Lá nasci, por lá me criei e de lá "emigrei", porque a interioridade há anos atràs, era bem maior que actualmente.
Mas voltei sempre, as raízes estão lá, a família também; os amigos, esses "emigraram" também.
Enquanto lá vivi, até aos 16 anos, era o meu mundo e o outro mundo ainda não tinha chegado bem até mim. Durante os meus estudos, eram as férias, ainda eram os amigos e a família estava completa, era muito bom.
O exílio prolongou-se durante muitos anos, de 1962 a 1980, com a tropa a "ajudar"...
E, no principio de 80, eis que regresso, dando resposta aos anseios paternos de ajuda na empresa familiar.
Dá-se então algo surpreendente, ao verificar que aquela cidade, no seu dia a dia era totalmente diferente da Covilhã da minha infância e juventude. As pessoas eram outras, o 25 de Abril tinha deixado marcas numa cidade muito estratificada socialmente.
Poucas eram as pessoas que conhecia, pois como por "magia", tinham-se eclipsado algumas, muitas, pessoas com quem antes me relacionava; não estavam desaparecidos, estavam "hibernados", soube-o de uma forma fortuita, quando no funeral de alguém conhecido, de repente apareceram todos, ou quase.
Os viveres eram outros, e eu adaptei-me, até porque eu próprio estava muito diferente.
A minha cidade, pese embora o crónico pensar retrógrado do interior do nosso Portugal, estava diferente, e eu era um estranho, não me conheciam... E pude descobrir algumas ousadias daquelas gentes, que geralmente só são mostradas a quem "é de fora".
Mas eu fui ficando e com a rotina da presença, vieram os normais recuos. Mas nunca deixei de ser eu e durante os 14 anos que ali vivi, desde o meu regresso, multipliquei-me em todas as direcções: empresário têxtil,, professor, dirigente desportivo, cineclubista, e até, pasmece-se, cheguei a ser candidato autárquico, pela mão do "Zé" (...), sim, esse que estão a pensar!
E voltei a conhecer toda a gente e a sentir-me de novo na minha cidade.
O problema é que a vida dá muitas voltas e eu "emigrei" de novo, desta vez, penso que definitivamente, para a Lisboa dos meus tempos do ISCEF, e onde aprendi de uma forma muito autodidacta a gostar de tanta coisa, e a defenir-me completamente como sou.
Com orgulho digo, que nunca deixei de ser esse "todo" em que me constituo, mesmo lá, na minha cidade. E nunca ouvi uma critica, sempre fui visto da mesma forma.
Hoje, volto cada ano pelo Natal, que já não é o que era antes, é claro, e de vez em quando a visitar a minha Mãe.
A Covilhã mudou de vez. Os lanifícios morreram, ou estão a morrer, a universidade abriu a cidade ao mundo, o crescimento estendeu-se cá para baixo, para a planície, deixou de subir serra acima.
É actualmente uma cidade moderna, com vida própria e até com alguns motivos de orgulho, como um curso de medecina, instalado a meias entre a Universidade e um hospital, que recentemente foi considerado o 4º. melhor do país (público).
A Covilhã será para sempre, a minha cidade!
(foto - fachada da Igreja de Santa Maria Maior)
Este post foi publicado originalmente na parte desaparecida do meu blog a 12 de Dezembro de 2006.
Este post foi publicado originalmente na parte desaparecida do meu blog a 12 de Dezembro de 2006.
é uma cidade que quero bastante conhecer, é aliás uma zona que mal conheço, Covilhã, Penamacor, Serra da Estrela, Guarda...e agora acho que terei um cicerone, quem sabe neste próximo Inverno;-) uma coisa é certa, e digo por experiência própria, os covilhanenses que conheço, são boa gente;-)
ResponderEliminarIma
ResponderEliminara cidade está o dia da noite, desde que publiquei este post no final de 2006.
Agora há toda uma cidade moderna estendendo-se para o vale e a parte do centro perdeu muito da sua vida, principalmente à noite, quando os serviços cessam.
Mas é uma cidade cheia de vida, com muita juventude e de que gosto muito.
Abraço amigo.
Pasmei com os detalhes da igreja!
ResponderEliminarLinda!!!
Diz-me que o meu comment extenso...e intimista, sobre a tua reflexão sobre a tua cidade foi submetido antes disto dar erro?...
ResponderEliminarFico possesso se não foi:(
GiGi
ResponderEliminaré uma fachada linda e fica numa rua estreitinha, estreitinha...
