Bernardo Sassetti morreu, aos 41 anos. O corpo foi encontrado pela Polícia Marítima, na quinta-feira, na zona do Abano, no Guincho.
O pianista e compositor tinha cancelado recentemente um espetáculo na Culturgest por motivos de saúde, mas, de acordo com o semanário Expresso, Bernardo Sassetti terá morrido depois de cair acidentalmente de uma falésia na zona de Cascais, onde se encontrava a tirar fotografias. Entretanto, esta informação foi confirmada à agência Lusa pelo pianista Mário Laginha.
Nascido em Lisboa a 24 de junho de 1970, Bernardo Sassetti era bisneto do antigo Presidente da República Sidónio Pais. Casado com a atriz Beatriz Batarda, Sassetti tinha duas filhas.
O site da Clean Feed, a sua editora, refere que Bernardo Sassetti foi influenciado por Bill Evans e Keith Jarrett. Com formação clássica desde os nove anos, Sassetti acaba por destacar-se aos 18 anos no campo do jazz, com o Quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet.
Bernardo Sassetti viria a atrair atenções internacionais com a composição de bandas sonoras para cinema, participando na longa-metragem “O Talentoso Mr. Ripley”, de Anthony Minghella. Assinou ainda bandas sonoras de filmes portugueses como “Alice”, de Marco Martins, “Um Amor de Perdição”, de Mário Barroso, ou “A costa dos Murmúrios”, de Margarida Cardoso.
“Nocturno”, o seu disco de 2002, foi distinguido com o Prémio Carlos Paredes. Viria ainda a gravar “Índigo” e “Livre”. Ao longo do seu percurso musical, Sassetti trabalhou com músicos jazz, do fado, do pop rock e do hip hop.
Em 2010, Bernardo Sassetti juntou-se a Carlos do Carmo para fazer um trabalho inédito, que reúne músicas nunca antes cantadas, tocadas ou gravadas por qualquer um dos dois. Entre os compositores escolhidos para este disco estavam José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Rui Veloso, Violeta Parra, Léo Ferré e Jacques Brel. O álbum incluía ainda um original de Sassetti com poema original de Mário Cláudio. No site da editora Universal é recordada uma apresentação deste disco na RTP.
Os últimos trabalhos de Sassetti foram uma participação no disco “Mútuo Consentimento”, de Sérgio Godinho, e “3 Pianos”, com Mário Laginha e Pedro Burmester.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Ainda o abraço...
Conforme recordados, participei pela segunda vez, neste bem sucedido concurso que o Sad eyes lançou e que teve uma participação record de 35 histórias a concurso.
A minha história, por acaso a primeira a entrar no concurso, é uma história sem nome, porque não é ficção, é uma história real, o primeiro abraço entre mim e o Déjan. Não inventei nada, só contei o que e como se passou...
De acordo com o regulamento do concurso, os participantes, e só eles, votaram entre as diversas histórias e assim se apuraram as cinco mais votadas, em que está incluída a minha e digo-o sem falsa modéstia ou hipocrisia, que tal me agradou muito.
Agora segue-se a votação de todas as pessoas que quiserem participar na escolha da história vencedora e para isso há que ir aqui e votar logo no cimo da página, à esquerda numa das cinco finalistas...
Para quem não leu a minha história, aqui a repito (a foto não faz parte do concurso, mas faz parte da minha/nossa vida)
“Tinha sido há nove meses - o tempo de uma gestação - que o tinha conhecido através de um site de encontros onde ambos tínhamos um perfil.
De uma simples troca de mensagens, passámos num curto espaço de tempo a uma demorada e cada vez mais sedutora troca de mails onde nos íamos dando a conhecer e onde aprendemos a gostar um do outro. O MSN completou este percurso de conhecimento mútuo e então reparei que aliada à beleza interior que já me tinha sido dada a conhecer, havia a beleza externa e ele era o que eu sempre tinha idealizado fisicamente.
Mas estávamos longe um do outro, muito longe, e o passo seguinte, que seria o conhecimento real, não era exactamente o mesmo de marcar um encontro para tomar um café, nem mesmo uma deslocação a outra zona do país. Obrigava a ir a um país desconhecido, a ter com ele. E se as coisas não corressem bem? Se o retrato que ambos tínhamos feito um do outro falhasse por qualquer motivo, sexo incluído? Valeria a pena?
Arrisquei e fui. O encontro no aeroporto foi quase comovente e as palavras faltaram-nos. No táxi que nos transportou ao centro da cidade, ao seu apartamento, apenas tínhamos os nossos dedos mindinhos unidos e trocávamos sorrisos nervosos, mas estávamos a viver um momento único.
Chegados a sua casa, e mal a porta se fechou, abraçámo-nos no mais longo e no mais terno abraço de toda a minha vida. O nosso primeiro abraço, ao fim do qual não havia mais dúvidas e todos os temores e nervosismos se diluíram num primeiro beijo.
