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domingo, 7 de julho de 2013

Clássicos da dança no feminino

Este post pretende homenagear os grandes nomes da dança feminina, no cinema e refiro-me como é óbvio a  nomes clássicos, já que no cinema mais moderno, muitos outros nomes poderíamos acrescentar.
E nem sequer estou a pretender que estes serão os nomes mais importantes, pois outros haveria que aqui não estão, como Betty Grable ou Cyd Charrisse por exemplo; e poderíamos mesmo contestar a inclusão de Carmen Miranda, essencialmente uma cantora, ou mesmo de Rita Hayworth, acima de tudo,uma actriz.
São de qualquer forma cinco excelentes vídeos, onde além das já citadas Carmen Miranda e Rita Hayworth, podemos encontrar as realmente fabulosas bailarinas que foram Eleonor Parker (aqui acompanhada pelo genial Fred Astaire), Ann Miller e principalmente Ginger Rogers.
Saborear estas preciosidades é bom em tempo de calor e de crise.
Qualquer dia virão os homens...








sábado, 22 de junho de 2013

"Dead Dreams of Monochrome Men"

Assassinatos homossexuais e necrofilia podem não ser os assuntos mais apropriados para uma coreografia, mas em Dead Dreams of Monochrome Men (1990), a companhia de dança DV8* produziu um trabalho poderoso em que explora estes aterradores aspectos da psique humana.
O ponto de partida é um importante estudo de Brian Master sobre o serial killer Dennis Nilsen “Killing for Company”, embora não seja uma adaptação rígida desse estudo.
Esta peça encontrou uma linguagem de movimentos que explora e expõe uma sequência de estados emocionais…

Como se pode adivinhar é um vídeo forte, carregado de homo-erotismo, mas nunca pornográfico, e que embora longo, não posso deixar de recomendar vivamente a sua visão (a cópia, não sendo actual, não será a ideal, mas a maior parte dos seus vídeos não estão disponíveis).

*Companhia criada em 1985, a DV8 é reconhecida pela sua postura simultaneamente radical e acessível, e questiona a estética e os temas tradicionais da dança, apostando na clareza para transmitir ideias e sentimentos. 
É uma companhia de Teatro Físico, do País de Gales, dirigida por Lloyd Newson, que concebe e desenvolve todos os espectáculos da companhia, e para cada projecto  recruta uma equipa de actores/bailarinos.
O resultado é poesia virtual e auditiva.
Produziu ao longo destes anos, 15 espectáculos que foram aclamados pelo público e têm sido apresentados em vários países, e também  cinco filmes premiados, para televisão, entre os quais este que aqui foi apresentado.

Quem estiver interessado pode consultar o site da companhia DV8 aqui.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sarita

Se eu quisesse fazer uma postagem normal sobre Sara Montiel seguiria os passos normais para o efeito: consultaria a Wikipedia, onde encontraria os principais dados pessoais, profissionais e afectivos dela.
Faria uma pesquisa cuidada na net sobre a actriz, e naturalmente que iria encontrar bastantes postagens em variadíssimos blogs, de onde possivelmente retiraria algumas curiosidades sobre a sua vida, a sua carreira e a sua personalidade.
E com certeza iria ver a sua página no IBDM, a bíblia do cinema mundial, onde teria tudo à disposição sobre a sua carreira cinematográfica.
Mas eu quero aqui dar uma visão intimista do que foi para mim esta mulher, que muito mais que uma mera actriz, uma boa cantora ou uma bela mulher, foi sobretudo para mim, um mito!

Sara Montiel foi durante alguns anos da minha vida o meu maior ídolo, a minha Sarita. 
O meu encontro com Sarita não se dá senão depois de ter visto pela primeira vez “La Violetera”, no final dos anos cinquenta. Foi daqueles filmes que me arrebatou, me fez chorar muitas lágrimas e que posteriormente vi vezes sem conta. Tive os quatros 45 RPM com todas as canções do filme e soletrava-as quase todas, com ênfase natural para o tema musical dominante – “La Violetera”.
Perdi as vezes que revi o filme e só mais tarde vi o seu filme anterior e que afinal foi o que permitiu a rodagem da Violetera – “O Último Couplet” e de donde retirei duas ou três canções dela também muito marcantes.

A partir de então, vi apaixonadamente todos os seus filmes, mesmo aqueles que no final da sua carreira foram pouco apreciados.
A nível musical ela foi a maior, para mim, num vasto grupo de cantoras espanholas que muito admirava. Foi uma mulher muito bela, muito provocante e talvez das poucas que me fez olhar para o sexo oposto com volúpia e desejo.
Claro que conforme fui crescendo, vi muitos filmes, ouvi inúmeras vozes e disseminei os meus gostos por muitos e variados géneros, mas o meu culto por Sarita nunca foi beliscado.
Curiosamente não me interessei muito pela última parte da sua carreira, e que tem a ver com a sua participação televisiva, talvez porque fugia um pouco à “minha” Sarita.
Morreu agora, aos 85 anos, como qualquer mortal, é óbvio, mas eu continuo a vê-la a cantar uma das maisbelas canções do filme "La Violetera"

Até sempre Sarita.

terça-feira, 2 de abril de 2013

A "nona"

