Portugal tornou-se membro da EU em 1986, ao mesmo tempo que a Espanha, e na altura o país teve um enorme afluxo de dinheiro vindo desse organismo com o fim de dinamizar e desenvolver o nosso país, que era bastante mais atrasado que o resto dos países comunitários.
Esse acesso aos fundos avultados que então foram postos à nossa disponibilidade, foram utilizados por Cavaco Silva, primeiro-ministro dispondo de maioria absoluta, de 1987 a 1995, de uma forma absolutamente esbanjadora, que aliás é o espelho total da forma de gerir o dinheiro do povo português: gastar o que há e o que há-de chegar, sem precaver minimamente o futuro.
Portanto foi com Cavaco Silva que começou o grande descalabro das contas públicas portuguesas e que continuou com os governos seguintes: Guterres,Barroso, S.Lopes (permitam-me um sorriso…), e por último Sócrates.
Toda a gente sabe o que se passou; Guterres foi-se embora, alegando que o país estava num pântano,
Barroso seguiu-lhe os passos trocando as chatices de Lisboa por mordomias em Bruxelas,
Santana Lopes, foi uma palhaçada que se não fosse triste, tinha posto a rir o país com o que sucedia em S.Bento; foi um erro de casting…
E apareceu Sócrates, com uma natural maioria absoluta e que fez uma primeira legislatura bastante satisfatória; talvez por não estar habituado a uma maioria simples, muito por sua culpa, mas essencialmente pela conjuntura internacional, a segunda legislatura de Sócrates foi bastante negativa, mas mesmo assim com algumas iniciativas interessantes, como a aposta nas energias renováveis, nas indústrias de ponta e outras. Tentou mexer naquelas coisas que nenhum outro chefe de governo antes tinha ousado, principalmente no campo da Educação e da Saúde, e o povo foi-se revoltando contra ele, bem como todos os outros partidos da oposição. Obrigado a tomar medidas impopulares, tomou-as e teve o povo na rua, por assim dizer todos os dias. Foi sem sombra de dúvida o mais vilipendiado de todos os políticos portugueses desde o 25 de Abril e quando da reeleição de Cavaco Silva para o seu segundo mandato, teve que ouvir um discurso ignóbil na AR, que institucionalmente é inconcebível. Quanto a mim, aqui reside o maior erro de Sócrates que se devia ter demitido de imediato e posto assim o ónus da crise na figura do PR.
Acabou por o fazer quando nessa mesma AR, os partidos todos se uniram para reprovarem um novo pacote de medidas de austeridade, impostas pela troika (FMI, BE e EU), que entretanto tinham sido chamadas à resolução da crise portuguesa (quiçá tarde de mais).
E o PSD surge como normal vencedor das legislativas antecipadas, em cuja campanha disse de Sócrates o que o diabo não diz da cruz, repudiou todas as suas políticas e prometeu sinceridade e progresso. O então líder do PSD, um impreparado e mal visto internamente Passos Coelho
torna-se primeiro-ministro e chama para o governo, (em coligação com o PP de Portas, que lhe assegura uma maioria absoluta), dois ministros tecnocratas, dois teóricos, para as pastas chave: Vítor Gaspar para as Finanças e Álvaro Pereira para a Economia.
Um parêntesis para referir que Portas,
o populista oposicionista de há um ano, paladino de que com ele no governo, acabava rapidamente a criminalidade, anda calado como um rato a assistir à assustadora e crescente vaga de assaltos que alastra pelo país.
E é Gaspar
que começa a comandar o barco, sempre debaixo de vários pressupostos: toda a culpa da situação é de Sócrates e SÓ DELE, a necessidade de cumprir as exigências da troika e o apoio do PS. Só que a culpa é de Sócrates, sim, mas também de todos os que lá estiveram antes, a começar em Cavaco e mesmo do próprio PSD que cria uma crise política, apenas com o objectivo de alcançar o poder. Ultrapassa e muito o exigido pela troika, desculpando-se sempre com situações do governo anterior que hoje estão mais que provadas serem falsas. E encontrando um PS, principal partido da oposição numa posição delicada sim, pois assinou o pedido de ajuda, mas com uma débil chefia de um A.J.Seguro
que mais parece um Passos Coelho do PS.
