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domingo, 20 de outubro de 2013

Um jantarinho de amigos

Com o intuito duplo de “fazer a apresentação” do livro do Miguel “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”
e proporcionar um convívio entre o Déjan e alguns dos meus amigos, tivemos ontem um agradável jantar no habitual “Restaurante Guilho”, na Amadora.
Éramos 13 mas ninguém se manifestou supersticioso e tudo correu muito bem.
Estiveram presentes, alem de mim e do Déjan, o Duarte, a Margarida, o Mark, o Ribatejano, o Paulo e o Zé, o Miguel, e o João Máximo e o Luís.
De realçar também a presença pela primeira vez nos nossos convívios do João Eduardo , do blog “Banda Larga” e do João Jorge, um amigo do Ribatejano; ambos se integraram muito bem no ambiente e decerto voltarão ao nosso convívio.
Como um dos assuntos mais falados foi “livros”, trocaram-se “encomendas” entre mim, o Miguel e a Margarida, pelo que a minha colecção de livros para ler aumentou muito consideravelmente.
O Déjan esteve bem e penso ter conquistado a simpatia das pessoas que ainda o não conheciam (a maioria).
O Mark fez-nos rir a todos com as suas aventuras no metropolitano (e mais não digo, hehehe…).
Obrigado a todos pela vossa presença.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Vamos jantar juntos e conhecer um livro?

No próximo dia 19 deste mês, um sábado, vai realizar-se um novo jantar no mesmo restaurante – “O Guilho”, na Amadora. 
Não sera um novo jantar de blogs (esse terá lugar em Maio próximo), e terá características diferentes.
A razão deste jantar é dupla: pretende ser ao mesmo tempo o lançamento informal do livro do Miguel Botelho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, da editora “Index ebooks”, com a presença do autor e dos editores, como é óbvio; e por outro lado, estando cá o Déjan, é uma forma de ele confraternizar com pessoas amigas.
Assim sendo, desde já convido todos os amigos, bloguistas ou não, a juntarem-se a nós e disfrutar de um agradável convívio.
Não vou estar naquele stress dos outros jantares sobre o número de participantes, até porque não haverá um menu específico (cada um comerá o que quiser, constante do cardápio da casa, que tem preços simpáticos). 
Claro que terei de dar um número aproximado de pessoas ao restaurante, para preparar a mesa, já que será um jantar sentado, devido a não esperar um número tão grande de pessoas como nos jantares dos blogs.
Podem fazer os vossos planos pessoais para que, querendo, possam estar presentes, e comunicar-me a vossa decisão atempadamente; será sempre um prazer a vossa companhia.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Que linda que é Lisboa...

Já há muito não passava um final de tarde e um princípio de noite tão agradável. Depois de ontem ter recebido notícias menos agradáveis sobre os valores da minha diabetes, nada melhor antes de ir mostrar esses resultados à minha médica, amanhã e ouvir justas criticas ao desleixo com que tenho encarado perigosamente esse mal, fui com a companhia do Duarte que estava de folga até Lisboa.
Deixado o carro junto à estação, saímos no Areeiro e três ou quatro quarteirões depois estava na velha livraria Barata da Av. de Roma
a buscar um livro que tinha comprado e que há muito procurava: “Devassos no Paraíso” do brasileiro João Silvério Trevisan.
Depois, calmamente descemos, gozando a bela tarde até à Alameda, onde apanhámos o metro até à Avenida, para na bilheteira do S. Jorge trocarmos dois bilhetes do Queer, tomar um café ali ao lado e depois seguir até à antiga Faculdade de Ciências, com uma paragem na Cinemateca, onde há muito não ia e como está linda e renovada...
E lá fomos ver a peça em exibição no Teatro da Politécnica,“Sala Vip”.Gostei muito da peça, ao contrário do Duarte que não gostou nada; mas é-me muito difícil falar por palavras minhas sobre a razão porque gostei da peça, pelo que uso aqui a“ajuda”de um texto que encontrei na net e do qual gostei.
"Depois de se estrear em Julho na Culturgest, no âmbito do Festival Almada, Sala VIP regressa à casa-mãe dos Artistas Unidos, uma criação inédita de Jorge Silva Melo que servirá de boas-vindas à próxima temporada no Teatro Paulo Claro na Politécnica. Com encenação de Pedro Gil, Sala VIP traz-nos um grupo de pessoas que esperam. Um aeroporto internacional e um voo perdido, quem sabe, um motivo para juntar estas pessoas. À partida, farão parte de uma companhia de ópera e vão, aos poucos, nessa ansiedade, nessa espera. Um enquadramento extraordinário entre cenário e personagens, as malas de viagem contendo em si vidas, histórias de várias vidas. Acompanhando os diálogos — ora falados, ora cantados — está o piano fabuloso de João Aboim, um elemento imprescindível neste espectáculo. A espera causa violência, frustrações, nervos, o medo. Sexo. Mentiras, palavrões, cinismo, relações tão frívolas como aquela sala de espera. Os elementos de surpresa/choque são extremamente importantes nesta trama que, de uma maneira ou de outra, se apresenta brindada com momentos de acção-reacção únicos, desespero-calma, hipocrisia-frontalidade. Espera. Um elenco magnífico composto por Andreia Bento, Maria João Falcão, Elmano Sancho, António Simão e João Pedro Mamede." 