No dia 26 de Março de 1827 morreu, em Viena, Ludwig van Beethoven, um célebre alemão, canhoto, surdo, com o rosto marcado pela varíola e a quem chamavam “o espanhol”, devido à sua tez morena e cabelos muito negros.
Tinha nascido em Bona, na Alemanha, no dia 16 de Dezembro de 1770.
Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos "três Bs da música" (os outros dois seriam Bach e Brahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou um talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe, o melhor professor de cravo da cidade, que lhe deu uma formação musical sistemática, e lhe deu a conhecer os grandes mestres da música alemã.
Neefe afirmava que o seu aluno, de dez anos, dominava todo o repertório de Johann Sebastian Bach, e apresentava-o, orgulhosamente, como um segundo Mozart.
Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven e Mozart, mas não existe nenhum facto histórico que o possa comprovar. No entanto, existem histórias do seu encontro, como por exemplo, uma que refere um Mozart absorto no seu trabalho, na composição de Don Giovanni, que não terá tido tempo de lhe prestar a devida atenção. Uma outra, bem mais interessante, refere um encontro em que Mozart terá dito acerca de Beethoven: "Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar."
Beethoven demonstrou genialidade em praticamente todas as obras que compôs. E foram muitas, entre sinfonias, concertos, quartetos, trios, sonatas, não esquecendo uma ópera.
No ano em que morreu, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais.
A sua influência na história da música foi imensa.
Ao morrer, a 26 de Março de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia e projectava escrever um Requiem.
Conta-se que cerca de dez mil pessoas compareceram no seu funeral, entre elas,Franz Schubert. Ludwig van Beethoven faleceu de cirrose hepática, após contrair pneumonia.
A sua obra-prima, na opinião de muitos, foi a Sinfonia nº 9 em ré menor, Op.125.
Pela primeira vez é inserido um coral num andamento de uma sinfonia.
O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, "Ode à Alegria", feita pelo próprio Beethoven. Otto Maria Carpeaux, na sua obra “Uma Nova História da Música”, afirma que Beethoven assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia, ao lado de Umlauf, que a regeu, mas abstraído na leitura da partitura e já com uma surdez avançada, não percebeu que estava a ser ovacionado até que Umlauf, tocando-lhe no braço, lhe chamou a atenção para a sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.

E agora faço uma proposta ousada a quem me lê e que sei não vai ser seguida por quase ninguém; a proposta é que arranjem um bocadinho do vosso tempo e que oiçam esta versão da "nona".
É muito tempo? Sim, é algum, mas é tão arrebatador e ao mesmo tempo tão relaxante que será tudo menos entediante. Vá lá, não custa nada...

Sinfonia nº 9 “Ode à Alegria”, de Beethoven
Soprano: Anna Samuil
Mezzo-soprano: Waltraud Meier
Tenor: Michael König
Baixo: René Pape
Coro Nacional da Juventude da Grã-Bretanha
West-Eastern Divan Orchestra
Maestro: Daniel Barenboim

sábado, 19 de janeiro de 2013

Klaus Nomi


Não é por acaso que o documentário "The Nomi Song", de Andrew Horn (talvez o mais profundo trabalho sobre o músico já elaborado), termina com a evocação de uma cena de um velho filme de ficção científica (de série lo-fi) no qual um ovni nos deixa e alguém diz que o encontro “imediato” que tinham visto talvez tivesse acontecido cedo demais, pelo que não estariam preparados para ele... 
Na verdade o tempo de Klaus Nomi foi o certo (militante new wave e fruto de uma etapa de saudável loucura criativa na cena undreground nova iorquina), mas a noção de “ovni” pode ser um bom ponto de partida para a sua descrição. 
Alemão, residente em Nova Iorque desde 1972, era dotado de um registo vocal invulgar, isto numa época em que estava ainda longe a abertura de espaço de interesse pelos contratenores que hoje dão nova vida, sobretudo, grandes criações da ópera barroca. 
Entre espetáculos de vaudeville “alternativo” foi ganhando espaço e cultivando uma personagem que chegou aos ouvidos de Bowie, que o levou a uma atuação no Saturday Night Live
Entre o encanto pelas heranças de outras épocas e a uma nova linguagem pop que se desenhava na altura (atenta à emergência dos sintetizadores), gravou um primeiro álbum em 1981 ao qual deu o seu nome e que se transformaria numa verdadeira peça de referência pelo modo ímpar como juntava esses dois mundos e apresentava a sua voz. Era diferente de tudo e todos... 
Um ano depois regressou a estúdio para gravar um segundo álbum onde, uma vez mais, cruzava ecos de um passado distante (em concreto revisitando uma ária de Purcell e composições de John Dowland) com alguns originais inéditos, sob evidente protagonismo instrumental dos sintetizadores, juntando ainda ao alinhamento uma versão de Falling In Love Again (imortalizada por Marlene Dietrich), uma outra de Ding Dong(da banda sonora de O Feiticeiro de Oz) e ainda uma de Just One Look (originalmente gravada por Doris Troy em 1963). Sem causar o mesmo arrepio do álbum de estreia, Simple Man passa por vezes bem para lá da linha do kitsch e parece fazer pouco mais que a aplicação de uma mesma ideia a uma menos interessante coleção de canções (as versões com memória cinematográfica deixando-nos perplexos algures entre o patamar da paródia e o da tragédia). 
Convém acrescentar que quando trabalhou este disco Nomi estava já certamente doente, tendo morrido de complicações de sida no ano posterior à sua edição. 
Simple Man não será nunca a expressão maior da sua obra (deixemos esse estatuto merecidamente entregue à sua obra-prima, que é o seu álbum de estreia). 
Mas, mais que as peças póstumas editadas em 2007 (a ópera inacabada Ze Bakdaz), junta um segundo lote de canções a uma obra que continua a ser um caso ímpar na história da música pop.