A política de austeridade tem sido tremenda, e sem qualquer medida que revele preocupação com a recuperação económica, com uma recessão galopante, após tantos meses de governação, continua e continuará a ter Sócrates como bode expiatório, não reconhecendo NUNCA a ineficácia das medidas até agora tomadas. E lá vamos caminhando para o abismo, satisfeitos por sermos uns cumpridores exemplares do que nos tem sido imposto.
E o que mais custa é assistirmos à imunidade com que os grandes senhores deste país - políticos, banqueiros, empresários, gestores e oportunistas – resistem a estas medidas mantendo as suas mordomias, quando não as aumentam…Argumentam os “sábios” economistas que nos governam, que o fim dessas mordomias não representam senão uma gota de água no oceano das nossas carências. Mesmo que tal seja verdade, não havia o terrível e enorme sentir da profunda injustiça social que nos envolve.
Até quando?
Por um décimo do que este governo já fez, Sócrates tinha manifestações diárias; agora, há um encolher de ombros e uma intimidação tremenda do governo sobre qualquer movimento social, com a infiltração de agentes à paisana no meio dos manifestantes para mostrar que há violência (causada pelos próprios).
Cavaco tem sido, como sempre foi, um político dividido: tão depressa apoia o governo, como manda bicadas de oposição. É um político sem qualquer crédito neste momento, devido a determinadas atitudes tomadas nada consonantes com o elevado cargo que desempenha; e não me refiro apenas a essa imbecilidade sobre as suas dificuldades económicas, mas sobre outras que revelam um político cínico e que não merece qualquer confiança, desde o já referido discurso de tomada de posse em Janeiro de 2011, à questão das escutas e outras.
Qual a solução? Sinceramente não sei, pois não se vislumbram no horizonte, nomes, nem um só, que garantam a fuga à mediocridade geral dos políticos portugueses actuais.
Não posso deixar de referir um ministro deste governo, que representa tudo o que de mau tem um político: sinistro, manipulador, cínico e convencido, é ele na realidade a imagem do governo que infelizmente nos governa: Miguel Relvas, um NOJENTO!!!
Não sei quando haverá novas eleições, nem mesmo se as haverá, como sucedeu em Itália e na Grécia; mas caso as haja, não há nenhum partido que mereça o meu voto e penso mesmo que deverá ser essa a resposta do povo português: não votar, dando assim uma mostra a quem ganhar que não é mandatado pelo povo para exercer o seu mandato.
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pinguim ahahah. Esta canção de Zeca Afonso ilustra bem o teu texto. Eles vão votar, claro que sim e tu até já sabes quem vai ganhar, não? Pois é eles gostam de vampiros ora laranjas, ora rosa. Beijinhos
ResponderEliminarMary
ResponderEliminardesde que me conheço, mesmo antes do 25 de Abril, sempre votei, mesmo sabendo que possivelmente o meu voto não contava, no tempo do Botas, pois votos no CDE ou na CEUD não contavam, ou não eram contados, como não foram contados os votos no General Delgado, nos anos 50 do século passado.
Desde o 25 de Abril até hoje sempre votei, mas acabou, pois já deixei de acreditar em qualquer político e se caso for necessário, farei campanha pela abstenção, única forma de os mandar à merda a todos.
Beijinho.
My dear,
ResponderEliminarEste provavelmente será o texto que reúne maior consenso da minha parte. Fizeste uma excelente análise.
Cavaco Silva, de facto, tem das maiores responsabilidade no que diz respeito à gestão dos dinheiros comunitários. Justiça lhe seja feita, temos tido imensos políticos incompetentes. Chego a admitir se será algum problema "português". Parece que não nos conseguimos governar! Um país pequeno, inserido numa U.E (cujos moldes critico), com pouco mais de 10 milhões de habitantes, deveria ser bem melhor do que é, acrescentando os anos e anos em que entraram milhões comunitários...
