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quarta-feira, 14 de março de 2012

Para os saudosos...

Parece que anda por aí muita gente com saudades da ditadura; mesmo políticos "democraticamente encapotados"...
Alguns, saudosos das benesses que nunca perderam na realidade; muitos outros, a maior parte, porque nunca viveram sob uma ditadura mesmo.
Sendo assim, aqui está uma solução

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Partilha

Impossível não partilhar este texto que a Isabel colocou no seu blog "Catavento".
Que melhor homenagem se pode fazer a Zeca Afonso, no 25º. aniversário da sua morte?
Barreiro, 4 de Outubro de 1967
(Quarta-feira)

Segundo dia de aulas.
Continua o desassossego, com o pessoal a trocar beijos, abraços e confidências, depois desta longa separação que foram 3 meses e meio de férias. Estávamos todos fartos do verão, com saudades uns dos outros. A sala é a mesma do ano passado, no 1º andar e cheirava a nova, tudo encerado e polido, apesar do material já ser mais do que velho.

Somos o 7.º A e como não chumbou nem veio ninguém de novo, a pauta é exactamente igual à do ano passado. Eu sou o n.º 34, e fico sentada na segunda fila, do lado da janela, cá atrás, que é o lugar dos mais altos.

Hoje tivemos, pela primeira vez, Organização Política e apareceu-nos um professor novo, acho que é a primeira vez que dá aulas em Setúbal, dizem que veio corrido de um liceu de Coimbra, por causa da política.

Já ontem se falava à boca cheia dele, havia malta muito excitada e contente porque dizem que ele é um fadista afamado. Tenho realmente uma vaga ideia de ouvir o meu tio Diamantino falar dele, mas já não sei se foi por causa da cantoria se por causa da política.

A Inês contou que ouviu o pai comentar, em casa, que o homem é todo revolucionário, arranja sarilhos por todo o lado onde passa. Ela diz que ele já esteve preso por causa da política, é capaz de ser comunista. Diferente dos outros professores, é de certeza.

Quando entrou na sala, já tinha dado o segundo toque, estava quase no limite da falta. Entrou por ali a dentro, todo despenteado, com uma gabardine na mão e enquanto a atirava para cima da secretária, perguntou-nos:
- Vocês são o 7.º A, não são? Desculpem o atraso mas enganei-me e fui parar a outra sala. Não faz mal. Se vocês chegarem atrasados também não vos vou chatear

Tinha um ar simpático, ligeiro, um visual que não se enquadrava nada com a imagem de todos os outros professores. Deu para perceber que as primeiras palavras, aliadas à postura solta e descontraída, começavam a cativar toda a gente. A Carolina virou-se para trás e disse-me que já o tinha visto na televisão, a cantar Fado de Coimbra.

Realmente o rosto não me era estranho. É alto, feições correctas, embora os dentes não sejam um modelo de perfeição e é bem parecido, digamos que um homem interessante para se olhar. O Artur soprou-me que ele deve ter uns 36 anos e acho que sim, nota-se que já é velho. Depois das primeiras palavras, sentou-se na secretária, abriu o livro de ponto, rabiscou o que tinha a escrever e ficou uns cinco minutos, em silêncio, a olhar o pátio vazio, através das janelas da sala, impecavelmente limpas.

Enquanto ele estava nesta espécie de marasmo nós começámos a bichanar uns com os outros, cada um emitindo a sua opinião, fazendo conjecturas. Às tantas, o bichanar foi subindo de tom e já era uma algazarra tão grande que parece tê-lo acordado. Outro qualquer professor já nos teria pregado um raspanete, coberto de ameaças, mas ele não disse nada, como se não tivesse ouvido ou, melhor, não se importasse. Aliás, aposto que nem nos ouviu. O ar dele, enquanto esteve ausente, era tão distante que mais parecia ter-se, efectivamente, evadido da sala. Quando recomeçou a falar connosco, em pé, em cima do estrado, já tinha ganho o primeiro round de simpatia.

Depois, veio o mais surpreendente:

- Bem, eu sou o vosso novo professor de Organização Política, mas devo dizer-vos que não percebo nada disto. Vocês já deram isto o ano passado, não foi? Então sabem, de certeza, mais que eu.

Gargalhada geral.

- Podem rir porque é verdade. Eu não percebo nada disto, as minhas disciplinas, aquelas em que me formei, são História e Filosofia, não tenho culpa que me tivessem posto aqui, tipo castigo, para dar uma matéria que não conheço, nem me interessa. Podia estudar para vir aqui desbobinar, tipo papagaio, mas não estou para isso. Não entro em palhaçadas.

Voltámos a rir, numa sonora gargalhada, tipo coro afinado, mas ele ficou impávido e sereno. Continuava a mostrar um semblante discreto, calmo, simpático.

- Pois é, não vou sobrecarregar a minha massa cinzenta com coisas absolutamente inúteis e falsas. Tudo isto é uma fantochada sem interesse. Não vou perder um minuto do meu estudo com esta porcaria.

Começámos a olhar uns para outros, espantados; nunca na vida nos tinha passado pela frente um professor com tamanha ousadia.

- Eu estudaria, isso sim, uma Organização Política que funcionasse, como noutros países acontece, não é esta fantochada que não passa de pura teoria. Na prática não existe, é uma Constituição carregada de falsidade. Portugal vive numa democracia de fachada, este regime que nos governa é uma ditadura desumana e cruel.

