Mostrar mensagens com a etiqueta afectos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta afectos. Mostrar todas as mensagens
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
"Nothing compares 2U"
It's been seven hours and fifteen days
Since you took your love away
I go out every night and sleep all day
Since you took your love away
Since you've been gone I can do whatever I want
I can see whomever I choose
I can eat my dinner in a fancy restaurant
But nothing I said nothing can take away these blues,
Because nothing compares
Nothing compares to you
It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
I went to the doctor guess what he told me
Guess what he told me
He said girl you better try to have fun
No matter what you do
But he's a fool '
cause nothing compares
Nothing compares to you
All the flowers that you planted mama
In the backyard
All died when you went away
I know that living with you baby was sometimes hard
But I'm willing to give it another try
Nothing compares
Nothing compares to you
Sim, o Déjan está aqui comigo e vão ser duas semanas de cumplicidades e de ternuras; mas também há coisas a conversar principalmente sobre o seu futuro pois ele está numa fase muito importante da sua vida.
Iremos rever Lisboa, iremos rever e conhecer amigos e iremos dar um salto a Aveiro e a Gaia, voltar a jantar olhando o casario da Ribeira...
Sim, o Amor vale a pena, mesmo quando sofrido, porque..."Nothing compares 2U".
sábado, 5 de outubro de 2013
Jordan & Devon
Eu nem sou um grande apologista do acto a que chamamamos casamento, seja ele entre heterossexuais ou homossexuais, a não ser por facilidades legais; prefiro o "casamento" de sentimentos e de vivências, sem a necessidade de um "papel".
Apoiei sem reservas a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, pois qualquer pessoa deve ter as mesmas oportunidades e regalias, independentemente das suas afirmações sexuais.
Tenho várias pessoas que conheço que já deram esse passo, embora ainda não tivesse ido a nenhuma cerimónia, e não o lamento, pois essas cerimónias, quando acontecem devem ser intimas.
Mas, acima de tudo, conheço e tenho uma imensa felicidade nisso, muitas pessoas de ambos os sexos que estão "casad@s" há muito tempo, numa comunhão de amor.
Mas, porque esta cerimónia que aqui mostro no vídeo é toda ela muito bonita, sendo um hino ao amor, mas também à amizade de quem a partilhou com os noivos (familiares e amigos), aqui a partilho e não posso deixar de mencionar que também eu pertenço aos felizardos que amam e são amados.
Volim te, Déjan!
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
"E agora, lembra-me"
"Viver com HIV e VHC (hepatite C) não é uma novidade para Joaquim Pinto, que contraiu os vírus há cerca de 20 anos.
Será, no entanto, com espanto de novidade que percorremos as quase três horas de "E Agora? Lembra-me", filme autobiográfico em que acompanhamos um ano da vida de Joaquim, entre o campo onde vive, os ensaios clínicos em Madrid, o amor por Nuno, os cães, os amigos, as memórias e, como que condensando todos, o seu mundo interior, que espoleta em tantas direcções quantas consegue a consciência humana.
Um filme que é uma partilha.
"Quando me estava a preparar para este tratamento (em Madrid), percebi que praticamente não havia filmes actuais sobre o HIV feitos na primeira pessoa. Eu achei que era altura de alguém fazer um filme na primeira pessoa", conta-nos Joaquim.
É, de facto, assim que acontece, com Joaquim a contar a história ao longo de todo o filme.
Narrador presente e participante, que não inibe nunca a câmara: "Acho que o cinema tem a ver com exposição, tem a ver com luz, tem a ver, precisamente, com o mostrar alguma coisa. E também acho que não tenho nada a esconder."
A sequência do filme decorre tal qual um diário de bordo, em jeito cronológico, onde podemos seguir Joaquim ao ritmo do tratamento a que se submeteu, um estudo clínico com medicamentos ainda não aprovados: "O filme foi feito na altura em que eu estava a fazer este tratamento muito complicado, com efeitos psicológicos muito pesados. Muitas vezes, fiquei surpreendido com o material que tínhamos filmado, porque devido a esses efeitos não me lembrava de muitas coisas."
Se "E Agora? Lembra-me" surge também como exercício de memória - onde a narrativa de mistura, sem ordem aparente, entre desabafos quotidianos e episódios da vida de Joaquim -, isso não se deverá nem aos efeitos secundários dos medicamentos nem ao cansaço produzido por eles.
Joaquim explica: "Há muitas pessoas que passam por situações extremas na sua vida que implicam uma reflexão. Muitas vezes, isso tem outro lado, que é o de permitir fazer um certo balanço não só em relação ao passado, mas em relação ao que é a vida, ao que é estar vivo."
É assim que balançamos para cá e para lá, à boleia de João César Monteiro, Kurt Raab, Raul Ruiz, Guy Hacquenghem, Henri Alekan, Serge Daney, Copi, Claudio Martinez, amigos e companheiros de trabalho de Joaquim Pinto que aqui integram, sem dúvida, o seu panteão.
"A doença teve em mim um efeito imediato que foi o de me ajudar a distinguir o que é realmente essencial. Por outro lado, teve o efeito de me aproximar das pessoas com quem, de facto, tenho alguma coisa a ver. E, se calhar, de afastar as amizades que eram só circunstanciais."
Nuno Leonel, marido de Joaquim, é uma das "personagens" constantes no filme, um pilar presente/ausente que dizia ter coisas mais importantes para fazer do que participar no filme. "Cuidar de nós", conta Joaquim no filme. E, a nós, explica-nos: "Nos primeiros meses estive mais ou menos sozinho. Acho que há um momento de viragem que se percebe no filme, um momento em que o Nuno se aproxima e, a partir daí, o filme passa a ser feito pelos dois."
Muitas das filmagens estiveram a cargo de Nuno Leonel, como faz questão de deixar claro Joaquim: "Não fui só eu a fazer o filme. Foi feito em colaboração total com o Nuno."
"E Agora? Lembra-me" é também um filme sobre os sinais num mundo que Joaquim reconhece estar cego, por sermos, como diz, constantemente bombardeados com solicitações.
"Há sempre coisas inesperadas e o mais importante é estarmos atentos aos sinais que diariamente nos iluminam, e não os negar."
Uma crença na simplicidade das coisas, como nos diz, que não apresenta como manifesto ou revolta, mas como partilha:
"O que quis fazer com este filme é dar espaço às pessoas, sem lhes dizer 'eu penso isto ou aquilo'. Quis, sim, partilhar um bocadinho as minhas dúvidas. Se este sentimento de inquietação positiva puder ser transmitido, eu acho óptimo."
Este é um texto do jornal “i”, mas eu quero dizer algo mais.
Este filme marcou-me profundamente e em vários sentidos.
É um filme culturalmente brilhante, com pormenores técnicos fabulosos; é um filme profundamente comovedor e corajoso onde o realizador expõe a sua doença, os seus problemas, mas também as suas dúvidas e o seu amor (a figura de Nuno é fundamental).
Poucas vezes tenho visto cães filmados com tanto amor, sim, não me enganei, e os quatro cães são importantes no filme.
A um nível pessoal, achei uma coincidência a referência a uma pessoa que tão bem conheci, a Jo e a dois filmes que marcaram a minha vida: “A imitação da vida”, o primeiro filme que eu comentei num jornal, no início dos anos 60, quando estudava em Castelo Branco e a espantosa cena de Laura Betti, quando é enterrada viva a seu pedido no filme “Teorema” de Pasolini.
As citações maravilhosas de tanta gente, de Santo Agostinho a Ruy Belo, as referências muito bem “delineadas” a personalidades como Marx, Freud, e tantos outros.
As constantes alusões à Bíblia, à religiosidade do Nuno e a sua (do Joaquim) visão do Catolicismo, tão parecida à minha…
As recordações do passado, desde a infância, às viagens e estadias em países diferentes, a constante alusão aos Pais, aliás o seu Pai, com mais de 90 anos esteve presente na sala.
A actualidade do momento em que vivemos, a crise aqui e no mundo, os fogos, numa palavra, um olhar atento à realidade actual.
Enfim, e eu espero que o Joaquim viva muitos anos, mas este filme é desde já um testamento da sua vida e obra.
Não posso esquecer que este filme ganhou um dos mais importantes festivais de cinema, na sua última edição, Locarno.
É obrigatório que este filme maravilhoso possa ter uma exibição comercial para que possa ser apreciado por muita gente pois é um acto de verdadeira Cultura.
E agora, Joaquim?
Obrigado, a ti e ao Nuno!
Sim vamos lembrar-nos, é impossível esquecer este filme.
Publicada por
João Roque
à(s)
03:04
22 comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no TwitterPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
afectos,
arte,
cidadania,
cinema,
conceitos,
cultura,
fotos,
GLBT,
partilhas,
personalidades,
pessoal,
Portugal e os portugueses,
religião,
saúde,
sítios/viagens,
vida,
vídeo
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
"I want your love"
Pela primeira vez, neste blog, o aviso inicial é
perfeitamente justificado, já que mostro aqui um filme pornográfico. È um filme
pornográfico não convencional, com actores porno, mas protagonizado por dois
homens comuns que chegam ao sexo entre eles de uma forma normal.