O primeiro de muitos, o primeiro de uma nova vida que hoje continua…”
A minha história, por acaso a primeira a entrar no concurso, é uma história sem nome, porque não é ficção, é uma história real, o primeiro abraço entre mim e o Déjan. Não inventei nada, só contei o que e como se passou...
De acordo com o regulamento do concurso, os participantes, e só eles, votaram entre as diversas histórias e assim se apuraram as cinco mais votadas, em que está incluída a minha e digo-o sem falsa modéstia ou hipocrisia, que tal me agradou muito.
Agora segue-se a votação de todas as pessoas que quiserem participar na escolha da história vencedora e para isso há que ir aqui e votar logo no cimo da página, à esquerda numa das cinco finalistas...
Para quem não leu a minha história, aqui a repito (a foto não faz parte do concurso, mas faz parte da minha/nossa vida)
“Tinha sido há nove meses - o tempo de uma gestação - que o tinha conhecido através de um site de encontros onde ambos tínhamos um perfil.
De uma simples troca de mensagens, passámos num curto espaço de tempo a uma demorada e cada vez mais sedutora troca de mails onde nos íamos dando a conhecer e onde aprendemos a gostar um do outro. O MSN completou este percurso de conhecimento mútuo e então reparei que aliada à beleza interior que já me tinha sido dada a conhecer, havia a beleza externa e ele era o que eu sempre tinha idealizado fisicamente.
Mas estávamos longe um do outro, muito longe, e o passo seguinte, que seria o conhecimento real, não era exactamente o mesmo de marcar um encontro para tomar um café, nem mesmo uma deslocação a outra zona do país. Obrigava a ir a um país desconhecido, a ter com ele. E se as coisas não corressem bem? Se o retrato que ambos tínhamos feito um do outro falhasse por qualquer motivo, sexo incluído? Valeria a pena?
Arrisquei e fui. O encontro no aeroporto foi quase comovente e as palavras faltaram-nos. No táxi que nos transportou ao centro da cidade, ao seu apartamento, apenas tínhamos os nossos dedos mindinhos unidos e trocávamos sorrisos nervosos, mas estávamos a viver um momento único.
Chegados a sua casa, e mal a porta se fechou, abraçámo-nos no mais longo e no mais terno abraço de toda a minha vida. O nosso primeiro abraço, ao fim do qual não havia mais dúvidas e todos os temores e nervosismos se diluíram num primeiro beijo.
O primeiro de muitos, o primeiro de uma nova vida que hoje continua…”
quarta-feira, 9 de maio de 2012
"Slave to the Rhythm"
Não, não endoideci. Este é o mesmo blog de sempre. Mas estou farto de política e de políticos sem vergonha.
Apetece-me um momento de gozo, de desvario; afinal uma das características deste blog é ser eclético…
Vamos então para a loucura, mas atenção, pois isto é um simples tema musical de Grace Jones e que Dame Shirley Bassey adaptou. O clip é que é “um bocadinho diferente”, eheheh…
segunda-feira, 7 de maio de 2012
E agora, Europa???
Ontem houve várias eleições, na Europa.
Umas mais importantes que as outras e umas que podem vir a se verdadeiramente importantes, a curto prazo, para o nosso país.
Deixando essas para o fim, ou seja as presidenciais em França e as legislativas, na Grécia, referir que houve outras eleições menos importantes, mas com algum significado em três países comunitários: no Reino Unido, na Itália e na Alemanha; e curiosamente o único resultado agradável para a chanceler alemã foi o seu, pois que é evidente que o povo alemão não sente ou sente menos a crise.
Tanto na Itália como no Reino Unido, os resultados foram bem contrários aos governos actuais desses países, mostrando o descontentamento do povo.
Houve também, extra EU, eleições na Sérvia, a que eu dou realce, naturalmente, por ser o país do Déjan e eu estar mais ou menos por dentro da política daquele país que eu muito gosto. Foram eleições presidenciais, legislativas e autárquicas. Quanto às presidenciais, como era esperado os dois principais candidatos, o actual presidente, Boris Tadic, do Partido Democrático (esquerda moderada)
e o líder da oposição, Tomislav Nikolic, do Partido Progressista (centro direita), vão disputar dentro de duas semanas uma segunda volta, sendo de esperar a reeleição de Tadic, que por ora teve uma ligeira vantagem sobre o seu adversário. Nas legislativas houve quase um empate técnico entre estes dois partidos, pelo que tudo ficará na mesma e a médio prazo a Sérvia integrará a EU.
