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terça-feira, 20 de março de 2012

Tango acrobático

Geralmente, não aprecio por aí além, números circenses, mesmo que muito bem executados.
Abro aqui uma excepção, pois olho para esta apresentação como uma dança e não como um número de trapézio.
E depois há o tango... 
Se puderem ver em "full screen" será bem mais interessante.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

Desporto ao mais alto nível

Faltam-me as palavras para descrever o evento desportista mais emocionante que vi nos últimos tempos  -  a final singular masculina do Austrália Open,  disputada entre os dois tenistas que ocupam actualmente os dois primeiros lugares do  ranking  ATP : o sérvio Novak Djokovic  (Nole) e o espanhol Rafael Nadal (Rafa). Ninguém merecia perder, após um desgastante encontro de quase 6 horas de duração, com 5 partidas (sets) e alternância na liderança.
Claro que o meu coração pendia para Nole, não só porque o considero o melhor tenista da actualidade, mas também, como é óbvio por ser sérvio e eu já ter um bocadinho de sérvio em mim próprio.
Nos encontros disputados por estes dois monstros do ténis mundial, de há um ano a esta parte, a vantagem era nitidamente de Djokovic, mas havia o handicap deste ter disputado 48 horas antes um outro encontro histórico, de 5 horas, em que derrotou nas meias finais o escocês Andy Murray. No entanto, Djoko parece ir buscar forças ao cansaço e acabou por vencer.
Aliás ele venceu os últimos três grandes torneios mundiais (Wimbledon, USA Open e agora este); se tivesse vencido Roland Garros tinha-os ganho a todos desde o Áustrália Open do ano passado, que também conquistou.
Chegaram ambos ao fim, perfeitamente esgotados e enquanto ouviam os discursos do encerramento, quase caíam, por não se aguentarem de pé, tendo-lhes sido trazidas cadeiras para se sentarem, facto que julgo inédito.

Nos  agradecimentos ambos foram de um extremo desportivismo, tendo Djoko declarado: “Rafa, tu és um dos melhores jogadores da história. Um dos jogadores mais respeitados do circuito. Escrevemos história esta noite e infelizmente não podemos vencer os dois. Desejo-te a melhor sorte possível para o resto da temporada. Espero que tenhamos outras finais como esta».

Parabéns Rafa, por nunca desistires. Parabéns Nole, porque és o maior e …parabéns meu amor, meu Déjanito, porque hoje, mais que nunca tens o enorme orgulho de ser sérvio. É que no mesmo dia, hoje, além deste triunfo a Sérvia venceu a final do campeonato da Europa, de water-polo. É obra!!!
E eis um vídeo do último ponto (match point) que deu a vitória a Djokovic







segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

" Bacantes" - sublime preversão

Para uma curta série de três espectáculos, no Teatro Municipal S.Luis, esteve em Lisboa a famosa companhia de teatro brasileira "Teatro Oficina Izyna Uzona", dirigida por esse velho mestre do teatro brasileiro que é José Celso Martinez Correa, mais conhecido nos meios artísticos por Zé Celso.
A peça representada foi " Bacantes" segundo Eurípedes, mas com um tratamento alterado.
Esta peça exige uma representação não no chamado palco italiano, como é comum, mas sendo representada num extenso e largo corredor, ao longo do qual estão os espectadores, de ambos os lados, com a orquestra também instalada num desses lados.
O espectáculo tem a duração aproximada de 5 horas e mais dois intervalos, pelo que ontem, domingo, e após um magnífico almoço ( o bacalhau estava uma delícia) em casa do Francisco (Comyxtura), o Miguel (Innersmile), eu e um amigo brasileiro do Francisco nos dirigimos ao belo teatro da mal afamada Rua António Maria Cardoso para assistirmos à representação desta peça, tendo esta sido iniciada às 16,15 e só veio a terminar faltavam 15 minutos para as 23 horas...
Uma autêntica maratona, com  uma peça que eu gostaria de poder exprimir por palavras minhas o seu conteúdo total, mas são tantas as sensações, as imagens, as ideias e as concepções deste espectáculo, que me vou socorrer da excelente cábula que é o texto que o Zé Celso escreveu para esta representação em Lisboa:

“BACANTES, de Eurípedes, TragiComédiOrgya, Ópera de Carnaval, explode este fim de semana em Lisboa, fertilizando novos sentidos, novos valores na Crise da decadência sem elegância da Idade-Mídia–Neo-Liberal.

O Coro dionizíaco tem como antagonista Pentheu, que quer impedir a Macumba da Arte do Teatro que chega à  Tebas-Lisboa, para voduzar a TROIKA que tiraniza a União Europeia.

Dionísios, Bacantes e Satyros, trazem o “Vinho Torna-viagem” da Macumba de Origem Teatral, para brindar o renascimento cultural da Era Ecológica, Cyber, da Economia Verde, da Bio-Genética, Era Erótica-Afetiva, da Neurociência do cientista português Antônio Damásio, anunciando “O Cérebro reinventando o Homem” e da Arábia Feliz trazendo o Eterno Retorno da palavra Revolução.

