Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem a sua família tinham dinheiro para pagar os seus estudos.
Antes de dirigir filmes, foi funcionário da companhia telefónica estatal, fez banda desenhada, actor de teatro avant-garde e cantor de uma banda de rock, na qual participava travestido.
Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Óscar de melhor realizador.
Publicamente homossexual, os seus filmes trazem a temática da sexualidade abordada de maneira bastante aberta.
O seu ano de nascimento é incerto, sendo por vezes divulgado como 1949 e outras vezes como 1951 .
Um dos mais premiados realizadores da história do cinema, venceu dois Óscares, dois Globo de Ouro, quatro BAFTA, quatro prêmios do Festival de Cannes e seis Goya, a honraria máxima do cinema espanhol. É indiscutivelmente o mais consagrado realizador espanhol dos últimos anos e um dos grandes nomes do cinema europeu.
Dirigiu os seguintes filmes:
-Pepi, Luci, Bom e outras tipas do grupo - 1980
Labirinto de Paixões – 1982
Negros Hábitos – 1983
Que fiz eu para merecer isto – 1984,
sendo que se pode chamar a estes quatro filmes, a sua fase “kitsch”
Matador – 1986
A Lei do Desejo – 1987
Mulheres à beira de um ataque de nervos – 1988,
considerando estes três filmes como a sua consagração internacional
Ata-me – 1990
Saltos Altos – 1991
Kika – 1993
A flor do meu desejo – 1995
Em carne viva – 1997,
e nestes cinco filmes atingiu Almodóvar a sua maturidade artística.
Tudo sobre a minha mãe – 1999
Fala com ela – 2002
Má educação – 2004
Voltar – 2006
Abraços desfeitos – 2009
A pele onde eu vivo – 2011,
e aqui, estão os grandes filmes do realizador
Os Amantes Passageiros – 2013.
uma diversão almodovariana
Aproveitando a estreia do mais
recente filme de Almodóvar (Os Amantes Passageiros), o cinema King programou um
ciclo com alguns dos seus principais êxitos. E assim deu-me oportunidade de ver
além do filme de agora, os três filmes que me faltavam ver do realizador manchego:
Em carne viva, Abraços Desfeitos e A pele onde eu vivo.
“Em Carne Viva” é um curioso filme, em que Almodóvar toca na questão política da Espanha de Franco e na Espanha democrática, de início, e onde vem ao de cima a maestria com que ele transpõe para a tela um drama original de um romance banal – amores, ciúmes, crimes e muito bom cinema, com um Bardem em grande forma e um jovem actor lindo de morrer, Liberto Rabal (filho de Paco Rabal).
“Abraços Desfeitos” foi um dos mais caros e complexos filmes do realizador, com constantes mutações entre o passado e o presente, com uma deslumbrante Penélope Cruz e um grande actor, Lluís Homar, num drama sobre um escritor que cega devido a um acidente, e ao seu grande amor.
“A Pele onde eu vivo” é a primeira incursão de Almodóvar no cinema de terror, e o regresso de António Banderas (em grande estilo), num filme surpreendente e absolutamente brilhante.
Finalmente “Os Amantes Passageiros”, embora seja um filme menor, não deixa de ser, e no melhor sentido um filme de Almodóvar, um “fait-divers”, em que ele e os seus actores se devem ter divertido imenso. Todo filmado dentro de um avião, não é claustrofóbico, devido ao seu humor, e é curiosamente o primeiro filme absolutamente gay de um realizador assumidamente gay. Javier Câmara, demonstra aqui que é um actor de eleição, e este filme pode ser considerado uma metáfora aos actuais tempos de crise.
“Abraços Desfeitos” foi um dos mais caros e complexos filmes do realizador, com constantes mutações entre o passado e o presente, com uma deslumbrante Penélope Cruz e um grande actor, Lluís Homar, num drama sobre um escritor que cega devido a um acidente, e ao seu grande amor.
“A Pele onde eu vivo” é a primeira incursão de Almodóvar no cinema de terror, e o regresso de António Banderas (em grande estilo), num filme surpreendente e absolutamente brilhante.
Finalmente “Os Amantes Passageiros”, embora seja um filme menor, não deixa de ser, e no melhor sentido um filme de Almodóvar, um “fait-divers”, em que ele e os seus actores se devem ter divertido imenso. Todo filmado dentro de um avião, não é claustrofóbico, devido ao seu humor, e é curiosamente o primeiro filme absolutamente gay de um realizador assumidamente gay. Javier Câmara, demonstra aqui que é um actor de eleição, e este filme pode ser considerado uma metáfora aos actuais tempos de crise.