Não considero chocante este filme, pese embora aceite que
para determinadas pessoas menos habituadas a estas situações, o mesmo as possa
incomodar, pelo que desde já lhes peço para se absterem de o visionar.
É escusado dizer que esta postagem é uma excepção e não uma
regra neste blog que sempre foi liberal em todos os aspectos e assim o
continuará a ser.
sábado, 13 de julho de 2013
Reencontro em Lisboa
Pois é, desta é que foi de vez.
Finalmente e depois de sucessivos adiamentos devidos à vida do Déjan que mudou muito por causa do estágio que está a fazer, finalmente chegámos à escolha de datas e os bilhetes estão comprados: chegará a Lisboa à noitinha de 9 de Outubro e aqui permanecerá até 24 do mesmo mês.
Depois de oito meses separados a completar nessa altura, estaremos de novo juntos, pouco tempo antes do nosso oitavo aniversário.
Vão ser dias bons, passados quase sempre aqui em Lisboa com uma ida aqui ou ali, mas acima de tudo, um com o outro e sem o fantasma de exames.
Antes pelo contrário, iremos decerto falar no seu futuro, lá para princípios de 2014, na Alemanha, onde eventualmente acontecerá o nosso posterior reencontro.
Gostaria de aproveitar a presença dele aqui para promover aquele jantarinho, de "lançamento" do livro do Miguel, de que falei no post sobre o seu livro, e que não tendo o alcance nem a preocupação de um jantar de blogs, será aberto a quem quiser estar presente e que portanto será a 12 ou 19 de Outubro, data a confirmar com o Miguel e no sítio do costume - o Guilho!
Mas disso falaremos mais detalhadamente mais tarde.
Deixem-me ficar a sonhar com este Outono que promete, apesar de todas as crise, ter duas semanas de muita felicidade.
Finalmente e depois de sucessivos adiamentos devidos à vida do Déjan que mudou muito por causa do estágio que está a fazer, finalmente chegámos à escolha de datas e os bilhetes estão comprados: chegará a Lisboa à noitinha de 9 de Outubro e aqui permanecerá até 24 do mesmo mês.
Depois de oito meses separados a completar nessa altura, estaremos de novo juntos, pouco tempo antes do nosso oitavo aniversário.
Vão ser dias bons, passados quase sempre aqui em Lisboa com uma ida aqui ou ali, mas acima de tudo, um com o outro e sem o fantasma de exames.
Antes pelo contrário, iremos decerto falar no seu futuro, lá para princípios de 2014, na Alemanha, onde eventualmente acontecerá o nosso posterior reencontro.
Gostaria de aproveitar a presença dele aqui para promover aquele jantarinho, de "lançamento" do livro do Miguel, de que falei no post sobre o seu livro, e que não tendo o alcance nem a preocupação de um jantar de blogs, será aberto a quem quiser estar presente e que portanto será a 12 ou 19 de Outubro, data a confirmar com o Miguel e no sítio do costume - o Guilho!
Mas disso falaremos mais detalhadamente mais tarde.
Deixem-me ficar a sonhar com este Outono que promete, apesar de todas as crise, ter duas semanas de muita felicidade.
terça-feira, 25 de junho de 2013
O livro do Miguel
Não sei exactamente por onde começar…
São cinco e meia da manhã e acabei agora mesmo de fazer algo impensável apenas algumas horas atrás – ler pela primeira vez na vida um e-book!
Tudo aconteceu quando ontem à noite, ao dar uma vista de olhos pelos blogs que sigo, deparei com a postagem acabada de ver no blog da Margarida, e dei comigo a escrever-lhe um comentário lacónico “estou quase tentado a ler um e-book pela primeira vez na vida…”.
Estava a fechar o PC quando reparei que um filme do qual estou a fazer o download no e-Mule estava a receber muito bem e portanto não quis fechar logo o computador; mas porque já tinha fechado tudo da net, excepto o e-Mule, e para preencher o tempo fui à área de trabalho e abri o atalho do Adobe Digital Editions, onde tinha posto durante a tarde o e-book que o João Máximo me tinha enviado (como sempre) do livro do Miguel, ontem mesmo editado, mesmo sabendo ele que eu iria comprar o livro na Bubock para o ler fisicamente, como gosto e sempre faço (até tínhamos falado nisso, ao telefone).
E dei comigo a começar a ler um livro, cujo título é um bocado estranho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, de um autor que eu conheço muito bem, e que faz o favor de ser meu amigo – o Miguel. Li a primeira história – “Furadouro”, e li mais duas, tendo a terceira um título deveras interessante para mim, “Rua de S.Marçal”, porque foi nessa rua que eu vivi os meus primeiros quatro anos lisboetas.
E quando a terminei, dei por mim a pensar em tudo o que eu vivi nessa rua e adjacentes, e pensei que ainda um dia iria escrever sobre essa rua, também…
Talvez porque esses pensamentos me tivessem ocupado a mente, talvez por ser tarde, verifiquei que as fontes do download, tinham secado, e assim sendo, fechei o computador e fui dormir.
Como é meu hábito, o sono para mim é completamente irregular e assim acordei pelas 4 e 20 da madrugada e de imediato fui abrir o PC, não para ver algo dos blogs, do correio electrónico, ou repor o e-Mule a fazer downloads; fui deliberadamente continuar a leitura do livro do Miguel.
E não consegui parar!!!
Li tudo, tudinho e como Carneiro que sou aqui estou a dizer isto tudo e que se resume em poucas palavras: acabei de ler um dos mais belos livros que já li em toda a minha vida.
Não, não digo isto porque o Miguel é meu amigo, digo-o convictamente porque o livro é para mim, absolutamente maravilhoso.
Eu não sou um grande crítico literário e até tenho alguma inveja em ler belíssimas criticas na bloga a livros lidos, nomeadamente do Miguel.
Tenho dificuldade em dizer porque gosto ou não gosto, tenho alguma inércia de procurar trechos que evidenciem o valor de um livro, enfim, aprecio muito e fico com uma ideia precisa daquilo que vou lendo, mas sem o expressar, sem desenvolver as ideias com que fiquei.
Neste caso, estes contos são de tal maneira intensos por um lado, e tão maravilhosamente descritivos por outra, que fiquei rendido, total e inequivocamente rendido.
Seria maravilhoso deixar aqui uma impressão de cada um, mas não o farei e a obra vale pelo todo, porque não há contos melhores ou piores, são todos bons e devem ser lidos como um todo, uma laranja sumarenta e doce, com os seus gomos apetecíveis.
No entanto há dois contos que realço, e por razões diversas.
Um é “Chez Toi” por aquilo que ele representa para o Miguel; é um conto muito pessoal, o mais pessoal de todos eles, atrever-me-ia mesmo a dizer.
O outro é o último – “Quatro Canções”, subjectivamente o meu preferido e objectivamente um conto memorável. Além do mais, não no desfecho, mas no seu início, tem muito a ver com vivências minhas… Para finalizar faço um apelo: por favor leiam este livro!
É imprescindível para qualquer pessoa que goste de ler, para quem tiver sensibilidade, para quem goste de sentimentos e de formas diversas de os viver.
E lanço desde já aqui um desafio, ao João e ao Luís, que em boa hora “deram à luz” este livro, para num futuro próximo, numa data a combinar com o Miguel, (e depois de eu e mais algumas pessoas terem adquirido o livro físico), de fazer um jantar de apresentação formal deste livro.
Não será um jantar de blogs, de forma alguma, mas sim um encontro que tem como objectivo único reunir pessoas que tenham lido e gostado deste livro e também , é óbvio daquelas pessoas que estejam interessadas em lê-lo.
Contem comigo, e decerto com a Margarida para pormos esta iniciativa de pé.
São cinco e meia da manhã e acabei agora mesmo de fazer algo impensável apenas algumas horas atrás – ler pela primeira vez na vida um e-book!
Tudo aconteceu quando ontem à noite, ao dar uma vista de olhos pelos blogs que sigo, deparei com a postagem acabada de ver no blog da Margarida, e dei comigo a escrever-lhe um comentário lacónico “estou quase tentado a ler um e-book pela primeira vez na vida…”.
Estava a fechar o PC quando reparei que um filme do qual estou a fazer o download no e-Mule estava a receber muito bem e portanto não quis fechar logo o computador; mas porque já tinha fechado tudo da net, excepto o e-Mule, e para preencher o tempo fui à área de trabalho e abri o atalho do Adobe Digital Editions, onde tinha posto durante a tarde o e-book que o João Máximo me tinha enviado (como sempre) do livro do Miguel, ontem mesmo editado, mesmo sabendo ele que eu iria comprar o livro na Bubock para o ler fisicamente, como gosto e sempre faço (até tínhamos falado nisso, ao telefone).
