sábado, 19 de janeiro de 2013

Klaus Nomi


Não é por acaso que o documentário "The Nomi Song", de Andrew Horn (talvez o mais profundo trabalho sobre o músico já elaborado), termina com a evocação de uma cena de um velho filme de ficção científica (de série lo-fi) no qual um ovni nos deixa e alguém diz que o encontro “imediato” que tinham visto talvez tivesse acontecido cedo demais, pelo que não estariam preparados para ele... 
Na verdade o tempo de Klaus Nomi foi o certo (militante new wave e fruto de uma etapa de saudável loucura criativa na cena undreground nova iorquina), mas a noção de “ovni” pode ser um bom ponto de partida para a sua descrição. 
Alemão, residente em Nova Iorque desde 1972, era dotado de um registo vocal invulgar, isto numa época em que estava ainda longe a abertura de espaço de interesse pelos contratenores que hoje dão nova vida, sobretudo, grandes criações da ópera barroca. 
Entre espetáculos de vaudeville “alternativo” foi ganhando espaço e cultivando uma personagem que chegou aos ouvidos de Bowie, que o levou a uma atuação no Saturday Night Live
Entre o encanto pelas heranças de outras épocas e a uma nova linguagem pop que se desenhava na altura (atenta à emergência dos sintetizadores), gravou um primeiro álbum em 1981 ao qual deu o seu nome e que se transformaria numa verdadeira peça de referência pelo modo ímpar como juntava esses dois mundos e apresentava a sua voz. Era diferente de tudo e todos... 
Um ano depois regressou a estúdio para gravar um segundo álbum onde, uma vez mais, cruzava ecos de um passado distante (em concreto revisitando uma ária de Purcell e composições de John Dowland) com alguns originais inéditos, sob evidente protagonismo instrumental dos sintetizadores, juntando ainda ao alinhamento uma versão de Falling In Love Again (imortalizada por Marlene Dietrich), uma outra de Ding Dong(da banda sonora de O Feiticeiro de Oz) e ainda uma de Just One Look (originalmente gravada por Doris Troy em 1963). Sem causar o mesmo arrepio do álbum de estreia, Simple Man passa por vezes bem para lá da linha do kitsch e parece fazer pouco mais que a aplicação de uma mesma ideia a uma menos interessante coleção de canções (as versões com memória cinematográfica deixando-nos perplexos algures entre o patamar da paródia e o da tragédia). 
Convém acrescentar que quando trabalhou este disco Nomi estava já certamente doente, tendo morrido de complicações de sida no ano posterior à sua edição. 
Simple Man não será nunca a expressão maior da sua obra (deixemos esse estatuto merecidamente entregue à sua obra-prima, que é o seu álbum de estreia). 
Mas, mais que as peças póstumas editadas em 2007 (a ópera inacabada Ze Bakdaz), junta um segundo lote de canções a uma obra que continua a ser um caso ímpar na história da música pop.

Registo de todos os álbuns de Klaus Nomi:



Klaus Nomi - 1981


Simple man - 1982


Encore - 1984


Essential Klaus Nomi - 1994 (póstumo)


Za Bakdaz - 2007 (póstumo)

Em 2008, no encerramento e entrga de prémios dos "Teddy Awards" do Festival de Cinema de Berlim, foi-lhe prestada uma homenagem, com a interpretação mais conhecida dele e inserida no seu primeiro álbum, "Cold Song", de um invulgar e fabuloso cantor brasileiro, Edson Cordeiro, que tive a felicidade de ver ao vivo, nesse mesmo ano, no S.Luís, em Lisboa. Desse momento, em Berlim, aqui fica o vídeo, imperdível.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Viagens - 6

Londres - Janeiro 1975
Quem leu a minha saga “A tropa cá do João”, sobre a minha vida militar, estará recordado do final do último episódio, em que eu contava ter regressado a Portugal mesmo a tempo de passar o Natal com a família (a 17 de Dezembro de 1974), e que passei à disponibilidade em 15 de Janeiro de 1975.
Assim já podia viajar de novo e não esperei muito tempo; ainda nesse mesmo mês de Janeiro, aproveitando umas célebres promoções da “Abreu”, lá fui eu passar “uma semana em Londres”. 
Fui só e fui não só para desanuviar todo aquele stress acumulado ao longo de tanto tempo em África, mas também para comprar umas roupitas, pois desde há mais de dois anos e meio, a minha fatiota era quase sempre a mesma: a farda.
Ganhei umas massas lá em África - afinal era capitão – e como deixava cá o máximo possível, quando vim, deu para isso e para comprar um carrito.
Não ia a Londres há cerca de 10 anos e mais do que Londres eventualmente mudara, eu é que tinha mudado muito.
Pela primeira vez ia ao estrangeiro, assumida que estava por mim próprio, a minha sexualidade.
Como ia só, fui posto num quarto duplo com um outro tipo, mais ou menos da minha idade, um sujeito muito porreiro e com quem me entendi muito bem, e era uma pessoa completamente heterossexual..
Não andámos sempre atrelados um ao outro, mas saímos várias vezes juntos e uma noite ele perguntou-me onde eu tencionava ir, e eu fui sincero, disse-lhe que era homossexual e que queria ir a um bar gay.
Nessa altura, um dos mais conhecidos locais gay de Londres chamava-se “ Catacomb’s Club” e era aí que eu queria ir.
Ele, penso que se chamava Luís, era muito bem apessoado e surpreendeu-me quando me disse que gostava de ir comigo, pois tinha muita curiosidade em conhecer um sítio desses.
O “Catacomb’s Club” era uma discoteca, com várias divisões, e dançava-se, até slows.
Curiosa a descrição que encontrei na net sobre este local e só tenho pena de não ter encontrado uma foto.

"Catacombs was open about 1972 in Earl’s Court. It opposite the hospital on Brompton Road, Earl’s Court end. Opposite where Brompton’s is now. It was downstairs, underneath a faux Tudor cottage front on the ground floor. You go down the stairs, pay the entrance money and it had a bar… The reason it was called the Catacombs was because it actually was catacombs. The bar was on one side, there was a like a resemblance of a dancefloor at the front of the bar, as that circled round the back, there was a wall that went round the front and behind that wall was another wall and little caves set in, about four of them. Then there was a passageway around the caves. That’s where all the sex used to go on. But they played music, really good music, and there was dancing."
Lá chegados, tomámos uma bebida juntos e depois cada um foi dar um giro; qual o meu espanto quando daí a pouco o Luís apareceu com um ar um pouco assustado e me disse que tinha havido um tipo que o convidara para dançar e ele tinha fugido…
Fartei-me de rir e perguntei-lhe porque não tinha experimentado e ele deu-me uma resposta totalmente inesperada, dizendo-me que se dançasse com alguém era comigo.
Embatuquei e embora sempre me conheça como uma pessoa que não perde uma oportunidade, desta vez não reagi, apenas sorri.
Passado um par de horas voltámos ao hotel, ainda fomos tomar um banho na piscina interior aquecida e tudo se conjugava para acontecer “alguma coisa”, mas eu não tomei a mínima iniciativa e ele, claro que também não. Ainda hoje pensando em como ele era bonito e bem constituído, fico arrependido de me ter ficado apenas com as vistas…

Também fui várias vezes a um Pub gay, lindíssimo por fora e não menos bonito por dentro, perto de Leicester Square, e que estava sempre muito (bem) frequentado, quer de dia quer de noite. Chamava-se "Salisbury".
Também consegui uma interessante opinião do local:

 "The Salisbury pub - I would call this one a spectacle. Not because ale or chips are significantly different in this place, but because it is one of the most elaborate and preserved London's pubs belonging to late Victorian era. Etched glass and mirrors, rich upholstery, dark mahogany and burgundy ceiling - all contributes to the pub's dazzling and extravagant interior. End it is also the West End official sports free bar - thank you, Lord!!!"