Kadmos, o Governador de Tebas, irmão da Vaca Sagrada “Europa”, raptada pelo Dragão, mata esta Fera Divinizada por Dionísios e constrói com os dentes dele a Cidade de Tebas. Tebas é erguida exactamente no lugar onde Kadmos reencontrara a sua irmã Europa, desmaiada na exaustão da fuga do Dragão.

Por este assassinato da Fera amaldiçoada já mesmo antes do Cristianismo, Zeus castiga a Casta de Kadmos fazendo-a passar hoje, pela transmutação na Macumba-Teatro: Rito de Morte Iniciática de seu filho, Dionísios, com a mortal Semelle.

O parto prematuro de Dionísios por Semelle, de ventre partido ao meio pelo gozo de Zeus, permanece vivo há milénios, no  Eterno Fogo Vivo no Centro, no Umbigo da Arquitectura da Orquestra no Teatro de Estádio da  Tragédia Grega. E estará vivo, vindo dos porões do Teatro São Luiz.

Neste fogo brando Dionisios ainda dorme em todo mundo. Mas temos a Paixão de seu acordar, atiçar esta brasa dormida, neste fim desta semana no Teatro São Luiz.
Sob o impacto da bomba que a “Standard & Poo’r” lançou  sobre a União Europeia, nestes três dias vamos despoluir os ares, praticando o Rito da Alegria de acordar o deus Dionísios para bombar nosso Phoder Humano expulsando-nos de nossos papéis de escravos na  fracassada “Sociedade de Espectáculos”.


Viemos para, com Dionísios, trazer de volta o Phoder Humano, Individual e Colectivo, através da Arte do Teatro e religá-la às revoluções mundiais de hoje, nos Corpos renascentes na derrocada da Idade Mídia-Neo-Liberal.

A Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona chega com seu “Tyazo” – Companhia Dionizíaca de Teatro em Grego – com  51 atuadores Macumbeiros-Multi-Mídias de Teatro Total: Actores-Actrizes-Músicos-Dançarinos-Cantores- Iluminadores-Sonoplastas-Operadores de Vídeo e Transmissão direccta pela Internet, Produtores, Camareiras, Figurinistas, Directoras de Arte. Todos Mestiços Antropófagos Feiticeiros deste Vodu de espetarmos nos nossos corpos comuns, Público & Atores, a velha ordem e acordarmos em nós todos o Poder trans-humano revolucionário de Dionísios.
BACANTES estreou em 1996 no Teatro Grego de Ribeirão Preto, no Estado de S.Paulo, depois de 13 anos de estudos e superação de obstáculos na direção do temido Eterno Retorno do Rito de Origem do Teatro: a Orgya.



José Celso Martinez Corrêa, artista maior do teatro brasileiro, regressa a Portugal depois de 37 anos com este rito, versão visceral, orgiástica, do texto seminal da TragiComédiOrgya.

Fundado, em 1958 o Teatro Oficina pratica orgiasticamente com os actuadores do Oficina Uzyna Uzona o Teatro Antropofágico, cruzamento e devoração de culturas arcaicas e contemporâneas indígenas, africanas, europeias, mundiais, para a apropriação da energia do Outro, seja do ser desejado ou do Inimigo da hora: a tétrica Troika que quer impedir agora o salto  fora da Crise e o Renascimento consequente da Humanidade.

O Oficina Uzyna Uzona rompeu com o Palco Italiano de Teatro de Costumes, de Auto Ajuda, de Valores, Pequeno Burguês, o da Incomunicabilidade Humana, e pratica o teatro como iniciação alegre e doida da TragyComédiOrgya: a Ópera de Carnaval.

Cria com o desejo do público, daquele que não quer ser somente espectador, do que entra na Folia da Sagrada Orgya de cada noite. Aquele que topa atravessar no  movimento de júbilo da morte e ressureição Inciática, nos 3 actos desta Macumbona.

Em Lisboa chega com toda a paixão de lamber as nossas  línguas: a da mãe-amante portuguesa e a língua acriolada brazyleira, no nosso mesmo jeito comum: sensual afectivo de ex-colonizadores e ex-colonizados que jamais sucumbiram à robótica frieza neo-liberal agonizante.




Mas tenho que acrescentar alguns apontamentos pessoais...
Ontem tive a sensação que não estava em Portugal, pois nunca vi, no nosso país uma representação tão ousada, em diversos campos -  e eu já vi ao longo de anos espectáculos bastante contundentes, desde a trilogia de La Féria, na saudosa Casa da Comédia, ao controverso bailado de Béjart "Romeu e Julieta" e a vários espectáculos dos Fura Del Baus - como esta peça, em que as cenas de nudez e sexo são perfeitamente normais, chegando mesmo a haver orgias em cena, e com participantes do público.
Aliás, sobre esta participação do público há a referir dois casos invulgares, sendo um protagonizado por um jovem assistente masculino, totalmente nu que estava a interagir com os actores e actrizes, quando aparece em cena um suposto namorado do rapaz a querer "resgatá-lo" daquela situação, tendo sido mandado sentar-se.
E a outra foi numa cena bastante "intima" entre uns sete ou oito participantes masculinos, do público, também em total nudez, um deles não "aguentou a pressão" e foi mais ousado nas carícias tendo ganho uma erecção total...
Era vulgar as intérpretes femininas e alguns masculinos andarem entre o público beijando as pessoas "à francesa", a bebida colectiva de várias garrafas de vinho e até uma "ganza" fumada entre o actor principal , o fabuloso Marcelo Drummon
e variados elementos do público.
O membro sexual masculino foi o herói da festa, não só em símbolo, mas principalmente ao vivo e a cores, já que havia um pintado de vermelho e outro a preto.
A música é um elemento fundamental desta representação, com especial relevo para os temas brasileiros de Carnaval.
Afinal tudo foi uma festa, apesar de se estar a representar uma tragédia grega clássica.
Houve quase no final o "aparecimento" de certas figuras públicas (Dilma Roussef, Sarkozy e Ângela Merkl), e nem o nosso (salvo seja) Sr. Silva deixou de ouvir uma piada.
Um espectáculo delirante, surrealista, fabuloso e imperdível.