Registo de todos os álbuns de Klaus Nomi:



Klaus Nomi - 1981


Simple man - 1982


Encore - 1984


Essential Klaus Nomi - 1994 (póstumo)


Za Bakdaz - 2007 (póstumo)

Em 2008, no encerramento e entrga de prémios dos "Teddy Awards" do Festival de Cinema de Berlim, foi-lhe prestada uma homenagem, com a interpretação mais conhecida dele e inserida no seu primeiro álbum, "Cold Song", de um invulgar e fabuloso cantor brasileiro, Edson Cordeiro, que tive a felicidade de ver ao vivo, nesse mesmo ano, no S.Luís, em Lisboa. Desse momento, em Berlim, aqui fica o vídeo, imperdível.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cinema e música - 5

Enrico Caruso foi um tenor italiano, considerado, inclusive pelo ilustre Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos. A sua vida deu origem a um filme americano, de 1951 – “O Grande Caruso” (The Great Caruso), em que a personagem de Caruso foi interpretada pelo grande cantor lírico Mário Lanza. Como curiosidade o facto do filme ter sido proibido em Itália, sob o pretexto de que era demasiado “ficcional” a figura de Caruso.

No vídeo que aqui deixo, fica uma cena do filme, com Mário Lanza a cantar a “Avé Maria” de Gounod, uma interpretação que no dizer dos entendidos foi a melhor de todos os tempos. Neste vídeo, Lanza é acompanhado por um rapazinho, que alguém identificou o miúdo como sendo Luciano Pavarotti, o que é impossível, já que em 1951, Pavarotti tinha à volta de 15 anos e vivia em Itália. A voz que se ouve é realmente a da soprano Jacqueline May Allen.
Deixo para comparação, o vídeo do mesmo tema, desta vez interpretado por Luciano Pavarotti, em 1978.
Como curiosidade, o facto de que os últimos tempos da vida do tenor napolitano, inspiraram a célebre e magnífica canção do recentemente falecido cantor italiano Lucio Dalla, "Caruso".
 


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um casamento diferente

Há sempre uma primeira vez para tudo.
Ontem à noite aceitei um convite para participar numa festa que celebrava o casamento do Marcos com o Eddy, realizado nessa mesma tarde.
A festa decorreu animada no bar que eles possuem, o “TR3S Lisboa” ali pertinho do Príncipe Real.
Claro que tanto na cerimónia como na festa e participando da mesma forma que os noivos esteve sempre o Frank, o terceiro elemento do trio.
Como não podiam casar os três, foi a testemunha de uma felicidade a três que já há muito existe.
Há coisas que não se explicam, porque estão explicadas pelos afectos e não há nada a questionar.
A festa como disse foi boa, houve a participação muito especial da Tina Turner que veio expressamente do Algarve
houve direito a um bolo enorme e com três corações, que estava divinal.
Há que tempos não ia a um bar, e só um motivo forte me levou a ir lá, a Amizade que tenho por eles, principalmente com o Marcos com quem me unem muitas e boas cumplicidades.
Que continuem a ser muito felizes.

sábado, 24 de novembro de 2012

Cinema e música - 2

Para mim, “West Side Story”, com o incrível título português de “Amor Sem Barreiras” é o melhor musical de sempre.
É um filme de 1961, baseado numa bem sucedida peça apresentada em 1957, na Broadway, da autoria de Arthur Laurents e encenada por Jerome Robbins; tanto a peça como o filme são ambientadas nos anos 50 do século passado, em Manhattan (New York), precisamente na zona conhecida como West Side, mas como uma adaptação livre da obra “Romeu e Julita”, de Shakespeare.
No filme, Tony, antigo leader do gang anglo saxónico branco, os “Jets”, apaixona-se por Maria, irmã de Bernardo, o leader do gang latino dos porto-riquenhos, os “Sharks”. O amor do casal floresce no meio das rivalidades e conflitos dos dois grupos, tais como na peça de Shakespeare entre os Capuletto e os Montechio…
O filme foi realizado pela dupla Robert Wise/Jerome Robbins e ganhou 10 óscares, ente os quais, o de melhor filme, melhor realização, melhores actores secundários, feminino (Rita Moreno) e masculino (George Chakiris), melhor som e melhor banda sonora. A música do filme é da autoria do consagrado Leonard Bernstein.
Não gostei de uma coisa no filme, e que foi a escolha dos protagonistas, principalmente Tony (Richard Beymer) e mesmo Maria (Natalie Wood). Como curiosidade os primeiros nomes a serem falados foram os de Elvis Presley e Audrey Hepburn…
E também como curiosidades extra os directores fomentaram a real desavença entre os dois gangs rivais dando aos Jets melhores condições do que aos Sharks, no que respeita aos guiões e aos camarins de uns e outros; e recentemente a conhecida série televisiva “Glee” realizou um episódio de homenagem a este filme.

O que apresentar neste post, deste filme?
Uma cena era para mim, fundamental, embora seja uma cena dançada e não cantada, que é o prólogo do filme, e que mostra a rivalidade entre os Jets e os Sharks.


Outra cena marcante e que é protagonizada pelos excelentes George Chakiris e Rita Moreno é a muito conhecida canção “América”.

Já para documentar o amor entre os dois protagonistas, parece fora de dúvida que a escolha teria que ser “Tonight”; mas aqui surgiu-me um pequeno dilema: apresentar a canção original do filme, que não é um primor de vozes, ou apresentar dois cantores verdadeiramente bons a interpretar a imortal canção? Acabei por optar por esta última hipótese, e porque gosto muito de dois nomes emergentes do bel-canto actual, escolhi a versão ao vivo, em Berlim da cantora russa Anna Netrebko e do cantor mexicano Rolando Villazón. Espero que não me batam muito…

sexta-feira, 27 de julho de 2012

As Olimpíadas

Definitivamente, hoje, Londres é a capital do mundo.
Independentemente das crises, do medo de actos de terrorismo e da incerteza dos tempos que aí vêm, esta reunião de quatro em quatro anos, da elite mundial de quase todos os desportos, desperta sempre um sentimento de reencontro, com as mais nobres regras de convivência a virem a tomar o lugar dos confrontos bélicos, económicos e sociais com que o mundo se debate actualmente.
Sob fortes medidas de segurança, hoje à noite, uma quantidade quase record de governantes vão estar presentes na cerimónia de abertura, um espectáculo sempre muito interessante, apesar da demora do ritual da entrada das delegações dos cada vez mais numerosos países participantes.