E dei comigo a começar a ler um livro, cujo título é um bocado estranho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, de um autor que eu conheço muito bem, e que faz o favor de ser meu amigo – o Miguel. Li a primeira história – “Furadouro”, e li mais duas, tendo a terceira um título deveras interessante para mim, “Rua de S.Marçal”, porque foi nessa rua que eu vivi os meus primeiros quatro anos lisboetas.
E quando a terminei, dei por mim a pensar em tudo o que eu vivi nessa rua e adjacentes, e pensei que ainda um dia iria escrever sobre essa rua, também…
Talvez porque esses pensamentos me tivessem ocupado a mente, talvez por ser tarde, verifiquei que as fontes do download, tinham secado, e assim sendo, fechei o computador e fui dormir.
Como é meu hábito, o sono para mim é completamente irregular e assim acordei pelas 4 e 20 da madrugada e de imediato fui abrir o PC, não para ver algo dos blogs, do correio electrónico, ou repor o e-Mule a fazer downloads; fui deliberadamente continuar a leitura do livro do Miguel.
E não consegui parar!!!
Li tudo, tudinho e como Carneiro que sou aqui estou a dizer isto tudo e que se resume em poucas palavras: acabei de ler um dos mais belos livros que já li em toda a minha vida.
Não, não digo isto porque o Miguel é meu amigo, digo-o convictamente porque o livro é para mim, absolutamente maravilhoso.
Eu não sou um grande crítico literário e até tenho alguma inveja em ler belíssimas criticas na bloga a livros lidos, nomeadamente do Miguel.
Tenho dificuldade em dizer porque gosto ou não gosto, tenho alguma inércia de procurar trechos que evidenciem o valor de um livro, enfim, aprecio muito e fico com uma ideia precisa daquilo que vou lendo, mas sem o expressar, sem desenvolver as ideias com que fiquei.
Neste caso, estes contos são de tal maneira intensos por um lado, e tão maravilhosamente descritivos por outra, que fiquei rendido, total e inequivocamente rendido.
Seria maravilhoso deixar aqui uma impressão de cada um, mas não o farei e a obra vale pelo todo, porque não há contos melhores ou piores, são todos bons e devem ser lidos como um todo, uma laranja sumarenta e doce, com os seus gomos apetecíveis.
No entanto há dois contos que realço, e por razões diversas.
Um é “Chez Toi” por aquilo que ele representa para o Miguel; é um conto muito pessoal, o mais pessoal de todos eles, atrever-me-ia mesmo a dizer.
O outro é o último – “Quatro Canções”, subjectivamente o meu preferido e objectivamente um conto memorável. Além do mais, não no desfecho, mas no seu início, tem muito a ver com vivências minhas… Para finalizar faço um apelo: por favor leiam este livro!
É imprescindível para qualquer pessoa que goste de ler, para quem tiver sensibilidade, para quem goste de sentimentos e de formas diversas de os viver.
E lanço desde já aqui um desafio, ao João e ao Luís, que em boa hora “deram à luz” este livro, para num futuro próximo, numa data a combinar com o Miguel, (e depois de eu e mais algumas pessoas terem adquirido o livro físico), de fazer um jantar de apresentação formal deste livro.
Não será um jantar de blogs, de forma alguma, mas sim um encontro que tem como objectivo único reunir pessoas que tenham lido e gostado deste livro e também , é óbvio daquelas pessoas que estejam interessadas em lê-lo.
Contem comigo, e decerto com a Margarida para pormos esta iniciativa de pé.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Cinema e música 6 - "Morte em Veneza"
Se há filmes que marcam pela sua sensibilidade, um deles é
sem dúvida a obra prima de Luchino Visconti, “Morte em Veneza” (1971).
Aliás todos os filmes que têm Veneza como cenário são
mágicos, como mágica é aquela cidade do Adriático. Acredito que não haja no
mundo uma cidade tão “cinematográfica”.
Neste filme cuja época nos reporta ao princípio do século
passado, um compositor passa férias no Lido, a praia em frente da cidade, onde
procura refúgio para problemas recentes, profissionais e pessoais, e acaba por
se deixar seduzir por Tadzio, um jovem com uma beleza andrógina, que ali passa
uma temporada com a família.
Entretanto é focada também a epidemia de cólera que assolou
aquela cidade na altura e que as autoridades procuram esconder para não
comprometer a estação turística.
A cena final, da morte do protagonista, só, na praia, e com
Tadzio a brincar por perto, é de uma beleza ao mesmo tempo terrível e tocante,
com Dirk Bogarde a ter uma das suas mais brilhantes interpretações.
De realçar a beleza e o porte senhoril de uma grande dama do
cinema europeu, Silvana Mangano, que tantas vezes trabalhou com Visconti.
E também a presença do jovem actor sueco Bjorn Andrésen, que
protagoniza Tadzio, e que podemos ver aqui num curioso vídeo, em que Visconti o testa
para este papel.
Claro que a base desta postagem é a relação do cinema com a
música e aqui não só por ser um compositor o principal protagonista. E há quem
diga que foi em Gustav Mahler que Thomas
Mann, o autor da obra aqui adaptada, se inspirou para dar vida ao personagem.
E é precisamente deste compositor o principal tema musical
do filme, o célebre Adagietto da sua 5ª.Sinfonia, e que para mim é das mais
belas peças musicais de sempre.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
O Jantar
Como estava programado realizou-se no passado sábado, dia 25, o sexto jantar de blogs por mim organizado e desta vez com a ajuda da Margarida, tendo o Paulo S. Mendes contribuído com o “banner” do mesmo.
Como sempre, deu-me muito trabalho, a começar na escolha da data, a qual se pretende seja a mais consensual possível, mas nunca poderá ser a ideal.
Tenho muitos contactos na blogo, quer daqueles que estão no activo, quer de muitos que já não estão, mas que continuam a privilegiar estes eventos e até simples comentadores.
A todos contacto e sei que se por pura utopia todos pudessem estar presentes teríamos que repensar o jantar, pelo menos quanto ao espaço.
No entanto esses contactos trazem inúmeras e a maior parte das vezes, compreensíveis respostas negativas e por diversos motivos: terem que se deslocar, casos de trabalho, e alguns casos de menor assiduidade no contacto virtual, que levam a uma quase normal recusa.
Mas também há recusas que me custam aceitar e que são em primeiro lugar aquelas que provêm de um total alheamento do contacto, sem se dignarem a um simples “não”.
Depois há os que alegam motivos perfeitamente identificados com desculpas esfarrapadas, quando seria muito mais bonito dizer que não vão porque não querem.
Há ainda e são vários os casos em que há o medo de se mostrarem publicamente, e aqui se associa a maior parte das vezes um medo de se assumirem como homossexuais que são, com a ideia errada de que o simples facto de estarem presentes os identifica como tal…
Enfim, muitas justificações para uma não presença que considero normal dentro do contexto deste tipo de reuniões.
Depois há os que aderem de imediato, e se eu aceito que até à data do evento algo possa acontecer que impeça a sua presença, aceito ainda melhor quem me diga que sim, estarão presentes em princípio, mas isso dependerá de circunstâncias que só mais na hora poderão confirmar; claro que não os incluo na lista dos participantes e aguardo a semana do jantar para definir a sua situação.
E também aqui há por vezes alguma precipitação pois não é uma eventual tarefa ou compromisso que os impedirá de estar presentes, mas sim um futuro estado de espírito.
Concluindo, não é fácil determinar com exactidão o número de participantes e as últimas horas são mesmo stressantes, principalmente depois de ter comunicado ao restaurante o número de presenças.
Este ano tive especial cuidado com o cálculo desse número, tendo-o fixado em 40.
Estivemos 37; uma presença agradavelmente não esperada e quatro ausências, duas delas justificadas pela presença dos companheiros que quiseram mesmo assim estar presentes e duas não justificadas, sem dar cavaco (salvo seja…)
Mas os 37 foram um belo grupo e mais que suficiente para uma noite muito bem passada e que justificou em absoluto o trabalho que tive.
Quero, como é óbvio agradecer em primeiro lugar a todos os que estiveram presentes, mais ainda aos que vieram de fora: Cadaval, Coimbra, Évora, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Porto, Braga e Galiza!
O jantar decorreu normalmente com as pessoas a conhecerem-se mutuamente ou a recordar encontros anteriores e mais uma vez a norma funcionou: aqueles que vieram pela primeira vez e foram bastantes, gostaram verdadeiramente e ficaram com vontade de mais convívios deste tipo.
Claro que neste tipo de eventos é necessário usar de algumas formas que levem a um clima de convivência bom; o primeiro é termos mais uma vez optado por um jantar volante, que pode não ser o ideal, mas leva a que não se fique limitado a conhecer apenas os 3/4 companheiros de mesa.
