quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um vídeo e um livro

Estava-me a preparar para deixar aqui uma postagem sobre um daqueles livrinhos da sempre interessante colecção “& etc”, que acabei de ler, da autoria de José António Almeida, do qual já tinha lido da mesma colecção outro livro, só de poesia – “Obsessão”, quando vi  aqui, um vídeo que me assustou e repugnou, com uma entrevista a uma tal Drª. Madalena Fontoura, presumo que seja psicóloga e que não resisto em trazer aqui e para o qual peço a vossa especial atenção, já que entre outras preciosidades, esta doutora afirma que é normal as crianças terem pequenos desvios quando são pequenas e ficam com a ideia de que são homossexuais, e depois muito mal influenciadas por adultos pérfidos acabam por entrar nesse mundo, de onde saem fragilizados e que têm dificuldade em sair dele…mas conseguem, claro, com a ajuda de pessoas esclarecidas como ela.

 Em comparação, José António Almeida, apresenta-nos neste seu livro, de nome “O Casamento sempre foi gay e nunca triste”,
uma primeira parte com alguns pequenos textos em que procura explicar a problemática de ser ao mesmo tempo homossexual e católico, nos tempos de uma Igreja conservadora e retrógrada, aliás na linha das três grandes religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo.
Escolhi um texto que me parece muito correcto e que a drª. Madalena Fontoura deveria ler para tentar perceber porque é que ela é tão ignorante.

 “Um homossexual tem de abrir dentro e fora de si um espaço para poder ser. Esse espaço interior de construção de si mesmo e essa projecção de um mundo de possibilidade fora de si exigem-lhe recursos extraordinários. Enquanto os heterossexuais encontram um mundo pronto-a-vestir, os homossexuais têm de construir a estrada para poder circular, essa via que lhes permita avançar na direcção do futuro. Esta ausência de perspectivação do futuro creio que é o maior problema com que se deparam os adolescentes que se descobrem com uma orientação sexual diversa da maioritária. E como podem falar livremente de homossexualidade num mundo social, familiar e religioso onde a homossexualidade era ainda em tempos muito recentes um tabu ou um assunto marcado com o ferrete da ignomínia? E, sobretudo, como falar disso no meio de desertos de intensa solidão afectiva? Como viver de escassa meia dúzia de carícias e de beijos trocados em noites que, para o mundo dos outros, nunca existiriam?”

 Note-se que José António Almeida é um poeta e o resto deste pequeno livro é preenchido com alguns poemas, que e na minha opinião, estão num patamar inferior às reflexões que deixa anteriormente nos textos que escreve.

41 comentários:

  1. Gostei muito deste post :)

    Abraço amigo João

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    1. Olá Francisco
      ainda bem que gostaste.
      Nãó é uma postagem apelativa, antes pelo contrário, mas o que me interessa é que as pessoas pssem, leiam e vejam o vídeo.
      Abraço amigo.

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  2. Peço desculpa, João, por no teu post estar a citar palavras do vídeo que colocaste:
    Entrevistador: "Isso significa que a homossexualidade é uma espécie de auto-ilusão ou de auto-hipnose em que a pessoa, ao julgar encontrar aí a sua verdadeira identidade, está de facto a camuflá-la e a viver uma identidade outra?"
    Psicoterapeuta(?): "É, parece-me muito uma teia de enganos. Pode-se dizer com essas palavras que disse, auto-ilusão, auto-hipnose. Eu diria que é um engano em cadeia, e este meio [homossexual] é um bocadinho persecutório, um meio onde há muita chantagem emocional."

    Pensando bem, foi a religião católica que nos impôs estas noções dualistas de nós e os outros, de bem e de mal. Por isso, não é de espantar que esta senhora não consiga entender que existem variantes no campo da sexualidade. Para ela, quem não é heterossexual não regula bem da cabeça.

    Mas a verdade é que entre o branco e o preto existem, como diz o livro muito popular mas também "pouco católico", fifty shades of grey! Não compreendo como é que ainda existem homossexuais católicos...