Não queria deixar de falar na
influência que as mulheres têm na filmografia de Almodóvar, e isso reflecte-se
nas “suas” actrizes: primeiro Carmen Maura, depois Vitória Abril, Marisa
Paredes e ultimamente Penélope Cruz.
Também a referência duas actrizes
de composição muito queridas a PA – Chus Lampreave e Rossy de Palma.
a Chus Lampreave e a Rossy são fabulosamente almodovarianas.
ResponderEliminarpostos assim em listinha, vi todos os filmes do realizador, e penso que o Carne tremula foi o único que nunca vi em cinema, apenas em dvd, todos os outros, até os da fase kitch, como lhes chamas, vi no cinema :)
ainda sobre a lista, acho que Todo sobre mi madre e Habla con ella, são as obras-primas do Almodovar.
e gostei muito da tua análise aos filmes que viste agora, e da forma como foste simpático para o Amantes Pasajeros.
acho que o PA é um dos realizadores da minha vida, nao apenas no sentido de ser um dos jmeus favoritos, mas também no de que me acompanhou ao longo da vida.
Miguel
EliminarAlmodóvar é mesmo o mais recente dos meus realizadores, como o foram no passado, o Bergman, o Fassbinder, o Visconti, o Felinni, no sentido de que não consigo não gostar de qualquer dos seus filmes. Curiosamente são todos cineastas eurupeus; isso não significa que não aprecie muito certos directores americanos, quer clássicos, quer contemporâneos.
PA nunca me desilude e além do mais tem-me dado a conhecer actores e principalmente actrizes que nunca conheceria sem ele.
Também considero os doisfilmes de que falas como as suas obras-primas.
Em Portugal, como aliás quase em todo o lado foram os dois filmes (Matador e principalmente A Lei do Desejo), que iniciaram a sua exibição comercial, recuperando os quatro primeiros filmes, que são delirantes.
Quanto à Chus e à Rossy, são entre outras, aquelas actrizes que criam actuações a que bem chamas almodovorianas, no sentido em que antes dele apenas posso referir Felinni, onde há personagens que só podem ser adjectivadas como felinianas...
Gostei muito, mesmo muito, destes três filmes que ainda não conhecia dele.
Abraço amigo.
Grande post sobre um dos meus realizadores favoritos! Ainda não vi o último, mas estou curioso... lol
ResponderEliminarJoão
Eliminartens que ir ver este último filme, na pré-disposição que não vais ver uma obra-prima. É Almodóvar puro e isso basta para quem gosta da sua forma de fazer cinema.
E depois, é delirantemente gay, com situações que só ele nos poderia transmitir.
Javier Cãmara está "como peixe na água", claro, como estarão possívelmente outros intérpretes, mas JC sabe-o fazer com uma mestria tão grande como demonstrou por rxemplo no "Falacom ela", num registo absolutamente diferente.
Abraço amigo.
Adoro o "Negros Hábitos" e o "Que fiz eu para merecer isto".
ResponderEliminarEolo
Eliminartambém gostei muito desses dois filmes. Enquanto "Negros Hábitos" é o seu filme mais transgressor (arrasa a Igreja completamente), nunca poderei esquecer a cena inicial de "Que fiz eu para merecer isto", passada nos chuveiros daquele balneário. Uma cena de sexo brutal com a Carmen Maura fabulosa, como mulher de limpezas e aquele "pedaço de homem" que a possui daquela maneira...Bolas, foi um sufoco!
Abraço amigo.
a pele onde eu vivo foi o último que vi dele (aliás tenho-o gravado, pedi a uma amiga, que eu não percebo nada disso, e adorei, o banderas está espectacular).
ResponderEliminarbjs.
Margarida
Eliminaré um recomeço dos grandes filmes de Almodóvar,sem dúvida. Um argumento fabuloso, muito bem trabalhado com a sua nova técnica de misturar o passado com o presente e com a "recuperação" de um Banderas, muito estragado pelo cinema americano, mas que com PA volta a brilhar.
E não pude evitar lembrar-me daquele rapaz maravilhoso que ele nos mostrou no "A Lei do Desejo".
Beijinho.
O Almodóvar é homossexual?!
ResponderEliminarPronto, acabei de ganhar o prémio máximo da ignorância.
Obrigado pelo galardão João!
Ribatejano
ResponderEliminarque ideia, claro que não. Nem ele nem tu...
Abraço amigo.
Eu não tenho categoria para esse termo tão pomposo.
EliminarRibatejano
Eliminartu lá sabes...