Não se ouvia uma mosca na sala. Os rostos tinham deixado cair o sorriso e estavam agora absolutamente atónitos, vidrados no rosto e nas palavras daquele homem ímpar. O que ele nos estava a dizer é o que ouvimos comentar, todos os dias, aos nossos pais, mas sempre com as devidas recomendações para não o repetirmos na rua porque nunca se sabe quem ouve. A Pide persegue toda a gente como uma nuvem de fumo branco, que se sente mas não se apalpa.

- Repito: eu não percebo nada desta disciplina que vos venho leccionar, nem quero perceber. Estou-me nas tintas para esta porcaria. Mas, atenção, vocês é outra coisa. Vocês vão ter que estudar porque, no final do ano, vão ter que fazer exame para concluírem o vosso 7.º ano e poderem entrar na Faculdade. Isso, vocês têm que fazer. Estudar. Para serem homens e mulheres cultos para poderem combater, cada um onde estiver, esta ditadura infame que está a destruir a vossa pátria e a dos vossos filhos. Vocês são o amanhã e são vocês que têm que lutar por um novo país.

Não vão precisar de mim para estudar esta materiazinha de chacha, basta estudarem umas horas e empinam isto num instante. Isto não vale nada. Eu venho dar aulas, preciso de vir, preciso de ganhar a vida, mas as minhas aulas vão ser aulas de cultura e política geral. Vão ficar a saber que há países onde existem regimes diferentes deste, que nos oprime, países onde há liberdade de pensamento e de expressão, educação para todos, cuidados de saúde que não são apenas para os privilegiados, enfim, outras coisas que a seu tempo vos ensinarei.

Percebem? Nós temos que aprender a não ser autómatos, a pensar pela nossa cabeça. O Salazar quer fazer de vocês, a juventude deste país, carneiros, mas eu não vou deixar que os meus alunos o sejam. Vou abrir-lhes a porta do conhecimento, da cultura e da verdade. Vou ensinar-lhes que, além fronteiras, há outros mundos e outras hipóteses de vida, que não se configuram a esta ditadura de miséria social e cultural.

Outra coisa: vou ter que vos dar um ponto por período porque vocês têm que ter notas para ir a exame. O ponto que farei será com perguntas do vosso livro que terão que ter a paciência de estudar. A matéria é uma falsidade do princípio ao fim, mas não há volta a dar, para atingirem os vossos mais altos objectivos. Têm que estudar. Se quiserem copiar é com vocês, não vou andar, feito toupeira, a fiscalizá-los, se quiserem trazer o livro e copiar, é uma decisão vossa, no entanto acho que devem começar a endireitar este país no sentido da honestidade, sim porque o nosso país é um país de bufos, de corruptos e de vigaristas.

Não falo de vocês, jovens, falo dos homens da minha idade e mais velhos, em qualquer quadrante da sociedade. Nós temos sempre que mostrar o que somos, temos que ser dignos connosco para sermos dignos com os outros. Por isso, acho que não devem copiar. Há que criar princípios de honestidade e isso começa em vocês, os futuros homens e mulheres de Portugal. Não concordam?

Bem, por hoje é tudo, podem sair. Vemo-nos na próxima aula.


Espantoso. Quando ele terminou estava tudo lívido, sem palavras. Que fenómeno é este que aterrou em Setúbal?

Já me esquecia de escrever. Esta ave rara, o nosso professor de Organização Política, chamava-se


José Afonso.

( encontrado na net )

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A actualidade de Botto

Ainda há pouco tempo,na semana passada, referi este mesmo livro, como um dos melhores que já li, no que concerne à literatura gay.
Mas António Botto, foi acima de tudo um grande poeta, que pela sua condição de homossexual foi perseguido e amaldiçoado, tendo por isso partido para o Brasil, onde morreu atropelado.
Este magnífico poeta e também ficcionista (não esquecer um belo livro para crianças "Os Contos"), tem a sua poesia essencialmente contida neste livro "As Canções", de que nunca me canso de ir de vez em quando...
Dele se retira este poema, intitulado "Poema da Cinza" e que ele dedica à memória de outro grande poeta, Fernando Pessoa.
Se o lerem atentamente, poderão nele encontrar muita actualidade, embora escrito há tanto tempo...

"Se eu pudesse fazer com que viesses
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho! e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!"

Adenda: sobre o exemplar que possuo deste livro, ler o meu comentário ao André, na caixa de comentários. E é a que está agora na foto.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dois textos de um leigo - 2 - Portugal