Mas foi uma semana essencialmente para conhecer Londres, pois na primeira visita, nos anos 60 só ali estive de passagem. Vi tudo o que um turista deve ver, incluindo o British Museum e o Madame Tussaud.
E fui às compras em Oxford Street, tendo comprado entre outras coisa um casaco comprido de cabedal que fez furor aqui em Portugal.
Belos tempos, em todos os aspectos e Londres tornou-se tão apaixonante para mim, que voltei lá muitas mais vezes.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cinema e música - 5

Enrico Caruso foi um tenor italiano, considerado, inclusive pelo ilustre Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos. A sua vida deu origem a um filme americano, de 1951 – “O Grande Caruso” (The Great Caruso), em que a personagem de Caruso foi interpretada pelo grande cantor lírico Mário Lanza. Como curiosidade o facto do filme ter sido proibido em Itália, sob o pretexto de que era demasiado “ficcional” a figura de Caruso.

No vídeo que aqui deixo, fica uma cena do filme, com Mário Lanza a cantar a “Avé Maria” de Gounod, uma interpretação que no dizer dos entendidos foi a melhor de todos os tempos. Neste vídeo, Lanza é acompanhado por um rapazinho, que alguém identificou o miúdo como sendo Luciano Pavarotti, o que é impossível, já que em 1951, Pavarotti tinha à volta de 15 anos e vivia em Itália. A voz que se ouve é realmente a da soprano Jacqueline May Allen.
Deixo para comparação, o vídeo do mesmo tema, desta vez interpretado por Luciano Pavarotti, em 1978.
Como curiosidade, o facto de que os últimos tempos da vida do tenor napolitano, inspiraram a célebre e magnífica canção do recentemente falecido cantor italiano Lucio Dalla, "Caruso".
 


sábado, 12 de janeiro de 2013

Estatísticas

Hoje, por um acaso, reparei na coluna do lado esquerdo deste blog, que o número de visualizações que ele teve, está por assim dizer nas 200.000.
Se referirmos que estas visualizações só foram implementadas em Maio de 2008, deixando para trás não só todas as postagens desaparecidas do blog (257), como também as primeiras 161 desta segunda fase, conclui-se que em 800 postagens houve cerca de 200.000 visualizações, o que dá uma média de 250 por postagem.
Estas visualizações referem-se a todas as vezes que o blog é aberto numa certa página e é curioso ver que entre as postagens mais vistas estão aquelas que têm nomes que facilmente são procuradas no Google e que portanto não foram procuradas deliberadamente por causa do blog.
O post mais visualizado – 1107 visualizações – foi escrito em 08/09/2011 (A Lisboa gay que eu conheci) e o segundo, com 937, postado em 25/09/2011 foi “15º.Queer Lisboa (balanço final)”. Só depois surge um post específico, com 779 visualizações (5 anos de blog), postado em 06/11/2011.
Estas visualizações maiores são de posts não recentes, o que é natural pois estão disponíveis há muito mais tempo que os mais recentes. Destes, só uma postagem ultrapassou a média, com 273 visualizações (Um casamento diferente) e isso deve-se em parte a ter sido partilhado pelo Marcos no FB.
Já quanto aos comentários eles são neste momento cerca de 34.900, nas 961 postagens que o blog tem, desde a sua interrupção, o que dá uma média de 36 comentários por post.
Só uma vez, logo no início houve um post sem comentários, em 23/08/2007 (Sina Peynard), bem interessante, por sinal; e por cinco vezes se ultrapassaram a centena de comentários, sendo os recordistas, com 104 comentários cada: “Parar e reflectir” (23/09/2008) e “A crise da blogosfera” (06/02/2010), curiosamente duas postagens com características semelhantes.
Enfim, curiosidades de um blog que me tem dado muitos momentos de satisfação, e sobretudo me tem dado a conhecer pessoas muito interessantes, algumas das quais passaram a barreira da blogosfera para entrarem na verdadeira Amizade.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Edward Hopper


Edward Hopper (Nyack, 22 de julho de 1882 — 15 de maio de 1967) foi um pintor, artista gráfico e ilustrador norte-americano conhecido por suas misteriosas pinturas de representações realistas da solidão na contemporaneidade.[1] Em ambos os cenários urbanos e rurais, as suas representações de reposição fielmente recriadas reflecte a sua visão pessoal da vida moderna americana.

 Luz – solidão – poesia – silêncio – angústia – introspecção – quotidiano – américa – são algumas das palavras de ordem quando se fala de Edward Hopper. Cada obra é como uma compilação de sonhos, de sentimentos pungentes ou puras construções mentais. Romântico, realista, simbolista: Hopper foi incluído em diversos movimentos e estilos. E, é, precisamente, essa complexidade que enriquece o seu trabalho.
As visitas de Edward Hopper a Paris foram numerosas: em 1906, pela primeira vez, tendo permanecido quase um ano, e, posteriormente, por um período mais curto, em 1909 e 1910. Foi influenciado por vários artistas que aí conheceu: por Degas e pelo princípio poético de “dramatização” do mundo; por Albert Marquet e pelos seus vários pontos de vista do rio Sena; Félix Vallotton e pela luz inspirada em Vermeer;Walter Sickert e o seu universo iconográfico urbano. Em Paris, Hopper adopta o impressionismo. A capital francesa foi, para ele, uma inspiração constante, aí descobriu cores e sombras, inexistentes em Nova Iorque e quase tudo foi tema de estudo e trabalho: ​​as escadas da Igreja Baptista, perto do seu apartamento, os barcos do rio Sena, a Pont Neuf, Notre Dame, entre muitos outros locais.