Que esperar da participação lusa? Talvez a menos ambiciosa das representações portuguesas nas mais recentes Olimpíadas, desde que Carlos Lopes nos deu o ouro na maratona. Com a ausência, por lesão, dos sempre candidatos Francis Obikwelu, Nelson Évora e Naíde Gomes, com uma forte aposta na renovação dos nossos atletas, temos sempre a possibilidade de uma boa prestação e da obtenção de bons resultados, e as eventuais medalhas, porque não exigidas, terão um sabor mais apetitoso: Telma Monteiro, Dulce Félix ou Gustavo Lima poderão surpreender, no judo, maratona e vela, respectivamente.
Uma palavra para a excelente cobertura televisiva preparada pela RTP para este acontecimento.
Enfim, a festa vai começar...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os mitos do cinema - Marilyn Monroe

Se alguém pode ser apelidado de mito, Marilyn Monroe é um exemplo disso. Uma mulher maravilhosamente bela, com um corpo excepcional, ela viveu apenas 36 anos, mas viveu-os intensamente, nem sempre com a felicidade que merecia.
Norma Jeanne Mortenson, o seu verdadeiro nome, nasceu em 1926, e teve uma infância difícil, sem conhecer o seu pai biológico, e aos 16 anos para fugir a uma vida errante e difícil (orfanatos e casas de parentes, pois a mãe e o padrasto não a podiam sustentar), casou com o seu namorado, de apenas 21 anos, Jimmy Dougherty.
Quando o marido foi para guerra, Marilyn, começou a sua carreira de modelo, e uma das suas fotos, que apareceu naqueles célebres calendários, fez furor e levou-a a mais altos voos.
 Divorciou-se do marido que não aceitava a sua carreira de modelo e iniciou-se no cinema, em pequenos papéis, um ano depois, em 1947.
Foi no início dos anos 50, que se começou a distinguir em filmes como "Niagara" ou "Os homens preferem as louras", ambos de 1953, "O Pecado mora ao lado" (1955), onde tem a célebre cena do vestido esvoaçando em cima do ventilador da rua,
 "Paragem de autocarro" (1956) e foi a Londres protagonizar com Lawrence Olivier "O Príncipe e a corista" (1957).
Dois anos depois ganhou o Globo de Ouro pelo seu desempenho na magnífica comédia "Quanto mais quente melhor", e em 1960, fez com Yves Montand "Lets Make Love".
Em 1961 protagonizou o seu último filme "Os inadaptados", filme amaldiçoado, já que os seus principais intérpretes faleceram todos pouco tempo depois (além de Marilyn, Clarck Gable e Montgomery Clift).
Trabalhava num filme que ficou inacabado, quando faleceu: "Something Got to Give", que tinha a cena da piscina com Marilyn nua.
A sua vida afectiva foi muito atribulada, tendo tido casos com alguns dos seus companheiros de filmagens, nomeadamente com Yves Montand.
Mas foi com Joe di Maggio, um jogador de basebol, que casou pela segunda vez, em 1954
casamento que apenas durou 9 meses. Dois anos mais tarde casou com o dramaturgo Arthur Miller, e esse seu terceiro e último casamento durou até ao início de 1961.
Curiosamente ela escolheu o dia da tomada de posse do presidente Kennedy para anunciar o seu divórcio. Sucede, que desde algum tempo antes de Kennedy se tornar presidente dos EUA, já era amante de Marilyn, e esse relacionamento continuou, e levou a especulações sobre a eventual chantagem feita por Edgar Hoover, chefe do FBI, junto dos irmão Kennedy (Robert era ministro da Justiça, que assim tutelava Hoover); nunca se percebeu bem o papel dos dois irmãos junto de Marilyn pois Robert costumava, segundo se dizia, acompanhar o irmão nas suas aventuras amorosas.
De qualquer forma, a morte de Marilyn ficará para sempre envolvida em mistério e ocorreu a 5 de Agosto de 1962, vai fazer 50 anos daqui a menos de duas semanas, pelo que este post que inaugura a rubrica "Mitos do cinema", só podia começar com Marilyn Monroe, que debaixo do seu sorriso e do seu "glamour" mostrava também a sua tristeza.
Finalmente deixo aqui um vídeo magnífico da sua mais célebre canção, no filme "Os Homens preferem as louras"

domingo, 15 de julho de 2012

50 Anos de Rolling Stones!


Cerca de cinquenta anos medeiam entre estas duas fotos, a primeira com a composição inicial da banda que teve a sua génese no encontro entre Mike Jagger e Keith Richards, e a segunda com a sua actual composição.
Falar dos Stones é falar não só de música, mas também de tanta coisa, boa, e alguma menos boa de que este conjunto inglês tem vivido ao longo deste meio século.
Começo por mostrar um vídeo sobre esses 50 anos, da autoria do brasileiro Nelson Motta


A sua discografia é vasta e conhecida, mas permito-me destacar dois temas, um deles porventura a sua música mais representativa

e a outra, que é a minha preferida, que foge até um bocado ao estilo marcante dos Stones