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    1. João
      no que respeita à Psicoterapeuta, completamente de acordo com a tua conclusão. Mas no que respeita à relação com a religião há que fazer alguma distinção, pois se há uma relação directa e nefasta entre a religião e a não aceitação da homossexualidade, penso e tenho para referência o meu caso, que agrega simultâneamente uma aceitação total da minha condição de homossexual com uma continuidade da minha aceitação de ser cristão; o que não aceito e condeno veementemente á a posição da Igreja de Roma, profundamente retrógrada não só neste campo como noutros que todos conhecemos - aborto, preservativos e outros. A minha religiosidade mantem-se e não entra em confronto com a minha sexualidade, pois eu trato da minha religião directamente com Deus e na Bíblia há alguns exemplos de "contenção" em relação à homossexualidade (David e Jónatas, por exemplo).
      Daí eu compreender a posição de José António Almeida, embora não seja fácil essa coexistência.
      Abraço amigo.

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    2. Compreendo que haja homossexuais religiosos como tu, João, o que não compreendo é que haja homossexuais católicos (os que seguem e acreditam nos preceitos da igreja católica). Como diz a Patricia Nell Warren em "The Front Runner", "Não acredito que Jesus tivesse mais compaixão por ladrões do que por gays..."

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    3. João
      por esse motivo eu distingui o catolicismo do cristianismo.
      Abraço amigo.

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  3. “O caminho faz-se caminhando” como diria F. Pessoa. Faz-se caminhando, porque não há caminho, porque este só se faz ao caminhar, palavras sábias de António Machado, poeta Espanhol."

    Eu cito este trecho porque me pareceu apropriado. E a Homossexualidade est´a a fazer o seu caminho com muita luta e ja com algumas conquistas feitas. O nosso pais acordou tarde para esta realidade,contudo penso que tem um caminho de progresso contra o este preconceito.

    Veja-se como a mulher lutou anos para conseguir algumas conquistas e algumas delas adquiridas recentemente,como o voto, a ausencia para outro pais sem a autorizaç~~ao do marido.

    Uma luta constante e um caminho que se faz porque existem pessoas que com convicç~~oes.

    Um abraço,
    Mz

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    1. Mz
      no que respeita a leis, o processo de aceitação dos direitos LGBT tem realmente dado passos importantes e coloca-nos, numa posição privilegiada em relação à maioria dos países do mundo (nalguma coisa positiva devíamos ser excepção). Mas o problema é a questão das mentalidades e aí o atraso nosso é tão grande como noutros países, pois alguma aceitação popular vai contra a "doutrina" expressa por esta senhora e outras opiniões de pessoas que têm responsabilidades e cultura para não serem tão primários nas suas considerações.
      Beijinho.

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  4. Também gostei.
    O excerto é impecável, muito acutilante, tocando no mais profundo e humano dilema de um jovem ou menos jovem homossexual, que é o da identidade.
    Confesso, não vi o vídeo. Eu entendi, recentemente, que melhor para mim é ignorar ignorantes. É uma questão médica de cuidado pessoal.

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    1. Alex
      quanto ao excerto, ele foi logo na primeira leitura que fiz, uma opção para colocar aqui.
      Fazes mal em não ver o vídeo, pois nós devemos sempre conhecer a argumentação de quem nos combate, para estarmos à altura de contra argumentarmos.
      Abraço amigo.

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    2. Ahah! Achas mesmo capaz de iluminar um ignorante dogmático, incapaz de se questionar? É a mesma balela que tentar converter um gay. Just a HUGE waste of time!

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    3. Alex
      eu não quero discutir com pessoas do calibre desta tipa, mas gosto de saber as suas "teorias" para as poder usar em discussões eventuais com "homofóbicos clássicos", caso me seja dada essa oportunidade.
      Abraço amigo.

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  5. Quase consegue ser cómico.
    Muita pena das pessoas que lhe vão parar as mãos. que lavagem cerebral....

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    1. Rapaz blogger
      eu não consigo achar cómico, antes muito trágico, pois pode influenciar negativamente a opinião pública.
      É que ela, como outros responsáveis, é uma das pessoas que acredita piamente de que os homossexuais poderão ser "recuperados" para a heterossexualidade, o que é um absurdo.
      Abraço amigo.

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  6. 1. Oferecer-lhe uma viagem para conhecer a catedral de Notre-Dame de Paris e juntar uma pistola belga ao prémio.

    2. Eu não vi o vídeo e já me cansa te der andar a justificar a (minha) Natureza contra bestas...
    Tanto mais que a teoria tem pés de barro e e falha como a velha pergunta do ovo de da galinha: para as criancinhas serem levadas na conversa de adultos pérfidos, alguém teve de levar estes adultos também na conversa? Terá sido deus, o gajo que andou cá primeiro do que todos?