Passando agora às eleições francesas, pela primeira vez, um presidente não é reeleito para um segundo mandato; Sarkozy pagou caro o seu apoio incondicional a Ângela Merckl e quem beneficiou foi um candidato que há um ano atrás ninguém pensaria poder vir a ser o candidato dos socialistas. François Hollande,
até agora uma personalidade algo parda do PS francês, viu mesmo nas últimas eleições ser designada a sua então esposa Ségolène Royal como candidata que perdeu para Sarkozy e este ano só as aventuras sexuais do ex-presidente do FMI, Strauss-Kahn, o levaram a ser candidato. No entanto fez uma boa campanha, tendo sabido gerir o descontentamento para com Sarkozy a seu favor, tendo tido uma aliada “contra natura”, a líder da Frente Nacional, Marine Le Penn, menos agressiva que o seu pai e que, caso falhe Hollande será uma candidata muito séria para novas eleições presidenciais. Hollande já fez saber que não está de acordo com a política de demasiada austeridade determinada pela Alemanha e não será pau mandado de Merckl. Mesmo em relação a Portugal, numa entrevista dada a 1 de Maio ao correspondente da RTP, afirmou não concordar com a demasiada austeridade sem crescimento económico no nosso país. Um bom sinal foi já dado de que logo que tome posse, diminuirá o seu salário e o dos seus ministros em 30% e haverá um tecto salarial para altos dirigentes públicos; sim, isto também é austeridade, mas é uma boa austeridade. Não é fácil a sua tarefa, mas eu quero acreditar que François Hollande poderá vir a ser uma boa surpresa, para bem da Europa e de Portugal, é óbvio. Ainda neste mês ele será posto à prova em reuniões importantes, quer na EU, quer nos G8.
Quanto à Grécia, as coisas estão deveras complicadas e há uma séria ameaça de que o país esteja em breve numa situação de ingovernabilidade.
Como se esperava, os dois partidos que nos últimos anos têm governado o país foram severamente castigados, mais o PASOK que a Nova Democracia, que apesar de ter o seu pior resultado eleitoral de sempre, ainda foi o mais votado. Não vai ser fácil chegar a um entendimento para formar governo, pois houve uma subida grande dos dois partidos extremistas, o SYRIZA, de esquerda e o Amanhecer Dourado, da direita (neo nazi). Qualquer destes dois partidos se opõe totalmente às medidas obrigadas a tomar pela troika ao povo grego e mesmo os outros dois partidos, na sua campanha prometiam um aliviar da austeridade. Sendo o SYRIZA o segundo partido mais votado, à frente do PASOK, tudo está muito confuso e é uma situação que vai criar possivelmente muitos problemas à EU. Durão Barroso e a senhora Merckl que se cuidem, pois até pode vir a ser decretada a curto prazo a saída da Grécia da zona euro.
Enfim, dias de grande expectativa, mas decerto de mudança na Europa comunitária. Entretanto Passos Coelho e a sua equipa de tecnocratas, estão cada vez mais isolados na sua política de obediência cega aos ditames dos sistemas financeiros de mercado que realmente nos governam…
Umas mais importantes que as outras e umas que podem vir a se verdadeiramente importantes, a curto prazo, para o nosso país.
Deixando essas para o fim, ou seja as presidenciais em França e as legislativas, na Grécia, referir que houve outras eleições menos importantes, mas com algum significado em três países comunitários: no Reino Unido, na Itália e na Alemanha; e curiosamente o único resultado agradável para a chanceler alemã foi o seu, pois que é evidente que o povo alemão não sente ou sente menos a crise.
Tanto na Itália como no Reino Unido, os resultados foram bem contrários aos governos actuais desses países, mostrando o descontentamento do povo.
Houve também, extra EU, eleições na Sérvia, a que eu dou realce, naturalmente, por ser o país do Déjan e eu estar mais ou menos por dentro da política daquele país que eu muito gosto. Foram eleições presidenciais, legislativas e autárquicas. Quanto às presidenciais, como era esperado os dois principais candidatos, o actual presidente, Boris Tadic, do Partido Democrático (esquerda moderada)
e o líder da oposição, Tomislav Nikolic, do Partido Progressista (centro direita), vão disputar dentro de duas semanas uma segunda volta, sendo de esperar a reeleição de Tadic, que por ora teve uma ligeira vantagem sobre o seu adversário. Nas legislativas houve quase um empate técnico entre estes dois partidos, pelo que tudo ficará na mesma e a médio prazo a Sérvia integrará a EU.