^^
Mark
ResponderEliminarÉ uma reflexão de alguém profundamente desiludido e mais que tudo, revoltado, terrivelmente revoltado.
Pela primeira vez, desde que posso exprimir a minha voz livremente, neste país, me sinto totalmente enganado e o que é pior é ver a passividade, dolorosa e queixosa é certo, mas que não deixa de ser passividade deste povo sofredor, quando ainda não há um ano juntava mais de uma centena de milhares de pessoas por protestos contra situações menos gravosas. Será medo???
Abraço amigo.
Estou 100% de acordo contigo, estou cada vez mais desiludido com a politica nacional.
ResponderEliminarAbraço
Sérgio
ResponderEliminaracho que estamos "quase" todos.
Nesses "quase" estão aqueles em que é proibido tocar e o governo e seus capangas...
Abraço amigo.
Não votar não é a solução! Há que votar sempre. Nem que seja em branco ou nulo. A abstenção dá mais e maior legitimidade a quem é eleito. Ou seja, por exemplo, na última eleição de Cavaco, há um ano atrás, este foi reeleito com menos votos, mas com uma maior percentagem em comparação com a sua primeira eleição, em 2006.
ResponderEliminarLuís
ResponderEliminarsei que é verdade o que dizes, mas na prática o resultado é o mesmo; Cavaco não deixaria de ter sido eleito e no entanto, se se quiser ler como deve ser o resultado, vê-se que foi eleito por uma quantidade de portugueses votantes muito inferior.
Por outro lado, se a abstenção for suficientemente alta, isso pode legitimar um partido vencedor, que todos sabemos só poderá ser um de dois, ambos maus, mas marcará profundamente o descrédito total dos portugueses nos seus políticos.
Para que isso seja possível, claro que é necessário um certo distanciamento das naturais opções ideológicas de cada um. Eu sempre tenho votado no PS, mas não o faria neste momento e tenho a certeza que muitos apoiantes naturais do PSD também não votariam no Passos Coelho de novo.
Os líderes destes dois partidos não prestam, pura e simplesmente.
Abraço amigo.
duas excelentes reflexões que nos deste, João. fazem um bom ponto da situação em que estamos. e também suscitaram comentários muito interessantes.
ResponderEliminaracho que neste foste um pouco injusto para com o Guterres. esteve na moda dizer mal do Guterres, mas não me lembro de um período em, que os portugueses tenham vivido tão bem e tão motivados e voltados para o futuro, como durante os anos em que ele foi P-M.
e, se queres que te diga, continuo a achar que o Sócrates foi um bom P-M, apesar de ser parolo (não lhe perdoo a história da licenciatura, maldito país de doutores). o trabalho feito com as energias renováveis foi excepcional, e espero que estas avantesmas não o deitem a perder.
finalmente acho quie resumes muito bem o relvas richelieu: sinistro, manipulador, cínico e convencido. o retrato está perfeito.
abração
Miguel
ResponderEliminareu não fui injusto para com o Guterres, que considero em comparação com este, por exemplo, um excelente primeiro ministro.
Pessoalmente muito afável, foi um homem de consensos, e isso que pode ser interpretado como uma enorme qualidade, acabou por o perder, pois andou um bocado Á deriva, na procura constante desses mesmos consensos; mostrou apenas uma algo debilitada personalidade política.
Eu também votava de novo em Sócrates, sem hesitação, mas nunca neste pouco "seguro" líder actual dos socialistas.
Teria sido uma muito melhor opção o Francisco Assis...
Adorei a "imagem" relvas richelieu - perfeita!
Abraço amigo.
bom dia.
ResponderEliminarnunca pensaria pela minha cabeça não votar. para além de um dever, é um direito. eu, como mulher, revejo-me nas primeiras sufragistas portuguesas e como lutaram para terem esse poder. há muito tempo que o meu voto não vai para os partidos que ora uma, ora outra vez, ganham as eleições. desilusões políticas são o prato de cada dia e não acredito em histórias da carochinha.
parece que o pato donald teve um grande número de votos num país nórdico...
bjs.