    3. E sim, não há pachorra para gays católicos... ou gays que acreditem em qualquer religião que não os aceite.

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    1. Amei.
      Onde está o blogue deste gajo?

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    2. Alex
      Infelizmente o Nuno resolveu acabar com o blog que era dos meus, pois dava origem a comentários e comentários aos comentários, já que ele gosta de discussão. Se estivesses no jantar conhecê-lo-ias pessoalmente já que ele vai estar presente.
      Abraço amigo.

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  7. Nuno
    pode ser a Notre-Dame de Paris ou outra qualquer, pois os homofóbicos não têm que se matar todos no mesmo sítio.
    Apesar de tudo deves ver o vídeo, pela razão que apontei atrás.
    Os problemas da religiosidade das pessoas são muito intimos e complexos e não podemos ser generalistas; há que analisar caso a caso.
    Ainda esta noite vi um programa na RTP que devia ser obrigatório ser visto por toda a gente, para verem a gipoceisia de tanto padre no campo sexual. Mas isso não me afasta de Deus, apenas me afasta dos que são normalmente denominados "homens de Deus"...
    Abraço amigo.

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    1. Presumo que a "gipoceisia" seja hipocrisia e sim, aí, está tudo dito. Sobre espiritualidade (prefiro esta designação à de religiosidade) falaremos então em breve...
      Como a net está lenta, não tenho pachorra para mais meia hora a carregar o vídeo e concordo que seja triste e trágico (ainda) ver a "minha" denominada classe procurar justificar o que ainda há pouco celebrávamos como abolido!
      Esclarecimentos precisava a senhora com umas boas fessureirices para ver se lhe saía esse ar de beata!

      Abraço dos teus!

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    2. João
      gosto muito da tua ideia de substituir a palavra religiosidade por espiritualidade.
      É curioso que a maior parte dos comentadores desta postagem, e com muito válidas colaborações, se têm abstraido de visionar o vídeo, embora com criticas muito acertadas ao seu conteúdo. Eu sei que é mais do mesmo...Mas apesar de tudo vale bem a pena (eu sei que os 10 minutinhos assustam um pouco e o tempo é curto), pois há aqui especificidades muito originais e no pior sentido, claro, até por serem proferidas por uma profissional a quem recorre eventualmente gente confusa quando descobre em si própria sinais de uma orientação sexual diversa da mais comum, mas também decerto alguns que aí serão levados por famílias que assim esperam esconjurar o "mal" que atacou as suas crianças ou jovens, e que encontram uma poderosa aliada na senhora em causa.
      Como o Silvestre bem dizia no seu blog, este vídeo mostra um tipo de pessoas extremamente perigoso, pois além de homofóbicas, têm algum poder de influência não só ao nível dos seus clientes directos, mas também naqueles que visionam esta entrevista.
      Há pois uma urgente necessidade de denunciar esta abusiva situação.
      Abraço amigo.

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    3. Também gostei da distinção entre "espiritualidade" e "religiosidade", e é preciso não confundir as duas!
      E não conhecia a palavra "fressureirice"... mas aplica-se bem! :D
      Thanks Ophiuchus.

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    4. João
      gostei tanto que a adoptei de imediato.
      Quanto a "fressureirice", francamente, João; sei que nunca experimentaste (suponho, hehehe), mas não conheceres a expressão...(estou a referir-me expressamente à palavra que o Ophiucus usou - "fressureirice"), penso que deve constar do dicionário da língua portuguesa.
      Abraço amigo.

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  8. achei curioso, João: fui à procura do post no meu blog sobre este livro, e escolhi precisamente uma das citações que aqui puseste, e que é de facto muito poderosa. E que é a que termina com esta frase que chega a ser perturbadora, se a lermos com atenção: "Como viver de escassa meia dúzia de carícias e de beijos trocados em noites que, para o mundo dos outros, nunca existiriam?"

    acho que um dia destes a coisa dá a volta, e a OMS ainda vai incluir na sua lista de doenças do foro psicológico certas formas de homofobia: correspondem a uma maneira alterada de ver a realidade, são estados que os seus sujeitos não conseguem dominar, e podem ser altamente prejudiciais, quer para os outros quer para os próprios.