Passando agora às eleições francesas, pela primeira vez, um presidente não é reeleito para um segundo mandato; Sarkozy pagou caro o seu apoio incondicional a Ângela Merckl e quem beneficiou foi um candidato que há um ano atrás ninguém pensaria poder vir a ser o candidato dos socialistas. François Hollande,
até agora uma personalidade algo parda do PS francês, viu mesmo nas últimas eleições ser designada a sua então esposa Ségolène Royal como candidata que perdeu para Sarkozy e este ano só as aventuras sexuais do ex-presidente do FMI, Strauss-Kahn, o levaram a ser candidato. No entanto fez uma boa campanha, tendo sabido gerir o descontentamento para com Sarkozy a seu favor, tendo tido uma aliada “contra natura”, a líder da Frente Nacional, Marine Le Penn, menos agressiva que o seu pai e que, caso falhe Hollande será uma candidata muito séria para novas eleições presidenciais. Hollande já fez saber que não está de acordo com a política de demasiada austeridade determinada pela Alemanha e não será pau mandado de Merckl. Mesmo em relação a Portugal, numa entrevista dada a 1 de Maio ao correspondente da RTP, afirmou não concordar com a demasiada austeridade sem crescimento económico no nosso país. Um bom sinal foi já dado de que logo que tome posse, diminuirá o seu salário e o dos seus ministros em 30% e haverá um tecto salarial para altos dirigentes públicos; sim, isto também é austeridade, mas é uma boa austeridade. Não é fácil a sua tarefa, mas eu quero acreditar que François Hollande poderá vir a ser uma boa surpresa, para bem da Europa e de Portugal, é óbvio. Ainda neste mês ele será posto à prova em reuniões importantes, quer na EU, quer nos G8.
Quanto à Grécia, as coisas estão deveras complicadas e há uma séria ameaça de que o país esteja em breve numa situação de ingovernabilidade.
Como se esperava, os dois partidos que nos últimos anos têm governado o país foram severamente castigados, mais o PASOK que a Nova Democracia, que apesar de ter o seu pior resultado eleitoral de sempre, ainda foi o mais votado. Não vai ser fácil chegar a um entendimento para formar governo, pois houve uma subida grande dos dois partidos extremistas, o SYRIZA, de esquerda e o Amanhecer Dourado, da direita (neo nazi). Qualquer destes dois partidos se opõe totalmente às medidas obrigadas a tomar pela troika ao povo grego e mesmo os outros dois partidos, na sua campanha prometiam um aliviar da austeridade. Sendo o SYRIZA o segundo partido mais votado, à frente do PASOK, tudo está muito confuso e é uma situação que vai criar possivelmente muitos problemas à EU. Durão Barroso e a senhora Merckl que se cuidem, pois até pode vir a ser decretada a curto prazo a saída da Grécia da zona euro.
Enfim, dias de grande expectativa, mas decerto de mudança na Europa comunitária. Entretanto Passos Coelho e a sua equipa de tecnocratas, estão cada vez mais isolados na sua política de obediência cega aos ditames dos sistemas financeiros de mercado que realmente nos governam…
domingo, 6 de maio de 2012
"Handsome Harry"
“Handsome Harry” (2009) é um filme corajoso, realizado por Bette Gordon e com um excelente argumento de Nicholas T. Proferes e que faz perguntas ao espectador e permite a este chegar às suas próprias conclusões. Questiona directamente a homofobia e num final um pouco ambíguo, deixa a pairar a questão fundamental: valerá a pena sofrer em silêncio para não ferir a família e a sociedade, ou viver em paz consigo mesmo, sendo coerente com a sua condição.
Um homem procura fugir do passado, mas percebe que primeiro ele tem que enfrentar o presente, depois de ter recebido um telefonema desesperado de um seu antigo camarada da marinha, no tempo da guerra do Vietnam.
Harry Sweeny (Jamey Sheridan), é um cinquentão divorciado, pai de um filho distante e que vive uma vida discreta numa pequena cidade, onde tem um pequeno negócio e tem na dona do café local uma admiradora muito interessada, mas ele nunca foi muito adiante nessa situação. Canta num coro e por isso é estimado por toda a comunidade local.
Mas a sua vida nem sempre foi assim tão fácil e ele só é confrontado com o seu passado quando esse velho amigo Tom Kelly (Steve Buscemi) lhe pede no seu leito de morte que obtenha o perdão de um outro camarada e amigo David Kagan (Campbell Scott), que ambos agrediram violentamente juntamente com mais três, em virtude de actos homossexuais praticados por ele, agressão essa que lhe causou o esmagamento da mão.
Inicia então um périplo pelos seus três amigos, a quem não via desde então e vai descobrindo em cada um os fantasmas do passado que também o atormentam, e reconhece que nenhum está muito disponível para recordar essa agressão.
Finalmente no reencontro com Kagan, vem ao de cima a verdade sempre ocultada.
É essa dualidade que transparece na cena final, e se eu a considero ambígua, é porque nada fica definido quanto ao futuro, já que quanto ao passado tudo foi dito, sem reservas e com perdões.
Penso não ter sido exibido comercialmente em Portugal, o que é pena, pois é um excelente filme.
E que tal passar por aqui...
E que tal passar por aqui...
sexta-feira, 4 de maio de 2012
João Villaret
João Villaret, foi um dos maiores actores que passaram por palcos portugueses. Villaret obteve extraordinário sucesso com os seus recitativos que, editados em disco, fizeram grande sucesso entre nós, e não sem motivo.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1913, Villaret dedicou-se ao teatro depois de terminar o liceu e durante os anos trinta e quarenta teve uma ascensão vertiginosa que o levou a triunfar nos palcos do teatro declamado e ligeiro e no cinema - onde assinou interpretações memoráveis em “Três Espelhos”, de 1947, e “Frei Luís de Sousa”, de 1950.
