quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sina Peymard


Sou totalmente contra qualquer tipo de extremismos, sejam eles de que área forem: política, social, sexual ou religiosa.

Ora ultimamente, e pelos piores motivos, muito se tem falado no extremismo religioso, o qual tem estado na base de numerosos confrontos sangrentos ao longo da História, sendo actualmente o principal responsável pelo terrorismo e pelos muitos conflitos, um pouco por todo o mundo, e é claro com o fundamentalismo islâmico à cabeça. Mas, e só para não ir muito longe no tempo e no espaço, basta apontar os confrontos na Irlanda do Norte, entre católicos e protestantes (e que Blair resolveu, sejamos justos), e a guerra na ex-Jugoslávia, que teve como principal causa, as diferenças étnicas e também religiosas, entre sérvios (ortodoxos), croatas ( católicos) e bósnios (muçulmanos).

Mas o caso que aqui quero focar e muito me impressionou, localiza-se no Irão e tem por base a aplicação da lei islâmica, tão radical como a religiosa, ou por isso mesmo, já que em certos países ela é aplicada por “mullahs”. É um caso falado há umas semanas atrás, de um jovem iraniano, de 16 anos, de seu nome Sina Peymard, que numa banal zaragata de rua (violenta, embora), acabou por matar outro jovem, ao que parece, traficante de droga. Preso e julgado, a lei foi dura, à maneira islâmica: “mataste, tens de morrer”.

Como é proíbido executar crianças abaixo dos 18 anos, no Irão, o que nem sempre se aplica, pois há poucos anos, foram enforcados dois menores, por práticas homossexuais, o rapaz teve que aguardar a idade própria para a sentença ser executada; já com a corda no pescoço, pediu um último desejo, que lhe foi concedido, tocar uma melodia na sua flauta ney. A melodia então entoada, foi-o de tal maneira comovente, que tocou até a família da vítima, que assistia à execução, a qual concordou perdoar o condenado, desde que fosse paga uma determinada quantia de dinheiro, o que é permitido pela lei islâmica, quantia essa que se chama “Diya”.

A execução foi adiada por quatro meses, para que as famílias se entendessem quanto ao montante a pagar; esse entendimento não surgiu, pois o exigido era muito além do que o rapaz poderia pagar, mesmo vendendo tudo o que tinha.

O caso, entretanto tornou-se conhecido e a Amnistia Internacional, junto com activistas dos direitos humanos tentaram convencer a família da vitima a um indulto, já poucos minutos antes da hora marcada para a nova execução; perante todo o drama que se estava vivendo, e a poucos minutos da execução, houve uma ordem de suspensão da mesma, emanada do Presidente do supremo tribunal, por 10 dias, para uma ultima tentativa de acordo quanto ao montante a pagar. E eis que surge um benemérito, para pagar o remanescente da dívida, o qual já havia pago noutros casos, para impedir as execuções.

O caso deve ter tido o seu epílogo em finais de Julho, para o bem ou para o mal; infelizmente as buscas que fiz, quer no site da Amnistia, quer em blogs que referiram o caso, nada dizem sobre o desfecho. Espero que o silêncio, neste caso seja um indicador positivo.

8 comentários:

  1. Também tenho acompanhado estes casos e espero que o final deste tenha sido positivo.
    É triste o extremismo político e religioso e infelizmente não é práctica exclusiva dos países islâmicos.
    Um abraço.

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  2. Caro Papagueno
    caso saibas algo sobre este caso, agradecia que me dissesses, ok?
    Abraço.

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  3. Não sei o que é mais vergonhoso... que este tipo de situações continuem a suceder, ou o facto de terem de ser organizações como a Amnistia Internacional a tentarem resolver estas situações, uma vez que os governos com todas as suas politiquices e objectivos económicos preferem fechar os olhos e ignorar que estas e outras situações continuam a ocorrer.

    E como nem todos têm a mesma projecção, alguns desaparecem sem que o mundo conheça os seus casos. Desde o caso de Sina, já outras crianças foram condenadas à morte. Neste momento a execução de Behnam Zare está eminente, uma vez que a família da vítima não contempla qualquer perdão... assim sendo a sentença mantém-se e está por dias, se é que não foi já executada...

    Quanto ao caso que reportas, a situação de Syna mantém-se na mesma, as famílias continuam a tentar chegar a um acordo enquanto Syna aguarda...

    Beijinhos

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  4. Querida Anita
    obrigado pelos teus esclarecimentos sobre este caso; acho que é uma violêncoa inqualificável o que se está a passar com este rapaz, que já por duas vezes esteva no cadafalso a minutos da morte.
    É insuportável e inadmissível.
    claro que sei a quantidade de casos que, por esse mundo fora, decorrem com crianças; basta consultar a net...
    Este tornou-se um pouco mais conhecido, devido ao promenor de ter sido a música o veículo, para suster(?) uma execução de uma senteça de morte.
    Triste mundo em que vivemos.
    Beojoquitas.

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  5. Pois é Pinguim, pensamos nós que vivemos numa era muito avançada... mas continuamos mergulhados na idade das trevas. Apesar das grandes potências "se pintarem de luz e cores vivas" continuamos na era em que impera a indifrença e a agressão gratuita.

    Como diz a r.porter e muito bem pequenas atitudes conseguem fazer a diferença. É bom que se fale nestas situações, que se divulgue, consciencialize, que se tome uma posição, uma atitude. Que se diga não à intolerância!Não à indifrença!

    Fica bem pinguim...

    É bom saber que estás atento...

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  6. Olá meu amigo...

    Tenho andando a marcar presença aqui nos blogs que acabo por visitar com frequência, que é o caso do teu também, e começo por justificar a minha ausência com as obras da casa e com a estadia na capital para a conclusão das gravações.

    Confesso que fiquei impressionado com este teu post. Desconhecia o caso e fiquei também curioso com o final da história (lamentavel) que espero ter acabado da melhor maneira...

    Não deixa realmente de ser estranho a forma como o homem lida com o homem, como homem lida com o mundo... Vou além das religiões...
    É complexo, é triste, é estranho.

    Um grande abraço para ti

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  7. Cara Yellowastronaut
    infelizmente, a maior parte destes tristes casos, passa-nos ao lado, e muitas vezes, não por nossa culpa, mas porque os media preferem o sensacionalismo de uma notícia banal do que falar nestes casos. Quntos Sina Peymard não haverá nesse mundo fora, desconhecidos de toda a gente?
    Que tristeza de mundo é este em que apenas se olha ao proveito próprio e muitas vezes para atingir certos fins, não se olham a meios.
    Confesso, eu gosto do progresso, e de usufruir dos seus benefícios, mas não a troco de qualquer coisa...
    Os extremismos, são como digo no texto um mal destes tempos; lamentável, a todos os títulos.
    Beijinhos.

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  8. Meu caro João
    espero que as obras na tua casa prossigam, naquele meio termo, entre o trabalho feito e a camaradagem que se origina nessas situações.
    E que as gravações vos corram lindamente.
    Sobre este triste caso, está tudo dito; quanto mais gente tiver conhecimento deste e doutros casos, mais vozes se erguerão para dizer NÃO!
    Um forte abraço.

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