Margarida
ResponderEliminaraté há muito pouco tempo pensava exactamente como tu; mas a minha desilusão neste momento é tamanha, que me leva a alterar essa postura que eu próprio não considero ideal, apenas necessária num momento actual.
Se entretanto as situações se alterarem e aparecer alguém com um pouco de carisma, modificarei essa ideia. Mas infelizmente, penso que a haver uma crise política, que não seria no momento actual, mais prejudicial do que aquela que, quem agora tem o poder, causou, não daria lugar a eleições mas sim a um governo presidencialista, para mal dos nossos pecados.
Beijinho.
Duas boas sínteses... só não me revejo no facto que já aqui foi referido, como fazendo uma uma espécie de greve ao voto, mas eu entendo a desilusão, até porque eu mesma me sinto desiludida com os políticos e as políticas que rondam sempre à volta do próprio umbigo, agora mais que nunca!
ResponderEliminarAnda tudo muito caladinho, até aqui na blogosfera, para não irmos mais longe... deixaram de ter matéria para escrever? Não... o que não falta é tema...
Abraços e beijinhos ;)
Pois é Mz
ResponderEliminarestranho, mesmo muito estranha esta "apatia" do povo português perante uma situação tão grave.
Lamentos, muitos lamentos, mas resignação e submissão.
O que se via há um ano e agora...
Quem tem medo, compra um cão...
Beijinho.
Parece que estiveste a assistir ao jornal da noite na minha companhia e da minha mãe. Tal e qual...nem te digo o que a minha mãe chamou ao Miguel Relvas...
ResponderEliminarEstavamos a ver uma entrevista na tvi ao Ricardo Salgado e ele estava a dizer que Portugal estava a ter um desempenho muito positivo na recuperação da crise, que estava a dar provas de confiança aos mercados, e tal, que até encomendaram uma avaliação a uma agência chinesa ( Laughing Out Loud - os chineses serão tão imparciais como as agências norte americanas, só que ao contrário, com o investimento do país asiático em Portugal não convém que haja uma má avaliação) e que está tudo a ir muito bem para as contas do Estado.
E eu e a Judite perguntámos em simultâneo: e os portugueses? a vida e as condições dos portugueses? e a criatura que tal como o Cavaco, não tem noção do que é a vida entre a plebe, nem sequer soube responder convenientemente.
Achei graça teres chamado político ao Cavaco, migo...estás muito simpático ;-)
O facto é que as medidas que têm sido tomadas nos têm levado a uma recessão sócio-económica horrível.
E tal como disseste não há esperança, nem força...Portugal encontra-se num marasmo. E os portugueses, os verdadeiros portugueses estão no lodo.
Sério que vc tem o filme? eu só consegui ele em espanhol, to loco p ver ele legendo em Portugues, o aquivo é muito grande, será que se vc compactar ele vem por e-mail? se vc quiser me mandar é claro"!!!
ResponderEliminarIma
ResponderEliminartu não estás no Google+, mas eu vou mandar-te um mail com a entrada que lá acabei de deixar acerca dessa entrevista.
É de bradar aos céus.
Abraço amigo.
Frederico
ResponderEliminareu tenho o filme no original, em castelhano, pois é uma língua que compreendo perfeitamente e não necessito de legendas.
Mesmo assim, não saberia como fazer isso de compactar o filme para enviá-lo por e-mail, pois sou um zero em informática.
No entanto posso informar-me como se faz, mas é em castelhano e esse aí, tu tens.
Abraço amigo.
Sem dúvida que disseste tudo: de acordo...plenamente de acordo...
ResponderEliminarVou divulgar teu texto, se me permites...
BS
E Bj
Blue Shell
ResponderEliminarclaro que sim, a blogosfera é um local de partilhas, essencialmente daquilo de que se gosta.
Obrigado.
Bom fim de semana (gelado).
Beijinho.