Finalmente apresento um vídeo desta peça, mas não da apresentação aqui em Lisboa, mas em que se pode perceber um pouco todo o envolvimento desta representação.


Adenda: Excelente a crítica do Miguel no "Innersmile". E já agora vejam o conteúdo destes links:

http://maquinaespeculativa.blogspot.com/2012/01/tragycomedyaorgya.html
     

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2011 - Balanço

Este ano, que não deixa saudades está a finar-se.
E em jeito de balanço, aqui deixo as minhas escolhas, quer a nível de personalidades, quer a nível de acontecimentos, tanto em Portugal, como no Mundo.
Se tivesse que escolher a personalidade do ano, assim estilo "capa da Time", escolheria não uma pessoa, mas algo mais abrangente: o Euro!
Já no aspecto mais restrito, de personalidades, vou distinguir duas personagens nacionais e duas internacionais, uma negativa e outra positiva, em cada caso.
Para personalidade negativa portuguesa, não tive hesitação, só podia ser uma: Vítor Gaspar.
No campo positivo,não havia e infelizmente muitas hipóteses, mas acabei por me decidir por Eunice Munoz, uma grande actriz e que este ano comemorou 70 anos de carreira - é obra!
Internacionalmente, tocam-se os opostos - imensos no campo negativo e muito poucos, no campo positivo.
De qualquer forma não hesitei muito na escolha da chanceler alemã Angela Merckl, para a personalidade negativa
Já no campo positivo, a minha escolha recai numa homenagem póstuma a um homem que revolucionou o mundo das comunicações e da informática nos últimos anos, Steve Jobs
Passando depois aos acontecimentos, procedi da mesma forma: um positivo e outro negativo, quer nacional, quer internacional.
O acontecimento negativo nacional escolhido não podia ser outro senão as severas medidas de austeridade, que ultrapassam o exigido pelos acordos estabelecidos e nos arrastam para uma recessão que não sei quando terminará

Positivamente, e para não fugir à regra, não houve grandes acontecimentos que nos pusessem a sorrir; apesar de tudo penso ser a eleição do Fado, como Património Imaterial da Humanidade, uma boa escolha
Internacionalmente, o acontecimento mais marcante nos seus aspectos negativos, foi, sem dúvida, a crise dos mercados
No aspecto positivo, pela influência que poderá ter, não só na região, mas em todo o mundo islâmico, as revoltas chamadas como "Primaveras árabes"
E agora as minhas escolhas pessoais dos desportistas do ano.
A nível nacional, decerto só poderia ser Cristiano Ronaldo
e a nível internacional o sérvio que alcançou as mais brilhantes vitórias nos principais torneios do ténis mundial e actual e destacado nº.1 do ranking ATP: Novack Djokovic


Finalmente, e muito pessoalmente, o melhor livro que li:
O melhor filme que vi:

A melhor peça de teatro que assisti:

e a música de que mais gostei:


Resta-me desejar a tod@s, apesar de tudo, um Novo Ano, o melhor possível

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Quem tem medo de ir ao Teatro???"