No teatro declamado teve uma interpretação fabulosa na peça “Esta Noite Choveu Prata”, no Teatro Avenida, em 1954. O seu amor pela poesia levou-a a tornar-se num dos recitadores mais extraordinários que Portugal conheceu, tendo inclusivamente deslumbrado o público da RTP com uma série de programas que aí apresentou com o seu nome “João Villaret” e em que era acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret.
Uma conversa, um diálogo, confissões, poesia declamada como poucos conseguiram, biografias de grandes escritores, homenagens a artistas lusos, música e até mesmo cultura popular…tudo fazia parte deste programa que tornava mágico o tempo em que o televisor estava ligado.
E o registo do seu recital no São Luiz, lançado em álbum, ainda hoje se mantém disponível.
Mas Villaret tinha também um especial apreço pela revista, onde se estreou em 1941 para escândalo daqueles que não gostavam de ver misturas. Em 1947, Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o Fado Falado, que criou na revista 'Tá Bem ou Não 'Tá?, verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret. Outros êxitos, como A Vida é um Corridinho de 1952, ou a célebre Procissão de 1955, se lhe juntariam, mas o Fado Falado ficou marcante.
Declamava de uma maneira inigualável Fernando Pessoa, António Botto e ficou célebre a sua declamação do “Cântico Negro” de José Régio.
João Villaret morreu em Fevereiro de 1961, vítima de doença prolongada.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1913, Villaret dedicou-se ao teatro depois de terminar o liceu e durante os anos trinta e quarenta teve uma ascensão vertiginosa que o levou a triunfar nos palcos do teatro declamado e ligeiro e no cinema - onde assinou interpretações memoráveis em “Três Espelhos”, de 1947, e “Frei Luís de Sousa”, de 1950.
No teatro declamado teve uma interpretação fabulosa na peça “Esta Noite Choveu Prata”, no Teatro Avenida, em 1954. O seu amor pela poesia levou-a a tornar-se num dos recitadores mais extraordinários que Portugal conheceu, tendo inclusivamente deslumbrado o público da RTP com uma série de programas que aí apresentou com o seu nome “João Villaret” e em que era acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret.
Uma conversa, um diálogo, confissões, poesia declamada como poucos conseguiram, biografias de grandes escritores, homenagens a artistas lusos, música e até mesmo cultura popular…tudo fazia parte deste programa que tornava mágico o tempo em que o televisor estava ligado.
E o registo do seu recital no São Luiz, lançado em álbum, ainda hoje se mantém disponível.
Mas Villaret tinha também um especial apreço pela revista, onde se estreou em 1941 para escândalo daqueles que não gostavam de ver misturas. Em 1947, Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o Fado Falado, que criou na revista 'Tá Bem ou Não 'Tá?, verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret. Outros êxitos, como A Vida é um Corridinho de 1952, ou a célebre Procissão de 1955, se lhe juntariam, mas o Fado Falado ficou marcante.
Declamava de uma maneira inigualável Fernando Pessoa, António Botto e ficou célebre a sua declamação do “Cântico Negro” de José Régio.
João Villaret morreu em Fevereiro de 1961, vítima de doença prolongada.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
1º. de Maio
Em 1974 foi assim
Uma festa de um povo inteiro.
E hoje?
Um povo aflito, temeroso da situação a que foi levado, até já não protesta, quase resignado; e pior, quase ameaçado de se manifestar, pois a "convulsão social" não dá uma boa imagem do país às entidades económicas que na realidade nos governam.
Um país que tem um governo que promete coisas para um ano em que a sua legislatura já findou...
Precisamos, mais que nunca de um novo 1º.de Maio, porque hoje muita gente não goza o dia do trabalhador, pois é obrigado a trabalhar.
Uma vergonha!
Uma festa de um povo inteiro.
E hoje?
Um povo aflito, temeroso da situação a que foi levado, até já não protesta, quase resignado; e pior, quase ameaçado de se manifestar, pois a "convulsão social" não dá uma boa imagem do país às entidades económicas que na realidade nos governam.
Um país que tem um governo que promete coisas para um ano em que a sua legislatura já findou...
Precisamos, mais que nunca de um novo 1º.de Maio, porque hoje muita gente não goza o dia do trabalhador, pois é obrigado a trabalhar.
Uma vergonha!
domingo, 29 de abril de 2012
Acerca da blogosfera...
Já ando nisto há muito tempo, e imodestamente já ajudei, e com gosto a criar ou a tornarem-se conhecidos vários blogs.
Infelizmente também tenho assistido ao fim de muitos, alguns de grande qualidade, e bem parte deles por terem "migrado" para as redes sociais.