 Acabada a peça fomos jantar a um pequeno restaurante mesmo no início da Rua do Século, ali ao Príncipe Real e depois, sempre lentamente, gozando a noite, descemos pelo Jardim de S.Pedro de Alcântara até às Escadinhas do Duque, por aí abaixo até à estação do Rossio.

Que bela que Lisboa é!!! Percorrer a pé variados locais desta cidade é um prazer imenso, que eu gostaria de fazer mais vezes, se tivesse companhia, pois sozinho, metade do prazer desaparece... E agora, a partir de sexta feira e durante uma semana é todos os dias a ida até ao S.Jorge, na minha romaria anual ao Queer, do qual darei notícias.

E hoje cumpri quanto aos diabetes, pois andei bastante e tive um jantar que não me fez mal: chocos grelhados com grelos.Mas tenho que ter juízo!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Eduardo VIII - Duque de Windsor

Acabei de ler mais um interessante livro que fala sobre o papel de algumas pessoas, que sendo gays tiveram algum impacto na História.
Trata-se do livro de Paul Tournier “ Os Gays na História”, e logo no início o autor explica o critério das suas escolhas, pois como parece óbvio, a “oferta” era muita; assim, ele apenas escolheu personagens masculinos, à excepção de um curto episódio sobre a figura bíblica de Ruth, e também, com excepção dos vultos culturais da Renascença, escolheu personalidades que de uma forma mais ou menos directa tiveram algum impacto na História.
Assim, encontramos referências a alguns homossexuais suficientemente conhecidos como tais: Sócrates, Alexandre, Júlio César, Adriano, David, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Shakespeare, Edward II de Inglaterra, Carlos XII da Suécia, Ludwig II da Baviera ou T.E.Lawrence, bem como outros menos conhecidos, como alguns reis e príncipes medievais (Jaime de Aragão, João II e Henrique IV de Castela), e um rei consorte espanhol – Francisco de Bourbon.
Mas mais interessantes são aquelas personagens de que há fortes indícios da sua homossexualidade, mas não certezas: S.João (o apóstolo favorito de Cristo), S.Paulo e Santo Agostinho, Voltaire e Robespierre, Lincoln, e Hitler.
Deixei propositadamente para o fim, uma das personagens que maior interesse me despertou – Eduardo VIII de Inglaterra, mais conhecido como Duque de Windsor e tio da actual rainha Isabel II.
Eduardo era filho de Jorge V e seu eventual sucessor.
No entanto, a sua vida foi cheia de pormenores muito curiosos e alguns pouco conhecidos.
Desde cedo Eduardo mostrou duas facetas da sua vida; por um lado, era conhecida a sua simpatia pela Alemanha e mormente por Hitler, então em plena ascenção política (anos 30) e por outro lado o seu gosto por pessoas do mesmo sexo, tendo um caso amoroso durante muitos anos com o seu secretário Dudley Metcalfe.
Sabendo Hitler da sua homossexualidade, e sendo ele um futuro rei de Inglaterra, este assunto preocupava o rei seu pai e os serviços secretos ingleses, que o vão visitar à sua residência oficial de Fort Belvedere,
para lhe exigirem um casamento antes de ser rei, para assim “apagar” essa imagem.
Ora nessa sua residência, o Duque de Winsor dava festas muito badaladas e recebia hóspedes variados, entre os quais apareceu um casal americano, os Simpson.
A uma certa altura o casal começou a deteriorar o seu casamento que acabou em divórcio e o Duque começou a ser um acompanhante preferencial de Wallis, a divorciada senhora Simpson.
Quando é feita essa proposta de casamento ao Duque, ele aceita com uma condição, que o casamento fosse com Wallis Simpson e fosse um casamento branco, ou seja, não consumado, deixando ao critério da senhora se ela quisesse ter um filho ou não (claro por interposta pessoa).
Entretanto em 1936 morre Jorge V e a Inglaterra vê-se com um rei – Eduardo VIII, com 42anos, solteiro e sem noiva.
A solução é o tal casamento, mas Wallis é divorciada e americana, e não só os súbditos a não aceitariam como rainha como o próprio Arcebispo de Cantuária, chefe da igreja inglesa não o permitiria, pelo que 11 meses depois, Eduardo VIII, abdica do trono, “por amor”, a favor do seu irmão Jorge VI, pai de Isabel II. Casa com a senhora Simpson em França, e curiosamente o padrinho de casamento é o seu secretário e amante
e passam a viver em França.
A vida sexual entre os dois era inexistente e a uma certa altura Wallis traz para a sua residência, um playboy americano amigo e bissexual, Jimmy Donahue, que contentava os dois duques sexualmente.
A coroa britânica nunca aceitou este casamento e o Duque apenas foi autorizado a visitar Londres por altura da morte da sua avó, Mary.
Mais tarde, houve uma certa abertura de Isabel II para resolver esta questão e os restos mortais daquele que foi rei por 11 meses, como Eduardo VIII, estão sepultados, como os da Duquesa, em Windsor.

