sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Kneza Milosa


































Kneza Milosa é uma rua de Belgrado; não é a maior, pois o Boulevard Aleksander, por exemplo é muito maior; não é a mais animada, pois as diversas ruas piedonais no centro, têm uma imensidade de gente sempre, mas sobretudo no Verão; mas é talvez a mais importante rua da capital sérvia – para mim é de certeza, pois é lá que o Déjan mora - mas mesmo para toda a gente, pois esta rua com um movimento automóvel constante, que vem da auto-estrada até ao centro (termina no Parlamento), tem locais muito importantes, nomeadamente a residência oficial do primeiro ministro, vários ministérios (Negócios Estrangeiros, Interior, Defesa, Obras Públicas, entre outros), todos ele belos edifícios, tem muitas embaixadas, entre elas a americana e tem edifícios esventrados, destruídos completamente por bombas lançadas pela Nato, e sob a égide de Bill Clinton, para forçar o então todo poderoso e bastante odiado também pelos sérvios, Slobodan Milosevic a abandonar o Kosovo e a entregar essa província sérvia à guarda das Nações Unidas; nesses bombardeamentos os belos edifícios que agora vimos reconstruídos foram também arrasados, deixando as ruínas do então Ministério da Defesa e do Ministério do Interior, para mostrar a brutalidade dos efeitos das bombas.
Claro que foram bombardeamentos “cirúrgicos” e que visaram, não só em Belgrado, mas em todo o território sérvio, as grandes unidades de produção, as pontes e outros objectivos estratégicos.
Um apontamento para referir que a casa do Déjan é em frente das ruínas do M. da Defesa, pelo que ele, quando as bombas começavam a cair se limitava a abrir as janelas para o efeito das bombas não estilhaçar as vidraças; ainda bem que do outro lado da rua, a 170 metros da sua casa fica a embaixada dos americanos, que com certeza teria que ser poupada.
Por todas estas vicissitudes por que o povo sérvio foi passando, pelos muitos milhares de mortos que a guerra lhe levou, sempre com a ideia de que eles foram sempre os maus e os únicos maus, vale a pena voltar ao assunto do Kosovo.
Assim farei após saber o resultado das eleições presidenciais do próximo domingo, entre o europeísta e actual presidente Tadic e o nacionalista Nikolic, que embora ambos se oponham à independência do Kosovo, terão diferentes modos de agir, talvez.

16 comentários:

  1. Pois é... é o verso e reverso de uma bela e surpreendente cidade! Imagino que o Déjan, de tão farto e habituado ao massacre quotidiano, já encarasse com alguma paciência e estoicismo os alertas e as bombas que se tornaram omnipresentes.

    Pelo sim, pelo não ia pelo Tadic...

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  2. Posso imaginar a tristeza de algu�m a ver as bombas a cair e a destruir a sua cidade. Ainda por cima sempre com o receio que algum dos bombardeamentos cir�rgicos erre o alvo.
    Tamb�m gostaria de ver o resultado das elei�es mas como n�o conhe�o a realidade da pol�tica local n�o tenho nehuma prefer�ncia.
    Um abra�o.

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  3. Caro João Manuel
    estou muito preocupado com toda aquela situação; eu também votaria no Tadic, aliás como o Déjan, mas penso que ganhará o outro, o que irá extremar as situações.
    O Déjan, infelizmente já passou por situações muito dramáticas, desde os seus 15 anos e eu temo que algo mau, aconteça por ali.
    Tentarei no próximo post ser mais explícito.
    Bom fim de semana.
    Abraço.

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  4. Pois, amigo Paulo, embora os bombardeamentos fossem cirúrgicos, muitos mortos causaram, infelizmente.
    Quanto à situação actual, a "desinformação" que nos chega, é pouca e "trabalhada"; como disse atrás, espero 2ª.feira, esclarecer alguns pontos obscuros...
    Abraço e bom fim de semana.

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  5. impressionantes as fotos, duma crueldade que chega a ser poética de tão intensa. claro que sabermos que há pessoas como nós, para mais pessoas que amamos, que vivem essa tragédia, retira poesia à situação.
    conheço muito pouco da situação na região, mas aprendo contigo.
    grande abraço

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  6. Não sei até que ponto é que situações dessas possam entrar na rotina. Acho que só quem passa por elas poderá ter uma opinião. É bom que não se reconstrua tudo, que fiquem marcas visíveis para ilustrar a história.

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  7. Enquanto estive lá, li no Público on line um artigo, bastante comentado, que me surpreendeu muito pelo conhecimento demonstrado e pela quase total condenação da independência do Kosovo; será esse o ponto de partida do post prometido.
    Abraço, amigo Miguel.

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  8. Sou da tua opinião, caro Tonghzi
    e também acgo muito bem que certas marcas sejam deixadas para não caírem no esquecimento, não dos que lá vivem, mas dos que por lá passam.
    Abraço.

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  9. Aguardamos então um parecer mais aprofundado caro Pinguim :)

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  10. Amigo Will
    estou a fazê-lo, mas terá que ser necessàriamente extenso e trabalhoso, claro.
    Abraço.

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  11. Interessante...

    Gosto as fotografias que tão bem complementas com o texto. Vou aguardar esse próximo post.

    Um abraço

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  12. Amigo João
    estou com um certo receio desse próximo post; já eatá pràticamente feito, e será o post mais extenso desde sempre, deste blog e estou com medo que por isso mesmo não seja lido; e é pena, pois é preciso que as pessoas saibam coisas que os "media" não dizem...
    Abraço.

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  13. Amigo,
    gosto tanto de te ler que não tenhas receio, quem não quiser ler não leia, certo?
    Fico à espera de aprender contigo :)

    Beijinhos

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  14. Querida Sónia
    estou à espera dos resultados para pôr o post; fá-lo-ei logo à noite.
    Beijinhos.

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  15. Eu que já passei ,num contexto muito diferente, por ver a minha casa meio destruída por bombardeamentos, não posso deixar de me emocionar (negativamente) com estas imagens. Mas não concordo que se deva deixar alguns destroços para preservar a memória histórica. Para isso servem os monumentos.A maior vitória que os povos têm sobre a destruição das guerras é a capacidade de voltar a por tudo de pé.Mas a memória é importante sem dúvida.
    Um abraço.

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  16. Amigo Rui
    não sou nem quero ser coscuvilheiro, mas confesso ter ficado curioso, mais pela tua observação de ter sido num contexto muito diferente, sobre as causas dos bombardeamentos sobre a tua casa; quanto á manutenção de alguns destroços para preservar a memória histórica, embora tal, neste caso,desgigure totalmente uma artéria nobre, não deixo de estar de acordo, até porque foram bombardeamentos ordenados por um homem que o mundo se habituou a adnirar, Clinton. E apenas ficaram dois, tendo todos os outros sido reconstruídos.Aliás, em Berlim, permanece e é monumento nacional a torre da Igreja na Ku'dam, a principal rua da cidade.
    Abraço.

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