Portugal tornou-se membro da EU em 1986, ao mesmo tempo que a Espanha, e na altura o país teve um enorme afluxo de dinheiro vindo desse organismo com o fim de dinamizar e desenvolver o nosso país, que era bastante mais atrasado que o resto dos países comunitários.
Esse acesso aos fundos avultados que então foram postos à nossa disponibilidade, foram utilizados por Cavaco Silva, primeiro-ministro dispondo de maioria absoluta, de 1987 a 1995, de uma forma absolutamente esbanjadora, que aliás é o espelho total da forma de gerir o dinheiro do povo português: gastar o que há e o que há-de chegar, sem precaver minimamente o futuro.
Portanto foi com Cavaco Silva que começou o grande descalabro das contas públicas portuguesas e que continuou com os governos seguintes: Guterres,Barroso, S.Lopes (permitam-me um sorriso…), e por último Sócrates.
Toda a gente sabe o que se passou; Guterres foi-se embora, alegando que o país estava num pântano,
Barroso seguiu-lhe os passos trocando as chatices de Lisboa por mordomias em Bruxelas,
Santana Lopes, foi uma palhaçada que se não fosse triste, tinha posto a rir o país com o que sucedia em S.Bento; foi um erro de casting…
E apareceu Sócrates, com uma natural maioria absoluta e que fez uma primeira legislatura bastante satisfatória; talvez por não estar habituado a uma maioria simples, muito por sua culpa, mas essencialmente pela conjuntura internacional, a segunda legislatura de Sócrates foi bastante negativa, mas mesmo assim com algumas iniciativas interessantes, como a aposta nas energias renováveis, nas indústrias de ponta e outras. Tentou mexer naquelas coisas que nenhum outro chefe de governo antes tinha ousado, principalmente no campo da Educação e da Saúde, e o povo foi-se revoltando contra ele, bem como todos os outros partidos da oposição. Obrigado a tomar medidas impopulares, tomou-as e teve o povo na rua, por assim dizer todos os dias. Foi sem sombra de dúvida o mais vilipendiado de todos os políticos portugueses desde o 25 de Abril e quando da reeleição de Cavaco Silva para o seu segundo mandato, teve que ouvir um discurso ignóbil na AR, que institucionalmente é inconcebível. Quanto a mim, aqui reside o maior erro de Sócrates que se devia ter demitido de imediato e posto assim o ónus da crise na figura do PR.
Acabou por o fazer quando nessa mesma AR, os partidos todos se uniram para reprovarem um novo pacote de medidas de austeridade, impostas pela troika (FMI, BE e EU), que entretanto tinham sido chamadas à resolução da crise portuguesa (quiçá tarde de mais).
E o PSD surge como normal vencedor das legislativas antecipadas, em cuja campanha disse de Sócrates o que o diabo não diz da cruz, repudiou todas as suas políticas e prometeu sinceridade e progresso. O então líder do PSD, um impreparado e mal visto internamente Passos Coelho
torna-se primeiro-ministro e chama para o governo, (em coligação com o PP de Portas, que lhe assegura uma maioria absoluta), dois ministros tecnocratas, dois teóricos, para as pastas chave: Vítor Gaspar para as Finanças e Álvaro Pereira para a Economia.
Um parêntesis para referir que Portas,
o populista oposicionista de há um ano, paladino de que com ele no governo, acabava rapidamente a criminalidade, anda calado como um rato a assistir à assustadora e crescente vaga de assaltos que alastra pelo país.
E é Gaspar
que começa a comandar o barco, sempre debaixo de vários pressupostos: toda a culpa da situação é de Sócrates e SÓ DELE, a necessidade de cumprir as exigências da troika e o apoio do PS. Só que a culpa é de Sócrates, sim, mas também de todos os que lá estiveram antes, a começar em Cavaco e mesmo do próprio PSD que cria uma crise política, apenas com o objectivo de alcançar o poder. Ultrapassa e muito o exigido pela troika, desculpando-se sempre com situações do governo anterior que hoje estão mais que provadas serem falsas. E encontrando um PS, principal partido da oposição numa posição delicada sim, pois assinou o pedido de ajuda, mas com uma débil chefia de um A.J.Seguro
que mais parece um Passos Coelho do PS.
A política de austeridade tem sido tremenda, e sem qualquer medida que revele preocupação com a recuperação económica, com uma recessão galopante, após tantos meses de governação, continua e continuará a ter Sócrates como bode expiatório, não reconhecendo NUNCA a ineficácia das medidas até agora tomadas. E lá vamos caminhando para o abismo, satisfeitos por sermos uns cumpridores exemplares do que nos tem sido imposto.
E o que mais custa é assistirmos à imunidade com que os grandes senhores deste país - políticos, banqueiros, empresários, gestores e oportunistas – resistem a estas medidas mantendo as suas mordomias, quando não as aumentam…Argumentam os “sábios” economistas que nos governam, que o fim dessas mordomias não representam senão uma gota de água no oceano das nossas carências. Mesmo que tal seja verdade, não havia o terrível e enorme sentir da profunda injustiça social que nos envolve.

Até quando?

Por um décimo do que este governo já fez, Sócrates tinha manifestações diárias; agora, há um encolher de ombros e uma intimidação tremenda do governo sobre qualquer movimento social, com a infiltração de agentes à paisana no meio dos manifestantes para mostrar que há violência (causada pelos próprios).
Cavaco tem sido, como sempre foi, um político dividido: tão depressa apoia o governo, como manda bicadas de oposição. É um político sem qualquer crédito neste momento, devido a determinadas atitudes tomadas nada consonantes com o elevado cargo que desempenha; e não me refiro apenas a essa imbecilidade sobre as suas dificuldades económicas, mas sobre outras que revelam um político cínico e que não merece qualquer confiança, desde o já referido discurso de tomada de posse em Janeiro de 2011, à questão das escutas e outras.

Qual a solução? Sinceramente não sei, pois não se vislumbram no horizonte, nomes, nem um só, que garantam a fuga à mediocridade geral dos políticos portugueses actuais.