Finalmente referir que das suas vindas a Lisboa, os fui ver na sua primeira actuação entre nós, a 10 de Junho de 1990, num concerto no já demolido Estádio José Alvalade. Foi memorável...
Só por curiosidade, aqui está a ordem das canções aí apresentadas, e só tive pena que eles não tivessem apresentado o "Angie"
01. Start Me Up
02. Sad Sad Sad
03. Harlem Shuffle
04. Tumbling Dice
05. Miss You
06. Almost Hear You Sigh
07. Ruby Tuesday
08. Blinded By Love
09. Rock and a Hard Place
10. Mixed Emotions
11. Honky Tonk Women
12. Midnight Rambler
13. You Can't Always get What You Want
14. Can't Be Seen (Keef)
15. Happy (Keef)
16. Paint It Black
17. 2000 Light Years From Home
18. Sympathy for the Devil
19. Street Fighting Man
20. Gimme Shelter
21. It's Only Rock'n'Roll
22. Brown Sugar
23. Jumpin'Jack Flash
24. Satisfaction (encore)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Noite de sonho, no Palácio

Sim, noite de sonho no Palácio, e comecemos precisamente por aí, pelo Palácio; estou-me a referir a um dos mais belos palácios portugueses, aqui bem pertinho de mim, a cinco minutos de carro – o Palácio Nacional de Queluz, que emprestou uma das suas mais belas salas, a maravilhosa Sala do Trono, para nela se apresentar uma noite de sonho.
E esse sonho teve a forma de música, uma música sublime, que naquele local, apenas com a luz a incidir sobre o piano, provocava imagens de luz e sombra, com todos aqueles espelhos e os dois magníficos lustres que lhe pendem do tecto.
A música, como já referi o instrumento, foi música para piano, tão intimista como abrangente e teve como executante, talvez o melhor pianista português da actualidade, Artur Pizarro.
Um parêntese para umas breves notas sobre a vida artística deste pianista.
Artur Pizarro nasceu em Lisboa em 1968, e tocou pela primeira vez piano na televisão portuguesa aos 3 anos, tendo-lhe este instrumento musical sido apresentado pela sua avó materna, a pianista Berta da Nóbrega, e pelo seu duo, o pianista Campos Coelho que era aluno de, entre outros, Vianna da Motta. De 1974 a 1990, Pizarro estudou com Sequeira Costa que fora também aluno de Vianna da Motta, Mark Hamburg, Edwin Fischer e Jaques Février. Esta distinta herança faz Artur conhecer a tradição da Idade de Ouro do pianismo e oferece-lhe uma vasta preparação na escola de piano e repertórios franceses e alemães. Após os estudos iniciais em Lisboa, Artur muda-se para Lawrence, Kansas nos EUA e continua a trabalhar com Sequeira Costa que é Professor de Piano na Universidade de Kansas. Artur começou a tocar em público novamente aos 13 anos com um recital no Teatro São Luiz em Lisboa e estreou-se em concerto com a Orquestra da Gulbenkian, mais tarde nesse mesmo ano. Ainda sobre a orientação de Sequeira Costa, Artur Pizarro fica em primeiro lugar no Concurso Vianna da Motta em 1987, no Concurso de Greater Palm Beach Symphony em 1988 e foi também galardoado com o primeiro prémio no Concurso de Leeds International Pianoforte em 1990 e viu assim o início da sua carreira internacional de concertos. Artur Pizarro toca internacionalmente em recitais, música de câmara, e com as orquestras e os maestros mais aclamados.
Em 2005 fundou o “Artur Pizarro Piano Trio” com o violista Raphael Oleg e a violoncelista Josephine Knight. Também tem um duo de piano com Vita Panomariovaite.
Artur Pizarro viveu 21 anos nos EUA e vive há sete na Inglaterra, em Brighton (mas conservando sempre o BI e o passaporte portugueses), um local cuja escolha justifica por “ter encontrado ali a casa de que precisava, o meu ‘cantinho’…e fica perto de Londres e do aeroporto!”. Já a Inglaterra foi uma opção consciente “Londres é o ponto mais central e rico para estabelecer uma carreira. Tem uma vida musical intensíssima, todo o mundo se cruza ali e tem ligações directas para todo o lado.”. Por tudo isso, diz “sinto-me um apátrida, até porque o sítio onde vivo é onde for a minha casa, mais as minhas coisas, e onde tiver a família e os amigos”.

Pois foi com Pizarro e nesta Sala deste Palácio, que se encerrou – com chave de ouro – o Festival de Sintra deste ano.
Artur Pizarro deu-nos na primeira parte Haydn e dois temas de Mozart, para após o intervalo nos deslumbrar com Schubert e Hummel. Perante o entusiasmo da assistência, Pizarro brindou-nos com três magníficas obras do inevitável Chopin.
É de uma destas obras que aqui fica o registo.
Apenas uma referência para o intervalo que levou quase toda a gente ao magnífico Jardim do Palácio, agora e depois das longas obras ainda mais alindado.
Sim, foi uma noite de sonho, no Palacio!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Penélope"...e algumas considerações sobre a Cultura

Voltei ao teatro, pois teatro é Cultura e o ser humano, sem Cultura morre...
Fui ver mais um espectáculo dos Artistas Unidos, no Teatro da Politécnica, de seu nome "Penélope", da autoria do irlandês Enda Walsh, numa encenação de Jorge Silva Melo.
São quatro homens apenas e falam entre si sobre tudo e nada, mas principalmente sobre salsichas, num cenário tremendamente kitsch, de uma sinceridade brega tão verdadeira que nos cega e nos comove.
«A mente é um balde de enguias» é uma das muitas tiradas humorísticas do texto, uma das marcas firmes de Enda Walsh, autor da peça, numa adaptação de Jorge Silva Melo. Estamos perante um espectáculo fascinante, de deixas acutilantes e ricas de uma comédia repleta de subterfúgios muito explícitos.
A conversa mantém-se animada, recordando o momento em que recebem a barbacoa — objecto central do palco — de remetente indefinido, e descobrindo mais tarde que partilharam do mesmo sonho na noite anterior: a tal barbacoa a arder, anunciando a morte. É com este pretexto que surge o nome de Penélope (Joana Barros) pela primeira vez. Em momentos repetidos, os quatro (João Vaz, José Neves, Pedro Carraca e Pedro Luzindro) apresentam estratégias distintas para conquistar Penélope, «um amor inconquistável» e que não se deixa levar pelas fracasdeclarações de quatro fracos humanos. Em vão.
À medida que a trama se desenvolve, é visível a mutação das personalidades distorcidas de cada um deles, e a morte vem ao de cima através de uma epifania.
Estes são os quatro sobreviventes entre quase cem, vivendo no fundo de uma piscina à espera de conquistar Penélope.
As interpretações são seguras e saliento dentro todas a de Pedro Carraca.