Pinguim, estou tão em desacordo com grande parte do que escreves neste post... mas acima de tudo gostaria de salientar que não fazer uso do direito (dever?) ao voto é abdicar de um direito fundamental: o de escolher quem nos governa.
ResponderEliminarDesculpa, mas aqui não há interpretações diferentes: se eu não uso um direito é porque acho que ele não me faz falta. O potencial do mesmo reside no seu uso e não no seu repúdio... E se eu, enquanto cidadão, acho que quem lá está não presta então cabe-me a mim procurar quem mereça o meu voto, movimentar outros cidadãos e chegar-me (ou insistir com quem eu ache que deva) à frente.
Custa-me sempre bastante ver alguém apelar ao não-voto. E custa-me mais quando esses apelos vêm de pessoas que já passaram por épocas em que, infelizmente, sabiam o (des)valor do seu voto.
Perdoa o desabafo mas custam-me sempre muito os pontapés à Constituição (e se a coitada já tem levado tantos)...
Backpacker
ResponderEliminarnão me afecta nada o desacordo que dizes ter em relação "a grande parte " do que aqui escrevi, pois isso é salutar e da discussão nasce a luz.
Mas o que me surpreende, isso sim, é que apenas referes uma questão, que admito seja controversa, a da abstenção e nada dizes sobre as outras parte do teu desacordo. Tenho-te na consideração de uma pessoa que sabe argumentar e que o faz quando tal é necessário,mas aqui não o fizeste; por isso gostaria que me dissesses, como bem fizeste APENAS em relação ao último parágrafo do meu texto.
Onde estão os outros (tantos) desacordos?
Quanto à minha decisão, e apelo à abstenção, sei que é controverso e até já fui da tua opinião; se agora mudo, é pela total falta de confiança em TODA a classe política que se me depara neste país; sei que de certa forma estou a dar o meu voto a quem o não merece, reconheço, mas por outro lado mostro o meu alheamento que é de raiva, neste momento.
Por outro lado, continuando a afirmar-me como leigo, e aí tu poderás elucidar-me visto ser a tua área, em que ponto eu estou a violar a Constituição, não votando?
Que eu saiba, no nosso país o voto ainda não é obrigatório...talvez lá cheguemos...
Abraço amigo, como sempre.
Divulguei em um blog meu e de meu marido:
ResponderEliminaromocho.info
Bj
BS
BlueShell
ResponderEliminaré uma honra dupla.
Obrigado.
Beijinho.
Fico feliz com o que escreveste. O que não significa que me alegra a situação em que estamos há tantos governos. Fico feliz por haver mais portugueses que continuam a lutar para preservar uma visão concreta e realista. (Afinal, não sou a única.)
ResponderEliminarE quanto ao voto... Sou contra a abstenção (que pode ser confundida com a preferência de ir à praia em vez de ir a uma mesa elietoral)e sou contra o voto em branco (que pode ser interpretado com "fico feliz com o que os outros elegerem). Mas, nas duas últimas eleições, tenho exercido o meu direito de voto manifestando que ninguém o merece; e, para o efeito, voto NULO.
Se o faço de ânimo leve? Não. Ainda tenho a esperança de direcionar o meu voto para um político que, realmente, o merece. (Peço imensa desculpa pelo desabafo. O seu blog tem tanta qualidade que não merece que venha para cá "vomitar" a minha revolta e descrença na classe política.)
Está tudo mal. Só não vê quem não quer. Vão apertando cerco e fazendo umas peças de teatro com actores cómicos e outros desgraçadamente maus. Relvas e companhia.
ResponderEliminarNo fim verão que tudo foi em vão.
Enquanto não criarem riqueza, postos de trabalho e não desemprego, enquanto mendigarem esmolas e não produzirem nada se fez nem nada valeu meia hora de trabalho diário, nem feriados a menos...
Acabem com as mordomias e os grandes salarios.
Andam por lá alguns que ganham de todo o lado...é uma mina...
Rosa
ResponderEliminarcomeço pelo fim; isso não é vomitar, é apenas expressar um mais que justo repúdio por tudo o que se está a passar no nosso país.