‘A pintura de Hopper toca a excelência nos domínios da forma e do mistério. Uma ode à introspecção.A Noite Interior. Atmosferas dignas de um cenário. Banhadas por uma luz  especial - a da noite americana – que o realizador francês François Truffaut homenageou no filme ‘La Nuit Américaine’ (A Noite Americana) de 1973. Das suas pinturas, Hopper gostava de dizer, “são sobre mim”. E há, também, o seu auto-retrato (1925-1930). A sua pintura parte da exploração do seu eu interior, um imenso oceano flutuante, que ele nunca parou de explorar. Ele pinta o exterior com o olhar voltado para dentro. Uma metáfora óbvia.
A sua pintura transcende as aparências e é aí que reside, precisamente, a sua força. E a propósito, Hopper numa entrevista cita Renoir: “Há algo de essencial na pintura que não conseguimos explicar”. Abrirmos, assim, nas suas pinturas uma janela e depois outra. Através, desses espaços, o nosso olhar retoma o caminho percorrido pelo pintor. As janelas são pontos de passagem. Sem vidros. Sobre isso, Hopper disse: “Sou fascinado pelos interiores urbanos, sem saber muito bem porquê. Talvez seja uma tentativa de abraçar um todo, toda a cidade, e não apenas algumas partes ou detalhes.” Somosvoyeurs dessas vidas imóveis, congeladas, petrificadas. Somos espectadores impotentes desses quartos, apartamentos e escritórios povoados de solidão. Seres imersos no seu mundo, numa calma aparente, em silêncio, que nunca saberemos, realmente, se é um acto de meditação ou marca de uma angústia profunda. Montaigne escreveu nos seus ensaios: “Quem se conhece (a si próprio) conhece, também, os outros, porque cada homem transporta, em si, a forma inteira da condição humana”. Na procura de si, através da pintura, Hopper acaba por nos representar a todos.






























quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

The Gay Men Project

Já por variadas vezes falei aqui, de outros blogs que conheço e sigo; as últimas vezes tem acontecido mais em relação a blogs que estão no seu início e funcionam como uma chamada de atenção para o aparecimento de um novo blog e raras vezes tenho apostado mal.
Tenho até orgulho no percurso que entretanto certos blogs tiveram depois disso, pois quer se queira, quer não, um blog sem seguidores ou comentadores não passa de um diário.
Mas hoje falo de um blog que é um clássico da blogo, mais antigo que o meu, um dos resistentes dos velhos e bons tempos da blogosfera.
Trata-se do blog do Miguel e se o chamo assim e não pelo seu nome (a referência ao blog obtém-se ao clicar no nome), é porque o Miguel, como o Félix, como o Paulo, só para dar alguns exemplos são para mim, muito mais Amigos do que bloguistas.
 Mas neste caso, o blog, ali enclausurado num condomínio fechado da blogosfera, chamado Livejournal, é um blog que merece ser lido pois revela uma pessoa sensível, culta, com bom gosto e com variadas ramificações de interesses. Não somos muitos os seguidores, mas somos imensamente fiéis.
E foi neste blog que encontrei esta recente postagem, que está muito dentro daquilo que eu penso de certos blogs, que se “perdem” com fotos quando os seus autores têm capacidades muito mais amplas que isso, e ao mesmo tempo chama a atenção para um blog novo, interessantíssimo e que no texto está bem referenciado.
Depois deste longo introito, eis o texto em causa, devidamente autorizado pelo Miguel, como é óbvio.

"The Gay Men Project


A net está cheia de representações da masculinidade homossexual. Na maior parte dos casos, na enormíssima parte dos casos, isso equipara-se a fotografias de gajos nus muito carregadas eroticamente (deixemos de fora a pornografia pura e dura, cuja circulação e disponibilidade, segundo alguns mal-intencionados, foi a verdadeira razão para qual a internet foi inventada!)

A questão é que, em rigor, a construção desse imaginário homo-erótico deve muito pouco à representação da homossexualidade masculina, e eu até me atreveria a dizer que é, em grande parte, vincadamente heterosexual, ainda que dirigido à fantasia, e à líbido, dos homossexuais.

Não me esqueço de que há toda uma imagética ligada directamente a diversos estilos de vida (ou culturas) tipica ou exclusivamente gays; estou-me a lembrar, por exemplo, da cultura bear e dos seus códigos visuais (ainda que, mesmo neste caso, não ande longe de certos imaginários predominantemente heterossexuais, como por exemplo o dos motards). Mas o ponto é que não há site pessoal ou blog que não esteja cheio de fotografias mais ou menos ‘sexys’ (atenção às aspas) de modelos e modelitos, de corpos irrepreensíveis e dirigidos a variados paladares, que constituem, digamos assim, o denominador comum (mínimo ou máximo, será questão de perspectiva) entre delírios gays de todas as idades e fantasias femininas de pendor mais ou menos adolescente.

Onde eu quero chegar é que não são afinal nada frequentes os lugares da net que apresentam representações da masculinidade que sejam especificamente homossexuais (ou gays, ou queers, ou o que se quiser), e nos quais a sexualidade não se esgote no seu apelo mais ou menos erótico, mas que aposte no carácter identitário dessas representações.

São todas estas reflexões que (me) sugerem o extraordinário trabalho do Kevin Truong no seu site/blog The Gay Men Project
, que se apresenta como ‘the visual catalog of gay men across the world’. No site, o Kevin Truong fotografa homens gays (originalmente nas suas casas ou espaços de trabalho, mas depois o projecto alargou-se a outros sets) e apresenta pequenos depoimentos dos fotografados acerca das suas experiências enquanto homossexuais. Vale a pena conhecer o site, e é obrigatório visitá-lo frequentemente.

Ainda que seja para concluir, como me parece ser o caso (e ainda bem), que essas representações não traduzem, afinal, um mundo aparte, e que a resposta à questão “com que se parece um gay?”, só possa ser “com uma pessoa qualquer”."



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cinema e música - 4

Há filmes,que embora não sejam musicais,ficam para sempre ligados a uma determinada música, não a música original do filme,mas sim uma canção, a ponto de que ao ouvirmos essa canção,de imediato os nossos sentidos nos levam ao filme.
Escolhi três filmes,melhor será dizer três canções que exemplificam muito bem esta situação
A primeira é interpretada pela inesquecível Judy Garland, no filme "O Feiticeiro de Oz",a melodia que já foi interpretada vezes sem conta por tantos e tantos cantores "Over the Rainbow"
A segunda faz parte do filme que porventura já mais vezes passou nas televisões de todo o mundo e contunua a merecer um público que não se cansa de ver Ingrid Bergman e Humphrey Bogart a despedirem-se num aeroporto e a pôr fim a um romance que tem, como quase todos os romances têm, uma música que Ingrid pede a um pianista que toque e cante uma vez mais; "As Time Goes By" é a canção que toda a gente já ouviu vezes sem conta, no filme "Casablanca".
Finalmente, uma canção que tem um papel muito importante no desenrolar da acção do próprio filme, quando uma mãe canta uma conhecida canção que o seu filho conhece bem,e a canta o mais alto possível,para que o miúdo, sequestrado naquela casa, a possa ouvir e lhe dê a ela e ao marido (James Stewart) a possibilidade de localizar o sítio onde ele está,através do assobio com que o miúdo costumava acompanhar esta canção que a mãe cantava; a música é muito conhecida "Que será, será", na voz de Doris Day e está no filme de Hitchcock "O Homem que Sabia Demais"