A sessão a que fui era a uma hora pouco habitual - 19 horas - mas muito convidativa; no entanto, comigo éramos 7 os espectadores...
Pois, a Cultura de que falo no início, perante a crise, "apaga-se", e esse apagão não é só da parte do público, que terá mais onde gastar o pouco que tem, (embora o preço do bilhete fosse apenas de 5 euros), mas principalmente de quem deve zelar por ela, a nível nacional.
A Cultura, de há muito a esta parte, tem sido sempre o "patinho feio" dos governos sucessivos, a ponto de um deles ter tido como respectivo secretário de estado, um inenarrável Pedro Santana Lopes que até conseguiu pôr Chopin a tocar violino...
Mas, no actual Governo e com a austeridade que o comanda está a atingir-se a estaca zero para a Cultura, sem apoio no cinema, sem comparticipação para as companhias de teatro, no desleixo nos museus, eu sei lá...
Esta continuada política de falta de apoio à cultura já levou para fora do país nomes como Helena Vieira da Silva, Paula Rego e Maria João Pires, entre outros.
Somos assim tão ricos que culturalmente nos possamos permitir esta situação?
Para cúmulo, perdemos no espaço de uma semana dois vultos importantes da nossa Cultura: o cineasta Fernando Lopes e o músico Bernardo Sasseti.
Não menosprezemos a Cultura, pois a Cultura não é elitista, há cultura num Grupo Folclórico, como numa companhia de teatro amador. Direi mais e numa perspectiva subjectiva a cultura (não a Cultura), é tão importante que ela é responsável pela falência de tantas relações afectivas, como os factores sexuais, por exemplo. Quantas relações não terminam porque as duas pessoas não se entendem culturalmente?

E deixo-vos com dois vídeos exemplificativos do que é a Cultura; dois exemplos muito diferentes, mas ambos magníficos, um na música, outro na sétima arte.






quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Shake the dust"

Este vídeo é muito simples; mostra-nos um homem a falar connosco, a falar de nós e para nós.
Pode parecer entediante, não tem música, são só palavras...mas são palavras que se ligam umas às outras de uma forma coerente e que ganham uma enorme força pelo modo como este homem as comunica, no tom de voz, nos gestos, na expressão...
Arrebatador, convence-nos mesmo a "limpar a poeira"!


This is for the fat girls.

This is for the little brothers.

This is for the school-yard wimps, this is for the childhood bullies who tormented them.

This is for the former prom queen, this is for the milk-crate ball players.

This is for the nighttime cereal eaters and for the retired, elderly Wal-Mart store front door greeters. Shake the dust.

This is for the benches and the people sitting upon them,

for the bus drivers driving a million broken hymns,

for the men who have to hold down three jobs simply to hold up their children,

for the nighttime schoolers and the midnight bike riders who are trying to fly. Shake the dust.

This is for the two-year-olds who cannot be understood because they speak half-English and half-god. Shake the dust.

For the girls with the brothers who are going crazy,

for those gym class wall flowers and the twelve-year-olds afraid of taking public showers,

for the kid who's always late to class because he forgets the combination to his lockers,

for the girl who loves somebody else. Shake the dust.

This is for the hard men, the hard men who want to love but know that it won't come.

For the ones who are forgotten, the ones the amendments do not stand up for.

For the ones who are told to speak only when you are spoken to and then are never spoken to. Speak every time you stand so you do not forget yourself.

Do not let a moment go by that doesn't remind you that your heart beats 900 times a day and that there are enough gallons of blood to make you an ocean.

Do not settle for letting these waves settle and the dust to collect in your veins.

This is for the celibate pedophile who keeps on struggling,

for the poetry teachers and for the people who go on vacations alone.

For the sweat that drips off of Mick Jaggers' singing lips and for the shaking skirt on Tina Turner's shaking hips, for the heavens and for the hells through which Tina has lived.

This is for the tired and for the dreamers and for those families who'll never be like the Cleavers with perfectly made dinners and sons like Wally and the Beaver.

This is for the biggots,

this is for the sexists,

this is for the killers.

This is for the big house, pen-sentenced cats becoming redeemers and for the springtime that always shows up after the winters.

This? This is for you.

Make sure that by the time fisherman returns you are gone.

Because just like the days, I burn both ends and every time I write, every time I open my eyes I am cutting out a part of myself to give to you.

So shake the dust and take me with you when you do for none of this has never been for me.

All that pushes and pulls, pushes and pulls for you.

So grab this world by its clothespins and shake it out again and again and jump on top and take it for a spin and when you hop off shake it again for this is yours.

Make my words worth it, make this not just another poem that I write, not just another poem like just another night that sits heavy above us all.

Walk into it, breathe it in, let is crash through the halls of your arms at the millions of years of millions of poets coursing like blood pumping and pushing making you live, shaking the dust.

So when the world knocks at your front door, clutch the knob and open on up, running forward into its widespread greeting arms with your hands before you, fingertips trembling though they may be.