Como apêndice uma curiosa foto...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Sinais de Fogo"

Jorge de Sena (Lisboa, 2 de Novembro de 1919 Santa Bárbara, Califórnia,  4 de Junho de 1978)  foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português.
Filho único de Augusto Raposo de Sena, natural de Ponta Delgada e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Teles Grilo de Sena, natural da Covilhã e dona-de-casa. Ambas as famílias eram da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos do Porto. Segundo relata no seu conto Homenagem ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que fez com se tornasse introspectivo, observador e imaginativo.
Fez a instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama. Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho. Era um jovem que lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.
Sena nutria a ideia algo romântica de se tornar oficial da marinha, seguindo as pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para a Escola Naval como 1º do seu curso. A 2 de Outubro de 1937 , iniciou a sua viagem de instrução a bordo do navio escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, Lobito, Luanda, S. Tomé e Dakar, chegando a Lisboa no final de Fevereiro de 1938 . O contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi excepcional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as "necessárias qualidades" para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava.
Apesar da sua inclinação natural para a literatura, o sobredotado Sena decidiu frequentar o curso de Engenharia Civil, iniciando-o em Lisboa e concluindo-o no Porto, em 1944, com a ajuda financeira dos seus amigos Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que escrevia e em 1940, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942, publica o seu primeiro livro de poemas, Perseguição, que não impressiona muito o seu amigo e crítico João Gaspar Simões e Adolfo Casais Monteiro considera-o um livro revelador mas difícil.
Em 1947, Sena inicia a sua carreira de engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil na Câmara Municipal de Lisboa, na Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959.
Em 1940, no Porto, Jorge de Sena conhece e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador literário Óscar Lopes), começando a namorar em 1944 e casando-se em 1949. Jorge de Sena e Mécia de Sena tiveram nove filhos. Mecia, sua incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada.
Trabalhava incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo), Sena também se dedicava à direcção literária em editoras, à tradução e revisão de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no Portugal de Salazar das décadas de 1940 e 1950 atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam de o inspirar para o poema É tarde, muito tarde na noite…
Durante esses anos publica várias obras: O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa(organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951), etc.
A sua situação como escritor e cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa tentativa revolucionária abortada em 12 de Março de 1959, colocou-o em posição de prisão iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pela PIDE denunciar os que ainda se encontravam livres.
Em Agosto de 1959, viajou até ao Brasil, convidado pela Universidade da Bahia e pelo Governo Brasileiro a participar no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. Tendo sido convidado como catedrático contratado de Teoria da Literatura, em Assis, no Estado de S. Paulo, aproveitou essa oportunidade e aceitou o lugar, iniciando assim o seu longo exílio. Ele faz amizade com o poeta Jaime Montestrela, que dedicou o seu livro Cidade de lama. Por motivos profissionais teve de adoptar a cidadania brasileira.
Não foi contudo um exílio libertador. Sentia saudades da pátria, apesar do rancor perene que nutria pela pequenez, mesquinhez e falta de reconhecimento nacionais que o atormentariam até ao final da vida.
Em 1961, Jorge de Sena foi ensinar Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Em 1964, depois de vencer alguns preconceitos académicos pelo facto de ser licenciado em Engenharia, Jorge de Sena defendeu a sua tese de doutoramento em Letras (Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular), tendo obtido os títulos académicos "com distinção e louvor".
O período de seis anos que passou no Brasil foi muito produtivo. Finalmente, tinha toda a disponibilidade para se dedicar à sua obra com a devida profundidade e profissionalismo. Poesia, teatro, ficção, ensaísmo e investigação. Parte do romance Sinais de Fogo e a totalidade dos contos Novas Andanças do Demónio foram escritos neste período.
A degradação da situação política no Brasil, com a instalação de uma ditadura militar a partir de Março de 1964, fez com que Jorge de Sena, mais do que nunca avesso a prepotências, aceitasse um convite para ensinar Literatura de Língua Portuguesa na Universidade de Wisconsin, para partir para os Estados Unidos em Outubro de 1965. Em 1967 foi nomeado catedrático do Departamento de Espanhol e Português da referida universidade.
De 1970 até 1978 foi catedrático efectivo de Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Apesar da satisfação de ensinar e da amizade que os alunos lhe dedicavam, Sena não foi feliz. Queixava-se da "medonha solidão intelectual da América" onde não havia "convívio intelectual algum" e da esterilidade e espírito burguês do meio académico, que não se interessava pela sua obra.
Quando se deu o 25 de Abril Jorge de Sena ficou entusiasmado e queria regressar definitivamente a Portugal, ansioso de dar a sua colaboração para a construção da democracia. Sena visitou Portugal, contudo, nenhuma universidade ou instituição cultural portuguesa se dignou convidar o escritor para qualquer cargo que fosse, facto que muito o desiludiu e amargurou, decidindo continuar a viver nos Estados Unidos, onde tinha a sua carreira estabelecida.
Jorge de Sena morreu em 4 de Junho de 1978, aos 58 anos, de cancro. Em 11 de Setembro de 2009, os seus restos mortais foram trasladados de Santa Barbara, Califórnia, para o cemitério do Prazeres em Lisboa, depois de uma cerimónia de homenagem na Basílica da Estrela, com a presença de familiares, amigos e entidades oficiais.

Foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.