Outro e importante é apresentar sempre alguma coisa extra-jantar, que una por alguns minutos todos os convivas.
Este ano esse momento foi dividido em três partes: primeiro, o Luís e o João apresentaram o seu projecto, que tão bons resultados está a obter e que nunca é demais enaltecer – o Index ebooks –
e depois fizeram informalmente uma apresentação da série “Dois Mundos”, do Pedro Xavier, da qual já estão editados os dois primeiros livros, como referi no meu anterior post.
Depois foi apresentado o André, e mostrado o seu magnífico trabalho de design de automóveis e motos, o qual já foi premiado com vários prémios mundiais.
E finalmente, e tendo como base as iniciativas do Sad eyes, foram lidos alguns contos dos concursos por ele promovidos, com natural destaque para os Pixel – LGBT e também outros dois textos de pessoas presentes.
Este momento, permitiu um ainda maior convívio, principalmente de quem ainda estava com alguma timidez. Já passava das duas de manhã, quando os últimos “resistentes” partiram, até porque o restaurante tinha que fechar.
Não poderia terminar sem uma palavra de agradecimento para a equipa do Restaurante Guilho
que nos presenteou com a melhor ementa de todas as quatro vezes que já ali festejamos; excelente a confecção, muito boa a organização, inexcedível a simpatia.
Se algum problema não existirá num próximo jantar de blogs, esse será a escolha do local, pois já está naturalmente escolhido – o mesmo.
Resta apresentar aqui a lista dos participantes, com a indicação dos links dos blogs ainda activos.
Estiveram presentes o Zé Varandas, Zé Grilo, Carlos Martins, Sérgio (Lampejo), Paulo Medeiros e Nuno (Engine), já com blogs desactivados e os seguintes blogs activos: Sad eyes, João, André Luder, Francisco Eustáquio, Francisco Mendes, Miguel/Vilna/Queta, Ophiucus, Nuno, Pedro Xavier, Marco, Paulo e Zé, Mark, Ribatejano, Miguel Nada, João e Luís, Margarida, Ima e eu mesmo.
Também a presença de um antigo comentador e presença habitual nestes jantares, o Rui Carriço e de dois convidados meus – o Duarte, naturalmente, e o Zé Sapinho. De referir o facto de alguns dos participantes terem levado os seus acompanhantes, um dos quais me parece ter ficado entusiasmado com esta atmosfera e irá iniciar em breve um blog; assim o espero.
Um enorme obrigado a tod@s!
Como sempre, deu-me muito trabalho, a começar na escolha da data, a qual se pretende seja a mais consensual possível, mas nunca poderá ser a ideal.
Tenho muitos contactos na blogo, quer daqueles que estão no activo, quer de muitos que já não estão, mas que continuam a privilegiar estes eventos e até simples comentadores.
A todos contacto e sei que se por pura utopia todos pudessem estar presentes teríamos que repensar o jantar, pelo menos quanto ao espaço.
No entanto esses contactos trazem inúmeras e a maior parte das vezes, compreensíveis respostas negativas e por diversos motivos: terem que se deslocar, casos de trabalho, e alguns casos de menor assiduidade no contacto virtual, que levam a uma quase normal recusa.
Mas também há recusas que me custam aceitar e que são em primeiro lugar aquelas que provêm de um total alheamento do contacto, sem se dignarem a um simples “não”.
Depois há os que alegam motivos perfeitamente identificados com desculpas esfarrapadas, quando seria muito mais bonito dizer que não vão porque não querem.
Há ainda e são vários os casos em que há o medo de se mostrarem publicamente, e aqui se associa a maior parte das vezes um medo de se assumirem como homossexuais que são, com a ideia errada de que o simples facto de estarem presentes os identifica como tal…
Enfim, muitas justificações para uma não presença que considero normal dentro do contexto deste tipo de reuniões.
Depois há os que aderem de imediato, e se eu aceito que até à data do evento algo possa acontecer que impeça a sua presença, aceito ainda melhor quem me diga que sim, estarão presentes em princípio, mas isso dependerá de circunstâncias que só mais na hora poderão confirmar; claro que não os incluo na lista dos participantes e aguardo a semana do jantar para definir a sua situação.
E também aqui há por vezes alguma precipitação pois não é uma eventual tarefa ou compromisso que os impedirá de estar presentes, mas sim um futuro estado de espírito.
Concluindo, não é fácil determinar com exactidão o número de participantes e as últimas horas são mesmo stressantes, principalmente depois de ter comunicado ao restaurante o número de presenças.
Este ano tive especial cuidado com o cálculo desse número, tendo-o fixado em 40.
Estivemos 37; uma presença agradavelmente não esperada e quatro ausências, duas delas justificadas pela presença dos companheiros que quiseram mesmo assim estar presentes e duas não justificadas, sem dar cavaco (salvo seja…)
Mas os 37 foram um belo grupo e mais que suficiente para uma noite muito bem passada e que justificou em absoluto o trabalho que tive.
Quero, como é óbvio agradecer em primeiro lugar a todos os que estiveram presentes, mais ainda aos que vieram de fora: Cadaval, Coimbra, Évora, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Porto, Braga e Galiza!
O jantar decorreu normalmente com as pessoas a conhecerem-se mutuamente ou a recordar encontros anteriores e mais uma vez a norma funcionou: aqueles que vieram pela primeira vez e foram bastantes, gostaram verdadeiramente e ficaram com vontade de mais convívios deste tipo.
Claro que neste tipo de eventos é necessário usar de algumas formas que levem a um clima de convivência bom; o primeiro é termos mais uma vez optado por um jantar volante, que pode não ser o ideal, mas leva a que não se fique limitado a conhecer apenas os 3/4 companheiros de mesa.
Outro e importante é apresentar sempre alguma coisa extra-jantar, que una por alguns minutos todos os convivas.
Este ano esse momento foi dividido em três partes: primeiro, o Luís e o João apresentaram o seu projecto, que tão bons resultados está a obter e que nunca é demais enaltecer – o Index ebooks –
e depois fizeram informalmente uma apresentação da série “Dois Mundos”, do Pedro Xavier, da qual já estão editados os dois primeiros livros, como referi no meu anterior post.
Depois foi apresentado o André, e mostrado o seu magnífico trabalho de design de automóveis e motos, o qual já foi premiado com vários prémios mundiais.
E finalmente, e tendo como base as iniciativas do Sad eyes, foram lidos alguns contos dos concursos por ele promovidos, com natural destaque para os Pixel – LGBT e também outros dois textos de pessoas presentes.
Este momento, permitiu um ainda maior convívio, principalmente de quem ainda estava com alguma timidez. Já passava das duas de manhã, quando os últimos “resistentes” partiram, até porque o restaurante tinha que fechar.
Não poderia terminar sem uma palavra de agradecimento para a equipa do Restaurante Guilho
que nos presenteou com a melhor ementa de todas as quatro vezes que já ali festejamos; excelente a confecção, muito boa a organização, inexcedível a simpatia.
Se algum problema não existirá num próximo jantar de blogs, esse será a escolha do local, pois já está naturalmente escolhido – o mesmo.
Resta apresentar aqui a lista dos participantes, com a indicação dos links dos blogs ainda activos.
Estiveram presentes o Zé Varandas, Zé Grilo, Carlos Martins, Sérgio (Lampejo), Paulo Medeiros e Nuno (Engine), já com blogs desactivados e os seguintes blogs activos: Sad eyes, João, André Luder, Francisco Eustáquio, Francisco Mendes, Miguel/Vilna/Queta, Ophiucus, Nuno, Pedro Xavier, Marco, Paulo e Zé, Mark, Ribatejano, Miguel Nada, João e Luís, Margarida, Ima e eu mesmo.
Também a presença de um antigo comentador e presença habitual nestes jantares, o Rui Carriço e de dois convidados meus – o Duarte, naturalmente, e o Zé Sapinho. De referir o facto de alguns dos participantes terem levado os seus acompanhantes, um dos quais me parece ter ficado entusiasmado com esta atmosfera e irá iniciar em breve um blog; assim o espero.
Um enorme obrigado a tod@s!
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Um vídeo e um livro
Estava-me a preparar para deixar aqui uma postagem sobre um
daqueles livrinhos da sempre interessante colecção “& etc”, que acabei de
ler, da autoria de José António Almeida, do qual já tinha lido da mesma
colecção outro livro, só de poesia – “Obsessão”, quando vi aqui,
um vídeo que me assustou e repugnou, com uma entrevista a uma tal Drª. Madalena
Fontoura, presumo que seja psicóloga e que não resisto em trazer aqui e para o
qual peço a vossa especial atenção, já que entre outras preciosidades, esta doutora
afirma que é normal as crianças terem pequenos desvios quando são pequenas e
ficam com a ideia de que são homossexuais, e depois muito mal influenciadas por
adultos pérfidos acabam por entrar nesse mundo, de onde saem fragilizados e
que têm dificuldade em sair dele…mas conseguem, claro, com a ajuda de pessoas esclarecidas como ela.