Não posso deixar de referir um ministro deste governo, que representa tudo o que de mau tem um político: sinistro, manipulador, cínico e convencido, é ele na realidade a imagem do governo que infelizmente nos governa: Miguel Relvas, um NOJENTO!!!

Não sei quando haverá novas eleições, nem mesmo se as haverá, como sucedeu em Itália e na Grécia; mas caso as haja, não há nenhum partido que mereça o meu voto e penso mesmo que deverá ser essa a resposta do povo português: não votar, dando assim uma mostra a quem ganhar que não é mandatado pelo povo para exercer o seu mandato.

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dois textos de um leigo - 1 - Europa

Em dois textos vou analisar, na minha perspectiva, que é apenas a de um leigo que gosta de saber o que se passa no mundo e principalmente no seu país, a actual situação económica na Europa (EU) e em Portugal, em particular. Começo pela situação europeia e de seguida num próximo texto falarei do contexto português.
A Europa cada vez mais se confunde com a União Europeia, a chamada Europa dos 27, que no próximo ano serão 28, com a adesão da Croácia (mais um fiel aliado dos alemães); realmente, apenas não estão nela integrados, a Islândia, Suiça, Noruega (belíssima opção do povo norueguês), estados minúsculos, alguns países balcânicos, a Rússia e alguns estados da ex URSS e ainda a Turquia (porque a Alemanha não deixa). De resto, todos os outros estados pertencem à EU, embora o “clube do euro” seja mais restrito, pois há apesar de tudo, políticos um pouco mais espertos que outros.


Tem-se vindo a acentuar de há uns largos anos a esta parte, a preponderância do eixo franco-alemão nesta coligação de Estados, mas nunca como hoje, em que este eixo está totalmente desequilibrado, pois Sarkozy é um político medíocre e pouco esperto, ao passo que a senhora Merkl é uma política também medíocre, mas astuta.

Convém fazer aqui um parêntesis sobre a Alemanha como país desde quase o início do século XX até hoje: país derrotado das duas únicas guerras mundiais, sempre soube “dar a volta”, devido a dois factores – a inegável capacidade de trabalho do seu povo, e a eficácia dos seus políticos, mesmo que para o mal (caso Hitler); depois da Segunda Guerra Mundial, foi devido ao Plano Marshall,


que políticos como Adenauer, recuperaram a então Alemanha Ocidental (RFA) e a transformaram, progressivamente numa grande potência económica;
recuperaram a então Alemanha Ocidental (RFA) e a transformaram, progressivamente numa grande potência económica; a Alemanha de Leste (RDA) nunca passou de mais um aliado da URSS e apenas dava cartas no desporto e na ciência. Com a ajuda ocidental, uma vez mais, e aproveitando a abertura dos tempos de Gorbachev e da sua “perestroika”, o então chanceler alemão Helmut Kholl reunificou de novo a Alemanha em 1990.
De então para cá a Alemanha não tem parado de crescer economicamente e detém hoje posições muito fortes na EU devido essencialmente a essa sua solidez económica.
Com a chegada ao poder do primeiro chanceler alemão oriundo da antiga RDA, Ângela Merkl e principalmente devido à crise económica mundial iniciada em 2008, que lesou essencialmente as economias mais débeis da EU, (que incluem, é claro, Portugal), a Alemanha chamou a si a resolução dos problemas económicos da EU e principalmente da zona euro, beneficiando aqui da ausência do Reino Unido, e começou a ditar leis, coadjuvado por esse fantoche que é Sarkozy. As consequências não se fizeram esperar e a Irlanda, a Grécia e Portugal (tarde demais),três dos chamados PIIGS
tiveram que pedir a ajuda económica internacional. Curiosamente, um país que teve enormes problemas económicos, soube resolvê-los a contento, precisamente por estar fora da EU e consequentemente da zona euro – a Islândia.
Esta dependência económica externa por parte dos três países atrás referidos tem provocado sucessivas ondas de austeridade, que não têm surtido qualquer resultado, pois esquecem de todo o crescimento económico, que é fundamental, quer na Grécia, quer em Portugal, pelo menos; a eminência de situações idênticas noutros países, (Espanha, Itália, Áustria, Bélgica e até a França) têm levado também nesses países à imposição de medidas de austeridade e não se sabe o que mais aí virá, podendo até voltar-se o feitiço contra o feiticeiro, e vir, mais tarde a própria Alemanha a ser atingida.
É que a senhora Merckl pode comandar a Europa comunitária, mas não controla algo mais forte e que é a essência de toda esta situação, que são as agências de rating, ou seja as agências comandadas pelos grandes bancos mundiais e também grandes empresas multinacionais que classificam o risco de investimento não só nos países, mas também nos bancos, empresas e municípios, seus clientes (sim, pois para se ser “classificado” por essas agências, paga-se). E há quem pense que uma nova ordem mundial estará a formar-se por via económica, o que equivale, com o devido distanciamento, quase a uma nova guerra mundial.
A Europa, essencialmente por falta de políticos capazes, está economicamente moribunda, mas ainda há o descaramento de se exigir, por imposição alemã (evidentemente) uma uniformidade no caso do deficit da dívida pública, que não deverá exceder, a curto prazo os 3% do PIB de cada país, o que leva a situações quase utópicas, comparando economias como por exemplo a alemã e a portuguesa.
E, o descaramento atingiu as raias do absurdo, quando há dois dias essa mesma governante
ousou propor o perdão da dívida grega caso a Grécia fosse supervisionada na sua política orçamental pela própria EU, o que levou o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos a afirmar, com toda a razão, uma frase que deve ser registada como histórica: “Alguém que coloque uma nação perante o dilema de uma «ajuda económica» ou a sua dignidade nacional, ignora algumas lições fundamentais da História”.
Felizmente e como se esperava, esta sugestão vergonhosa foi recusada liminarmente na reunião da EU que ontem terminou, e que nada trouxe de novo, no que toca a resoluções práticas.
Uma coisa é certa, e disso poderão os países agora “cercados” fazer uso: a bancarrota de um país pertencente à zona euro acarretará, a muito curto prazo, o fim do euro, como moeda única. Pelo menos isso…