Beijinho.
Hydra
ResponderEliminaracho que vais ficar possesso e eu privado de algo muito interessante, estou certo.
Abração.
Eu já amaria essa cidade pelo simples fato de nos ter trazido você!
ResponderEliminarOlá Pinguim,
ResponderEliminarConheço bem a Covilhã. Mesmo em tempos de frio, não deixa de ser uma cidade acolhedora, jovem e em progresso.
Oa lanifícios vão morrendo, como vão morrendo muitas áreas que outrora eram nobres. Deixam para trás um rasto de carência e fosso social provocado pelo desemprego. Mas a Covilhã, será sempre a "cidade Serra", onde se repousa, respira e come bem.
Parabéns pela tua cidade.
Abraço
Edu
ResponderEliminartu andas sempre a deixar-me babado; até o Déjan já me perguntou, quem era esse Edu brasileiro, eheheheh...(claro que estou a brincar contigo.)
Beijo.
Cream
ResponderEliminaro frio daquela região é muito saudável, pois é seco e permite defesas, ao contrário do frio húmido.
Pois os tempos da "Manchester portuguesa" já lá vão, mas é uma cidade completamente reciclada (quase todos os antigos edifícios fabris, estão depois de devidamente preparados ao serviço da UBI, que trouxe à cidade a vivência da juventude, e uma oferta cultural que se vai alargando.
Abraço.
Aí Covilhã, Covilhã...
ResponderEliminarjá fui tão feliz nessa cidade... lol
também existem poucas ainda não fui...
boas recordações, das noites de frio a lareira... do Castelo de Belmonte, aí o castelo de Belmonte...
Ora mais recentemente da Covilhã só me lembro das festas académicas, que nunca acabaram bem, pelo menos não me lembro de me vir embora...
O bom comer, os locais, a história, as pessoas (e a pessoa em especial para mim), faz desta cidade um local encantador!!
Nuno
ResponderEliminardeves-te lembrar bem do Bairro da Biquinha, lá bem no cimo, quase já na serra...
E das festarolas no &Cª., e de tanta gente porreira...
E claro a serra, e os arredores, Belmonte, Sortelha (que lindo é Sortelha!).
Abraço amigo.
Hum....Hum....
ResponderEliminarSó me apetece substituir todas aquelas palavrinhas bonitas por palavrões que enchem bem a boca...de raiva ao blogger...
Vamos ver se consigo reproduzir...
Eu próprio...das várias vezes que passei pela Covilhã...como transeunte...fui-me apercebendo que a cidade ia modificando...ia ficando maior... mais movimentada...cheia de Oculistas como te disse...:)
Eu notei isto...e fui sempre passageiro...!
Gostei de ler as nuances da evolução nas tuas palavras...e detive-me nas circunstâncias que mencionaste...e fui pintando os quadros com a minha imaginação...
Apanho-te o estado de alma nos parágrafos!
As coisas mudam...às vezes nem sempre para melhor...só, tu como filho da terra, pelo teu filtro poderás avaliar de facto...Mas isto já sou eu digressing...
Pronto, não sei se está ipsis verbis...mas assim, está comentado com tino:)
Outro abraço grande
Hydra
ResponderEliminarcaptaste perfeitamente essas nuances de modificação da cidade que eu deixei nas entrelinhas...
Muitas vezes, as pessoas que vivem em Lisboa ou mesmo no Porto não percebem bem o que há por aí, por este Portugal dentro...Não são só as terras bonitas, são as pessoas que só esperam uma oportunidade para irem um pouco mais além do seu "dia a dia" limitado e monótono; e por vezes, "explodem"!!!!!!!!!!!
Abraço grande.
Boa noite Joao!
ResponderEliminarAdoro a tua terra, quase tanto como adoro a forma como falas dela...
Abracos
Francisco
ResponderEliminarfalo dela como falo de tudo ou de todos quando gosto: com entusiasmo, com carinho e com sinceridade.
E que bom foi voltar a ler-te por aqui...
Abraço grande.
E vê lá tu, caro amigo João, que eu nunca conheci a Covilhã...
ResponderEliminarMea Culpa, mea culpa!
Nem tenho uma experiência de vida parecida sequer com a tua, pois desde as tuas vivências iniciais, até ao teu regresso, passando por exilios feitos até de Guerras bem a sério noutro hemisfério, tens uma vida tão intensa e tão rica, que muitos de nós precisariam de uma segunda vida para se colocar no teu patamar de experiência.