Acabei de ler à dias o romance “Sinais de Fogo” de Jorge de Sena, do qual já tinha lido com muito agrado uma colectânea de contos sob o título “Os Grão Capitães”.
Este romance, em que a personagem principal, Jorge, tem muito de autobiográfico, passa-se na sua maior parte na Figueira da Doz, uma praia onde passei grande parte dos Verões da minha infância e da minha juventude; e se bem que a época seja diferente (finais dos anos 30 do século passado), não diferiria muito da Figueira dos anos 50/60 que eu conheci.
È um livro nem sempre fácil, devido às muitas considerações filosóficas que o autor vai entremeando com o decorrer da acção, mas com um elevado valor intelectual, podendo sem qualquer dúvida considerar-se talvez o mais importante ou pelos menos dos mais importantes marcos da literatura portuguesa da segunda metade do século XX.
 Com uma inesperada e nada contida narração sexual, tem, ouso dizê-lo, das mais ousadas narrativas sexuais jamais escritas em português, desde o mundo da prostituição, ao amor heterossexual puro (?), ás orgias, ao sexo homossexual, enfim, para todos os gostos, mas nunca gratuito ou deslocado.
No meio de toda a acção está a Guerra Civil Espanhola, a confirmação da ditadura portuguesa, a ascensão do nazismo e todos os fenómenos daí advindos na formação humana e política do Jorge.
O livro pode considerar-se inacabado, pois haveria várias hipótese finais que nunca chegaram a ver a luz do dia; apesar de tudo é um longo romance, com cerca de 600 páginas.
Deste romance foi realizado um filme, por Luís Filipe Rocha, em 1995 tendo Diogo Infante como protagonista, cujo trailer aqui deixo.
E também deixo o primeiro vídeo de uma magnífica série de cinco episódios, apresentados na RTP 2, sob o título genérico de Grandes Livros, e que merece ser visto na íntegra (está no You Tube). Curiosamente as cenas do filme aqui apresentadas não são do filme do LFRocha.  
Um livro memorável que merece a atenção de quem se interessa por ler, mas também por quem se interessa por um período tão interessante da nossa História recente.

domingo, 30 de junho de 2013

Guilherme de Melo

Morreu Guilherme de Melo.
Mais que um escritor de grande mérito – li por assim dizer toda a sua obra – foi um ser humano excepcional, sempre amigo do seu amigo e amigo de quem precisava. Foi a primeira pessoa a dar a cara como homossexual, aqui em Portugal, sem medo, como sem medo desafiou uma Lourenço Marques muito tradicional, onde era um jornalista de grande prestígio, ao assumir de uma forma quase mesmo provocatória, a sua orientação sexual, como relata admiravelmente no seu melhor livro “ A Sombra dos Dias”.
Aparecia com o seu namorado de então, um bombeiro, em debates televisivos quando não era fácil (ainda hoje não é), aparecer publicamente a defender os direitos dos que não escolheram uma vida sexual diferente da maioria das outras pessoas e sempre o fez com veemência sim, mas de uma forma contida, educada e aprazível.
A sua carreira jornalística no “Notícias de Lourenço Marques”, enquanto viveu em Moçambique e depois aqui em Lisboa no “Diário de Notícias” foi um exemplo para tantos que agora dão uma péssima imagem do que é ser jornalista.
Até sempre, Amigo!

terça-feira, 25 de junho de 2013

O livro do Miguel

Não sei exactamente por onde começar…
São cinco e meia da manhã e acabei agora mesmo de fazer algo impensável apenas algumas horas atrás – ler pela primeira vez na vida um e-book!
Tudo aconteceu quando ontem à noite, ao dar uma vista de olhos pelos blogs que sigo, deparei com a postagem acabada de ver no blog da Margarida, e dei comigo a escrever-lhe um comentário lacónico “estou quase tentado a ler um e-book pela primeira vez na vida…”.
Estava a fechar o PC quando reparei que um filme do qual estou a fazer o download no e-Mule estava a receber muito bem e portanto não quis fechar logo o computador; mas porque já tinha fechado tudo da net, excepto o e-Mule, e para preencher o tempo fui à área de trabalho e abri o atalho do Adobe Digital Editions, onde tinha posto durante a tarde o e-book que o João Máximo me tinha enviado (como sempre) do livro do Miguel, ontem mesmo editado, mesmo sabendo ele que eu iria comprar o livro na Bubock para o ler fisicamente, como gosto e sempre faço (até tínhamos falado nisso, ao telefone).
E dei comigo a começar a ler um livro, cujo título é um bocado estranho – “Elvis sobre a baía de Guanabara e outras histórias”, de um autor que eu conheço muito bem, e que faz o favor de ser meu amigo – o Miguel. Li a primeira história – “Furadouro”, e li mais duas, tendo a terceira um título deveras interessante para mim,  “Rua de S.Marçal”, porque foi nessa rua que eu vivi os meus primeiros quatro anos lisboetas.
E quando a terminei, dei por mim a pensar em tudo o que eu vivi nessa rua e adjacentes, e pensei que ainda um dia iria escrever sobre essa rua, também…
Talvez porque esses pensamentos me tivessem ocupado a mente, talvez por ser tarde, verifiquei que as fontes do download, tinham secado, e assim sendo, fechei o computador e fui dormir.
Como é meu hábito, o sono para mim é completamente irregular e assim acordei pelas 4 e 20 da madrugada e de imediato fui abrir o PC, não para ver algo dos blogs, do correio electrónico, ou repor o e-Mule a fazer downloads; fui deliberadamente continuar a leitura do livro do Miguel.
E não consegui parar!!!
Li tudo, tudinho e como Carneiro que sou aqui estou a dizer isto tudo e que se resume em poucas palavras: acabei de ler um dos mais belos livros que já li em toda a minha vida.
 Não, não digo isto porque o Miguel é meu amigo, digo-o convictamente porque o livro é para mim, absolutamente maravilhoso.
Eu não sou um grande crítico literário e até tenho alguma inveja em ler belíssimas criticas na bloga a livros lidos, nomeadamente do Miguel.
Tenho dificuldade em dizer porque gosto ou não gosto, tenho alguma inércia de procurar trechos que evidenciem o valor de um livro, enfim, aprecio muito e fico com uma ideia precisa daquilo que vou lendo, mas sem o expressar, sem desenvolver as ideias com que fiquei.
Neste caso, estes contos são de tal maneira intensos por um lado, e tão maravilhosamente descritivos por outra, que fiquei rendido, total e inequivocamente rendido.
Seria maravilhoso deixar aqui uma impressão de cada um, mas não o farei e a obra vale pelo todo, porque não há contos melhores ou piores, são todos bons e devem ser lidos como um todo, uma laranja sumarenta e doce, com os seus gomos apetecíveis.
No entanto há dois contos que realço, e por razões diversas.
Um é “Chez Toi” por aquilo que ele representa para o Miguel; é um conto muito pessoal, o mais pessoal de todos eles, atrever-me-ia mesmo a dizer.
O outro é o último – “Quatro Canções”, subjectivamente o meu preferido e objectivamente um conto memorável. Além do mais, não no desfecho, mas no seu início, tem muito a ver com vivências minhas… Para finalizar faço um apelo: por favor leiam este livro!
É imprescindível para qualquer pessoa que goste de ler, para quem tiver sensibilidade, para quem goste de sentimentos e de formas diversas de os viver.
E lanço desde já aqui um desafio, ao João e ao Luís, que em boa hora “deram à luz” este livro, para num futuro próximo, numa data a combinar com o Miguel, (e depois de eu e mais algumas pessoas terem adquirido o livro físico), de fazer um jantar de apresentação formal deste livro.
Não será um jantar de blogs, de forma alguma, mas sim um encontro que tem como objectivo único reunir pessoas que tenham lido e gostado deste livro e também , é óbvio daquelas pessoas que estejam interessadas em lê-lo.
Contem comigo, e decerto com a Margarida para pormos esta iniciativa de pé.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Cinema e música 6 - "Morte em Veneza"