sábado, 5 de janeiro de 2013

Nunes

O Sad Eyes, além das três edições dos contos Pixel, cuja última edição subordinada aos temas Natal e LGBT, está agora em fase de votação, lançou um outro desafio, a que deu o nome “The Book of Distance” e que consiste na escrita de pequenas histórias, que não têm ligação entre si e que de alguma forma sugiram distância. Essas histórias serão nove, o número de letras da palavra DISTÂNCIA, e cada uma delas terá um título começado com a letra correspondente. O próprio Sad escolheu, e bem o Arrakis para o primeiro conto, que corresponde à letra D, e depois cada um, escolhe o autor da história seguinte, evidentemente com um título começado pela letra respectiva, respeitando a sequência. As histórias são manuscritas num caderno pequenino, que vai andando de mão em mão, até ser devolvido pelo autor da última história ao Sad.
Sucede que após a quarta história, escrita pelo K, este muito gentilmente convidou-me para escrever a história seguinte; mas eu estava naquele período de pausa do blog, e com pena, declinei o mesmo. Mas parece eu estava mesmo fadado que teria que escrever uma das histórias, e o Miguel, conseguiu “dar-me a volta” e aqui estou com a história correspondente ao N.
É uma história real, como quase sempre são as minhas histórias, passou-se comigo e as outras duas personagens são reais (apenas com os nomes alterados)  e está baseada num dos episódios daquela minha saga “A guerra cá do João” que publiquei já há bastante tempo. A noção de distância, nesta história não é apenas baseada em ter como cenário um local distante, mas principalmente uma distância (distanciamento) que tem que haver na hierarquização militar.
Só para terminar e antes de aqui colocar a história, fico muito satisfeito de poder comunicar que o próximo autor, da história começada por C, será o Paulo (Zoninho) do blog “Felizes Juntos”, que estou certo dará uma excelente colaboração a esta ideia que o Sad em boa hora teve.

"Nunes"
 Nunes era um jovem furriel operacional da companhia que eu comandava, no Niassa moçambicano, para onde tinha sido enviado. Lá longe, e numa rendição individual, fui encontrar 200 homens que nunca tinha visto antes e que a partir daí, iria comandar; eram quase todos de raça negra, da chamada “incorporação local”, ou seja, oriundos da própria colónia, incluindo mesmo alguns brancos, alferes, furriéis e cabos. Do continente não éramos mais que 20, todos brancos, dois alferes, os sargentos, alguns (poucos) furriéis e cabos e até um que outro soldado com especialidades menos comuns, como os que tratavam dos barcos pneumáticos nos quais fazíamos a travessia do Lugenda para a outra margem, onde decorriam quase todas as operações.
Eu sentia-me muito só, pois embora por feitio fosse muito comunicativo, tinha como obrigação não estabelecer amizades ou contactos privilegiados com quer que fosse, pois na vida militar e numas condições de vida, assim precárias, isolados do mundo, sem população num raio de 100 kms, o comandante tinha que ser o garante de uma hierarquização, mais necessária do que desejada; sim, havia convívio, mas não ultrapassava os limites que os factos impunham.
Por outro lado, a minha condição de homossexual estava ainda numa fase que não era plena e total, e tinha perfeita consciência que não seria ali que iria ter qualquer tipo de relação sexual, e nem era preciso um grande sacrifício, pois estava perfeitamente capacitado disso. Aliás, as idas com alguma regularidade a Vila Cabral, ou em menor escala, a Nampula permitiam-me, nessas alturas “carregar baterias”. E também nunca olhei nenhum homem sob o meu comando, segundo um ponto de vista sexual; havia dois ou três bastante dentro do meu padrão de gosto pessoal, mas nada mais que isso.
Sabia, isso sim, que havia homossexuais na companhia, pois que alguns, não muitos, tinham aquele “não sei o quê”, que os homossexuais sentem em relação aos restantes homens, mas nunca se tinha visto ou falado em ninguém a ser conhecido por comportamentos homossexuais.
Até que um dia, (há sempre um dia), estava eu no “parrot”(*)que servia de refeitório a oficiais e sargentos e vi um livro, cujas capas estavam forradas, em cima de uma mesa e peguei nele; era um livro que já tinha lido, “As Amizades Particulares” do Roger Peyrefitte, bem conhecido na então muito incipiente literatura homossexual. E curiosamente, algumas das partes mais “interessantes” estavam sublinhadas a lápis.
Estava a folhear interessadamente o livro, vendo esses sublinhados, quando entrou o furriel Nunes, um bocado apressado e parou aterrado ao ver-me com o livro na mão; vi logo de imediato que o livro era dele e para o pôr à vontade disse-lhe que conhecia o livro , que o achava interessante, principalmente as partes sublinhadas; não poderia ter sido mais directo, mas tudo sucedeu sem uma intenção real de interesse pelo rapaz, que até era bem apessoado, e sim de o sossegar pois ele estava quase em pânico. O facto é que realmente lhe disse implicitamente que era homossexual e notei o alívio com que ficou.
Uns dias mais tarde, o Nunes que era “sabidote”, de uma forma respeitosa, perguntou-me se eu era realmente homossexual e eu disse-lhe que sim, não menti. Abri uma torneira, pois o Nunes logo me foi dizendo que já havia estado com a,b,c,d, eu sei lá o abecedário inteiro…e só nessa altura me capacitei do “perigo” que corria de ficar a fazer parte do abecedário, o que não era aflitivo, pois pelos vistos, quase todos os elementos brancos da companhia já tinham tido experiências homossexuais, mas sendo eu o comandante, não estava nada interessado em transformar a minha companhia numa companhia de “homens com gostos diferenciados” para não usar termos grosseiros…
Mas o Nunes e por iniciativa própria, assegurou-me que nunca me exporia e que tudo o que já se tinha passado entre ele e outros, tinha sido feito com o necessário recato.
O que é um facto é que, visto o Nunes estar a par da minha situação, e porque sempre fui muito oportuno e rápido na forma de agir, em tais circunstâncias, sugeri ao rapaz que nas noites em que estivesse escalado para fazer rondas às sentinelas, passasse pela minha cabana – eu era o único a ter o privilégio de dormir sozinho, sem ser em camaratas – para “conversarmos um pouco”… Convite aceite, e assim passei a ter periodicamente direito a um muito agradável convívio sexual e que ninguém mais soube.
Tive a certeza disso, quando já com a guerra acabada, vim a conhecer melhor, aqui em Lisboa o Martins, alferes lá na companhia e que teve há tempos um bar e depois um restaurante no Bairro Alto e com quem muito conversei aqui sobre esses tempos que lá passámos. Ao falar casualmente no Nunes, ele descaiu-se e disse-me que tinha tido relações com ele lá, coisa que eu nunca soube, e quando eu lhe confessei que o mesmo se passara comigo, ele quase não quis acreditar…
Falámos então de alguns homens que ele, Martins, tinha conhecido sexualmente na companhia e daí concluí mesmo, e depois de ter visto o que vi em Vila Cabral, Nampula e Beira, de que uma grande maioria dos homens que fizeram a guerra colonial, tiveram lá experiências homossexuais.
O Martins e eu tornámos-mos bons amigos, mas nunca houve sexo entre nós e uma bela noite estávamos os dois num bar gay daqui de Lisboa, a beber um copo, quando apareceu…o Nunes! Que festança fizemos, o que rimos e o que falámos, os três até de manhã. O Nunes morava no Norte, tinha vindo a Lisboa de fim de semana e perdi-lhe o rasto. Até mesmo o Martins, deixou o restaurante do Bairro Alto e nunca mais o vi… Distâncias…
 (*)Parrot