Por isso é sempre tão interessante ouvir e ler as tuas opiniões e memórias, pois ainda por cima, por natureza, sabes e gostas de partilhá-las com sabedoria e amizade.
Um abraço amigo
Luís
Luís
ResponderEliminarnão é nada que não se possa corrigir, eheheh...
Mas não acredito que não conheças a Serra da Estrela?
Caso isso se verifique, planeias um bom fim de semana, visitas a cidade, com idas obrigatórias a Belmonte e a Sortelha (ficam uma no enfiamento da outra), sobes às Penhas da Saúde, e segues para Manteigas por uma das mais maravilhosas paisagens naturais do país, o vale glacial do Zêzere (não esquecendo parar no Covão da A Metade). De Manteigas sobes às Penhas Douradas e desces até Seia, passando pelo Sabugueiro, a terra mais alta de Portugal.
Combinado?
Abraço amigo.
pinguim desde que estou em Portugal que vivo numa cidade muito perto da tua. Conheci a Covilhã cheia de fábricas e conheço a nova Covilhã onde o comércio abunda. A Covilhã não se deixou vencer com o encerramento das fabricas, renasceu, recriou-se. Não há muitas cidades que o tenham conseguido fazer. Linda e acolhedora. Beijinhos
ResponderEliminarBrown Eyes
ResponderEliminaré por isso que eu lhe chamo uma cidade "reciclada".
Quem poderia imaginar há 10/15 anos, encontrar na Covilhã um Jardim do Lago, uma piscina com ondas, um aproveitamento magnífico de zonas perfeitamente degradadas como por exemplo a fabulosa transformação da "ponte Márti-in-colo", a ponte pietonal que liga o Jardim Público aos Penedos Altos e por aí fora...
E a juventude, pois durante o ano lectivo, pelo menos, a Covilhã está cheia de jovens com uma Universidade, a UBI, em constante crescimento.
Beijinhos.
Estive lá de passagem numa road trip há uns anos e adorei a cidade.
ResponderEliminarDá-me impressão que a universidade melhorou o ambiente e a qualidade da Covilhã.
Maldonado
ResponderEliminarsem qualquer dúvida!
Abraço amigo.
Já há algum tempo que não vou à Covilhã, há uns anitos mesmo. Por isso apenas vi as mudanças na cidade em alguns vídeos e fotos na net.
ResponderEliminarA última vez que lá estive foi em plena "revolução" do Pólis e embora as obras estivessem um pouco por todo o lado já dava para imaginar o resultado final.
Embora tivesse com horário marcado (estava a participar num encontro de Coros - sim, eu canto,eheh), ainda deu para dar um passeio pela cidade, que na parte dos altos e baixos, é muito parecida à minha.
E estive em frente a esta igreja, a de Santa Maria.
O resto do dia foi repartido entre a Câmara Municipal e o Cine Teatro, logo ali ao lado.
Abraço.
Miguel
ResponderEliminartens que voltar, se possível comigo como cicerone: amor com amor se paga...
Abraço amigo.
Hoje também regressei à cidade que me viu nascer. Faço-o com mais frequência que tu, por razões de proximidade. E também a vejo crescer e modificar-se e por vezes sinto-me à margem de tudo e com uma visão diferente dos outros endémicos, os não-migratórios.
ResponderEliminarMas também penso como tu. Caldas da Rainha será sempre a minha cidade.
X
ResponderEliminarE que bem que se está naquele Parque!!!
Abraço amigo.
É sempre com grande orgulho que leio as histórias que já me contaste.
ResponderEliminarSó conheci a Covilhã à cerca de 4 anos já a era moderna se tinha apoderado dela mas quando se passeia por aquelas ruas ainda se consegue sentir os traços marcados de um passado cheio de tradições.
Temos que lá ir juntos um dia para me contares mais histórias.
Abraço
Félix
ResponderEliminarisso é que eu gostava...talvez com o Arthur, um dia para ele ver a Serra também.
Abraço grande para ambos.
E viva a Covilhã.
ResponderEliminarAbraço
Olá Bruno
ResponderEliminarnem mais a propósito; vou passar dois dias com a minha Mãe aí, e como já te disse anteriormente, gostava de tomar um café contigo.
Vou esta quarta feira e regresso sexta.
Vou-te enviar, uma vez mais o meu contacto telefónico por mail; vê se me ligas, ok?
Abraço amigo.