Se há filmes que marcam pela sua sensibilidade, um deles é sem dúvida a obra prima de Luchino Visconti, “Morte em Veneza” (1971).
Aliás todos os filmes que têm Veneza como cenário são mágicos, como mágica é aquela cidade do Adriático. Acredito que não haja no mundo uma cidade tão “cinematográfica”.
Neste filme cuja época nos reporta ao princípio do século passado, um compositor passa férias no Lido, a praia em frente da cidade, onde procura refúgio para problemas recentes, profissionais e pessoais, e acaba por se deixar seduzir por Tadzio, um jovem com uma beleza andrógina, que ali passa uma temporada com a família.
Entretanto é focada também a epidemia de cólera que assolou aquela cidade na altura e que as autoridades procuram esconder para não comprometer a estação turística.
A cena final, da morte do protagonista, só, na praia, e com Tadzio a brincar por perto, é de uma beleza ao mesmo tempo terrível e tocante, com Dirk Bogarde a ter uma das suas mais brilhantes interpretações.
De realçar a beleza e o porte senhoril de uma grande dama do cinema europeu, Silvana Mangano, que tantas vezes trabalhou com Visconti.
E também a presença do jovem actor sueco Bjorn Andrésen, que protagoniza Tadzio, e que podemos ver aqui  num curioso vídeo, em que Visconti o testa para este papel.
Claro que a base desta postagem é a relação do cinema com a música e aqui não só por ser um compositor o principal protagonista. E há quem diga que foi em Gustav  Mahler que Thomas Mann, o autor da obra aqui adaptada, se inspirou para dar vida ao personagem.
E é precisamente deste compositor o principal tema musical do filme, o célebre Adagietto da sua 5ª.Sinfonia, e que para mim é das mais belas peças musicais de sempre.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

José António Almeida

Não é fácil escrever um texto, nos moldes clássicos, sobre o poeta português José António Almeida.
Após aturada busca, não encontrei na net uma biografia ou mesmo uma bibliografia completa, muito menos uma foto do poeta.
Apenas a indicação que terá nascido há cerca de 50 anos na vila de Cuba , no Alentejo, e que se tornou mais conhecido depois das reflexões em que participou na Capela do Rato, sobre a tripla condição de poeta, homossexual e católico, aliás referida no seu livro “O casamento sempre foi gay e nunca triste”,
já falado neste blog quando inseri um dos seus textos junto com o abominável vídeo da Drª(?) Madalena Fontoura.
Desse post resultaram variados e interessantes comentários dos quais eu próprio, (e parece que não só eu) adoptei uma palavra sugerida pelo Ophiuchus para substituir o catolicismo, e que é a Espiritualidade, ou seja a minha relação com Alguém, difícil de definir, mas que consubstancia muito daquilo que nos faz acreditar num ser superior e nos permite ter fé.
Esse livro é um dos quatro que li recentemente de José António Almeida, e sobre ele aconselho vivamente a ler uma excelente e completa entrevista dada pelo escritor à revista Pública, em 11 de Abril de 2009 e que pode ser lida aqui.
O primeiro livro que li de José António Almeida foi no entanto “Obsessão”,
um curto livro de poemas, publicado como o referido anteriormente pela “&etc”, que me seduziu pois vi nalguns dos seus poemas algo que o aproxima, com o devido respeito e nalguns aspectos a António Botto.
Vejamos o poema primeiro e que dá o nome à obra:

Numa só coisa porfio:
Outra vez ver o teu corpo
Na minha cama despido,

De livro folhas abertas
Com os dois braços cruzados
Atrás do rosto de efebo

- devorando cada letra
Em meu quarto no segredo.
De noite o membro de nácar

Sempre com donaire erguido,
Acróstico no teu peito
Começado sem ter fim.”