Em comparação, José António Almeida, apresenta-nos neste seu livro, de nome “O Casamento sempre foi gay e nunca triste”,
uma primeira parte com alguns pequenos textos em que procura explicar a problemática de ser ao mesmo tempo homossexual e católico, nos tempos de uma Igreja conservadora e retrógrada, aliás na linha das três grandes religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo.
Escolhi um texto que me parece muito correcto e que a drª. Madalena Fontoura deveria ler para tentar perceber porque é que ela é tão ignorante.
“Um homossexual tem de abrir dentro e fora de si um espaço para poder ser. Esse espaço interior de construção de si mesmo e essa projecção de um mundo de possibilidade fora de si exigem-lhe recursos extraordinários. Enquanto os heterossexuais encontram um mundo pronto-a-vestir, os homossexuais têm de construir a estrada para poder circular, essa via que lhes permita avançar na direcção do futuro. Esta ausência de perspectivação do futuro creio que é o maior problema com que se deparam os adolescentes que se descobrem com uma orientação sexual diversa da maioritária. E como podem falar livremente de homossexualidade num mundo social, familiar e religioso onde a homossexualidade era ainda em tempos muito recentes um tabu ou um assunto marcado com o ferrete da ignomínia? E, sobretudo, como falar disso no meio de desertos de intensa solidão afectiva? Como viver de escassa meia dúzia de carícias e de beijos trocados em noites que, para o mundo dos outros, nunca existiriam?”
Note-se que José António Almeida é um poeta e o resto deste pequeno livro é preenchido com alguns poemas, que e na minha opinião, estão num patamar inferior às reflexões que deixa anteriormente nos textos que escreve.
Publicada por
João Roque
à(s)
14:45
41 comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no TwitterPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
afectos,
blogosfera,
cidadania,
conceitos,
GLBT,
literatura,
partilhas,
personalidades,
poesia,
Portugal e os portugueses,
publicações,
religião,
saúde,
vida,
vídeo
segunda-feira, 22 de abril de 2013
E a propósito...
É uma curiosa coincidência, e afirmo-o em absoluto, que no dia de ontem, me chegaram "às mãos" duas curtas metragens, que não sendo umas obras primas, são muito interessantes e principalmente apareceram no momento certo, pois elas "documentam" de alguma forma o que foi dito no vídeo da postagem anterior, sobre o sexo anal.
Não estou a fazer aqui no blog uma dissecação sobre o assunto, apenas pus aquele vídeo por me ter parecido de certa forma "didáctico". Agora caem-me do céu estes dois vídeos que peço interpretem apenas como referi de início, uma feliz coincidência.
É curioso também uma outra questão e que não foi uma opção: ambas as curtas se passam na esfera heterossexual...
Apreciem e digam da vossa justiça.
Não estou a fazer aqui no blog uma dissecação sobre o assunto, apenas pus aquele vídeo por me ter parecido de certa forma "didáctico". Agora caem-me do céu estes dois vídeos que peço interpretem apenas como referi de início, uma feliz coincidência.
É curioso também uma outra questão e que não foi uma opção: ambas as curtas se passam na esfera heterossexual...
Apreciem e digam da vossa justiça.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Kalizma*
“Corta!”, disse Mankiewicz.
Richard Burton, vestido de Marco António, beijava Elizabeth Taylor, despida de Cleópatra, há mais de um minuto.
Estava calor – a rodagem do épico sobre a mais famosa egípcia da Antiguidade era nos estúdios da Cinecittà, nos arredores de Roma. Os holofotes, postados acima do décor, derretiam as pedras de gelo no bourbon de Mankiewicz.
Mas Burton e Taylor não desgrudavam.
“Corta!”, repetiu o realizador.
“Importam-se que eu termine a cena?”.
Nada. Continuavam a beijar-se.
Mankiewicz insistiu: “Interessa-vos que já seja hora de almoço?”
Desde esse dia, Richard Burton, o grande actor clássico, e Elizabeth Taylor, a grande estrela de Hollywood, nunca mais pararam de se amar. E de se odiar.
Ele já a tinha visto uma vez. Fora há nove anos, na piscina de Stewart Granger e Jean Simmons, em Beverly Hills.
Ela só tinha vinte e um, estava de biquini azul claro, tirou os óculos escuros e fitou-o por um segundo, naquela explosão violeta que era o olhar de Liz Taylor.
Ele ficou de queixo tão caído que quase desatou à gargalhada.
Não foi só o olhar que o impressionou: “Ela era extraordinária. Os seios eram apocalípticos, podiam derrubar impérios”.
Conteve-se.
Nessa tarde, fez de Richard Burton, o galês com voz de tempestade, o declamador de memória dos sonetos de Shakespeare, a criança nascida na miséria das minas de carvão do País de Gales, o filho de alcoólico, o décimo segundo de treze irmãos. O “angry young man” prestes a conquistar a América.
Ela não lhe ligou nenhuma.
Richard Burton, vestido de Marco António, beijava Elizabeth Taylor, despida de Cleópatra, há mais de um minuto.
Estava calor – a rodagem do épico sobre a mais famosa egípcia da Antiguidade era nos estúdios da Cinecittà, nos arredores de Roma. Os holofotes, postados acima do décor, derretiam as pedras de gelo no bourbon de Mankiewicz.
Mas Burton e Taylor não desgrudavam.
“Corta!”, repetiu o realizador.
“Importam-se que eu termine a cena?”.
Nada. Continuavam a beijar-se.
Mankiewicz insistiu: “Interessa-vos que já seja hora de almoço?”
Desde esse dia, Richard Burton, o grande actor clássico, e Elizabeth Taylor, a grande estrela de Hollywood, nunca mais pararam de se amar. E de se odiar.
Ele já a tinha visto uma vez. Fora há nove anos, na piscina de Stewart Granger e Jean Simmons, em Beverly Hills.
Ela só tinha vinte e um, estava de biquini azul claro, tirou os óculos escuros e fitou-o por um segundo, naquela explosão violeta que era o olhar de Liz Taylor.
Ele ficou de queixo tão caído que quase desatou à gargalhada.
Não foi só o olhar que o impressionou: “Ela era extraordinária. Os seios eram apocalípticos, podiam derrubar impérios”.
Conteve-se.
Nessa tarde, fez de Richard Burton, o galês com voz de tempestade, o declamador de memória dos sonetos de Shakespeare, a criança nascida na miséria das minas de carvão do País de Gales, o filho de alcoólico, o décimo segundo de treze irmãos. O “angry young man” prestes a conquistar a América.
Ela não lhe ligou nenhuma.
Em 1963, depois do primeiro beijo que incendiou um
filme prestes a consumir um dos grandes estúdios, aMGM (o
orçamento descontrolou-se tanto que gerou uma factura equivalente a dois
“Titanic”), fizeram amor “como coelhos”, em todo o lado: iates emprestados,
hotéis da Via Venetto, o camarim dele.
Os paparazzi, que Fellini inventara
no seu “La Dolce Vita”, ganhavam a razão de existir.
Elizabeth Taylor
estava casada (era o quarto matrimónio) há pouco tempo com o cantor Eddie
Fisher. Roubara-o à amiga Debbie Reynolds.
Richard Burton estava casado há
catorze anos com a também galesa Sybil, a sua âncora emocional. Mas Burton
já estava solto em mar alto.
Ainda fez uma tentativa: “Não me posso separar de
Sybil e dos miúdos”, disse a Taylor.
Ela tentou suicidar-se – enfiada numa
camisa de noite Dior, claro — com uma overdose de barbitúricos. Acordou
com Eddie Fisher à cabeceira da cama, com uma arma apontada à cabeça: “Não te
preocupes, que nunca dispararia sobre uma cara tão bonita”.
A 5
de Março de 1964, dois dias depois de Taylor obter o divórcio de Fisher,
meteu-se com Burton num charter para Montreal e casaram. Ela ia de amarelo.
Ele ia feliz.
Na mais intensa e pormenorizada biografia do
casal, “Furious Love – Richard Burton, Elizabeth Taylor and the Marriage
of the Century”, editada em 2011 pela Harper & Collins,
o amor colérico, caótico, contraditório de Liz/Burton atingiu a plenitude
quando Richard ofereceu a Elizabeth um iate exausto mas supremamente elegante
– como eles -, veterano da Primeira e Segunda Guerra Mundiais, chamado
“Minona” na primeira encarnação, agora pronto para um segundo período de
beligerância.
“Kalizma”, assim foi baptizado o barco pelo casal, em homenagem
aos filhos Kate (de Burton com Sybil), Liza (de Liz com Michael Todd, o produtor
morto num desastre de aviação) e Maria, uma menina alemã adoptada por ambos
– para desgosto do casal, Taylor nunca poderia ter filhos de Burton após
uma histerectomia.