Adenda: Deixei na caixa de comentários desta postagem um interessante texto sobre a dívida alemã à Grécia (não estou a ironizar).


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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Parabéns, Eusébio!

Ocorre hoje o 70º.aniversário de Eusébio da Silva Ferreira, o maior desportista de sempre em Portugal e o maior embaixador deste nosso país no mundo inteiro, a par de Amália.
Figo foi um grande jogador, Cristiano é um excelente jogador, mas como Eusébio só lá fora, pois pertence à galeria muito restrita dos mitos, que difere dos grandes jogadores; grandes jogadores houve e há muitos, mas daqueles que nunca mais se esquecem e que continuam a ser recordados mesmo por quem nunca os viu jogar, apenas três ou quatro: além de Eusébio eu poria Pelé, Maradona e Cruiff, apenas.
Vi jogar Eusébio muitas vezes, ao vivo e na televisão. Ao vivo, não esqueço um jogo em que o Benfica, numa eliminatória da Taça dos Campeões, cilindrou o Real Madrid por 5-1 e Eusébio marcou possivelmente o melhor golo da sua vida.
Na televisão, a segunda final dos Campeões que o Benfica venceu, com o Real Madrid (5-3) e principalmente um épico jogo dos quartos de final do Campeonato do Mundo de 1966, em que Portugal derrotou a Coreia do Norte por 5-3, depois de ter estado a perder por 0-3; Eusébio marcou 4 golos nessa partida!
Aqui deixo um vídeo desse memorável jogo.

Eusébio, o "King", ou o "Pantera Negra", como é costume ser tratado, é e sempre foi um homem extremamente simples, correctíssimo e que consegui ser sempre admirado pelos próprios adversários.
Parabéns, Eusébio!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Padrão dos Descobrimentos

O monumento original foi encomendado pelo regime de Oliveira Salazar ao arquitecto Cottinelli Telmo (1897-1948) e ao escultor Leopoldo de Almeida (1898-1975), para a Exposição do Mundo Português (1940), e desmontado em 1958.
O actual monumento, é uma réplica, foi erguido em betão com esculturas em pedra de lioz, erguendo-se a 50 metros de altura. Foi inaugurado em 1960, no contexto das comemorações dos quinhentos anos da morte do Infante D. Henrique, o Navegador.

O monumento tem a forma de uma caravela estilizada, com o escudo de Portugal nos lados e a espada da Casa Real de Avis sobre a entrada. D. Henrique, o Navegador, ergue-se à proa, com uma caravela nas mãos. Em duas filas descendentes, de cada lado do monumento, estão as estátuas de heróis portugueses ligados aos Descobrimentos. Na face ocidental encontram-se o poeta Camões, com um exemplar de Os Lusíadas, o pintor Nuno Gonçalves com uma paleta, bem como famosos navegadores, cartógrafos e reis.
Eis a lista completa das 33 personalidades representadas no monumento:


Infante Pedro, Duque de Coimbra (filho do rei João I de Portugal)
Filipa de Lencastre
Fernão Mendes Pinto (escritor)
Frei Gonçalo de Carvalho
Frei Henrique Carvalho
Luís de Camões
Nuno Gonçalves (pintor)
Gomes Eanes de Zurara (cronista)
Pêro da Covilhã
Jácome de Maiorca (cosmógrafo)
Pêro Escobar (navegador)
Pedro Nunes
Pêro de Alenquer (navegador)
Gil Eanes
João Gonçalves Zarco (navegador)
Fernando, o Infante Santo (filho do rei João I de Portugal)
Infante Dom Henrique, o Navegador
Afonso V de Portugal
Vasco da Gama
Afonso Gonçalves Baldaia (navegador)
Pedro Álvares Cabral
Fernão de Magalhães
Nicolau Coelho (navegador)
Gaspar Corte-Real (navegador)
Martim Afonso de Sousa (navegador)
João de Barros
Estêvão da Gama (capitão marítimo)
Bartolomeu Dias
Diogo Cão
António Abreu (navegador)
Afonso de Albuquerque
São Francisco Xavier
Cristóvão da Gama (capitão)

A norte do monumento uma rosa-dos-ventos de 50 metros de diâmetro, desenhada no chão, foi uma oferta da África do Sul em 1960. O mapa central, pontilhado de galeões e sereias, mostra as rotas dos descobridores nos séculos XV e XVI.

No interior do monumento existe um elevador que vai até ao sexto andar, e uma escada que vai até ao topo de onde se descortina um belo panorama de Belém e do rio Tejo. A cave é usada para exposições temporárias.
Uma das mais interessantes perspectivas do monumento pode ser observada a partir de oeste, à luz do pôr do sol.