Obra-prima da dramaturgia contemporânea (Edward Albee, 1962),
o texto de "Quem tem medo de Virgínia Woolf "é considerado a quinta-essência do teatro "realista"  - celebrizado num filme de Mike Nichols (com Elizabeth Taylor e Richard Burton), que alcançou um feito único na história de Hollywood, sendo nomeado para todas as categorias dos Óscares, e que ganhou quatro entre os quais os das melhores interpretações femininas - principal (Liz Taylor) e secundária (Sandy Dennis).
Em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", o público é convidado para a sala de estar de George e Martha,onde, numa proximidade perturbante, assiste a um intenso ritual de mortificação mútua e de desagregação progressiva das convenções matrimoniais - "O inferno pode ser uma sala de estar confortável e um casal insatisfeito", disse Albee sobre este texto aterrador e comovente, onde as personagens vão "descascando", impiedosamente e até à medula, as múltiplas camadas de mentira e ilusão que envolvem as suas vidas conjugais.
Apresenta-nos a relação de amor-ódio de um casal de meia idade, numa noite de agressões, jogos perigosos e revelações.
É esta a peça em exibição no Teatro Nacional D. Maria II, com Maria João Luís e Virgílio Castelo na pele de um dos casais mais memoráveis da dramaturgia do século XX, numa encenação de Ana Luísa Guimarães.
A açção desenrola-se na sala de estar de George, e Martha - ele, professor do departamento de História de uma universidade, e ela, a filha do reitor - que, regressados de uma festa, esperam visitas: um casal mais novo, Nick (Romeu Costa), professor de Biologia recém-chegado à mesma universidade, e Honey (Sandra Faleiro), a sua mulher.
Ana Luísa Guimarães disse que "Quem tem medo de Virginia Woolf?" é uma peça "sobre os medos, sobre acabar com os medos, exorcizar os medos", sendo essa uma das razões porque decidiu encená-la, apesar da responsabilidade que é trabalhar um texto que integra o património dramático internacional.
Sucedeu comigo algo incrível, durante quase toda a representação: ao ver representar Maria João Luís e Virgílio Castelo, parecia que estava a ver a Elizabeth Taylor e o Richard Burton, e claro que isto é um enorme elogio.
Eu já tinha visto a peça, em 1972, no Monumental, numa encenação de João Vieira e interpretações de Glória de Matos, Jacinto Ramos, Elisa Lisboa e Mário Pereira, e tinha gostado muito. Mas este versão supera-a em muitos aspectos, a começar na interpretação. Se já esperava um bom desempenho de Maria João Luís, uma das melhores actrizes portuguesas, a surpresa maior foi Virgílio Castelo, simplesmente fabuloso. O casal novo também esteve à altura, principalmente Sandra Faleiro.
A encenação cumpre, o cenário, de F.Ribeiro é muito interessante e o jogo de luzes, de Nuno Meira, muito conseguido.
Ao intervalo dei comigo a pensar como é possível numa peça tão densa, violenta no diálogo, e dramática, haver lugar a risos, mas eles são completamente normais, pois o texto está repleto de tiradas de autêntico humor negro, que curiosamente vão diminuindo, quanto mais se vai avançando no desenrolar da acção que vai num crescendo de violência.
Apenas no final, se consegue vislumbrar que no meio de tanto ódio, também há amor naquele casal…


Em dois domingos seguidos fui ver teatro, bom teatro e senti que devo ir mais, que tenho perdido excelentes peças, por inércia e algumas vezes por desconhecimento, pois há peças que estão em cartaz meia dúzia de dias e nada mais.
Faço um apelo: vão ao teatro! Vale a pena ver aquelas actrizes e actores a darem o seu melhor ali, em cena, tão perto de nós, a dar-nos a nós, espectadores, a sua Arte.
Afinal, quem tem medo de ir ao teatro???

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Design For Living"

Fui ver à Comuna a peça que estreou no dia 8 e que me chamava particularmente a atenção.
Eu penalizo-me muito, por, apesar de ser um privilegiado na possibilidade de acesso à melhor produção teatral do nosso país, pois habito na região de Lisboa, ficar a dever à minha inércia a perda de produções teatrais importantes, algumas por descuido e outras por desconhecimento; e se eu gosto de teatro!
Mas esta não falhei, e ainda bem, pois gostei imenso. O tema era apelativo, o dramaturgo, excepcional, e na Comuna, não se costumam “enfiar barretes”.
A peça mantém o seu nome original “Design for living” e ainda bem , pois poderia vir a ser escolhido um título em português que fosse menos próprio, como sucedeu ao filme que Ernst Lubitsch, dirigiu em 1933 sobre esta peça e que se chamou entre nós “Uma Mulher para Dois”, e que reuniu , à época um elenco de luxo: Gary Cooper, Frederic March e Miriam Hopkins.
Ao contrário do cinema, de que apenas se realizou esta versão, as produções teatrais foram várias, ao longo dos anos, quer na Broadway, quer em Londres. No entanto, Noel Coward, esse fabuloso dramaturgo inglês, que escreveu a peça em 1932, só teve autorização de a ver exibida em Londres em 1939, proibida até então oficialmente, devido ao tema delicado e complicado.
Devido à 2ª.Grande Guerra, foi cancelada a sua exibição e só voltou a ser reposta em Londres após a morte de Coward, em 1973 e a sua última representação na capital inglesa foi no Old Vic, em 2010. Na Broadway estreou logo em 1933 , mas teve menos reposições que a maior parte das outras peças de Noel Coward.
Se falo tanto de Noel Coward, é porque o êxito da peça está fundamentalmente no texto, fabuloso, escrito como disse em 1932, há 80 anos e de uma actualidade incrível, e passível de uma encenação muito conseguida de Álvaro Correia, que transfere a sua acção perfeitamente para os nossos dias.
Noel Coward foi decerto o mais brilhante dramaturgo inglês do século passado, homossexual assumido e escritor de fino trato, de um humor muito saudável e de uma critica muito acutilante, sempre.
Esta peça fala-nos de um triângulo amoroso formado por três jovens amigos, um dramaturgo, Léo,um artista plástico, Otto e uma designer de interiores, Gilda. Todos se amam uns aos outros, todos lidam melhor ou pior com o sucesso e todos não conseguem passar demasiado tempo sem se amarem “à vez”, mas o outro está sempre “presente” nesses relacionamentos a dois. O espaço está dividido em três cidades: primeiro, Paris, depois Londres e finalmente Nova York. A bissexualidade dos dois intérpretes masculinos está muito bem apresentada, e há ainda um quarto personagem, importante, um amigo de todos, mas que nunca desde o início, deixou de mostrar interesse por Gilda, Ernest.
A encenação é simples, com mudanças de adereços apenas a marcar os três apartamentos, sempre na área social da casa, pois não há cenas intimas,a não ser uma cena muito afectuosa, progressivamente intima entre Otto e Leo.
Na interpretação, eu apenas conhecia Carlos Paulo, claro, como sempre, muito bem, aqui no papel de Ernest, e já tinha visto na televisão o Carlos Vieira, que me agradou (em todos os sentidos), no papel de Otto. João Tempera é uma revelação como Léo,mas os louros vão para a interpretação nervosa, mas conseguida de Rita Calçada Bastos, no papel nevrálgico de Gilda.
Embora não sejam importantes e até funcionem mais como “adereços”, não gostei dos três actores que fazem um pequeno papel na última parte da peça: demasiado artificiais e completamente desfasados do resto do elenco, embora os seus papéis também sejam muito artificiais, valha a verdade.
Enfim, um espectáculo imperdível (está em exibição até 5 de Fevereiro) e que me foi publicitado pelo portal “Dezanove”, que quero aqui felicitar pela actualidade permanente que nos vai fazendo chegar sobre o mundo e as actividades LGBT – muito obrigada!