Mas o que me traz aqui é um desabafo; todos temos alguma motivação para termos um blog e decerto não será a quantidade de comentários que cada postagem tem. Mas um facto é que gostamos de ver os posts comentados, caso contrário, não dávamos espaço a comentários, como alguns, poucos, fazem.
Eu sigo muitos (demasiados) blogs e alguns deles, nomeadamente os colectivos e de comentários políticos, extremamente interessantes, não comento, assim como aqueles, de fotos das mais variadas, que são só para "alegrar os olhos".
O que me entristece são meia dúzia de blogs que há muito sigo e um deles em especial, que comentei sozinho durante mais de um ano, nunca se dignarem comentar uma postagem minha ou de outros blogs. Assim tomei uma atitude idêntica: passo por lá mudo e saio calado...
As pessoas deviam saber que há uma correspondência biunívoca entre seguidores de blogs e que fica mal esse extremo comodismo de gostar de ter comentários e nunca os fazer.
Claro que ninguém é obrigado a nada e eu, mesmo nos blogs habituais falho comentários em muitas postagens (nalguns, é mesmo obrigatório pois publicam cerca de 2/3 posts diários e não há pachorra....)
Não vou citar nomes, pois essas pessoas que aqui critico sabem perfeitamente quem são.
Já uma vez fiz uma pequena purga nos blogs que sigo, e estou quase a fazer outra. Afinal o que conta não é a quantidade que conta, mas a qualidade: de blogs, de postagens e de comentários.
Infelizmente também tenho assistido ao fim de muitos, alguns de grande qualidade, e bem parte deles por terem "migrado" para as redes sociais.
Mas o que me traz aqui é um desabafo; todos temos alguma motivação para termos um blog e decerto não será a quantidade de comentários que cada postagem tem. Mas um facto é que gostamos de ver os posts comentados, caso contrário, não dávamos espaço a comentários, como alguns, poucos, fazem.
Eu sigo muitos (demasiados) blogs e alguns deles, nomeadamente os colectivos e de comentários políticos, extremamente interessantes, não comento, assim como aqueles, de fotos das mais variadas, que são só para "alegrar os olhos".
O que me entristece são meia dúzia de blogs que há muito sigo e um deles em especial, que comentei sozinho durante mais de um ano, nunca se dignarem comentar uma postagem minha ou de outros blogs. Assim tomei uma atitude idêntica: passo por lá mudo e saio calado...
As pessoas deviam saber que há uma correspondência biunívoca entre seguidores de blogs e que fica mal esse extremo comodismo de gostar de ter comentários e nunca os fazer.
Claro que ninguém é obrigado a nada e eu, mesmo nos blogs habituais falho comentários em muitas postagens (nalguns, é mesmo obrigatório pois publicam cerca de 2/3 posts diários e não há pachorra....)
Não vou citar nomes, pois essas pessoas que aqui critico sabem perfeitamente quem são.
Já uma vez fiz uma pequena purga nos blogs que sigo, e estou quase a fazer outra. Afinal o que conta não é a quantidade que conta, mas a qualidade: de blogs, de postagens e de comentários.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Uma ideia...um desafio!
Pode ser uma ideia um pouco despropositada, mas lanço-a aqui, para ver o acolhimento que tem.
Infelizmente o tempo chuvoso impediu-me, a mim, e a muita gente de ir à manifestação comemorativa do 25 de Abril. Espero que no próximo dia 1 de Maio, as rezas da Cristas a pedir chuva não tenham sucesso e esteja um dia bom.
E a ideia é, combinar com toda a gente que conhecermos da blogosfera e que tencione ir à manifestação (refiro-me à de Lisboa, mas outros poderão fazê-lo noutras cidades), um ponto de reunião para nos encontrarmos e participar juntos nessa jornada de comemoração e de luta. Não sugiro nenhum ponto, mas gostaria que alguém o fizesse, de preferência perto do início da manifestação, mas num ponto facilmente referenciável. Seria ao mesmo tempo, uma forma simpática de alargarmos o conhecimento real ao conhecimento virtual.
Fica lançado o desafio…
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Portas de Abril
Quis o destino marcar o dia 24 de Abril como a data do adeus prematuro de Miguel Portas à vida que ele sempre viveu com a intensidade própria de um Homem plenamente convicto dos seus ideais de esquerda. Não chegou ao dia em que se comemoram 38 anos de uma data que não pode jamais ser esquecida, não só por quem a viveu, mas também por quem teve a felicidade de enfrentar a vida já em Liberdade.
Infelizmente, a maior parte das pessoas que hoje têm menos de quarenta anos e que são a força vital da nação, pouco ligam à data ou voluntariamente ou por desconhecimento, o que não os desculpa, pois é da mais elementar forma de cultura saber o que representou e representa para Portugal uma data que acabou com uma ditadura de quase 50 anos e devolveu ao povo português o orgulho nacional.