(Notas tiradas da Wikipédia)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011 - Balanço

Este ano, que não deixa saudades está a finar-se.
E em jeito de balanço, aqui deixo as minhas escolhas, quer a nível de personalidades, quer a nível de acontecimentos, tanto em Portugal, como no Mundo.
Se tivesse que escolher a personalidade do ano, assim estilo "capa da Time", escolheria não uma pessoa, mas algo mais abrangente: o Euro!
Já no aspecto mais restrito, de personalidades, vou distinguir duas personagens nacionais e duas internacionais, uma negativa e outra positiva, em cada caso.
Para personalidade negativa portuguesa, não tive hesitação, só podia ser uma: Vítor Gaspar.
No campo positivo,não havia e infelizmente muitas hipóteses, mas acabei por me decidir por Eunice Munoz, uma grande actriz e que este ano comemorou 70 anos de carreira - é obra!
Internacionalmente, tocam-se os opostos - imensos no campo negativo e muito poucos, no campo positivo.
De qualquer forma não hesitei muito na escolha da chanceler alemã Angela Merckl, para a personalidade negativa
Já no campo positivo, a minha escolha recai numa homenagem póstuma a um homem que revolucionou o mundo das comunicações e da informática nos últimos anos, Steve Jobs
Passando depois aos acontecimentos, procedi da mesma forma: um positivo e outro negativo, quer nacional, quer internacional.
O acontecimento negativo nacional escolhido não podia ser outro senão as severas medidas de austeridade, que ultrapassam o exigido pelos acordos estabelecidos e nos arrastam para uma recessão que não sei quando terminará

Positivamente, e para não fugir à regra, não houve grandes acontecimentos que nos pusessem a sorrir; apesar de tudo penso ser a eleição do Fado, como Património Imaterial da Humanidade, uma boa escolha
Internacionalmente, o acontecimento mais marcante nos seus aspectos negativos, foi, sem dúvida, a crise dos mercados
No aspecto positivo, pela influência que poderá ter, não só na região, mas em todo o mundo islâmico, as revoltas chamadas como "Primaveras árabes"
E agora as minhas escolhas pessoais dos desportistas do ano.
A nível nacional, decerto só poderia ser Cristiano Ronaldo
e a nível internacional o sérvio que alcançou as mais brilhantes vitórias nos principais torneios do ténis mundial e actual e destacado nº.1 do ranking ATP: Novack Djokovic


Finalmente, e muito pessoalmente, o melhor livro que li:
O melhor filme que vi:

A melhor peça de teatro que assisti:

e a música de que mais gostei:


Resta-me desejar a tod@s, apesar de tudo, um Novo Ano, o melhor possível

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os "Mercados" e os seus "agentes...

Talvez que com a leitura deste excelente artigo, se perceba melhor a chamada “Crise dos Mercados”:

«Agora está claro: não existe, no interior da União Europeia, nenhuma vontade política de enfrentar os mercados e resolver a crise. Até há pouco, atribuiu-se a lamentável actuação dos dirigentes europeus à sua desmedida incompetência. Mas esta explicação, ainda que correcta, não basta, sobretudo depois dos recentes “golpes de Estado financeiros” que puseram fim, na Grécia e na Itália, a certa concepção de democracia. É óbvio que não se trata só de mediocridade e incompetência, mas de cumplicidade activa com os mercados.

A que chamamos “mercados”? A este conjunto de bancos de investimento, companhias de seguros, fundos de pensões e fundos especulativos (hedge funds) que compram e vendem essencialmente quatro tipos de activos: moedas, acções, papéis da dívida dos Estados e produtos derivados dos três primeiros.

Para ter ideia da sua força colossal, basta comparar duas cifras: em cada ano, as empresas de bens e serviços criam, em todo o mundo, uma riqueza estimada (se medida pelo PIB) em cerca de 45 biliões (milhões de milhões) de euros. Ao mesmo tempo, em escala planetária, os “mercados” movem capitais avaliados em 3.450 biliões de euros. Ou seja, setenta e cinco vezes o que produz a economia.

Consequência: nenhuma economia nacional, por poderosa que seja (a da Itália é a oitava do mundo), pode resistir aos assaltos dos mercados quando estes decidem atacá-la de forma coordenada, como estão a fazer há mais de um ano contra os países europeus depreciativamente qualificados como PIIGS [porcos, em inglês]: (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).

O pior é que, ao contrário do que se poderia pensar, estes “mercados” não são unicamente forças exóticas, vindas de algum horizonte distante para agredir as nossas gentis economias locais. Não. Na sua maioria, os “atacantes” são os nossos próprios bancos europeus (estes mesmos que foram salvos, com o nosso dinheiro, pelos Estados, na crise de 2008). Para dizer de outra maneira, não são apenas fundos norte-americanos, chineses, japoneses ou árabes os que estão a atacar maciçamente alguns países da zona euro.