Ainda com a mesma chancela (&etc), um outro seu livro, desta vez em prosa, “A vida de Horácio”,
delicioso apontamento sobre uma personagem que vai alternando a sua homossexualidade com o aparecimento na sua vida de duas mulheres que o marcaram fortemente: a frágil e virginal Miss Savonarola, e a impetuosa e imponente Madame Robespierre. Como se adivinha esta pequena história está descrita com um subtil humor e o autor mostra aqui uma veia até então desconhecida.
Finalmente o último livro que li deste autor é de novo em verso e é excelente: “O rei de Sodoma e algumas palavras em sua homenagem” da Colecção Forma, da Editorial Presença.
Alguns poemas são verdadeiramente admiráveis e permito-me aqui transcrever aquele que mais me seduziu:

Cruzou-se de noite entre as sombras do parque
com outro vulto, como dois desconhecidos
deslizando furtivamente um pelo outro.
Mas o cão que acompanhava o vulto estranho
(um podengo velho, sem pelo, quase cego,
Com menos de metade das forças de outrora)
levantou a cabeça e as orelhas, pôs-se
a farejar-lhe as pernas, abanando a cauda
(o estranho continuou, sem olhar para trás).
O animal reconhecera o cheiro dos membros
despidos com que brincara muitas vezes
numa casa em que o dono e aquele corpo
partilharam quatro paredes, há muito tempo.
E o homem, fugindo, enxugou uma lágrima.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Half-Drag

Half-Drag é o nome do projecto do fotógrafo nova-iorquino Leland Bobbé, que retrata os dois lados de drag queens da cidade.

"Através do poder de cabelo e maquilhagem, esses homens são capazes de transformar-se completamente e encontrar o seu lado feminino, enquanto, simultâneamente, mostram o seu lado masculino", disse Bobbé ao Huffington Post.

E atenção, de acordo com o mesmo, não se trata de montagens, pois as imagens foram feitas num único clique.

Estas são algumas das imagens




Todas as imagens podem ser vistas aqui

 Esta postagem foi feita através do blog da revista Qüir.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Jantar

Como estava programado realizou-se no passado sábado, dia 25, o sexto jantar de blogs por mim organizado e desta vez com a ajuda da Margarida, tendo o Paulo S. Mendes contribuído com o “banner” do mesmo.
Como sempre, deu-me muito trabalho, a começar na escolha da data, a qual se pretende seja a mais consensual possível, mas nunca poderá ser a ideal.
Tenho muitos contactos na blogo, quer daqueles que estão no activo, quer de muitos que já não estão, mas que continuam a privilegiar estes eventos e até simples comentadores.
A todos contacto e sei que se por pura utopia todos pudessem estar presentes teríamos que repensar o jantar, pelo menos quanto ao espaço.
No entanto esses contactos trazem inúmeras e a maior parte das vezes, compreensíveis respostas negativas e por diversos motivos: terem que se deslocar, casos de trabalho, e alguns casos de menor assiduidade no contacto virtual, que levam a uma quase normal recusa.
Mas também há recusas que me custam aceitar e que são em primeiro lugar aquelas que provêm de um total alheamento do contacto, sem se dignarem a um simples “não”.
Depois há os que alegam motivos perfeitamente identificados com desculpas esfarrapadas, quando seria muito mais bonito dizer que não vão porque não querem.
Há ainda e são vários os casos em que há o medo de se mostrarem publicamente, e aqui se associa a maior parte das vezes um medo de se assumirem como homossexuais que são, com a ideia errada de que o simples facto de estarem presentes os identifica como tal…
Enfim, muitas justificações para uma não presença que considero normal dentro do contexto deste tipo de reuniões.
Depois há os que aderem de imediato, e se eu aceito que até à data do evento algo possa acontecer que impeça a sua presença, aceito ainda melhor quem me diga que sim, estarão presentes em princípio, mas isso dependerá de circunstâncias que só mais na hora poderão confirmar; claro que não os incluo na lista dos participantes e aguardo a semana do jantar para definir a sua situação.
E também aqui há por vezes alguma precipitação pois não é uma eventual tarefa ou compromisso que os impedirá de estar presentes, mas sim um futuro estado de espírito.
Concluindo, não é fácil determinar com exactidão o número de participantes e as últimas horas são mesmo stressantes, principalmente depois de ter comunicado ao restaurante o número de presenças.
Este ano tive especial cuidado com o cálculo desse número, tendo-o fixado em 40.
Estivemos 37; uma presença agradavelmente não esperada e quatro ausências, duas delas justificadas pela presença dos companheiros que quiseram mesmo assim estar presentes e duas não justificadas, sem dar cavaco (salvo seja…)
Mas os 37 foram um belo grupo e mais que suficiente para uma noite muito bem passada e que justificou em absoluto o trabalho que tive.
Quero, como é óbvio agradecer em primeiro lugar a todos os que estiveram presentes, mais ainda aos que vieram de fora: Cadaval, Coimbra, Évora, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Porto, Braga e Galiza!
O jantar decorreu normalmente com as pessoas a conhecerem-se mutuamente ou a recordar encontros anteriores e mais uma vez a norma funcionou: aqueles que vieram pela primeira vez e foram bastantes, gostaram verdadeiramente e ficaram com vontade de mais convívios deste tipo.
Claro que neste tipo de eventos é necessário usar de algumas formas que levem a um clima de convivência bom; o primeiro é termos mais uma vez optado por um jantar volante, que pode não ser o ideal, mas leva a que não se fique limitado a conhecer apenas os 3/4 companheiros de mesa.
Outro e importante é apresentar sempre alguma coisa extra-jantar, que una por alguns minutos todos os convivas.
Este ano esse momento foi dividido em três partes: primeiro, o Luís e o João apresentaram o seu projecto, que tão bons resultados está a obter e que nunca é demais enaltecer – o Index ebooks –
 e depois fizeram informalmente uma apresentação da série “Dois Mundos”, do Pedro Xavier, da qual já estão editados os dois primeiros livros, como referi no meu anterior post.
Depois foi apresentado o André, e mostrado o seu magnífico trabalho de design de automóveis e motos, o qual já foi premiado com vários prémios mundiais.
E finalmente, e tendo como base as iniciativas do Sad eyes, foram lidos alguns contos dos concursos por ele promovidos, com natural destaque para os Pixel – LGBT e também outros dois textos de pessoas presentes.
Este momento, permitiu um ainda maior convívio, principalmente de quem ainda estava com alguma timidez. Já passava das duas de manhã, quando os últimos “resistentes” partiram, até porque o restaurante tinha que fechar.
Não poderia terminar sem uma palavra de agradecimento para a equipa do Restaurante Guilho
que nos presenteou com a melhor ementa de todas as quatro vezes que já ali festejamos; excelente a confecção, muito boa a organização, inexcedível a simpatia.
Se algum problema não existirá num próximo jantar de blogs, esse será a escolha do local, pois já está naturalmente escolhido – o mesmo.
Resta apresentar aqui a lista dos participantes, com a indicação dos links dos blogs ainda activos.
Estiveram presentes o Zé Varandas, Zé Grilo, Carlos Martins, Sérgio (Lampejo), Paulo Medeiros e Nuno (Engine), já com blogs desactivados e os seguintes blogs activos: Sad eyes, João, André Luder, Francisco Eustáquio, Francisco Mendes, Miguel/Vilna/Queta, Ophiucus, Nuno, Pedro Xavier, Marco, Paulo e Zé, Mark, Ribatejano, Miguel Nada, João e Luís, Margarida, Ima e eu mesmo.
Também a presença de um antigo comentador e presença habitual nestes jantares, o Rui Carriço e de dois convidados meus – o Duarte, naturalmente, e o Zé Sapinho. De referir o facto de alguns dos participantes terem levado os seus acompanhantes, um dos quais me parece ter ficado entusiasmado com esta atmosfera e irá iniciar em breve um blog; assim o espero.
Um enorme obrigado a tod@s!