Richard sonhava com Liz mesmo antes de a conhecer.
Com doze anos e “Lassie Come Home” ou “National Velvet”, ela já era um
ídolo das matinés. Fazia parte da primeira aristocracia do cinema sonoro.
De pais norte-americanos e abastados, educada em Inglaterra, em Hampstead,
Liz frequentara o mesmo colégio da princesa Isabel. Não conhecia dificuldades,
só adulação.
Já Richard vinha de Pontrhydyfen, terra pobre e impronunciável.
Nunca conhecera a mãe, o pai desaparecia durante semanas em odisseias de
jogo e whiskey, fora educado pela irmã mais velha e a sua pátria eram os
livros. Liz e Richard não podiam ser mais diferentes.
Mas havia pontos comuns: ambos precisavam de
analgésicos (sofriam dos ossos e da coluna); ambos sentiam o vazio da fama;
ambos bebiam, muito.
Ele, para minorar os sentimentos de culpa – de ter deixado
Sybil, de o pai achar que ele era um inútil com uma profissão de maricas,
de ter optado pelo estrelato no lugar de uma respeitável carreira teatral, de o irmão mais velho ter caído uma noite no chalet
do casal em Céligny, na Suiça, pelo final dos anos 60, após uma tremenda sessão
de copos com Richard e batido com o pescoço num parapeito, ficando paralisado.
Ela
emborcava para aguentar o peso da celebridade e para dissipar a tensão
dos dias de rodagem com catorze horas.
Quando se conheceram, passaram a
beber mais, bebendo-se um ao outro.
Após o impacto do affair – os franceses chamaram
ao caso Le Scandale e o
Vaticano emitiu um comunicado a censurar a vida dissoluta dos adúlteros
– Elizabeth e Richard decidiram pisar terra apenas quando as câmaras estivessem
prontas a rodar: o “Kalizma” tornou-se o lar flutuante do clã Liz/Burton.
Em meados dos anos sessenta, os Burton possuíam
uma quinta com cavalos no condado de Wicklow, na Irlanda, a Casa Kimberley,
uma vivenda junto ao mar na costa oeste mexicana (foram eles que puseram
Puerto Vallarta no mapa), o De Havilland, um jacto privado que custou um
milhão (chamava-se “Elizabeth”), casas em Gstaad, 685 hectares nas Canárias,
apartamentos em Londres e Paris.
Mas a garantia do seu estilo de vida itinerante
era o “Kalizma”.
Além disso, o iate permitia-lhes fugir aos impostos
sobre as centenas de milhões de dólares que amealharam nessa década.
Gastaram-nos bem – tornou-se célebre a expressão “spending money like the Burtons”.
Afinal, nada fazia Liz sorrir mais do que uma jóia. E Richard sabia-o. Começou
por oferecer-lhe o Krupp, um diamante do tamanho de uma uva (pagou o equivalente
a dois milhões de dólares pela pedra).
Tinham especial prazer em atracar o
iate de 50 metros nos portos em que Onassis procurava seduzir Jacqueline
Kennedy.
Quando Burton conseguiu superar a oferta de Onassis no leilão
pelo maior diamante do mundo à época, o Cartier, escreveu no seu diário que
“esta pedra tem que ser usada pelo mais bela mulher da Terra. Teria um ataque
se ela fosse para Jackie Kennedy”.
Valendo cerca de 6 milhões de dólares ao
câmbio actual, o diamante foi rebaptizado “Taylor-Burton”. Liz só estava
autorizado a usá-lo trinta dias por ano, sempre na presença de seguranças.
Claro que ela se divertia a exibi-lo no “Kalizma”. Só para os dois, em alto
mar. Era a única roupa que usava.
Mas a melhor prenda de Richard a Liz foi o “Kalizma”.
O pai de Liz era um reputado marchand, e
ela herdou o instinto paterno.
Os Monet, Picasso e Van Gogh do casal foram
direitinhos para o iate, distribuídos pelos sete quartos (apesar de Liz
passar horas nas três casas de banho da embarcação, não chegaram a pendurar
uma tela em qualquer delas).
A tripulação era de oito pessoas, incluindo
uma criada e um mordomo. Entre maquilhadoras para Liz, amas e preceptoras
para os filhos de ambos e consultores de marketing para o casal, Richard e
Elizabeth chegaram a ter quarenta e duas pessoas na sua folha de pagamentos
(Richard também sustentava quase todos os seus doze irmãos). John Gielgud,
o actor shakespereano amigo do casal, passou uma temporada com eles no
“Kalizma” e ficou impressionado com os “14 marinheiros portugueses” da
embarcação (talvez Gielgud, homosexual assumido, alucinasse).
Sendo o
par mais glamoroso da sua época, eram recebidos como realeza cada vez que
punham os pés em terra firme – reinventaram a fama, e o casal Brangelina
seria um duo de pobres missionários a seu lado.
Percorriam o Mediterrâneo
como piratas ao largo da civilização, bebendo três garrafas de vodka por
dia (só ele despachava duas), fazendo amor todas as noites. Se não bebiam,
não conseguiam.
A única alternativa era uma discussão feroz. A luta era o
motor da sua líbido: nada lhes dava mais tesão do que vinte shots ou uma magnífica
sequência de insultos.
Depois, a cama era inevitável.
Como diz Liz, “imaginem
ter a voz de Richard Burton no vosso ouvido enquanto fazem amor. Todos os problemas
desaparecem”. Burton responde: “Ela é uma amante loucamente excitante,
bela para além dos sonhos da pornografia. Irei amá-la até morrer”.
Quando não estavam entretidos um com o outro, apareciam
convidados: Grace Kelly, a princesa Margarida, Wallis Simpson, ou a
mulher de Rex Harrison que, certa noite, bêbada, resolveu masturbar o seu
cão no deck do “Kalizma”.
Depois de “Reflexos Num Olho Dourado”, a fita de
John Huston em que contracenara com Liz, Marlon Brando começou a frequentar
o iate. Richard tinha ciúmes dele e, de acordo com a biografia da ex-mulher
de Brando, Anna Kashfi, houve uma cena de pugilato entre os dois a bordo. Acabaram
sorridentes, nos copos.
Após dez anos de amor furioso, Elizabeth Taylor e
Richard Burton divorciaram-se em 1974. Não aguentaram muito tempo: voltaram
a casar-se no ano seguinte. Durou sete meses. A separação foi, dessa vez,
definitiva, e o “Kalizma” foi vendido por mútuo acordo.
O barco que sobrevivera
a duas guerras mundiais não resistiu ao vendaval Liz/Burton.
Com destino vago nas duas décadas seguintes, o
Kalizma salvou-se do esquecimento em 1995 graças a Vijay Mallia, um milionário
da distribuição de bebidas alcoólicas – pelo álcool houve alguma justiça
poética. Mallia gastou mais de três milhões de dólares a restaurar o
velho itinerante num estaleiro de Bombaim.
Hoje, o “Kalizma” tem um novo
motor, bombas, ar condicionado e casco. Os quartos, assim como a sala de
jantar, mantêm-se (há agora um jacuzzi no deck), e os Monet, Van Gogh e
Picasso ainda habitam o barco.
Mais importante do que tudo, a suite dos Burton,
com a sua cama de dossel, sobreviveu. “Sempre tive a impressão de que nos
íamos casar uma terceira vez”, disse Elizabeth um ano antes de morrer.
Se
calhar casaram. E ainda fazem amor como coelhos.
*Texto escrito por Pedro Marta Santos, no blog "Escrever é triste". Agradeço ao Pedro a autorização para esta publicação e recomendo vivamente o blog em referência.
A primeira e quarta fotos constam da postagem original. As restantes tirei-as da net.
A primeira e quarta fotos constam da postagem original. As restantes tirei-as da net.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Sarita
Se eu quisesse fazer uma postagem normal sobre Sara Montiel seguiria os passos normais para o efeito: consultaria a Wikipedia, onde encontraria os principais dados pessoais, profissionais e afectivos dela.
Faria uma pesquisa cuidada na net sobre a actriz, e naturalmente que iria encontrar bastantes postagens em variadíssimos blogs, de onde possivelmente retiraria algumas curiosidades sobre a sua vida, a sua carreira e a sua personalidade.
E com certeza iria ver a sua página no IBDM, a bíblia do cinema mundial, onde teria tudo à disposição sobre a sua carreira cinematográfica.
Mas eu quero aqui dar uma visão intimista do que foi para mim esta mulher, que muito mais que uma mera actriz, uma boa cantora ou uma bela mulher, foi sobretudo para mim, um mito!
A partir de então, vi apaixonadamente todos os seus filmes, mesmo aqueles que no final da sua carreira foram pouco apreciados.