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que vem aí...

Passadas que estão as “festas” da quadra natalícia e do começo do ano, é tempo de reflectir no que respeita à situação político-económica do país.
E a comunicação de Ano Novo de Cavaco permite com clareza ser um bom ponto de partida.
É minha convicção – e da maior parte dos portugueses –que este governo cairá durante o ano que agora começou.
 Posta de parte a hipótese de demissão, que me parece totalmente afastada, dada a “convicção” suicida do primeiro ministro continuar a apoiar, por razões que só ele saberá, dois homens nefastos e de perversos desígnios, embora de diferentes cambiantes: o manipulador Relvas e o teórico Gaspar, resta a hipótese de o forçarem a uma demissão; essa demissão poderia acontecer de diversas formas, todas elas de difícil execução.
A primeira e mais lógica seria efectuada pelo Presidente da República, e que ficou com esta comunicação de Cavaco posta definitivamente de parte, quando ele afirma que é contra qualquer crise política, nesta altura. Uma segunda, que nasceria no seio do partido que ganhou as últimas eleições, o PSD, e que tem mostrado através de nomes importantes o descontentamento e o incómodo que este governo lhes causa; mas esta solução necessitaria de um apoio, mesmo que não activo de Cavaco Silva e não o terá, pelo que também estará vocacionada ao fracasso.
Restará que essa demissão forçada nasça dentro do próprio governo, através do rompimento da coligação que constitui a maioria parlamentar PSD/CDS; ora Portas, que tem o pão e o queijo na mão (e PPC parece esquecer-se disso, como se esquece de muitas outras coisas), não parece muito determinado a romper a coligação, talvez porque sendo muito mais um animal político do que qualquer outro membro do governo, sabe que tal situação não lhe trará qualquer compensação eleitoral, a curto prazo; mas pode vir a ser obrigado a fazê-lo por imposição interna, mormente por força do seu grupo parlamentar, que está longe de continuar a apoiar incondicionalmente os dislates deste governo.
Mas, perante a queda deste governo, o que lhe sucede, quais as alternativas?
É aqui que reside o principal problema e simultaneamente o maior apoio que PPC tem actualmente.
Num cenário de eleições antecipadas é dado como certo que elas seriam ganhas pelo PS, mas sem uma maioria absoluta, e mesmo que a tivesse com um primeiro ministro que é tudo menos uma garantia de algo melhor para o país; Seguro é um político fraco, pois quando não se mostra ser um bom líder da oposição, nunca se será um bom chefe de governo.
Por outro lado os partidos à esquerda do PS, mesmo que bem intencionados, nunca terão pelo irrealismo das suas propostas qualquer hipótese de pertencerem à formação de um novo governo, a não ser que façam tábua rasa de alguns dos seus princípios básicos.
Um outro cenário e que começa a ser considerado por diversos sectores mais à esquerda é o de um golpe de estado pela força; ora as forças armadas de hoje não têm uma motivação como tinham em 1974 e embora subalternizadas pelo Estado, estão relativamente conformadas com as suas regalias e refiro-me às hierarquias, pois ainda há pouco tempo soubemos ser Portugal um dos países europeus com mais generais e numa proporção incrível em relação a outros países. E as restantes patentes não têm como no 25 de Abril um estado de guerra que lhes dê suporte.
Uma insurreição popular, comandada pelos sindicalistas da CGTP pode ter algum apoio mas nunca o suficiente para derrubar o governo, numa espécie de “Primavera árabe” que transforme o Terreiro do Paço na Praça Tahir do Cairo, porque lhe falta o apoio do povo anónimo, aquele povo que não é comandado pelos partidos políticos nem pelos sindicatos, mas sim pela exaustão a que está a ser conduzido – o povo que fez a manifestação de 15 de Setembro.
Mas essa grandiosa manifestação tinha como principal objectivo um protesto genuíno e real contra os governantes, incluindo o PR, e na altura um objectivo concreto e conseguido – a aberrante TSU. Falta a este povo uma motivação extra e muito mais ampla, que é um apoio a uma alternativa real e válida.
Essa alternativa, é quanto a mim, só viável através de um golpe de estado, sim, mas dentro de uma instituição que se chama Partido Socialista.
Se houver quem consiga, a bem ou a mal, apear Seguro da liderança do PS, substituindo-o por alguém com coragem para enfrentar uma situação difícil sim, mas sem subserviência, sem alienar a soberania, haverá uma alternativa.
E nomes, perguntarão?
Pois há gente válida dentro do PS: António Costa, Francisco Assis, António Vitorino e porque não um jovem que promete muito – João Galamba?
E haverá muitos independentes disponíveis para um governo desse tipo.
Claro que todos sabemos que o poder dentro de um partido político como o PS, ou o PSD reside no aparelho e em quem o controla, e isso é um problema para remover Seguro do seu lugar, como foi o aparelho, via Relvas que levou PPC à liderança do PSD.