Vómitos são as barbaridades que se fazem aos desgraçados que menos têm.
Pois fica sabendo que aqui neste meu espaço cabem esses desabafos como também as críticas ao que aqui escrevo, desde que justificadas, pois dizer que não se concorda e não se dizer porquê, perde muito peso de argumentação.
Beijinho.
Luís
ResponderEliminaro problema é que há gente demais a não ver isso; uns porque não lhes interessa, outros por medo e outros porque seguem o fado português da resignação.
Já que falei em fado, lembro aquele belo fado da Maria da Fé: ...cantarei até que a voz me doa...
Abraço amigo.
Caro pinguim, antes de mais gostei muito da música, pois diz muito "... eles comem tudo e não deixam nada" essa é que é a verdade.
ResponderEliminarCada vez estão mais pessoas a viver na rua, e não digo pessoas com idade, digo jovens que desistem de tudo, não querem responsabilidades, ficam impávidos e serenos a ver a vida a passar num banco de rua.
Quanto aos nossos governantes, todos falam e dão palpites, mas acções que são boas não vejo nenhum, é só cortar aqui e acolá e o povo lá vai apertando o cinto, o problema é que já não temos mais cinto para tanto buraco e o povo está cansado de viver apertado.
Uma coisa é certa, tenho grande parte dos meus amigos e colegas de universidade a partirem para outros países, onde as oportunidades são grandes, muitos buscam já o outro lado do mundo Austrália e Nova Zelândia, sempre busca de mais e melhor. Nos tempos dos meus avós eu via-os a lutar por um pais que desse melhor oportunidades aos seus, mas hoje em dia isso parece ter-se perdido.
A verdade é que a ganhar o que ganho cá e já vai para 4 anos, não me vejo a evoluir muito, e só mantendo o por fora, como limpar casas e servir jantares à elite.
Acho que me deixei levar... abraço doce, é bom vir até aqui e e inspirar conhecimentos. Sou um pouco naba no que toca a politicas e governos :$
Sairaf
ResponderEliminarpara quem é um pouco "naba" no que toca a políticas e governos, saíste-te muito bem.
É isso mesmo.
Beijinho.
Olá Pinguim,
ResponderEliminarConfesso que não estou muito "por dentro" da história política do nosso país, pelo que não me julgo no poder de julgar esse aspecto do teu texto. Revi-me um pouco no comentário da Sairaf quando se refere à juventude desorientada que este país enfrenta (e incluo-me nesse grupo). A política há muito que deixou de entusiasmar-me, pois fico cada vez mais afecto pelo negativismo que vem "de cima". Contudo, se me permite, gostaria de salientar algo que penso que não abordaste neste texto: a responsabilidade de um povo em que vive. Passo a explicar: que somos geridos por um bando de inúteis, isso é ponto assente. Porém, também acredito as idiossincrasias do povo povo português (despreocupado, invejoso - o que leva a cobiçar a vida do próximo e portanto viver em condições que, muitas vezes, são acima das suas posses etc...)que tem a sua quota de responsabilidade no meio disto tudo. Salientaste, e muito bem, que somos um povo "ingovernável". Começo a estar cada vez mais de acordo com isso.
Um forte abraço e lamento a longa ausência. É sempre bom voltar aqui.
Até já
Sapo
ResponderEliminareu concordo em absoluto com o que dizes sobre essa maneira de ser do nosso povo; quase me atrevo a dizer que temos os políticos que merecemos, pois o nosso "chico espertismo" é sobejamente conhecido.
O problema é que é difícil encontrar políticos simultâneamente democráticos e disciplinadores.
Eu já tenho alguma idade e confesso que vejo os problemas dos jovens, que são muitos e difíceis, um pouco de fora, pois por vezes custa-me a entender essa mentalidade. Dou-te um exemplo: com os problemas do desemprego, um jovem chega ao fim da licenciatura e não encontra um emprego, nem mesmo a um nível abaixo do que investiu nos seus estudos; tem que continuar a viver em casa dos pais e muitas vezes a ser por eles sustentado; mas não abdica de um certo número de coisas, como roupas de marca, noites no Bairro e outras coisas.