A nível musical ela foi a maior, para mim, num vasto grupo de cantoras espanholas que muito admirava. Foi uma mulher muito bela, muito provocante e talvez das poucas que me fez olhar para o sexo oposto com volúpia e desejo.
Claro que conforme fui crescendo, vi muitos filmes, ouvi inúmeras vozes e disseminei os meus gostos por muitos e variados géneros, mas o meu culto por Sarita nunca foi beliscado.
Curiosamente não me interessei muito pela última parte da sua carreira, e que tem a ver com a sua participação televisiva, talvez porque fugia um pouco à “minha” Sarita.
Morreu agora, aos 85 anos, como qualquer mortal, é óbvio, mas eu continuo a vê-la a cantar uma das maisbelas canções do filme "La Violetera"
Até sempre Sarita.
Faria uma pesquisa cuidada na net sobre a actriz, e naturalmente que iria encontrar bastantes postagens em variadíssimos blogs, de onde possivelmente retiraria algumas curiosidades sobre a sua vida, a sua carreira e a sua personalidade.
E com certeza iria ver a sua página no IBDM, a bíblia do cinema mundial, onde teria tudo à disposição sobre a sua carreira cinematográfica.
Mas eu quero aqui dar uma visão intimista do que foi para mim esta mulher, que muito mais que uma mera actriz, uma boa cantora ou uma bela mulher, foi sobretudo para mim, um mito!
Sara Montiel foi durante alguns anos da minha vida o meu maior ídolo, a minha Sarita.
O meu encontro com Sarita não se dá senão depois de ter visto pela primeira vez “La Violetera”, no final dos anos cinquenta. Foi daqueles filmes que me arrebatou, me fez chorar muitas lágrimas e que posteriormente vi vezes sem conta. Tive os quatros 45 RPM com todas as canções do filme e soletrava-as quase todas, com ênfase natural para o tema musical dominante – “La Violetera”.
Perdi as vezes que revi o filme e só mais tarde vi o seu filme anterior e que afinal foi o que permitiu a rodagem da Violetera – “O Último Couplet” e de donde retirei duas ou três canções dela também muito marcantes.A partir de então, vi apaixonadamente todos os seus filmes, mesmo aqueles que no final da sua carreira foram pouco apreciados.
A nível musical ela foi a maior, para mim, num vasto grupo de cantoras espanholas que muito admirava. Foi uma mulher muito bela, muito provocante e talvez das poucas que me fez olhar para o sexo oposto com volúpia e desejo.
Claro que conforme fui crescendo, vi muitos filmes, ouvi inúmeras vozes e disseminei os meus gostos por muitos e variados géneros, mas o meu culto por Sarita nunca foi beliscado.
Curiosamente não me interessei muito pela última parte da sua carreira, e que tem a ver com a sua participação televisiva, talvez porque fugia um pouco à “minha” Sarita.
Morreu agora, aos 85 anos, como qualquer mortal, é óbvio, mas eu continuo a vê-la a cantar uma das maisbelas canções do filme "La Violetera"
Até sempre Sarita.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Cartazes soviéticos
São inúmeros os cartazes de propaganda comunista quando existia a URSS, principalmente durante o período do pós guerra.
Aliás eram um dos instrumentos mais eficazes, internamente falando, da divulgação das maravilhas do comunismo de então.
O curioso é a descoberta entre eles de alguns com conotações homo eróticas, de uma forma talvez acidental nalguns casos, mas noutros bastante deliberada.
Vejamos alguns exemplos
Aliás eram um dos instrumentos mais eficazes, internamente falando, da divulgação das maravilhas do comunismo de então.
O curioso é a descoberta entre eles de alguns com conotações homo eróticas, de uma forma talvez acidental nalguns casos, mas noutros bastante deliberada.
Vejamos alguns exemplos
quarta-feira, 27 de março de 2013
"A borboleta" ou o reverso da medalha
Cada vez mais fico mais convencido da importância dos comentários; mais uma vez um comentário me trouxe à memória um certo acontecimento e o que é curioso é que apenas relacionei esse acontecimento com o que relatei no post anterior, mas agora num campo oposto. O "intruso" fui eu e apenas não houve qualquer alusão monetária em todo o contexto.
É curioso que eu já publiquei este conto (em 6 de Março de 2009), que escrevi para participar no primeiro concurso que o Sad Eyes promoveu, ainda no seu anterior blog "Uma imensa minoria" e a que ele deu como mote para as participações o tema "blind date". Esse concurso decorreu durante o mês de Janeiro de 2007, teve participações muito interessantes e seria curioso que, se por acaso alguém participou nesse concurso , deixasse essa participação no blog que tem, embora à distância me pareça pouco provável que ainda ande pela blogosfera algum desses participantes.
Mas aqui vai o conto, a que dei o título de "A Borboleta"
Foi numa sauna já desaparecida desta Lisboa que o vi.
Era lindo,sedutor, diferente.
A sauna estava cheia, a fauna habitual, que ao ver "sangue novo", se excita e se prepara para atacar a presa. O homem, trintão, ar estrangeirado, ia deambulando pelos espaços, e um bando de vampiros o seguia, sequioso.
Deixei-me ficar, observando a cena, mas tão excitado como os demais.
Alguns minutos mais tarde, o homem, visivelmente agastado, dirigiu-se ao sítio dos cacifos, para se vestir e sair.
Fui mais rápido, agi prontamente e saí primeiro.
Não o esperei cá fora; uma estranha intuição me dizia que seria de uma companhia de aviação, e provavelmente estaria hospedado no Sheraton (intuição de puta, dirão...).
Para lá me dirigi e não tive que esperar muito tempo para ver parar um táxi que o trazia.
Sorri-lhe, sorriu-me, entrámos, subimos ao seu quarto sem uma palavra e pude ver tatuada na sua nádega direita uma pequeníssima e bela borboleta.
Não sei do que mais gostei, se da borboleta, se do seu habitat.
Era manhã, quando deixei a borboleta voar.
É curioso que eu já publiquei este conto (em 6 de Março de 2009), que escrevi para participar no primeiro concurso que o Sad Eyes promoveu, ainda no seu anterior blog "Uma imensa minoria" e a que ele deu como mote para as participações o tema "blind date". Esse concurso decorreu durante o mês de Janeiro de 2007, teve participações muito interessantes e seria curioso que, se por acaso alguém participou nesse concurso , deixasse essa participação no blog que tem, embora à distância me pareça pouco provável que ainda ande pela blogosfera algum desses participantes.
Mas aqui vai o conto, a que dei o título de "A Borboleta"
Foi numa sauna já desaparecida desta Lisboa que o vi.
Era lindo,sedutor, diferente.
A sauna estava cheia, a fauna habitual, que ao ver "sangue novo", se excita e se prepara para atacar a presa. O homem, trintão, ar estrangeirado, ia deambulando pelos espaços, e um bando de vampiros o seguia, sequioso.
Deixei-me ficar, observando a cena, mas tão excitado como os demais.
Alguns minutos mais tarde, o homem, visivelmente agastado, dirigiu-se ao sítio dos cacifos, para se vestir e sair.
Fui mais rápido, agi prontamente e saí primeiro.
Não o esperei cá fora; uma estranha intuição me dizia que seria de uma companhia de aviação, e provavelmente estaria hospedado no Sheraton (intuição de puta, dirão...).
Para lá me dirigi e não tive que esperar muito tempo para ver parar um táxi que o trazia.
Sorri-lhe, sorriu-me, entrámos, subimos ao seu quarto sem uma palavra e pude ver tatuada na sua nádega direita uma pequeníssima e bela borboleta.
Não sei do que mais gostei, se da borboleta, se do seu habitat.
Era manhã, quando deixei a borboleta voar.
sábado, 16 de março de 2013
"Un Chant d'Amour"
“Un Chant d’Amour” é o único filme do escritor francês Jean Genet, que o dirigiu em 1950.
Por causa do seu explícito conteúdo homossexual (embora apresentado sob um ponto de vista artístico), este filme de cerca de 25 minutos esteve proibido até 1975.
A história passa-se numa prisão francesa, onde um dos guardas prisionais tem como prazer voyeurístico, observar pelo óculo da porta das celas, os prisioneiros a masturbarem-se.
Em duas celas contíguas, estavam dois prisioneiros; um, jovem e bonito e um outro, argelino, mais velho; este enamorou-se do mais jovem através de sons trocados entre ambos na parede comum ás duas celas e chegavam a partilhar o fumo de cigarros por um pequeno buraco que conseguiram fazer nessa parede.
O guarda, aparentemente ciumento deste relacionamento, entra na cela do prisioneiro mais velho e agride-o e obriga-o a chupar o cano da sua pistola, de uma forma quase sexual, o que o leva a imaginar fantasias entre ambos, mesmo como se estivessem livres.
Na cena final, muito bela, torna-se bem claro que o poder do guarda é insuficiente para contrariar a intensidade da atracção entre os dois prisioneiros, embora eles não cheguem a consumar essa atracção física.