Cada um sabe de si...
Abraço.
Adorei o último filme...
ResponderEliminarfartei-me de rir :)
Abraço amigo
Eu também ri a bom rir, Francisco.
EliminarAbraço amigo.
Conheço algumas obras dele e como disseste as mulheres têm grande importância nos filmes dele. Foi quem lançou a Penélope. Beijinhos
ResponderEliminarMary
Eliminarsim, foi ele, no filme "Tudo sobre minha mãe" fazia de freira laica que engravida; um grande papel.
Mas foi já depois de ela ser uma conceituada actriz, e de volta a Espanha, que ele lhe dá o grande papel da sua carreira em "Volver".
Mas Carmen Maura foi a sua (de PA)primeira grande musa, e que depois de uma grande ausência voltou a trabalhar com ele também nesse filme (Volver).
Beijinho.
Ora aqui está um dos meus realizadores favoritos! Almodóvar! Excelente homenagem, a tua!
ResponderEliminarComecei a vê-lo em 'Mulheres à beira de um ataque de nervos'! Adorei! Desde aí, suponho que vi quase todos! Uma ironia muito satirizante, mas sadia! Uma temática bastante alargada até há poucos anos.
Os mais tocantes? 'Tudo sobre minha mãe' e 'Fala com ela'. 'A pele onde vivo' aborda uma temática que me toca: a ética na ciência.
Quanto a este último, saí decepcionada. Enredo pouco consistente, algumas cenas menos felizes. Mas continua a ser grande!
'Piensa en mi' interpretado por Luz Casal, dos mais belos temas da sua filmografia (se não me engano do filme 'Tacões Altos')
Fragmentos
EliminarMuita gente "entrou" no Almodóvar com esse filme, talvez por ter ganho o Óscar do melhor filme estrangeiro nesse ano, mas no meu caso, fui tocado pelo seu toque de classe, primeiro no "Matador", mas principalmente pela "Lei do desejo". Só depois vieram "As mulheres..."
Por essa altura Almodóvar gostava de começos de filme especiais e o início de "A Lei do Desejo" é fortíssimo, com duas vozes off (ele e o irmão) a dirigirem uma cena filmada, com um rapaz a masturbar-se numa cama. Foi também nesses dois filmes que ele lançou Banderas, que era mais que um actor belo, um belo actor.
Quanto aos mais tocantes, estamos inteiramente de acordo. Nestes dois filmes, PA atinge a perfeição. Há cenas nestes dois filmes que não esquecem nunca mais, como a "performance" de Antónia San Juan, a distrair o público, quando Marisa Paredes está pedrada, no "Tudo sobre a minha mãe"" e os momentos musicais e dançados do "Habla con ella", a cargo do Caetano Veloso (Cucurucu Paloma) ou da Pina Baush, respectivamente.
"A pele que habito" é um tema muito complexo e que toca um assunto muito delicado, a transgénese, de uma forma arrepiante.
Este último, eu não lhe chamo uma decepção, mas sim uma diversão, e tu dizes tudo quando referes que continua a ser Almodóvar...
Tens razão no que toca à música. Esta e outras canções de Luz Casal são do filme "Saltos Altos". Aliás PA sempre colocou canções fabulosas em cenas fundamentais dos seus filmes.
Ainda agora reparei nisso no filme que vi pela primeira vez "Carne Trémula".
Enfim, eu poderia estar horas e horas a falar sobre Almodóvar e os seus filmes.
É daqueles realizadores qie não se estranha, entranha-se logo à primeira; e depois é como as pilhas Duracell: dura, dura, dura...
Beijinho.
O Almodovar é um realizador de que gosto bastante e que conheço bem. Acho que vi tudo o que realizou e embora goste mais de uns filmes do que de outros, sempre o achei um realizador muito interessante,com um universo muito próprio e nesse sentido pode ser considerado um autor. Reconhece-se um filme dele a léguas. Isto para dizer, que com este último filme, me decepcionou de uma forma que eu próprio fiquei chocado. É taaaaão mau, tão sem graça e tão pobrezinho, que nem sei o que dizer. Ele consegue reunir num único filme o pior do seu universo, os tiques, a histeria, o decorativo barato, enfim... espero que a inspiração lhe volte rapidademente
ResponderEliminarEsta é a minha opinião, mas vejam porque não há nada como fazerem o vosso próprio julgamento.
Abraço.
Arrakis
ResponderEliminarconcordo com tudo o que dizes do Almodóvar, é óbvio.