Written and performed by Anis Mojgani

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Slave to the Rhythm"

Não, não endoideci. Este é o mesmo blog de sempre. Mas estou farto de política e de políticos sem vergonha.
Apetece-me um momento de gozo, de desvario; afinal uma das características deste blog é ser eclético…
Vamos então para a loucura, mas atenção, pois isto é um simples tema musical de Grace Jones e que Dame Shirley Bassey adaptou. O clip é que é “um bocadinho diferente”, eheheh…

sexta-feira, 4 de maio de 2012

João Villaret

João Villaret, foi um dos maiores actores que passaram por palcos portugueses. Villaret obteve extraordinário sucesso com os seus recitativos que, editados em disco, fizeram grande sucesso entre nós, e não sem motivo.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1913, Villaret dedicou-se ao teatro depois de terminar o liceu e durante os anos trinta e quarenta teve uma ascensão vertiginosa que o levou a triunfar nos palcos do teatro declamado e ligeiro e no cinema - onde assinou interpretações memoráveis em “Três Espelhos”, de 1947, e “Frei Luís de Sousa”, de 1950.
No teatro declamado teve uma interpretação fabulosa na peça “Esta Noite Choveu Prata”, no Teatro Avenida, em 1954. O seu amor pela poesia levou-a a tornar-se num dos recitadores mais extraordinários que Portugal conheceu, tendo inclusivamente deslumbrado o público da RTP com uma série de programas que aí apresentou com o seu nome “João Villaret” e em que era acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret.
Uma conversa, um diálogo, confissões, poesia declamada como poucos conseguiram, biografias de grandes escritores, homenagens a artistas lusos, música e até mesmo cultura popular…tudo fazia parte deste programa que tornava mágico o tempo em que o televisor estava ligado.
E o registo do seu recital no São Luiz, lançado em álbum, ainda hoje se mantém disponível.
Mas Villaret tinha também um especial apreço pela revista, onde se estreou em 1941 para escândalo daqueles que não gostavam de ver misturas. Em 1947, Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o Fado Falado, que criou na revista 'Tá Bem ou Não 'Tá?, verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret. Outros êxitos, como A Vida é um Corridinho de 1952, ou a célebre Procissão de 1955, se lhe juntariam, mas o Fado Falado ficou marcante.
Declamava de uma maneira inigualável Fernando Pessoa, António Botto e ficou célebre a sua declamação do “Cântico Negro” de José Régio.
João Villaret morreu em Fevereiro de 1961, vítima de doença prolongada.






terça-feira, 24 de abril de 2012

"O Corsário"

"O Corsário" é uma das mais conhecidas peças do bailado clássico. Baseado num poema de Lord Byron, com música de Adolph Adam e coreografia de Marius Petipa, tem naquele que é conhecido como "Grand Pas de Deux", o seu mais belo momento, e talvez numa apreciação muito subjectiva um dos melhores "pas de deux" de todo o bailado clássico.
Depois de ter visto no blog "As Tertúlias" do meu bom amigo Ricardo, uma versão muito bonita e original desta peça, já que é observada dos bastidores, veio-me à lembrança uma inesquecível noite de bailado no Coliseu de Lisboa, com o Royal Ballet, e tendo como principais figuras os lendários bailarinos Rudolph Nureyev e "dame" Margot Fonteyn; nesse espectáculo fazia parte do repertório, precisamente este "pas de deux", que eu tive a grata oportunidade de ver e aplaudir ao vivo.
É essa peça que hoje aqui deixo, e mesmo a quem não seja um seguidor habitual de ballet, pode passar indiferente a este momento de arte, beleza e magia.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

"António & Miguel"

Tenho plena consciência que esta postagem vai agradar apenas a uma restrita franja de quem me segue.
Há muito, tenho em "stand by" estes dois vídeos, que no seu conjunto, mostram um bailado apresentado em 2000 em publico, com coreografia de Miguel Pereira e interpretação do próprio e de António Tagliarini e tenho hesitado em publicá-lo aqui ou não; a hesitação não é motivada, pelo facto da nudez dos corpos, pois é uma obra que nada tem de pornográfica ou mesmo de provocadora.
A hesitação deve-se ao restrito número de apreciadores deste tipo de bailado, integrado no bailado contemporâneo, por vezes de muito difícil assimilação.
Miguel Pereira é um bailarino e coreógrafo com provas dadas no mundo do bailado e ousou ser ele próprio nesta que talvez seja a sua peça mais representativa. 
Esta peça é uma reflexão sobre o espectáculo, sobre a criação e sobre o intérprete enquanto intermediário da obra. É um trabalho de evocação a outros criadores que influenciaram o nascimento desta peça e que questionam a pertinência do próprio espectáculo. Uma grande ambiguidade entre o verdadeiro e falso está profundamente inscrita em "António & Miguel".
Se bem que o espectáculo seja apresentado como "de dança", e seja da dança que vêm ambos estes criadores, trata-se essencialmente de uma performance.
Apesar destes considerandos, é uma peça fundamental da história da dança contemporânea em Portugal.