Trata-se essencialmente de uma agressão de dentro, dirigida pelos próprios bancos europeus, as companhias europeias de seguros, os fundos especulativos europeus, os fundos europeus de pensões, as instituições financeiras europeias que administram as poupanças dos europeus. São eles que possuem a parte principal da dívida dos Estados. E que, para defender em teoria os interesses dos seus clientes, especulam e obrigam os Estados a elevar as taxas de juros que pagam, a ponto de levar vários (Irlanda, Portugal, Grécia) à beira da falência. Com o consequente castigo para os cidadãos, que devem suportar medidas “de austeridade” e brutais ajustamentos decididos pelos governos europeus para “acalmar” os mercados-abutres – ou seja, os seus próprios bancos.

Estas instituições, além de tudo, conseguem facilmente dinheiro do Banco Central Europeu a 1,25% de juros, e emprestam-no a países como Espanha ou Itália a… 6,5%. Daí a importância escandalosa das três grandes agências de avaliação de riscos (Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s): da nota que atribuem a um país, depende o nível dos juros que este pagará para obter um crédito dos mercados. Quanto mais baixa a nota, mais altos os juros.

Estas agências não apenas costumam equivocar-se – em particular na sua opinião sobre as hipotecas subprime [de segunda linha] norte-americanas, que deram origem à crise actual – mas desempenham, num contexto como o de hoje, um papel perverso e execrável. Como é óbvio que todos os planos “de austeridade” de cortes de direitos e ataque aos serviços públicos irão traduzir-se em queda do índice de crescimento, as agências baseiam-se nisso para rebaixar a nota do país. Consequência: este deverá reservar mais dinheiro para o pagamento da sua dívida. Dinheiro que precisará obter cortando ainda mais o orçamento. Provocando queda inevitável da actividade económica e das próprias perspectivas de crescimento. E então, de novo, as agências rebaixarão a sua nota.

Este ciclo infernal de “economia de guerra” explica porque a situação da Grécia se foi degradando tão drasticamente, à medida que o seu governo multiplicava os cortes e impunha uma férrea “austeridade”. De nada serviu o sacrifício dos cidadãos. A dívida da Grécia baixou ao nível dos “títulos lixo”.

Deste modo, os mercados obtiveram o que queriam: que os seus próprios representantes cheguem ao poder, sem precisar submeter-se a eleições. Tanto Lucas Papademos, primeiro-ministro da Grécia, quanto Mario Monti, presidente do Conselho de Ministros da Itália, são banqueiros. Os dois, de uma maneira ou de outra, trabalharam para o banco norte-americano Goldman Sachs, especializado em colocar os seus homens nos postos de poder. Ambos são, também, membros da Comissão Trilateral.

Estes tecnocratas planeiam impor — custe o que custar socialmente e nos marcos de uma “democracia limitada” — as medidas que os mercados exigem (mais privatizações, mais cortes, mais sacrifícios) e que alguns dirigentes políticos não se atreveram a tomar, por temerem a impopularidade que tudo isso provoca.

A União Europeia é o último território no mundo em que a brutalidade do capitalismo é mitigada por políticas de protecção social. Isso que chamamos “estado de bem-estar”, os mercados já não toleram e querem demolir. Esta é a missão estratégica dos tecnocratas que chegam ao centro do governo graças a uma nova forma de tomada de poder: o golpe de Estado financeiro. Apresentado, é claro, como compatível com a democracia…

É pouco provável que os tecnocratas desta “era pós-política” consigam resolver a crise. Se a sua solução fosse técnica, já teria sido adoptada. Que se passará quando os cidadãos europeus constatarem que os seus sacrifícios são em vão e que a recessão se prolonga? Que níveis de violência os protestos alcançarão? Como se manterá a ordem na economia, nas mentes e nas ruas? Haverá uma tripla aliança entre o poder económico, o mediático e o militar? As democracias europeias converter-se-ão em “democracias autoritárias”?»

- Artigo publicado em Le Monde Diplomatique em espanhol, traduzido por António Martins para Outras Palavras, revisto por Carlos Santos para esquerda.net
Esqueceram-se que aqui já temos o "agente" a trabalhar, o Gasparzinho...

Este texto foi enviado, como a minha participação para  o tema mensal da "Fábrica de Letras" - a crise!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Aqui D'El Rei...