Ainda mais lamentável é assistir hoje à destruição sistemática dos valores instituídos pelo 25 de Abril, no dia a dia, e por parte de pessoas com responsabilidades governamentais que estão a levar o povo português a um estado de descontentamento como só Há paralelo antes dessa data.
Sim, há liberdade e democracia, caso contrário eu não estaria aqui para falar desta maneira, mas que dizer quando nas vésperas da celebração desta data, vem o Governo ameaçar estar atento a todos os actos potencialmente violentos decorrentes dessas celebrações: estarão com medo de que haja um novo 25 de Abril? Talvez isso seja necessário, sim, não como clama o eterno palhaço Otelo, mas nas consciências de todo o povo português que vê serem-lhe cerceadas todas as oportunidades de uma vida decente e digna, com um empobrecimento cada vez mais assustador das classes mais desfavorecidas, com o aniquilar de uma classe média que é o motor do desenvolvimento económico da nação e sobretudo com a manutenção e até enriquecimento da classe dos que tudo têm e que sempre querem mais, não cedendo um palmo dos privilégios adquiridos.
Esta desigualdade social que tem sido um dos grandes pilares da política deste governo, não é emanada de qualquer compromisso que se tomou com as entidades que realmente agora governam o país, mas sim uma vontade própria deste governo, perante a passividade quando não, mesmo a complacência do pior Presidente da República que Portugal já teve desde1974.
Tudo isto está na base na decisão, quanto a mim justa, da Comissão dos Militares de Abril de não estarem presentes nas comemorações oficiais deste dia, já que quem nos governa não está senão a fazer uma encenação de comemorar uma data que realmente não sente como sua. E há ainda a desfaçatez, quando não a pequenez política de um Primeiro Ministro a falar em termos pouco edificantes de pessoas a quem devia, pelo menos institucionalmente mais respeito e que dele não recebem qual quer lição: Mário Soares e Manuel Alegre.
Por tudo isto, Miguel Portas partiu ainda na data das trevas políticas deste velho país, data a que os actuais governantes parece quererem que Portugal volte, pese embora queiram mostrar uma face que não possuem e que Miguel Portas tinha e nunca hesitou mostrar: coerência política!
A primeira foto foi tirada do blog "WEHAVEKAOSINTHEGARDEN".
©Todos os direitos reservados A utilização dos textos deste blogue, qualquer que seja o seu fim, em parte ou no seu todo, requer prévio consentimento do seu autor.
Infelizmente, a maior parte das pessoas que hoje têm menos de quarenta anos e que são a força vital da nação, pouco ligam à data ou voluntariamente ou por desconhecimento, o que não os desculpa, pois é da mais elementar forma de cultura saber o que representou e representa para Portugal uma data que acabou com uma ditadura de quase 50 anos e devolveu ao povo português o orgulho nacional.
Ainda mais lamentável é assistir hoje à destruição sistemática dos valores instituídos pelo 25 de Abril, no dia a dia, e por parte de pessoas com responsabilidades governamentais que estão a levar o povo português a um estado de descontentamento como só Há paralelo antes dessa data.
Sim, há liberdade e democracia, caso contrário eu não estaria aqui para falar desta maneira, mas que dizer quando nas vésperas da celebração desta data, vem o Governo ameaçar estar atento a todos os actos potencialmente violentos decorrentes dessas celebrações: estarão com medo de que haja um novo 25 de Abril? Talvez isso seja necessário, sim, não como clama o eterno palhaço Otelo, mas nas consciências de todo o povo português que vê serem-lhe cerceadas todas as oportunidades de uma vida decente e digna, com um empobrecimento cada vez mais assustador das classes mais desfavorecidas, com o aniquilar de uma classe média que é o motor do desenvolvimento económico da nação e sobretudo com a manutenção e até enriquecimento da classe dos que tudo têm e que sempre querem mais, não cedendo um palmo dos privilégios adquiridos.
Esta desigualdade social que tem sido um dos grandes pilares da política deste governo, não é emanada de qualquer compromisso que se tomou com as entidades que realmente agora governam o país, mas sim uma vontade própria deste governo, perante a passividade quando não, mesmo a complacência do pior Presidente da República que Portugal já teve desde1974.
Tudo isto está na base na decisão, quanto a mim justa, da Comissão dos Militares de Abril de não estarem presentes nas comemorações oficiais deste dia, já que quem nos governa não está senão a fazer uma encenação de comemorar uma data que realmente não sente como sua. E há ainda a desfaçatez, quando não a pequenez política de um Primeiro Ministro a falar em termos pouco edificantes de pessoas a quem devia, pelo menos institucionalmente mais respeito e que dele não recebem qual quer lição: Mário Soares e Manuel Alegre.
Por tudo isto, Miguel Portas partiu ainda na data das trevas políticas deste velho país, data a que os actuais governantes parece quererem que Portugal volte, pese embora queiram mostrar uma face que não possuem e que Miguel Portas tinha e nunca hesitou mostrar: coerência política!