O segundo vídeo é bastante mais interessante que o primeiro ( para os que acharem que "isto" é chato).



domingo, 25 de março de 2012

"O Rapaz da Última Fila"

É curioso. Vejo muitos filmes, mas não no cinema, em casa; a excepção é em Setembro quando aparece o Queer Lisboa, e aí é "por atacado".
Mas, em proporção vou mais ao teatro, porque gosto muito de ver teatro. Há uma comunhão entre os actores e o espectador que é maravilhosa.
Não vejo tantas peças como quereria, mais por inércia, mas apesar de tudo, nos últimos três meses vi três peças: "Design for Lovers", na Comuna, "Quem tem medo de Virginia Wolf", no D.Maria, e "As Bacantes", no S.Luiz.
E ontem voltei a ver outra; há muito que não via uma peça dos "Artistas Unidos", a companhia que tem à frente um dos maiores lutadores pelo Teatro em Portugal - Jorge Silva Melo.
E que prazer foi ter encontrado um sítio tão acolhedor, finalmente, para esta Companhia, o Teatro da Politécnica, mesmo ali onde era a cantina da antiga Faculdade de Ciências e onde tantas vezes comi...
O Teatro chama-se "Paulo Claro" em homenagem ao jovem actor da Companhia falecido em 2001 por acidente, tão novo.
E esta peça, uma das duas que a Companhia apresente neste momento (a outra é "A Morte de Danton", no D.Maria- Sala Garrett), chama-se "O Rapaz da Última fila", do dramaturgo Juan Mayorga e numa encenação colectiva.
A leitura de um (aparente) simples exercício de escrita sobre o fim de semana deixa Gérman (António Filipe), professor de Línguas e Literaturas, desiludido com a sua missão enquanto educador. Tentar orientar jovens de ensino secundário na arte da escrita parece um duelo de titãs. Composições desinteressantes, sem conexão, repetitivas… Até que surge a composição d’ O Rapaz da Última Fila.
Cláudio (Pedro Gabriel Marques) surpreende o seu professor ao trazer uma descrição rigorosa do seu fim de semana em casa do colega Rafael Marquez (Marc Xavier), cujas dificuldades em matemática servem de pretexto para que o protagonista consiga entrar na moradia daquela família de classe média e conseguir perceber o seu quotidiano. A primeira composição (e todas as restantes) recebem uma marca particular no final: (continua.)
À partida, o trabalho de Cláudio é como que reprovado pelas questões éticas e morais que levanta, já que se intromete na vida privada de um colega seu e a divulga. Juana (Maria João Falcão), mulher de Gérman, aconselha o professor a reprovar a atitude do jovem escritor, contudo o marido não quer desperdiçar a oportunidade de ajudar o rapaz que lhe parece ser a grande promessa da literatura.
Os textos seguem-se diariamente, os conselhos de melhoria e as sugestões de leitura também. Cláudio vai-se integrando na família e percebendo quais os seus pontos fracos e problemas, que relata de forma minuciosa.Gérman e Juana tornam-se leitores compulsivos e vão conhecendo também a família Marquez através das descrições que o recatado rapaz (pelo menos nas aulas) faz.
A posição da última fila, aquele sítio onde “ninguém nos vê, mas nós vemos toda a gente”, tomada por Cláudio alastra-se à moradia dos Marquez. Os estratagemas são muitos para conseguir tornar uma história desinteressante à partida num autêntico sucesso literário. O jovem escritor é também ele uma personagem que altera aquele que seria o percurso normal dos acontecimentos.

No mesmo cenário, cruzam-se espaços tão diferentes numa simbiose bem conseguida. Navegamos entre a sala do professor e da sua mulher, pela casa dos Marquez e pela sala de aula uma forma natural, embora os adereços nunca mudem de sítio. As várias histórias cruzam-se nas páginas do mesmo livro, construindo um todo perfeitamente consolidado.
As personagens são credíveis, cheias de valor humano e densidade. A isto se junta um bom humor proveniente dos próprios escritos de Cláudio que nos trazem uma descrição pura e dura da vida dos Marquez e que puxa pelo nosso lado mais voyeur.
A música do espetáculo é-nos dada pelo simples fluxo das palavras, num ritmo que nos prende do princípio ao fim. Também nós queremos saber o que vem a seguir ao tão misterioso “continua” de cada texto.
O próprio final nos surpreende. Cláudio é confrontado a encontrar ele mesmo um final para a sua história. O seu mestre ensina-o que o final deve ser cativante, surpreendente, inesperado. Como tal, a própria peça também nos traz um final que à partida não estaríamos à espera. Os esquemas complexificam-se e a ação toma um rumo inesperado.
A interpretação é bastante boa, com destaque para António Filipe e do jovem Pedro Gabriel Marques, muito seguro naquela que suponho será a sua estreia como actor.
O final não foge à regra de ouro de um bom final de um livro: inesperado, mas perante o qual, o leitor conclui que não poderia ser outro...
Simplesmente, e numa apreciação muito subjectiva, penso que, e propositadamente, o final é "escondido" pelo fecho das luzes, pois isso pode subentender um "beijo apagado".
Se alguém já viu a peça, que deixe a sua opinião, e quem ainda não viu, aconselho-a vivamente e depois também gostaria de ler o que pensam sobre ela e sobre o final.



Parte deste texto foi tirado do blog "Espalha Factos" e é da autoria de Wilson Ledo





quarta-feira, 21 de março de 2012

21 de Março

Eu sou por norma avesso aos dias mundiais disto ou daquilo, que quase preenchem todo o calendário, alguns deles com notórios fins consumistas, outros por mera idiotice.
Mas também há dias mundiais que respeito, porque têm para mim uma simbologia importante.
E entre estes, o dia 21 de Março é muito especial, pois nele se comemoram dois dias mundiais que me são particularmente sensíveis: o da Árvore e o da Poesia.
E além do mais é o dia do início da Primavera (este ano foi um dia antes, por ser um ano bissexto), a estação da renovação.
Assim, aqui deixo três referências - uma das mais belas árvores desta cidade de Lisboa, no Jardim do Príncipe Real
Uma poesia que quase obrigatoriamente teria de ser de Pessoa, neste caso de um dos seus heterónimos - Alberto Caeiro

"Hoje de manhã saí muito cedo

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar."

E finalmente o último andamento da maravilhosa obra de Stravinsky "A Sagração da Primavera" pela companhia de dança da grande Pina Bausch.