Tudo muito complicado e não sou eu, que não sou analista político, nem estou na posse daquelas fontes que tantas notícias fabricam, que vou fazer futurologia política. Apenas sugiro o que me ocorre no momento actual em que vejo a triste realidade do dia a dia e não me conformo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Sete anos de felicidade*

O meu primeiro post deste novo ano vai directinho para o Déjan e há uma razão mais que justificativa para isso. No passado sábado, dia 29 de Dezembro fez 7 anos que o conheci.
Foi um conhecimento virtual que se foi desenvolvendo gradualmente, se foi cimentando num amor construído na base de uma dádiva mútua, sem reservas, talvez até por estarmos físicamente separados. Foi demorado o primeiro encontro, sim, é verdade, mas só se dá um passo tão importante, como uma deslocação de milhares de quilómetros, se se tem a quase garantia de que tudo vai dar certo; e só não era uma garantia total,porque há questões de ordem mais intima que são importantes para uma relação que têm que ser vividas em conjunto.
E quando em Setembro de 2006, nove meses depois de nos termos conhecido, finalmente nos sentimos totalmente realizados, nada havia a obstar á afirmação de um amor forte. Tão forte que tem resistido às distâncias e separações, às diferenças de compreensão da nossa situação afectiva, por parte dos meus familiares, dos meus amigos e do meu país socialmente considerado, em contraponto aos familiares, amigos e país, especialmente no que concerna a um relacionamento afectivo entre duas pessoas do mesmo sexo. Neste final de ano, algo aconteceu que vai ter um efeito a curto prazo, positivo, nas nossas vidas - o Déjan acabou os seus estudos, em termos de classificações e a breve prazo poderá começar a ter o proveito do seu trabalho, passando a não estar dependente do Pai, o que é muito importante.
E se não antevemos, para já, um viver comum, podemos prever que vivendo ele depois na Alemanha tudo será mais fácil para ambos.
Mas o que realmente importa é o Amor que nos une, o Amor que tem sido, dia a dia reforçado e vai continuar a ser.
 I love you, I need you, I miss you!!! And I am completly sure you can tell the same.
VOLIM TE, CHAKO PAKO.
 See you today one mounth, at Belgrade airport. And have a nice trip to Canadá and a very good time there, with your family.

*Só hoje reparei que esta postagem estava errada, pois de início referia "Seis anos de felicidade", quando na realidade são sete. E nem o Déjan reparou no erro...Seis ou sete, não importa, são anos de muita felicidade.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ponto final...

Não, não finalizei coisa nenhuma com o Déjan - até tenho uma boa notícia a comunicar; já comprei bilhete e dia 1 de Fevereiro estarei em Belgrado.
O ponto final tem a ver com este ano, que em boa hora vai embora, apesar de de o próximo se anunciar ainda pior - a ver vamos...
E como queria, uma vez mais, fugir a clichés (taças a tocarem-se, fogos de artifício e afins), decidi seguir o mesmo caminho do Carlos e partilhar um vídeo belíssimo, de despedida, com uma canção interpretada por um dueto improvável , Miguel Bosé...Penélope Cruz.
Espero que gostem e que 2013 nos traga algum alívio a tanto desespero - difícil, mas não impossível.
Como dizia o Solnado, façam o favor de ser felizes (ou pelo menos, tentem...)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um casamento diferente

Há sempre uma primeira vez para tudo.
Ontem à noite aceitei um convite para participar numa festa que celebrava o casamento do Marcos com o Eddy, realizado nessa mesma tarde.
A festa decorreu animada no bar que eles possuem, o “TR3S Lisboa” ali pertinho do Príncipe Real.
Claro que tanto na cerimónia como na festa e participando da mesma forma que os noivos esteve sempre o Frank, o terceiro elemento do trio.
Como não podiam casar os três, foi a testemunha de uma felicidade a três que já há muito existe.
Há coisas que não se explicam, porque estão explicadas pelos afectos e não há nada a questionar.
A festa como disse foi boa, houve a participação muito especial da Tina Turner que veio expressamente do Algarve
houve direito a um bolo enorme e com três corações, que estava divinal.
Há que tempos não ia a um bar, e só um motivo forte me levou a ir lá, a Amizade que tenho por eles, principalmente com o Marcos com quem me unem muitas e boas cumplicidades.
Que continuem a ser muito felizes.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

As minhas raízes estão aqui

A Covilhã e a Serra da Estrela- Time Lapse from João Pedro Jesus on Vimeo.

 Neste maravilhoso vídeo, já divulgado no FB e no Google+, está a minha cidade, a Covilhã, estendendo-se desde as diversas encostas até ao vale, onde nasceu uma nova cidade, está a minha serra, a Estrela com todo o seu encanto e está a Cova da Beira, toda uma região plana que se estende entre a Estrela e a Gardunha.
O autor soube fazer com mestria a junção de inúmeras fotos que foi registando alcançando um resultado de alto nível.
Hoje deixo a região, de novo a caminho da minha casa, em Massamá (espero não ter maus encontros, à chegada...)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O mais belo presente de Natal

Recebi há pouco mais de uma hora o mais belo presente de Natal que me poderiam ofertar.
O Déjan (perdão, o Dr. Déjan), formou-se hoje em Medicina!!!
Ao fim de uma odisseia indescritível com a realização do exame final, que revelou condições absolutamente incríveis no sistema de ensino da sua faculdade, finalmente foi aprovado e agora tem um ano de internato à sua frente, antes de começar a sua vida profissional remunerada e que ele tem mais ou menos assegurada, não na Sérvia, ou em Portugal, mas sim na Alemanha com a quase garantia de um emprego bem pago; para esse efeito há já tempo que tem aulas de alemão, dominando já a língua.
Era um dos dois grandes problemas da vida do Déjan.
O outro é não se poder afirmar no seu todo, num dos países mais homofóbicos do mundo.
Mas agora que sabe que a curto prazo vai ficar independente monetariamente doutros, tudo vai mudar na sua vida, e na nossa, naturalmente.
Ainda este mês deve ir ao Canadá, a convite da sua família, que ali habita há muito e juntar-se ao Pai, que está lá de visita desde há um par de meses. Deve regressar em meados de Janeiro a Belgrado, para iniciar o mais rápido possível o estágio e eu estarei lá em Belgrado no final de Janeiro para lhe dar ao vivo tudo o que neste momento sinto de imensa felicidade.
Obrigado, meu amor pela mais bela prenda de Natal deste ano.
O Natal para mim, celebrado aqui na Covilhã com a família vai ter outro sabor...
Congratulations, Déjan.
VOLIM TE, Chako Pako!!!

sábado, 22 de dezembro de 2012

"Let me call you sweetheart"

Estamos em plena época natalícia. A febre consumista dos últimos anos baixou consideravelmente
sendo,neste caso particular, uma das poucas consequências positivas da crise que vivemos (apesar de muito penalizadora para os comerciantes) e devolvendo o Natal um pouco mais à sua essência: a Família e também às crianças.
Considero que o reconhecimento da não existência do Pai Natal é para muitas, senão para todas as crianças, a primeira desilusão das suas vidas futuras.
Por isso e querendo comemorar aqui no blog esta época, sem recorrer aos habituais clichés, a minha escolha recaíu neste pequeno vídeo, que nada tem a ver com o Natal - eu sei - mas que reflecte toda a inocência e toda a pureza das crianças.
Tenham um Bom Natal.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Words

Três frases, palavras encadeadas por alguém que lhes vê sentido:

1...“A vida não é esperar que a tempestade acabe; mas sim aprender a dançar à chuva.”
Autor desconhecido
2...“Ninguém que mereça ser possuído o será alguma vez por inteiro.”
 Sara Teasdale
 3...“Amor é uma palavra abrangente e muito cómoda que utilizamos para disfarçar as razões complicadas que nos levam a querer o apoio de outra pessoa.”
 Frank Ronan

A primeira é de difícil execução. Não sei quem é o autor, mas decerto será alguém que vê a vida de uma forma prática e optimista. Mas dançar à chuva não tem aqui o significado lúdico da dança do Gene Kelly.