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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Beogradski fadisti"

Na Sérvia, a saudade traduz-se por “seta”, que também é um lamento, e por isso o fado é um estilo musical urbano, aceite quase de forma natural pelos sérvios, sobretudo em Belgrado.
Maja Volk, 52 anos, fundou há dois anos o "Beogradski fadisti", Fadistas de Belgrado, um grupo musical que interpreta vários géneros de fado e inclui três vozes de fadistas, masculinas e feminina.
Assim, o lamento da "canção nacional" portuguesa acaba por penetrar no âmago mais profundo dos sérvios, povo do outro extremo da Europa, dos Balcãs, região com vincados registos de história e memórias afinal tão diferentes desta nossa.

"Um amigo psicólogo descreveu-me o fado como um lamento sobre problemas psicológicos não resolvidos. É por isso que sérvios e portugueses têm algo em comum, porque na Sérvia temos muitos problemas psicológicos não resolvidos,", arrisca esta professora de arte dramática na Universidade de Belgrado, e ainda música, crítica de cinema, de teatro, escritora e apresentadora de um programa cultural na televisão.
"Tal como os sérvios, os portugueses gostam de se lamentar sobre o destino, o amor ou problemas psicológicos não resolvidos", insiste Maja, que diz ter sido "a primeira intérprete de guitarra clássica", em Belgrado.
No entanto, o "Beogradski fadisti" também propõe temas mais ligeiros, como os clássicos "Uma Casa portuguesa"

ou "Maria Lisboa", que podem ser visualizados no You Tube.
"Somos a única orquestra não portuguesa conhecida na Sérvia. Não somos portugueses mas interpretamos o fado", afirma em tom divertido.

Há dez anos começou a tocar e a cantar o fado e, em 2009, fundou o "Beogradski fadisti", nove músicos e cantores.
"Interpretamos diversos estilos, desde o fado tradicional até Cristina Branco, Marisa, Amália ou Ana Moura. Cada concerto é diferente".

O grupo registou ainda um enorme sucesso quando levou à cena, na capital sérvia, a "História do Fado", um "fado-ballet" com a participação de bailarinos e bailarinas do Teatro Nacional, e que lhes garantiu projecção internacional.
"Fomos convidados para o próximo festival de dança de Miami e a Embaixada de Portugal em Belgrado contratou-nos porque disse que isto é algo que não existe em Portugal. Que eu conheça, só em Belgrado!", assegura a mentora do "Beogradski fadisti".
O primeiro contacto de Maja Volk com o fado ocorreu no início de Junho de 1999, quando foi convidada para o júri do festival de cinema de Tróia, "exactamente na última semana dos bombardeamentos da NATO à Sérvia", como recorda.
Informou-se, escutou fados de Amália, comprou vários CD`s, e começou de imediato a cantar. "Foi o meu primeiro encontro com o fado, mas foi amor à primeira vista", confessa.
Um "amor" sempre relacionado com a saudade, ou a "seta", a forma como o povo sérvio exprime a sua saudade, através das canções de lamento urbanas que começaram a surgir em Belgrado nos inícios do século XIX, no período final da ocupação turca/otomana.
"Na nossa música urbana do século XIX, os poetas escreviam canções muito parecidas com as dos fadistas, incluindo no ritmo e na melodia. São ambas músicas urbanas e foi isso que me atraiu".

Nemanya Sekiz é um dos vocalistas deste grupo, tendo já actuado em Portugal, em várias casas de fado, graças à sua amizade com um dos músicos de Marisa, Luís Guerreiro, ele próprio convidado do grupo no seu maior concerto dado em Belgrado e que foi um enorme sucesso.

