a tal "obrigação", que por vezes conduzia precisamente a efeitos opostos aos propostos.
Abraço amigo.
Votos de uma serena Páscoa, João!
ResponderEliminar(Gosto de Saramago, e a caricatura 'retrata-o' bem!)
Fragmentos
Eliminarretribuo e agradeço os votos de uma boa Páscoa (molhada).
Sim, esta caricatura está extremamente feliz.
Beijinho.
Adorei o remate final...e penso que é disso mesmo que a sociedade portuguesa está a precisar! O meu receio é o que virá depois...Dizem que para melhor, muda-se sempre. Quando a mudança não vai levar a lado nenhum, o que se faz?
ResponderEliminarAbraço amigo.
Kuma
ResponderEliminartodos nós temos consciência que algo vai acontecer e penso que será mesmo muito em breve. Se o Tribunal Constitucional, como parece ir acontecer, chumbar algumas e importantes decisões contidas no OE, algo tem que ser feito e de imediato pelo actual governo e isso pode ser já esta semana.
O futuro? Sempre e em todos os cenários, muito complexo, mas não definitivamente a bancarrota, pois a UE, principalmente os países da zona euro não se podem dar ao luxo de consentir que um dos seus membros saia do euro, pois sabem que isso é o princípio do fim da moeda única, quer venha de Portugal, de Chipre, da Grécis ou de onde quer que venha...
Por outro lado no final de Abril vai haver um congresso do PS que será muito importante e não só para os socialistas. O regresso de Sócrates veio mudar muita coisa e embora não creia que ele pessoalmente vá querer retomar o comando do partido poderá bem fazê-lo por interposta pessoa, já que Seguro não é solução.
A ver vamos...
Abraço amigo.
O Saramago tinha razão em muito do que dizia e pensava.
ResponderEliminarEsta onda privatizadora ultraliberal está a destruir a Europa, começando pela periferia mas estendendo-se mais tarde ou mais cedo ao centro. Vamos a caminho de algo que não sabemos o que vai ser, mas certamente não se afigura que seja algo de bom. Se os povos não tomarem os destinos nas suas mãos - e não acredito que o façam - não sei onde vamos parar.
Entretanto, para entreter o povinho, vai-se dando algum folclore para animar e sobretudo distrair. Com papas e bolos se enganam os tolos!
Abraço de amizade.
Lear
Eliminarcompletamente de acordo; sempre tive um medo de morte dos liberalismos excessivos, ou melhor de todos os excessos.
E o Saramago soube adivinhar o futuro...
O que virá aí???
Abraço amigo.
graças a deus, ao Saramago (que até era ateu, e fazua gala disso) nunca lhe doeu a língua nem os dentes. faz muita falta, nestes tempos tão cabisbaixos.
ResponderEliminarMiguel
Eliminarnesse campo, tens toda a razão.
E não há substitutos...
Abraço amigo.
lol
ResponderEliminarn podia ser mais direto ;)
Absolutamente, Paulo.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Saramago gerava polémica por dizer a verdade. Verdade e simpatia nunca andaram lado a lado. Beijinhos
ResponderEliminarMary
ResponderEliminarisso está correcto, mas por outro lado há factos (e feitios) que ultrapassam a verdade que ele sempre defendeu, e bem.
Não pooso concordar nunca com a sua "limpeza" dos quadros do DN, quando na altura do PREC foi director do jornal. Muito ao estilo estalinista da época.
Beijinho.