Genet não utilizou qualquer som neste filme, forçando o espectador a focar a sua atenção nos “close up’s” dos rostos, das axila e dos pénis semi erectos.
Considerado de início um filme pornográfico, este filme com uma alta atmosfera sexual, foi mais tarde reconhecido como formativo para posteriores obras cinematográficas, como por exemplo os filmes de Andy Wharol.
Por causa do seu explícito conteúdo homossexual (embora apresentado sob um ponto de vista artístico), este filme de cerca de 25 minutos esteve proibido até 1975.
A história passa-se numa prisão francesa, onde um dos guardas prisionais tem como prazer voyeurístico, observar pelo óculo da porta das celas, os prisioneiros a masturbarem-se.
Em duas celas contíguas, estavam dois prisioneiros; um, jovem e bonito e um outro, argelino, mais velho; este enamorou-se do mais jovem através de sons trocados entre ambos na parede comum ás duas celas e chegavam a partilhar o fumo de cigarros por um pequeno buraco que conseguiram fazer nessa parede.
O guarda, aparentemente ciumento deste relacionamento, entra na cela do prisioneiro mais velho e agride-o e obriga-o a chupar o cano da sua pistola, de uma forma quase sexual, o que o leva a imaginar fantasias entre ambos, mesmo como se estivessem livres.
Na cena final, muito bela, torna-se bem claro que o poder do guarda é insuficiente para contrariar a intensidade da atracção entre os dois prisioneiros, embora eles não cheguem a consumar essa atracção física.
Genet não utilizou qualquer som neste filme, forçando o espectador a focar a sua atenção nos “close up’s” dos rostos, das axila e dos pénis semi erectos.
Considerado de início um filme pornográfico, este filme com uma alta atmosfera sexual, foi mais tarde reconhecido como formativo para posteriores obras cinematográficas, como por exemplo os filmes de Andy Wharol.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Viagens - 7 - (parte 2)
Portanto, o regresso, com paragens programadas para
Belgrado, Veneza e Marselha, iniciou-se com uma longa viagem nocturna de Atenas
para Belgrado; era um comboio daqueles com compartimentos para oito pessoas,
quatro de cada lado
e preparamos-mos para dormir, (os bancos deslizavam e
permitiam-nos dormir estendidos, mas com um conforto muito relativo).
Naquela
altura usavam-se as “pochetes”, onde se metiam as coisas mais pequenas e
necessárias, e eu lá tinha a minha, onde guardava os documentos, o bilhete do
comboio, o dinheiro e quaisquer outros objectos fundamentais (ainda não havia
telemóveis, nem cartões de crédito nem outras “modernices”).
Eu viajava com um
saco com roupa, pouca, apenas o essencial e essa pochete, que inadvertidamente
deixei junto ao saco, em cima, na prateleira para as bagagens, em vez de a
guardar comigo, enquanto dormia.
O comboio ia fazendo algumas paragens, e as pessoas abriam a
porta do compartimento para ver se havia algum lugar vago e voltavam a fechar;
claro que dormindo, ouvíamos esse barulho, mas nem ligávamos.
O que é um facto, é que ao chegar a Belgrado, pelas seis da
manhã, o saco estava lá, mas a pochete alguém a tinha levado (estava mesmo à
mão de semear…).
E assim me vi na estação de Belgrado,
indocumentado, teso e sem
bilhete para seguir viagem (o bilhete era Covilhã/Atenas/Covilhã e mencionava
as cidades que eu tinha planeado visitar, e tinha uma duração de cerca de dois
meses).
Recordo-me tão bem de tudo, como se passou, em Belgrado
quando cheguei : um gabinete da Polícia ainda dentro da gare, onde me dirigi,
para lhes pedir que me ficassem com o saco e me ajudassem a procurar a
embaixada portuguesa.
Mas ninguém falava inglês e o diálogo tornou-se
impossível, só os ouvia repetir “Portugália, Portugália” e não acederam a
guardar o saco.
Claro que junto a uma gare principal de uma grande cidade há
sempre algum hotel, e vi logo um, mesmo em frente, um hotel pequeno, mas alguém
devia falar inglês…
Para lá me dirigi e o recepcionista – rapaz novo e falando
mais ou menos inglês, foi de uma imensa simpatia: acedeu a guardar-me o saco,
deu-me uma planta da cidade e mostrou-me onde era a embaixada (longe, longe
dali) e dizia-me que devia tomar o autocarro tal até certo sítio e daí um outro
até lá.
Simplesmente eu não tinha dinheiro e disse-lhe que ia a pé, até porque
tinha muito tempo até a embaixada abrir; que não, era longe, devia apanhar o 83
(agora sei que o primeiro autocarro era esse porque conheço bem a zona) e
depois o outro e não passava disto. E foi quando me estendeu uma nota de alguns
dinares para os bilhetes (ele não me conhecia, mas até lá ficava o saco, pelo
que ele confiava em mim).
Lá apanhei os autocarros e realmente eram uns quilómetros
para lá chegar (Belgrado tem uma avenida com 8 quilómetros).
Enfim cheguei ao
edifício da embaixada, muito pobrezinha, diga-se de passagem, muito cedo e
sentei-me por ali à espera que abrissem no horário estabelecido; quando tal
aconteceu, subi umas escadas e deparou-se uma moça, louraça bem ao estilo
eslavo e eu com um “bom dia” bem português que ela não entendeu; vá lá que
falava inglês, e lá lhe expliquei a minha triste situação.
Levou-me à presença de um senhor, mais ou menos da minha
idade –jovem portanto – português que me pediu para lhe relatar a situação. Eu
sabia que na altura o embaixador português na Jugoslávia era o escritor Álvaro
Guerra, pessoa conhecida e cujo cargo era apenas político, pois não era da
carreira diplomática.
Não estava à espera de ser recebido por ele,
naturalmente, mas o individuo era alguém importante lá na embaixada e ouviu-me
bem e depois começou uma conversa simpática, de onde eu era, onde tinha
estudado, isto e mais aquilo e concluímos que tínhamos frequentado Económicas
(ISCEF) nos mesmos anos, embora não nos conhecêssemos pessoalmente , mas tínhamos
conhecimentos comuns, de algumas pessoas que até ocupavam lugares de destaque
na altura, em Portugal.
Isto para dizer que o homem me pôs completamente à
vontade, me disse que aquela conversa tinha como fim saber se a minha história
era verdadeira ou não e que iria tratar de imediato de me arranjar um novo
passaporte com a validade de 15 dias, mais que suficiente para chegar a
Portugal, um bilhete de comboio até à Covilhã e me disponibilizaria algum
dinheiro para eu aguentar a viagem de regresso.
Claro que o bilhete indicava
Veneza e Marselha como eventuais paragens, mas eu não acreditava que pudesse
visitar essas cidades, naquelas condições. Quando eu, chegado a Portugal
liquidasse o empréstimo do dinheiro emprestado e do preço do bilhete, podia
arranjar um novo passaporte normal aqui.
Entretanto e como aquilo ia demorar
umas horas, o homem, super simpático convidou-me a tomar o pequeno almoço com
ele, num hotel que ainda hoje existe e que no momento era um dos melhores – o Slavia
– no centro da cidade e que na altura era quase só para pessoal diplomático.
Tito tinha morrido havia três meses e a
Jugoslávia era um país comunista, apenas um pouco afastado da ortodoxia soviética.
Foi um dos melhores pequeno almoços que
já tive e a companhia foi excelente.
Enfim, uma horas mais tarde, com documentos, bilhete e algum
dinheiro, regressei ao hotel onde deixara o saco e lá fiquei hospedado duas
noites, pois não quis deixar de visitar Belgrado.
Esta história é para mim muito importante, pois foi o meu
primeiro encontro com uma cidade que tantos anos depois se tornou uma das que
mais amo, por razões que toda a gente conhece.
Na altura, fiquei com uma noção
de uma cidade cheia de contrastes, mesmo a nível do povo, mas não podemos esquecer
o contexto político da época – 1980 e o facto do líder carismático de quase
quarenta anos de poder ter morrido havia três meses.
Pouco mais visitei que a
zona central da cidade, mas recordo perfeitamente alguns locais, que depois
revisitei, como é óbvio.
Pela primeira vez estava num país comunista e em que
era muito difícil a comunicação, já que muito pouca gente falava inglês, já que
a segunda língua depois do servo-croata era o russo e depois o alemão, e eu
dessas não percebia, nem percebo patavina.
Dois dias depois lá estava na velha gare de Belgrado (bem precisa
de reforma urgente) a apanhar o comboio na direcção de Veneza; será que iria
parar lá para visitar um dos sítios mais emblemáticos da minha programação?
É o que vamos saber na terceira e última parte desta viagem
memorável…
E está prometido um episódio à parte para “aquela noite num
hotel de Atenas”…
Subscrever:
Mensagens (Atom)