Se outras razões não houvesse, e há-as e muito fortes, felizmente, para eu gostar da Sérvia e do povo sérvio, esta seria suficiente.
Volim te, Déjan!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ken Russel

Faleceu aos 84 anos o realizador britânico Ken Russel.
Durante a sua vida dirigiu filmes polémicos, alguns dos quais não agradaram ao público e à critica, caso de "Liztomania",  "Tommy" e "Valentino".
Mas há dois filmes que marcaram a sua carreira: "Tchaikovsky - Delírio de amor" e sobretudo "Mulheres Apaixonadas", adaptando o famoso romance de D.H.Lawrence.
É deste filme uma das cenas mais belas que eu já vi em cinema, e que é a luta, apenas com a luz da lareira, entre os dois protagonistas masculinos, Alan Bates e Oliver Reed (dois excelentes actores), e em que ambos estão completamente nus, o que para a época era bastante ousado.
É uma luta viril, mas ao mesmo tempo, carregada de homo-erotismo, que não resisto em deixar aqui em vídeo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Foi esta noite e eu estive lá...

Quando hoje cheguei a casa, cerca da meia noite, era esta foto que me aguardava no computador, enviada pelo Déjan!
Eu já me tinha comovido muito com algumas coisas que tinha visto e sentido no Estádio da Luz, esta noite, mas esta homenagem do Déjan calou-me bem fundo, e só veio confirmar o que há muito sei: ele adora este país, como eu sinto a Sérvia de uma forma muito especial.
Mas vamos por partes; eu raramente vou ao futebol, embora goste muito de ver este desporto e não perco os jogos das selecções nacionais e do meu Benfica, mas na TV. As duas últimas vezes que fui ao futebol foi precisamente com o Déjan, a ver o Benfica, no ano em que fomos campeões, contra o Braga, e em Janeiro passado, com um clube que já não recordo. Fora disso, tinha assistido a outras dois jogos na Luz, desde 2004...
E desta vez, apeteceu-me ir, apesar da instabilidade do tempo, apesar de ser mais confortável ver o jogo no sofá, apeteceu-me ir ver o jogo ao vivo; mas sozinho não. Assim convenci um dos meus amigos de infância e lá fomos.
Em boa hora!!!
Foi um dos jogos que mais prazer me deram assistir, desde sempre. Boa assistência, bom tempo e um jogo fabuloso de Portugal, quase perfeito, com a demonstração plena, cabal, de que Cristiano Ronaldo é um jogador "do outro mundo".
Vibrei, gritei, cantei e emocionei-me muito no final do jogo.
Nunca tinha assistido a um jogo, que após ter terminado, as pessoas não se iam embora. E depois aquele cantar do hino, com os jogadores no meio do relvado e com a bandeira ali, foi lindo, caramba.
Portugal, tão triste que tem andado, merecia que a selecção lhe tivesse oferecido este presente: esquecer durante umas horas a crise, os cortes salariais, os sacrifícios insuportáveis,tudo isso durante aqueles 90 minutos foi esquecido e principalmente no final do jogo, a satisfação era total.
Os bósnios foram assobiados, enxovalhados e tudo lhes chamaram, e foi mais que merecido, pela forma como nos receberam.
Obrigado, rapazes!!!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Amour, acide et noix

Amour, Acideet Noix é um bailado coreografado pelo canadiano Daniel Léveillé  em 2001 e que faz parte do repertório da sua companhia Danile Léveillé Danse e é a primeira parte de uma trilogia que tem como restantes componentes “La Pudeur des icebergs” (2004) e “Crépuscule des océans (2007).
Gostaria de ter o bailado integral, cerca de uma hora, mas não o encontro na net. Se alguém souber se está editado em vídeo, e onde poderei adquiri-lo, fico desde já agradecido.

Quatro corpos entregues à dança, revelam o que se refugia atrás da pele, branca e estranha: água, músculos, respiração, energia, uma visão da vida, tão viva e consciente do outro, apesar de ou talvez por causa de uma necessidade para não estar completamente só.. Amour, acide et noix fala de solidão, mas também, e mais especificamente da infinita ternura do toque, a dureza da vida e o desejo de evitar ou escapar  destes organismos, muitas vezes tão pesados. Amour, acide et noix apresenta a nudez como a única alternativa verdadeira para a leitura do corpo, franca e livre de falsa modéstia. 
Afinal, a pele do corpo pode ser o traje da verdade. A música de Vivaldi é perfeita para acompanhar a evolução dos corpos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

15º.Queer Lisboa (1º.Balanço)