Eu sei que é preciso viver, mas isso reflecte, de certa forma a irresponsabilidade geral do nosso povo.
Custa-me ver tanto jovem a optar por ser um "sem abrigo", dói-me muito, mas isso não é desistir?
Enfim, tivemos um esbanjamento terrível de dinheiro vindo da UE, e o exemplo veio de cima, como digo no texto; mas quando surgem os oportunistas, de que os bancos são o melhor exemplo a oferecerem mundos e fundos, as pessoas parecia que se embriagavam com o cheiro do dinheiro.
Tudo isto é criminoso e é esta geração que o está a pagar...
Enfim, tudo o que aqui digo me leva muito a temer o futuro, pois já vivi demasiado tempo sob a pata de uma ditadura, para ser impossível suportar outra...
Desculpa estes desabafos.
Abraço amigo.
Pinguim estou tão desiludido como tu. Mas, a solução não é não votar ou mesmo votar em branco.
ResponderEliminarVotar em branco seria uma solução se, os votos em branco fossem considerados votos válidos e portanto originassem cadeiras em branco no parlamento. Assim não sendo não me parece que não votar ou votar em branco seja solução. Por outro lado, a história ensina-nos que a diabolização dos políticos (que facto não prestam) leva inevitavelmente a regimes autoritários. Não nos esqueçamos de Oliveira Salazar em Portugal. Portanto, na minha óptica, apesar de difícil escolha temos de continuar a votar, nem que seja no mal menor, se queremos continuar a ter democracia, ainda que seja esta democracia formal.
Lear
ResponderEliminarsão por assim dizer unânimes as opiniões acerca da hipótese que aqui deixei de uma abstenção massiva numas próximas eleições legislativas.
Eu aventei essa hipótese, se essa fosse realmente seguida por uma imensa maioria da população votante.
Sei que isso não vai acontecer e portanto sou capaz de perceber perfeitamente a ineficácia de tal sugestão, pelo que a poderei eventualmente rever, mas nunca votar num qualquer partido, pois isso seria acreditar, mesmo que minimamente, nesse mal menor como tu lhe chamas...
Abraço amigo.
Não em qualquer partido. Naquele que na altura nos parecer o melhor. Aliás, é sempre assim que voto. Avaliando, na altura o melhor. Chamo-lhe o mal menor porque não há nenhum partido que seja exactamente como eu gostaria que fosse. Mas isso nunca aconteceu nem vai acontecer porque, como já disse alguém, a política é a arte dos possíveis. Mas apesar de sempre votar naquele que me parece o melhor em cada época, já tenho sofrido muitas desilusões. Mas a vida é assim mesmo.
ResponderEliminarPelo menos uma coisa me alegra: não me deixei enganar pelas palavras bonitas de um senhor que por aí anda e que dá pelo nome de PPC. Lagarto, lagarto, lagarto!
Lear
ResponderEliminarpois olha que houve muitos que o foram e hoje estão bem arrependidos.
Abraço amigo.
Curiosamente, ao contrário do texto anterior, tenho bastantes pontos de acordo com estas tuas palavras. A tentativa de responsabilização do Sócrates, enquanto o PR passa aparentemente inocente e 'a contar as moedinhas' para o fim do mês é muito revoltante.
ResponderEliminarApenas não me revejo no aspeto da abstenção, apesar de compreender a tua desilusão no sistema político, não penso que essa seja a forma mais indicada de o mostrar.
Um coelho
ResponderEliminarse leres o meu último comentário, antes deste, saberás que não sou pessoa de não dar o braço a torcer em certas questões.
A minha explicação sobre a abstenção ficou dada e os objectivos (que reconheço utópicos) que com isso pretenderia atingir.
Abraço amigo.
Muito bem Pinguim! Só um homem com o teu traquejo e vivência pode apresentar um resumo tão realista da política portuguesa pós-25 de Abril. É difícil hoje ver alguém fazer uma análise política sem facciosismo como a que tu fizeste. Está à vista de todos, menos daqueles que votaram nesta corja que está no Governo e agora se escondem...