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    1. Miguel
      caramba, o que eu tive que recuar no tempo, no teu blog para dar com o teu texto sobre este livro. Curiosamente eu não comentei essa tua postagem, não sei porque razão, até porque penso já seguia o teu blog nessa altura.
      É realmente uma citação muito importante pois resume de uma forma notável o problema de quem se descobre homossexual e destrói por completo qualquer argumento ridiculamente apresentado pela "senhora doutora"...
      E era bom, sim, que OMS fizesse o que aqui aconselhas pois haveria muita gente do nosso país, e não só a ter que arcar com uma nova patologia, e a Madalena Fontoura juntar-se-ia por exemplo o Prof. Gentil Martins...
      Abraço amigo.

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  9. 'pequenas' crises de identidade sexual? 'se calhar' é porque és... 'uma mentira', 'uma teia de enganos', 'existe esperança em recuperação'.
    recuperação do quê? e mudar é possível?
    o fim do vídeo deu-me vontade de lhe apertar o pescoço.
    é perigoso e trágico, como disseste, este tipo de discurso, ainda mais com a profissão que ela exerce.
    o pior é que temos visto um reavivar de pensamentos deste género, graças à mudança legislativa, uma coisa é mudar a lei, e outra mudar a mentalidade. esta vai demorar séculos, porque se há saltos de bebé para a frente, há saltos de gigante à retaguarda...
    bjs.

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    1. Tens toda a razão, Margarida.
      E são muito poderosas as pessoas que estão do lado homofóbico, com a Igreja Católica ao comando; isto ao contrário do tão nomeado por pessoas ligadas a esses histéicos, lobbie gay (vede a incrível Isilda Pegado).
      Não me admiriria nada que a recentemente aprovada lei da co-adopção, depois de discutida na especialidade, venha a ser chumbada na nova votação em Plenário, e é sinal disso toda a movimentação que o CDS anda a fazer em volta do PSD para que isso se efective. O que até é profundamente incongruente da parte de um partido presidido por um "suspeito" Paulo Portas, e que tinha até há pouco tempo no seu grupo parlamentar outro homossexual, que agora está no Governo...
      Beijinho.

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    2. Temos homossexuais no governo?! Calúnia!
      :P

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    3. Alex
      Ai não é, não. Tenho a CERTEZA ABSOLUTA!
      Abraço amigo.

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  10. Porque tem bastante interesse na componente dualidade "sexo (não necessáriamente homossexual) e espiritualidade (utilizando a terminologia do João)", aconselho a visão do programa ontem à noite transmitido na RTP 1, "Linha da Frente" - Pecado na Igreja.
    O link é este http://bit.ly/16SCNoP

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  11. Oh... João, fizeste perder tempo com uma beata!
    Chiça... para te redimires com o teu senhor tens de por aí uma filme com gajos que a gente gosta!

    Senão não te safas! :)

    PS: Todo este assunto se resolve no título duma canção dos Pet Shop Boys "Positive Role Model"

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    1. Nuno
      está prometido...
      Abraço amigo.

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    2. Alex
      não esperes um mostruário de tipos "podres de bons", mas fotos de alguns senhores bem a meu gosto, como aliás já publiquei.
      Não sou contra isso, só sou contra o abuso, pois para isso há blogs específicos e muito bons, diga-se de passagem...
      Abraço amigo.

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  12. Vídeos como este fazem vir ao de cima o ser irracional que há em mim... é que esse estafermo (aliás ela e o entrevistador) levavam os dois um pontapé na boca que se iriam lembrar para sempre como eu sou um ser com "problemas de homossexualidade" violenta (acrescento eu)...

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    1. iLove
      é realmente incrível como uma pessoa que exerce uma profissão tão importante como ela pode ter convicções tão nojentas.
      Há realmente que rever com carácter de urgência os médicos que não aceitam as regulamentações da OMS.
      Se não está de acordo, como cidadã, é lamentável, mas aceita-se. Como psico-terapeuta, de forma alguma.
      Deveria ser denunciada à Ordem dos Médicos. O pioe é que está longe de ser a única.
      Abraço amigo.