sábado, 25 de maio de 2013

Dois Mundos, uma série de Pedro Xavier


Estes são os dois títulos já publicados desta série, de um jovem autor, de 22 anos, que agora se lança no mundo da escrita, e cuja edição, quer em e-book, quer em livro se fica a dever à iniciativa louvável da INDEX ebooks.
Infelizmente só ontem à tarde recebi a encomenda que tinha feito à Amazon do primeiro volume, pelo que não o tendo ainda lido, não o vou comentar.
O segundo já está também encomendado.
Pedro Xavier, aliás como o João e o Luis, da Index, vão estar hoje presentes no jantar dos blogs onde vai ser feita uma informal apresentação destes livros, entre outras iniciativas, literárias e não só.
Dá-se o caso de que o Pedro também é excelente a fazer vídeos, que já são vários, e fez um para apresentação desta série que deveria também fazer parte desta "apresentação informal"; mas não consegui arranjar nenhum projector para que o vídeo pudesse ser projectado e a televisão do restaurante não permite a reprodução de vídeos por meio de uma pen ou de um DVD.
Fica aqui um apelo aquem vai ao jantar, se acaso possuir algo que dê para projectar o vídeo na parede do restaurante, que o leve.
E que alguém leve um "portátil" levezinho para se poder ver lá, pelo menos.
Eu levo o meu, mas é muito grande...
Na impossibilidade total de isso acontecer aqui fica o vídeo em questão, que o Pedro Xavier hoje colocou nas redes sociais

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um vídeo e um livro

Estava-me a preparar para deixar aqui uma postagem sobre um daqueles livrinhos da sempre interessante colecção “& etc”, que acabei de ler, da autoria de José António Almeida, do qual já tinha lido da mesma colecção outro livro, só de poesia – “Obsessão”, quando vi  aqui, um vídeo que me assustou e repugnou, com uma entrevista a uma tal Drª. Madalena Fontoura, presumo que seja psicóloga e que não resisto em trazer aqui e para o qual peço a vossa especial atenção, já que entre outras preciosidades, esta doutora afirma que é normal as crianças terem pequenos desvios quando são pequenas e ficam com a ideia de que são homossexuais, e depois muito mal influenciadas por adultos pérfidos acabam por entrar nesse mundo, de onde saem fragilizados e que têm dificuldade em sair dele…mas conseguem, claro, com a ajuda de pessoas esclarecidas como ela.