A segunda, da autoria de uma poetisa americana que viveu nos finais do século XIX, princípios do século XX tem algo de presunção nas suas palavras. (Não ver a frase num contexto diferente, como se fosse daquela interessante série do Sad Eyes - frases que poderiam ser gays...)

Finalmente a mais polémica, mas que merece uma profunda reflexão. Está no primeiro livro de Frank Ronan, do qual conheço toda a obra e que curiosamente, sendo ele gay e todos os restantes livros foquem de uma forma mais ou menos acentuada as questões ou as personagens homossexuais, neste não tem uma palavra sobre esse tema. Foi curiosamente o livro dele de que mais gostei e chama-se "Os Homens que Amaram Evelyn Cotton".

 Gostaria de ter aqui opiniões sobre estas frases, principalmente sobre a última. Eu concordo apenas parcialmente com ela.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"Pièce de résistance"

O Sad Eyes tem um blog. Esse blog tem um nome grande e muito curioso: "Good friends are hard to find”; além de grande e curioso é muito verdadeiro, pois os amigos não aparecem por acaso, nem por vontade própria, mas são fruto de uma convivência que se vai estreitando, de um entendimento nos assuntos mais importantes da vida, na discussão correcta das diferentes concepções de alguns assuntos e sempre e acima de tudo por um grande e mútuo respeito.
Antes, esta convivência obrigava a um convívio real, mas agora com as novas tecnologias, a convivência virtual vai contribuindo em grande parte para o aparecimento de novas e boas amizades. Claro que nunca haverá uma amizade concreta e duradoura sem que as pessoas se conheçam ao vivo, mas isso é um passo que é dado com alguma frequência entre os bloguistas após tempos de simples conhecimento virtual.
Ando na blogo há mais de seis anos, já assisti ao aparecimento e ao desaparecimento de tantos blogs que, fatalmente teria que ter ganho amigos nesta comunidade virtual; e alguns deles, têm-se transformado mesmo em grandes amigos, com quem convivo hoje extra blogosfera, são amigos para a vida. Tenho uma certa facilidade no contacto com as pessoas e isso facilita muito e sempre que posso lá estou eu a proporcionar um encontro e é curioso que é raro enganar-me na “fotografia” que faço às pessoas apenas pelo contacto virtual. Na realidade elas são o que mostram nos seus textos e nos seus comentários. Os últimos bloguistas que tive o prazer de conhecer pessoalmente foram a Margarida e o João Máximo (e o Luís, pois claro) e essa regra manteve-se, não foi surpresa a excelente impressão que me deixaram.
Ora o Sad também já o conheço pessoalmente, e é curioso que num passado recente, andámos sempre desencontrados; ele trabalhava na minha terra, na Covilhã, onde eu geralmente só vou em épocas festivas, altura em que o Sad vinha para junto da família. Na altura o blog do Sad era outro (confesso não me recordar o nome), mas a estrutura era muito semelhante à deste seu blog; talvez mais sucinto, pois apenas consistia numa simples frase, quase sempre muito bem escolhida, e nada mais. Não havia música, não havia fotos, nada. Mas foi nesse blog que ele iniciou certas iniciativas que ainda hoje continuam, como a célebre “frases que podiam ser gays” ou desafios de escrita.
Mas actualmente, o seu blog “abriu” um pouco mais, embora continue curto de textos, e ele não abdica da forma como o concebeu e faz muito bem, pois um blog é sempre a vontade e tem a forma que o seu autor lhe deseja imprimir. Eu, tenho a minha visão da blogo, que é a minha e em muitas coisas diferente da forma como muitos blogs que sigo e com interesse, têm. Não sou apologista de muitas postagens, curtas e apenas com uma foto ou uma música e nada mais, pois isso não é convidativo a uma coisa fundamental para mim – a caixa dos comentários! Reparem que eu não digo os comentários, mas sim a caixa dos comentários. Gosto de textos mais elaborados, mais extensos e que promovam uma salutar troca de impressões com quem me lê e me comenta. Por isso, não publico mais que três posts semanais, em média, tendo alguns deles um trabalho de pesquisa que muito aprecio.
Voltando ao Sad, conheci-o numa tarde naquilo que prometia ser um interessante encontro entre os concorrentes aqui da região lisboeta do seu primeiro desafio Pixel; infelizmente fui o único a aparecer, nas foi uma oportunidade para conversar mais com ele do que teria tido se houvesse mais gente. Esses desafios Pixel já vão na terceira edição, que está a ser, tais como as anteriores, um sucesso, tendo as contribuições dos concorrentes às duas primeiras sido editadas pelo João Máximo em e-book, mas também em livro, que eu adquiri através da Amazon (assim mesmo…). Também em curso uma outra iniciativa muito interessante, que é o “Book of Distance”, que está agora em meu poder, mas que enviarei dentro de dias ao antepenúltimo “contador de histórias”, um dos tais velhos amigos que hoje quase nunca escreve no seu blog, e que é um amigo do coração, que não foi difícil convencer.
E chegamos (já não é sem tempo) ao motivo principal desta postagem; o Sad "fabrica" t-shirts!!! Têm todas o mesmo modelo, apenas variam na cor, no desenho ou nas palavras. Das muitas que ele já nos mostrou, decerto que por variadas vezes nos apeteceria ter esta ou aquela. Ora agora, e ao jeito das “piscinas do Arrakis” (outra interessante iniciativa), ele resolveu começar a ofertar t-shirts aos amigos, sempre muito apropriadas às características de cada um.
Calhou-me agora a mim a sorte de receber uma, que mostro na foto e que muito me sensibilizou, não só por ele se ter lembrado de mim, mas principalmente pela frase que escolheu, que eu entendo como uma dupla homenagem: ao meu blog, pela sua longevidade, neste mar revolto pelas redes sociais, mas que vai sobrevivendo e que é a blogosfera. E…”last but not the least”, ao meu muito difícil mas muito forte relacionamento afectivo com o Déjan, que faz este mês seis anos – seis anos de alegria, de amor, mas também de lágrimas e separações quase insuportáveis.
Muito obrigado, Sad, e o agradecimento é de ambos, do Déjan e meu.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um conto de Natal antológico

O João e o Luís que me perdoem.
Ando na blogo há muito tempo, tenho participado e outras vezes lido participações em variados desafios, mas nunca li algo tão bom (e ao mesmo tempo tão divertido), como isto.
Por isso, muito ao estilo da Margarida Rebelo Pinto aqui estou a fazer "copy e past" da participação destes dois amigos no desafio Pixel do Sad Eyes, porque toda a divulgação deste conto deve ser efectuada.
Obrigado, amigos.