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  13. João,
    Não vi o vídeo, porque é mais do mesmo, e enoja-me esta gentinha que está sempre a falar do que não sabe nem conhece.
    Vi, há pouco tempo, um filme americano sobre a temática da homossexualidade na adolescência num contexto cristão fundamentalista. Aconselho o filme, do qual não me recordo neste momento o nome, mas que podem encontrar no YouTube com facilidade pois tem a Sigourney Weaver como principal actriz. Relativamente à religião versus homossexualidade prefiro como um outro comentador, falar em espiritualidade. Nessa acepção, considero-me um indivíduo muito espiritual mas absolutamente não religioso, pois desde os meus 14, 15 anos de idade percebi muito bem o que são as religiões e por isso pu-las de parte da minha vivência.Já a espiritualidade é outra coisa bem distinta.

    Um abraço com amizade!

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    1. Lear
      o filme de que falas é excelente e chama-se "Prayers for Bobby", o qual recomendo vivamente.
      E claro que também prefiro sempre falar de espiritualidade e tenho a minha, que considero fundamental para o equilíbrio da minha vida.
      Abraço amigo.

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  14. Ok. Vi um bocadinho do vídeo, até perceber a ideia da senhora, depois fechei, tranquilo. É que é cómica a ideia da homossexualidade ou dos homossexuais como seita religiosa - uma delícia de humor. Juro que não compreendo a vossa preocupação. No meu sistema de pensamento, não é por uma pessoa ter um diploma e ser clínica que é boa profissional ou pessoa de valor ou crédito para o corpo do conhecimento científico ou mesmo para uso da população. Eu estudei numa faculdade de psicologia e assisti, ao vivo e a cores, a grupos de estudantes psicólogos, em fase terminal dos seus cursos clínicos, em descontraída cavaqueira homofóbica relativamente a um colega de faculdade. Acham que eu lhes poria nas mãos, um dia, um filho meu com necessidade de psicoterapia, fosse ele gay ou não? E isto, meus caros, foi numa das melhores faculdades de psicologia do país. Os profissionais são pessoas, e as pessoas têm ideais, e muitas vezes usam a profissão como instrumento do ideal, ou enquadrado no ideal, como é, aliás, natural. Esta senhora não vem ao engano. Ela apresenta-se como clínica, mas também como enquadrada num sistema de ideal religioso de que até o cenário é afirmação. Tenho a certeza que as pessoas que a procuram também virão de igual sistema de crença, e é do direito deles procurarem-na, não obstante a ilusão, esta sim, verdadeira, como os casos reais que conheço e me foram testemunhados (são vidas tristes, opções próprias, admito inconscientes e interiormente pouco evoluídas - sobretudo pouco inteligentes).

    P.S.: Não conheço o código deontológico da prática clínica da psicoterapia, mas suspeito que não há obrigatoriedade de aceitar as premissas da OMS, também ela falível, convém relembrar aos racionais. Também desconheço a obrigatoridade de inscrição numa Ordem de clínicos para a prática clínica.

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    1. Alex
      bem interessante o teu contributo para este "debate" que aqui se está estabelecendo.
      Concordo que haverá, como em todos os campos profissionais, e no que concerne a opiniões pessoais, diferentes concepções acerca da homossexualidade e que portanto seja normal encontrar um perfil como o desta senhora numa profissional psico-terapeuta. Também acredito que a maioria dos casos que lhe foram apresentados fossem de pais que sabem "o que a casa gasta", como tu dizes, quando a escolhem para resolver o "problema" d@ filh@; mas poderá também haver quem vai "ao engano" em busca de um conselho sério e não homófobo, e aí já é diferente...
      Quanto ao caso do código deontológico, eu pensava que ele seria geral e não olhava a casos particulares, como este caso da psicoterapia.
      E indo mais longe, ao assunto das premissas da OMS, claro que podem ser falíveis, mas quero acreditar que serão tomadas após um longo debate sobre o assunto e apenas após haver sobre o assunto um amplo consenso; e sendo assim, elas ficam registadas quase como normas susceptíveis de uma quase nula contestação.
      Abraço amigo.

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  15. Não conheço a Srª. e a opinião dela sobre o assunto é apenas mais uma que tenho ouvido. Cada cabeça sua sentença. Sobre o tema já li várias teorias. Não tenho opinião sobre o assunto já que nunca ouvi a opinião de nenhum homossexual. Beijinhos
    Brown Eyes

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    1. Mary
      não entendi muito bem o teu comentário; será que te referes a nunca ter ouvido a opinião de nenhum homossexual que tenha recorrido aos serviços da senhora em causa?
      Se assim é, eu também gostaria de ouvir...
      Beijinho.

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