O festival vai a meio e é altura para fazer um primeiro balanço.
A sessão de abertura teve um filme à altura, pois tendo este festival como tema a transgressão, poucos filmes poderiam representar esse tema como  "Uivo" (Howl), de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, com James Franco no papel do poeta Allen Ginsberg - este filme estreia quinta feira no circuito comercial; casa cheia, noite muito agradável sob todos os aspectos.
Dos filmes seleccionados para a melhor longa metragem de ficção, vi até agora cinco, e todos eles com motivos de interesse: "Looking for Simon", uma produção franco-germânica sobre um jovem desaparecido que a mãe procura na companhia do seu ex-namorado; o chileno "Mi último round" sobre a vida de um pugilista e do seu jovem amante, passado numa Santiago cinzenta e chuvosa, triste como o filme, mas com interesse pois não entra nos clichés dos filmes gay; o tão esperado "Ausente", um filme argentino, de que gostei francamente sobre a situação entre um aluno e o seu professor de educação física, que vão jogando ao "gato e ao rato" no seu relacionamento (um caso interessante de debater será se a homossexualidade do professor só se manifesta perante a situação causada ou se já havia antecedentes); um filme alemão, ao mesmo tempo divertido e muito sério sobre o problema da mudança de género - "Romeos", e finalmente o filme deste grupo que mais me seduziu: "Rosa Morena", um co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, que relata a ida a S.Paulo de um homossexual dinamarquês a fim de comprar um bebé para adoptar, de uma rapariga grávida que se torna um problema difícil. Não é um filme de tema LGBT, mas sim um drama que tem uma personagem gay - é um filme terno e duro, que para mim será um forte candidato a ganhar o festival

Quanto a documentários, vi um muito interessante filme alemão "Silver Girls". sobre a vida de três prostitutas berlinenses e a forma muito natural como encaram a sua profissão mostrando o seu dia a dia e até a sua vida familiar: um  outro filme com interesse, "Mia, a japonese icon", um dos artistas de entretenimento japoneses mais conhecidos; e um filme tailandês, verdadeiramente mau,"The Terrorists".
Vi um filme da secção especial, que gostei bastante, "FIT", sobre uma turma de dança que se torna numa quase terapia para alunos desadaptados no que respeita à sua homossexualidade ou à forma como a vêem.
Ainda antes de falar nas curtas metragens,uma palavra para um longo e chato filme porno americano, que não aguentei até ao fim - "Leave Blank" e outra para um dos melhores momentos do festival: a peça da companhia espanhola "Sudhum Teatro" que se chama "Silenciados", com cinco magníficos intérpretes, e que representam o assassinato de cinco tipos de pessoas, pelo preconceito contra a homossexualidade - um prisioneiro gay num campo de concentração nazi, um activista LGBT, uma transsexual, um católico gay, cheio das contradições entre sexualidade e religião, e um jovem vítima de bullyng.
Uma encenação simples , mas muito conseguida e a inserção de conhecidas músicas muito oportunamente.
Eis um vídeo sobre esta peça

Finalmente, as curtas metragens, das quais poucas vi ainda, tendo gostado muito de uma que já conhecia "Blokes" da Argentina, de uma bastante má, brasileira, "Duelo",;de uma sofrível alemã,"Beardead Man", de uma idiota israelita, "The Wanker"; e de uma estreia do português Luís Assis com o sua interessante "10 Dias (sem bater)".
Guardo para o fim, o momento mais transgressor deste festival: a curta de animação "Judas & Jesus", que é tudo menos um filme gay, mas é verdadeiramente "hard", e que justifica plenamente o aviso para adultos no início do blog. (um aviso - se tiver algum preconceito para algo que atente contra a religião é melhor não ver o vídeo); mas se o vir vai-se rir com certeza...



No final do festival,cá estarei com mais novidades.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Reliquia portenas

O tango está para a Argentina, como o fado está para Portugal; revela através da música, a alma de um povo.
E sendo o tango uma melodia dançável, geralmente é dançado por um par misto (homem e mulher); mas nem sempre e vem de longe a imagem de dois homens dançando o tango, sem que isso revele necessariamente algo a ver com homossexualidade. Pese embora, por natureza própria, seja considerado o tango uma dança sensual, e o é, na realidade.
Neste vídeo, ele é magistralmente dançado por dois irmãos.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

YOU



Esta música já toda a gente conhece, penso mesmo que deve ser das mais vistas na blogosfera, pois é sublime e cantada por uma Senhora, que hoje pode ser considerada das melhores vozes em todo o mundo.
A razão porque aparece aqui, e agora, é porque com ela, quero enviar um recado a uma pessoa que amo muito.

Déjan, my love, the letter of this song is not for you; just because I need not looking for "Someone Like You". I need not because I met you, almost six years ago, and for me YOU are everything! Thanks for that!!!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Estado de graça

Apareceu recentemente na RTP um programa de humor, que costumo seguir e faço-o porque os cinco intérpretes são perfeitamente fabulosos: Maria Rueff, Ana Bola, Joaquim Monchique, Eduardo Madeira e Manuel Marques multiplicam-se em cromos, uns conhecidos, outros satirizando situações e fazem-me rir, o que é bem preciso nesta altura.
Deixo aqui um vídeo com uma cena divertida e podem aproveitar para ver outras que se inserem no vídeo também.
Há personagens fabulosos, como a Rueff a interpretar a Luciana Abreu , a Ana Bola, a esposa de Passos Coelho, Eduardo Madeira como Lula da Silva, Manuel Marques a fazer de Goucha e toda a exuberância do Monchique.
Divirtam-se...