 Em comparação, José António Almeida, apresenta-nos neste seu livro, de nome “O Casamento sempre foi gay e nunca triste”,
uma primeira parte com alguns pequenos textos em que procura explicar a problemática de ser ao mesmo tempo homossexual e católico, nos tempos de uma Igreja conservadora e retrógrada, aliás na linha das três grandes religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo.
Escolhi um texto que me parece muito correcto e que a drª. Madalena Fontoura deveria ler para tentar perceber porque é que ela é tão ignorante.

 “Um homossexual tem de abrir dentro e fora de si um espaço para poder ser. Esse espaço interior de construção de si mesmo e essa projecção de um mundo de possibilidade fora de si exigem-lhe recursos extraordinários. Enquanto os heterossexuais encontram um mundo pronto-a-vestir, os homossexuais têm de construir a estrada para poder circular, essa via que lhes permita avançar na direcção do futuro. Esta ausência de perspectivação do futuro creio que é o maior problema com que se deparam os adolescentes que se descobrem com uma orientação sexual diversa da maioritária. E como podem falar livremente de homossexualidade num mundo social, familiar e religioso onde a homossexualidade era ainda em tempos muito recentes um tabu ou um assunto marcado com o ferrete da ignomínia? E, sobretudo, como falar disso no meio de desertos de intensa solidão afectiva? Como viver de escassa meia dúzia de carícias e de beijos trocados em noites que, para o mundo dos outros, nunca existiriam?”

 Note-se que José António Almeida é um poeta e o resto deste pequeno livro é preenchido com alguns poemas, que e na minha opinião, estão num patamar inferior às reflexões que deixa anteriormente nos textos que escreve.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Pixel Happy Xmas

Por sugestão do Sad Eyes, que em boa hora tem promovido estes concursos de contos, ficou combinado que todos os participantes dedicassem uma postagem nos seus blogs hoje e à mesma hora, para assinalar o lançamento da edição em e-book do livro Pixel 3 e que esteve a cargo, como do anterior volume, da Index, da qual aqui deixo o link da página respeitante aos Pixel, e na qual estão indicados todos os links onde se pode obter este livro.
Como fiz quando do lnaçamento do Pixel 1 e 2, vou encomendar o livro "físico" à Amazon.
Não posso deixar de referir uma vez mais e com um grande abraço, quer o Sad Eyes, pela sua iniciativa, quer o João Máximo e o Luís, da Index, pelo empenhamento na edição da obra, e naturalmente a todos os participantes que foram muitoe e bons,
Como é impossível referi-los a todos, aqui deixo a história muito justamente vencedora da autoria do Silvestre,

ZACARIAS


Zacarias cresceu sem sorte. A sua vida era um túnel de vento ártico, todos os dias. Pequeno e mirrado sempre lhe disseram que nunca iria a lado nenhum e não foi. Ficou ali mesmo. Nunca saiu da casa onde nasceu, a mesma onde o olhar de resignação dos pais por aquele filho murcho continuava a escorrer por todas as paredes, penetrando-lhe o esqueleto enfezado como humidade cortante. Trabalhava no Zoo como tratador de felinos, por favor do Diretor ao pai e à mãe do Zacarias que ali tinham trabalhado em vida. De tão magro e feio nem os leões o quereriam comer e se quisessem, o mundo não perderia grande coisa. Mandava a lei que andasse sempre com dardos tranquilizantes nas calças, apesar do Diretor do Zoo preferir que fosse comido para poupar o dinheiro dos dardos. A vida arrastava-lhe o corpo numa sobrevivência dormente. Sentado no sofá à espera de ter sono, Zacarias viu cair um papel pela chaminé, «Feliz Natal» dizia. Tinha-se esquecido que hoje era dia 24 de Dezembro. Ouviu a campainha. «O Pai Natal» pensou desinteressado enquanto abria a porta. Algo o projetou contra a parede da sala, depois o chão. Em 10 segundos estava de novo no ar pendurado pelo pescoço «onde está o dinheiro cabrão? Fala ou morres agora!». A mão hercúlea esmagava-lhe a traqueia, «não tenho» disse com dificuldade. A mão gémea daquela vasculhava-lhe as calças. Zacarias não conseguia respirar, ia morrer. Caiu no chão… não ia morrer. O ladrão estava de joelhos, tonto… tombou. «Os dardos» pensou, «picou-se». Zacarias olhou para o corpo enorme no chão. Sentou-se em cima dele. Atou-lhe as mãos enormes atrás das costas e sentiu algo que nunca tinha sentido, uma ereção. Nunca tinha pensado em homens, sequer em sexo. Pensava-se assexuado, será que não era? Estava disposto a descobrir. Puxou as calças do ladrão para baixo, subiu-lhe a camisola até ao pescoço. O corpo dele era magnífico, dorsais vincados, nádegas esféricas cobertas por uma leve penugem dourada, pernas amplas e grossas. Desceu-lhe a mão entre as nádegas, sentiu a humidade, as coxas. A ereção doía-lhe, vulcânica. Tinha de telefonar à polícia. «Depois» pensou. Foi à cozinha buscar manteiga. Era noite de consoada e tinha apetite pela primeira vez. 



segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cartazes soviéticos

São inúmeros os cartazes de propaganda comunista quando existia a URSS, principalmente durante o período do pós guerra.
Aliás eram um dos instrumentos mais eficazes, internamente falando, da divulgação das maravilhas do comunismo de então.
O curioso é a descoberta entre eles de alguns com conotações homo eróticas, de uma forma talvez acidental nalguns casos, mas noutros bastante deliberada.
Vejamos alguns exemplos