Todos os outros continuem a mandar histórias e boas, pois o futuro livro (não é verdade, João?), vai ser um sucesso; mas o vencedor está encontrado!


História #14 
Autor: João & Luís (INDEX ebooks)

INCENSO E MIRRA?

Tenho 33 anos, estou desempregado e agora fiquei sozinho. O meu namorado, Jonas, deixou-me, julgo que para sempre, com um curto beijo embaraçado e triste. A minha mãe, Marta, ainda não sabe de nada. E do meu padrasto, Jorge, não sei eu desde os 12 anos. Conheceram-se na Nazaré. Marta era uma rapariguinha modesta, filha de pescadores pobres. Jorge era um homem feito, serralheiro mecânico de profissão, um pouco calado e ensimesmado. No dia em que foi viver com ele, Marta disse-lhe que estava grávida, mas garantiu-lhe que ainda era virgem. Ele saiu porta fora, furioso, mas regressou nessa mesma noite, cabisbaixo e resignado.
Passados nove meses nasci, debaixo de um viaduto. A história do meu nascimento já foi contada milhares de vezes. Jorge e Marta tinham ido a Lisboa, para uma manifestação anti-troika frente ao palácio de Belém, mas o carro avariou na A8. O meu padrasto não tinha saldo para chamar o 112. Era noite, estava frio e não havia ninguém, a não ser as ovelhinhas, as vaquinhas e os burrinhos, que ruminavam mansamente, e eu nasci. Mas de súbito, a confusão! Primeiro, apareceu um helicóptero, pairando por cima do viaduto, projetando um forte foco de luz branca diretamente sobre mim. Depois, montados em três grandes limusines escoltadas pelas sirenes furiosas das motos da polícia, surgiram um preto americano, uma loira gorda alemã e um português com olhos de cherne, que saíram para me oferecer ouro, incenso e mirra. Ouro ainda vá! Mas incenso e mirra?

E porque faz parte da postagem este vídeo do início de um dos melhores filmes jamais feito – “A Vida de Brian”, dos Monty Pithon, aqui o incluo também.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Taxar os ricos - (um conto de fadas animado)

Depois de ver esta animação, que não retrata a situação do nosso país, mas ajuda a compreendê-la, talvez se perceba melhor o porquê de tantas afirmações repetidas até à exaustão por esta cambada que nos governa, tais como a famigerada "não há alternativa"; também se percebe melhor o que significa o "custe o que custar" obcessivo do indivíduo que quiseram pôr a (des)governar-nos. E principalmente se entendem ainda melhor as palavras de um conhecido banqueiro acerca da forma como o povo reage a tanta austeridade: "ai aguenta, aguenta!"
Mas quando o povo quer, não precisa de partidos políticos, nem de sindicatos - ele próprio se congrega e mostra a força da razão, como o fez em todo o país a 15 de Setembro.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"Quase um conto de Natal"

Uma introdução que não faz parte do “quase conto” mas que o justifica parcialmente. Eu não sei ficcionar histórias, ou talvez seja um certo comodismo de pensamento, que não de escrita; sei sim, relatar factos que comigo se passaram e por vezes consigo transmitir por palavras esses factos de uma maneira que quem as lê consiga “ver o filme”.
Dito isto…
Esta é a minha (fraca) contribuição para a louvável iniciativa do Sad Eyes (mais uma) “Pixel Happy Xmas”. Não sei se poderá ser aceite como participação, mas pelo menos sei que contribuí como pude, numa altura em que as coisas não correm como eu contava em relação à minha projectada viagem a Belgrado no final deste mês e que naturalmente me afectam.
“Recordo um Natal, já algo distante em que os meus Pais foram passar a quadra com uma irmã minha e respectiva família, ao Brasil.
Fiquei só, os meus irmãos distribuídos por outras famílias e eu aqui por Lisboa…
Sim, o Natal é a festa da Família, quando ela existe ou quando ela está presente; e quando tal não acontece? Nesse Natal estive tentado a ir passar a noite da Consoada com um grupo de pessoas, algumas delas, meus amigos e outros conhecidos, que, por falta da família e por falta dos seus companheiros que tinham ido passar o Natal às suas terras, ficavam sós e assim, todos os anos se reuniam numa Consoada para eles, ali na zona da Charneca da Caparica. Entre eles um bem conhecido transformista, talvez o melhor de todos que já houve em Portugal e que já não está entre nós.
Não fui, não porque fosse mal recebido, antes pelo contrário, mas porque sabia que embora passasse aquela noite acompanhado, em família também, embora de outro género, estaria triste por vários motivos e poderia estragar o convívio.
Mas imaginei como seriam essas Consoadas das pessoas que não sendo jovens, apenas tinham os seus afectos com as pessoas que amavam, mas que não estavam presentes, e tinham os afectos deles com eles próprios, decerto trocariam presentes, teriam uma ceia com bacalhau e iguarias próprias da época e passariam umas horas acompanhados. E depois, regressariam a suas casas com a sua solidão.
Esta é uma realidade que atinge hoje muitas pessoas, e não quero misturar o Natal dos sem abrigo, que é outra realidade bem triste, mas diferente.
Refiro-me àqueles homossexuais que passam o Natal sós e talvez sintam nessa noite, mais do que em qualquer outra ocasião, a falta de uma Família.”

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Recordar é viver

Já aqui falei no blog, da minha primeira viagem a Inglaterra, realizada em 1964 a convite de um fornecedor da empresa de lanifícios da minha família, e que eu passei em Bradford, uma cidade do Yorkshire. Estive lá um mês e naturalmente com a idade que tinha, ia frequentemente a uma das poucas discotecas que havia na cidade, onde se ouviam os grandes êxitos do momento.
Ora, descobri no Google um link que nos possibilita saber quais as músicas que lideravam o Top Ten em qualquer data e assim descobri os vídeos das músicas que lá andavam na “berra” naquela altura e que eu durante muito tempo ouvia vezes sem conta pois trouxe os discos (na altura nem Cd’s havia).
Uma dessas músicas ainda hoje é célebre pois era o tema principal do primeiro filme dos Beatles, então em exibição em todo o mundo – “A Hard Day’s Night”.
Uma outra tinha como intérprete Cilla Black, uma cantora razoavelmente conhecida na Europa, tendo mesmo chegado a representar o Reino Unido no festival da Eurovisão (mas não com esta canção). A música chamava-se "You're My World".
No entanto as mais populares eram outras, de bandas menos conhecidas. Uma delas passou mesmo despercebida, com a excepção deste grande êxito; chamava-se The Honeycombs e o tema era "Have I the Right".
Finalmente, o grande êxito desse Verão era um tema muito mexido, que toda a gente dançava, duma banda que nessa altura era bastante famosa, os Manfred Mann; a canção tinha um nome divertido "Do Wah Diddy".
Recordar é viver!!!