sábado, 9 de julho de 2011

Obsolescência do Género



The naked body and the I. The mask and the stereotype.
It’s a gynandroid performance where the transition process is intermingled with poetry.
Sex is represented as skin, female, male. Gender is represented in the sense of self, of man, and of woman. A journey, a crossing, a transition. Naked bodies lined up slowly coming closer. Each individual has a story. They are holding hands. Changing sex is painful like birth. The golden masks on their faces are not to hide their identities: In fact as they come closer it is possible to distinguish their genders: a biological man, a trans man, a trans woman, a biological woman. From the bottom of the stage, a female creature unfolds from behind a black towel and goes to stand behind them: she walks across touching the bodies, one after the other. The pain is tiring, the flesh a substance to be shaped. The solemn rite of dressing up - in trousers, jacket and tie: it's the return to the opposite. For a transsexual changing sex is not becoming a man but a return to being a man. There is no need to wear the masks anymore: the self is revealed.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bob Hope & James Cagney

Eis um vídeo de uma cena famosa do filme "The Seven Little Foys", de 1955, protagonizado pelo famoso comediante e "entertainer" Bob Hope, aqui com 52 anos, em que Hope contracena com outro famoso actor, James Cagney, que já tinha 56 anos na altura e que se celebrizou essencialmente pelos seus papéis de Gangster e de "mau da fita". Esta cena passa-se no famoso clube privado nova-iorquino "Friar's Club" que ainda hoje existe.
Este filme é um "biopic" do "entertainer" Eddye Foy e Cagney aceitou participar no papel de George M.Cohan, recreando essa personagem que já lhe tinha dado um Óscar em 1942 no filme "Canção Triunfal" (Yankee Doodle Dandy), e não quis ser remunerado por essa participação.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"Dzi Croquettes"


“Não somos homens, nem mulheres, somos gente.”

Este documentário, realizado por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, em 2009, resgata a trajectória dos actores/bailarinos que se tornaram símbolos da contracultura ao confrontar a ditadura usando a ironia e a inteligência. Os espectáculos revolucionaram os palcos com performances de homens com barba cultivada e pernas cabeludas, que contrastavam com sapatos de salto alto e roupas femininas. O grupo tornou-se um enorme mito na cena teatral brasileira e parisiense nos anos 70.
A palavra irreverente já existia nos dicionários, mas atingiu um novo grau de entendimento depois da criação do grupo Dzi Croquettes.
A década de 70 foi de rompimento, de mudança, de fugir de padrões e buscar o novo, o desconhecido. A contracultura abriu espaço para questionamentos sobre a realidade, a ruptura ideológica e a transformação social. Nesse contexto um Americano desembarca no Rio de Janeiro: Lennie Dale unia a bossa nova a um swing do jazz novaiorquino; o encontro de 13 homens, 13 talentos. Surgia então o furacão que iria abalar as estruturas sexuais das pessoas, abrir portas, quebrar tabus, mudar a cena teatral Brasileira e Internacional. Surgia então os Dzi Croquettes.
O grupo revolucionou os palcos cariocas com os seus espectáculos andróginos. Desobedientes e debochados, decidiram desrespeitar a ordem do regime militar com inteligência. Os sapatos de salto alto e as roupas femininas propositadamente exibiam as pernas cabeludas e a barba cultivada pelos homens do grupo. O primeiro show, em 1972, foi um grande sucesso, apesar de ter sido banido pelo Serviço Nacional de Teatro. A comédia de costumes era um deboche ao sistema de ditadura e à realidade brasileira. O grupo também fez muito sucesso na Europa, especialmente na França, onde levou plateias parisienses à loucura.
Esse documentário conseguiu reunir os integrantes do grupo, assim como amigos e admiradores para uma bateria de entrevistas exclusivas sobre o que é ser um Dzi Croquettes, a formação, os textos, a censura, o sucesso até a desintegração do grupo, mas nunca da ideia. O documentário conta com depoimentos de amigos e artistas consagrados no cenário artístico brasileiro e internacional como: Liza Minnelli (grande admiradora e amiga do grupo), o director e coreógrafo americano Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Aderbal Freire Filho, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Norma Bengell, entre tantos e ainda os integrantes originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda, os únicos ainda vivos. Os restantes oito faleceram, quatro devido à SIDA, três foram assassinados e outro devido a um aneurisma.
Mais de 45 depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris contam a trajectória desse grupo que influenciou suas carreiras e suas vidas em uma trajectória fascinante recheada de sucessos, fracassos, assassinatos, grandes voltas por cima e a recuperação de uma parte da nossa história que não deveria jamais ser esquecida. A busca por novos valores e novos canais de expressão – marcas registadas do movimento de contracultura – e dos Dzi Croquettes!
Dzi Croquettes é hoje o documentário mais premiado do Brasil.



O Dzi Croquettes era formado pelos seguintes artistas: Lennie Dale, Wagner Ribeiro, Cláudio Tovar, Cláudio Goya, os irmãos Rogério e Reginaldo de Poly, Bayard Tonelli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlos Machado, Eloy Simões, Roberto Rodrigues e Ciro Barcelos. Essa foi a formação original do grupo. Depois, nomes como Dario Menezes, Fernando Pinto e Jorge Fernando farão parte da companhia.
De todos eles sobressaem dois nomes: Wagner Ribeiro, o mentor da formação do grupo e o bailarino americano Lennie Dale, um extraordinário executante que veio a revolucionar o conceito da música brasileira, com a introdução da dança da bossa nova e que foi uma das pessoas que mais influenciou o início da carreira de Elis Regina.