ResponderEliminarCaro Amigo João
ResponderEliminarGostei muito deste teu texto que ilustra o caminho que temos vindo a seguir e que, para mim, se resume ao regresso progressivo ao 24 de Abril, com um distaciamento abissal entre classes e uma redução progressiva de todos os direitos que estão a ser substiuídos pela "caridadezinha". Infelizmente não concordo contigo no caso da abstenção. Opto pelo voto em branco, como afirmação ativa de descontentamento e de não identificação com qualquer dos partidos neste momento! Para mim o problema da abstenção é o de que se confundem a ausência políticamente motivada com a ausência por puro desinteresse! Existe já há algum tempo um movimento pelo voto em branco e é assim que eu tenho votado nas últimas eleições, apesar de ser militante do PS, mas exatamente porque sou socialista!
Um grande abraço!
Dylan
ResponderEliminarbasta estar algo atento e conhecer mais os portugueses do que os próprios políticos portugueses, que não são senão o espelho do povo que somos.
Acho este "diálogo" dos comentários a textos desta natureza, extremamente positivo, levando, sem querer a um debate interessante sobre determinados casos e pessoas; e eu não me isolo nas posições tomadas, e penso que o avolumar das críticas ao meu apelo, pode ser compreendido como razoável...
Abraço amigo.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarLuís
ResponderEliminareu sempre votei socialista, umas vezes por convicção mesmo, algumas delas por utilidade de voto. Pela primeira vez, este líder do PS não me merece qualquer credibilidade, e caso não haja dentro do partido algum "volt face", decerto pela primeira vez não votarei PS.
Já o venho afirmando nos últimos comentários, que a ideia da abstenção poderá não ser a melhor, mas continuo a dizer que a ideia que residiu ao meu apelo, resultaria se toda a gente descontente o fizesse, o que nunca sucederá, claro.
Abraço amigo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarDesta vez, não estou de acordo contigo, em muitos aspetos. Para mim, fazes um branqueamento de algumas legislaturas que contribuiram fortemente para a situação em que estamos. E não votar nunca é uma solução, a não ser em ditadura.
ResponderEliminarBjs
Teresa
ResponderEliminareu não faço um branqueamento de nenhum primeiro ministro desde que entrámos para a UE, como podes verificar.
Não analisei tão bem os mandatos de Guterres, de Barroso e de S.Lopes(deste nem valeria a pena falar) e mesmo de Sócrates referi como positivo o primeiro mandato, mas não deixo de criticar situações do segundo.
Claro que o ênfase vai para Cavaco, pois tem passado ou pretende fazer-se passar por nada ter a ver com o assunto, quando foi ele a iniciar o despesismo; e naturalmente, sobre o actual momento, que raia a quase loucura e que nos precipita para o abismo.
Pode haver e aceito que haja opiniões diferentes e ache que as suas políticas são as melhores. Tomara eu que se viesse a verificar isso.
Sobre o caso do abstencionismo, se tivesses lido os meus últimos comentários terias verificado alguma evolução no meu pensamento; afinal, da discussão, nasce a luz.
Beijinho.
Precisávamos de mudar a classe política.
ResponderEliminarSad eyes
ResponderEliminarTODA!!!!!!!!!!!!!!
Abraço amigo.
Mas se vires bem, quando havia censura do sócrates junto da imprensa toda a gente explodia e ouvia-se isto e aquilo. Agora que o Relvas faz exactamente o mesmo, já ninguém diz nada. Detesto lobies...
ResponderEliminarWhite_Fox
ResponderEliminarobrigado pela tua visita.
Isso estou eu farto de ver; tanta crítica a tanta coisa, no tempo de Sócrates e fazem mil vezes pior.
E o Seguro em vez de fazer uma oposição correcta, também se preocupa demasiado nas bicadas ao Sócrates. Tomara ele chegar-lhe aos calcanhares...
Abraço.