Quanto aos "Amantes Passageiros" acho que depende muito da forma como se vai ver o filme. Se se vai à espera de um Almodóvar ao estilo dos seus grandes êxitos, claro que se fica decepcionado.
Mas, e basta ver o trailer, se vai com a motivação de ver um filme gozão e com actores excelentes, claro que não saímos a dizer que é uma maravilha, mas nunca é uma decepção e muito menos um choque.
Só para ver e apreciar Javier Câmara, já vale a pena.
E claro que este filme é, na minha opinião, um "fait-divers" na sua carreira, algo que fez com gosto, e não lhe faltará inspiração para voltar aos seus grandes temas.
Abraço amigo.
Não vi todos os filmes, e tenho pena de não ter apanhado esse ciclo, porque gosto de ver Almodovar no cinema.
ResponderEliminarEmbora tenha em conta a vossa opinião, quero ver este filme.
Abraço
Sad
Eliminaracho que fazes tu muito bem; nada como ter opinião própria.
Abraço amigo.
Só para dizer que adoro essa música da Luz Casal ...adorei esse filme, adorei e adoro a Marisa Paredes.
ResponderEliminarAliás ... essa música da Luz Casal emociona-me mesmo, acho maravilhosa.
Brama
ResponderEliminartens toda a razão em ambas as coisas.
Esta música da Luz Casal é maravilhosa (já a dediquei ao meu namorado) e quanto à Marisa Paredes é assombrosa - uma Senhora Actriz.
Abraço amigo.
O primeiro filme que vi do Almodôvar foi o "Mulheres à beira de um ataque de nervos" e desde aí tornei-me adicto dos filmes dele, só não tendo visto os últimos, pecado esse que espero ver resolvido. Tenho de os ver obrigatoriamente. Além de um bom e transgressor realizador, temos óptimas actrizes e actores. O cinema europeu no seu melhor. Isto, quando o que mais nos querem enfiar pelo cérebro dentro são xaropadas americanas.
ResponderEliminarLear
Eliminarhouve muita gente que iniciou o seu contacto com Almodóvar com esse filme.
Quanto aos mais recentes filmes de PA tens mesmo que os ver pois sãó essenciais.
Eu tinha a lacuna de três e adorei-os e só não percebo porque os não vi logo...
Quanto ao último, para um almodovariano convicto é também obrigatório, mesmo que seja um filme "diferente"...
Abraço amigo.
Eu gostei do Má Educação, e guardo bons momentos de Negros Hábitos (são importantes ensaios sobre a hipocrisia da igraja católica). Não conheço a sua lista completa de filmes. É um universo-autor muito particular, que considero ser um espelho da sua cultura e da forma de ser dos espanhóis (pouco ou nada inibidos de se expressarem, por vezes de forma exuberante)
ResponderEliminarAlex
Eliminargostei ainda mais do "Negros Hábitos" do que do "Má Educação", embora ambos ponham em cheque, como referes a hipocrisia da igreja católica; mas no segundo, é uma questão mais comum, e que acontece muito em Espanha e em Portugal também, nos colégios de padres. Ao passo que "Negros Hábitos" é deliberadamente e exemplarmente transgressor...
E concordo, penso que já o Arrakis tinha referido isso que PA mais que um realizador é um autor.
Claro que teve a sua época de imenso sucesso que coincidiu com a MOVIDA madrilena de que ele foi uma das faces mais conhecidas. Curiosamente é depois dessa MOVIDA ter acalmado que ele fez os seus melhores filmes.
Hoje pode já considerar-se um realizador de culto.
Abraço amigo.
Sou fã incondicional de Almodovar, mas ainda não tive tempo para ir ver o seu último filme...
ResponderEliminarJustine
ResponderEliminareste último filme de Almodóvar tem sido alvo de críticas muito más.
Eu sei que está muito longe de ser um bom filme, mas também não é um "barrete" e não o é decerto para os fãs incondicionais do realizador, se eles forem ver o filme não com altas expectativas, mas sim um filme meio amalucado, completamente gay e bastante divertido.
E depois tem o Javier Câmara e a Cecília Roth...
Beijinho.
Também ainda não fui ver o seu último filme mas espero divertir-me :)
ResponderEliminarAbraço amigo.
João
Eliminarpodes ter a certeza que te divertes, hehehe...
Abraço amigo.
É um dos meus realizadores favoritos. O seu estilo é inconfundível. "Má Educação" marcou-me profundamente.
ResponderEliminarabraço.
Mark
Eliminartambém gostei muito do "Má Educação", um dos filmes que ajudou a catapultar o Garcia Bernal para a ribalta dos grandes autores mundiais.
Abraço amigo.