A mediocridade dos políticos portugueses vai sendo, dia a dia, progressiva.
Na actualidade, temos como primeiro ministro, um individuo que nunca fez nada na vida, a não ser uns "pescados" nos negócios do seu padrinho Ângelo Correia, tarde e às más horas, e que se viu catapultado a chefiar o seu partido, o seu verdadeiro e único fim, que conseguiu contra a vontade da maioria dos barões que por lá pululam; arranjou um governo de medíocres tecnocratas essencialmente teóricos, cujas principais figuras se encarregam das pastas mais sensíveis de um governo qualquer e principalmente de um governo em tempo de crise: Finanças e Economia.
Este governante, Passos Coelho, está a pôr em prática, e no superlativo, tudo o que condenou no anterior governo e de cuja queda foi o principal responsável.
Completamente rendido ao regime autoritário que comanda a UE - essa execrável figura que tem por nome Ângela Merckl e o seu fantoche Sarkozy (curioso e anacrónico, como a economia capitalista da UE está nas mãos de uma pessoa formada nos fundamentos económicos comunistas da extinta RDA), este "nosso" PM está internamente nas mãos do Gasparzinho, que com aquela cara de meter medo, parece ele próprio antecipar a morte.
O Portas, no intervalo de umas passeatas, vai dizendo umas patacoadas e esquece completamente todas as suas campanhas contra a violência, a falta de justiça e outras coisas muito próprias do seu populismo de feira, e lá vamos nós a caminho apressado do abismo, com todos os indicadores económico-financeiros cada vez mais negativos e francamente já chega de invocar a herança de Sócrates, pois já lá vão meses suficientes deste (des)governo, para começar a arcar com as responsabilidades próprias da ineficácia das suas medidas.
Para piorar a situação, o maior partido da oposição escolheu um líder que só me faz lembrar o Passos Coelho, quando estava na oposição; o Seguro é uma péssima escolha para liderar o PS, num período já de si, difícil de gerir, pelo facto de estar comprometido pelo acordo com a troika, e de ao mesmo tempo, combater o governo.
Sim, eu sei que sou suspeito, mas sou coerente: embora reconhecendo bastantes erros na governação de Sócrates, também fez coisas válidas e que agora a pretexto apenas de serem políticas suas, são completamente ignoradas - o exemplo do recente cancelamento do investimento da Nissan é disso exemplo, pois este governo se esteve sempre marimbando para as energias alternativas...
A contestação social vai subir de tom em 2012 e a repressão da mesma, também aumentará com formas ignóbeis como recentemente a infiltração de agentes policiais provocadores junto a S.Bento.
As pessoas estão a ficar mais que cansadas, estão a ficar assustadas com o que se passa nos seus agregados familiares e mais ainda com o que mais aí virá.
Sei que é uma hipotética situação completamente absurda, mas serve como exemplo: se hoje (amanhã com maior razão), houvesse eleições legislativas, com os mesmos líderes das últimas eleições, Sócrates ganharia com bastante facilidade essas mesmas eleições.

O título deste post foi-me sugerido por um post do blog "Troubled Water".

Adenda: ler, por favor, este texto
http://pegada.blogs.sapo.pt/1078940.html


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domingo, 27 de novembro de 2011

Fado

O Fado foi aprovado, esta manhã, como se esperava, pela UNESCO, em Bali (Indonésia), como Património Imaterial da Humanidade.
Nos tempos de crise que vamos vivendo, temos que nos agarrar a coisas que nos elevem o ego nacional, e este facto é relevante, por si próprio e também pelo que atrás refiro.
Para homenagear, nesta data, o Fado, escolhi dois vídeos, um deles, velhinho, com aquele que por mim é considerado o melhor intérprete masculino do Fado, desde sempre, Carlos Ramos, interpretando um clássico maravilhoso "Não venhas tarde".

E o outro não poderia deixar de ser da diva do Fado, a nossa Amália, que o divulgou como ninguém em todo o mundo. E dela escolhi, também numa perspectiva muito subjectiva o fado mais bonito que já ouvi, e que me emociona cada vez que o oiço de novo:"Lágrima"!

Se, porventura, quisesse ir para fados e intérpretes mais recentes, a escolha seria mais difícil, pois muitas opções teria; de qualquer forma escolheria, no naipe masculino, Camané, com o seu fado mais emblemático "Sei de um rio"

e no campo feminino (a Marisa, de que gosto muito, que me perdoe), a minha opção seria Ana Moura, num fado lindíssimo- "Os Búzios"

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Foi esta noite e eu estive lá...

Quando hoje cheguei a casa, cerca da meia noite, era esta foto que me aguardava no computador, enviada pelo Déjan!
Eu já me tinha comovido muito com algumas coisas que tinha visto e sentido no Estádio da Luz, esta noite, mas esta homenagem do Déjan calou-me bem fundo, e só veio confirmar o que há muito sei: ele adora este país, como eu sinto a Sérvia de uma forma muito especial.
Mas vamos por partes; eu raramente vou ao futebol, embora goste muito de ver este desporto e não perco os jogos das selecções nacionais e do meu Benfica, mas na TV. As duas últimas vezes que fui ao futebol foi precisamente com o Déjan, a ver o Benfica, no ano em que fomos campeões, contra o Braga, e em Janeiro passado, com um clube que já não recordo. Fora disso, tinha assistido a outras dois jogos na Luz, desde 2004...
E desta vez, apeteceu-me ir, apesar da instabilidade do tempo, apesar de ser mais confortável ver o jogo no sofá, apeteceu-me ir ver o jogo ao vivo; mas sozinho não. Assim convenci um dos meus amigos de infância e lá fomos.
Em boa hora!!!
Foi um dos jogos que mais prazer me deram assistir, desde sempre. Boa assistência, bom tempo e um jogo fabuloso de Portugal, quase perfeito, com a demonstração plena, cabal, de que Cristiano Ronaldo é um jogador "do outro mundo".
Vibrei, gritei, cantei e emocionei-me muito no final do jogo.
Nunca tinha assistido a um jogo, que após ter terminado, as pessoas não se iam embora. E depois aquele cantar do hino, com os jogadores no meio do relvado e com a bandeira ali, foi lindo, caramba.
Portugal, tão triste que tem andado, merecia que a selecção lhe tivesse oferecido este presente: esquecer durante umas horas a crise, os cortes salariais, os sacrifícios insuportáveis,tudo isso durante aqueles 90 minutos foi esquecido e principalmente no final do jogo, a satisfação era total.
Os bósnios foram assobiados, enxovalhados e tudo lhes chamaram, e foi mais que merecido, pela forma como nos receberam.
Obrigado, rapazes!!!