A primeira foto foi tirada do blog "WEHAVEKAOSINTHEGARDEN".
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terça-feira, 24 de abril de 2012
"O Corsário"
"O Corsário" é uma das mais conhecidas peças do bailado clássico. Baseado num poema de Lord Byron, com música de Adolph Adam e coreografia de Marius Petipa, tem naquele que é conhecido como "Grand Pas de Deux", o seu mais belo momento, e talvez numa apreciação muito subjectiva um dos melhores "pas de deux" de todo o bailado clássico.
Depois de ter visto no blog "As Tertúlias" do meu bom amigo Ricardo, uma versão muito bonita e original desta peça, já que é observada dos bastidores, veio-me à lembrança uma inesquecível noite de bailado no Coliseu de Lisboa, com o Royal Ballet, e tendo como principais figuras os lendários bailarinos Rudolph Nureyev e "dame" Margot Fonteyn; nesse espectáculo fazia parte do repertório, precisamente este "pas de deux", que eu tive a grata oportunidade de ver e aplaudir ao vivo.
É essa peça que hoje aqui deixo, e mesmo a quem não seja um seguidor habitual de ballet, pode passar indiferente a este momento de arte, beleza e magia.
domingo, 22 de abril de 2012
A propósito de um livro...
Este será talvez um dos posts mais longos deste blog, começo por avisar...
Na minha febre devoradora de livros actual, da Páscoa até hoje li, "O Mestre" de Tom Coíbin, "O 3º.Sexo" de Raquel Lito, "Clarabóia", de José Saramago e acabei há pouco um livro singular, de seu nome "O Livro dos Dias" de Stephen J.Rivelle.
É este livro que me traz aqui o assunto das Cruzadas, Mas primeiro quero frisar dois ou três pontos importantes; o autor, um americano de origem francesa, numa viagem à Europa, decidiu conhecer um pouco da história dos seus antepassados. E foi assim que tomou conhecimento da existência de um diário escrito por Roger, Duquede Lunel, um comandante da Primeira Cruzada (1096-1099), e que foi conservado pelos clérigos da Igreja de Saint Gilles de Lunel, até que um descendente de Roger se apresentasse.
Há quem considere este livro como o relato mais fiel da Primeira Cruzada e nele o autor do diário disseca de uma forma brilhante o que levava toda aquela gente a "embarcar" numa aventura tamanha, e que seria mais do que defender a Terra Santa dos ocupantes não cristãos, mas sim a expiação dos seus pecados. E é ele próprio que exemplifica com a sua vida essa visão da Cruzada, já que vai dando conta do seu passado e no próprio decorrer da Cruzada, de outros pecados e vivências.
Um parêntesis para referir que sou um admirador confesso da História, mas sempre tive uma profunda aversão pelo período da Idade Média, um período obscuro dominado totalmente por uma Igreja, que não deixava vir à superfície senão a miséria, a precariedade dos povos, a selvajaria e a brutalidade das guerras e não trouxe nada de bom à Humanidade na sua vigência. Se dúvidas tivesse antes, depois de ler este livro fiquei perfeitamente esclarecido.
Mas vamos então às Cruzadas.
As Cruzadas são tradicionalmente definidas como expedições de caráter "militar" organizadas pela Igreja, para combaterem os inimigos do cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos desses infiéis. O movimento estendeu-se desde os fins do século XI até meados do século XIII. O termo Cruzadas passou a designá-lo em virtude de seus adeptos (os chamados soldados de Cristo) serem identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes. A cruz simbolizava o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus. Era o testemunho visível e público de engajamento individual e particular na empreitada divina.
O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos factores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros factores explicativos das Cruzadas. Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direcção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa, a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis, os hereges e todos os demais que não aceitavam a igreja.
Tendo como base a intensa religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa.
Houve nove cruzadas, mas se lhes acrescentarmos a Cruzada dos Populares ou dos Mendigos, a Cruzada Albigense e a Cruzada das Crianças, elas foram realmente doze.
Nesta carta podemos ver os percursos das quatro primeiras Cruzadas.
O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos factores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros factores explicativos das Cruzadas. Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direcção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa, a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis, os hereges e todos os demais que não aceitavam a igreja.
Tendo como base a intensa religiosidade presente na sociedade feudal a Igreja sempre defendia a participação dos fiéis na Guerra Santa, prometendo a eles recompensas divinas, como a salvação da alma e a vida eterna, através de sucessivas pregações realizadas em toda a Europa.
Houve nove cruzadas, mas se lhes acrescentarmos a Cruzada dos Populares ou dos Mendigos, a Cruzada Albigense e a Cruzada das Crianças, elas foram realmente doze.
Nesta carta podemos ver os percursos das quatro primeiras Cruzadas.
Já referi a data da Primeira Cruzada, (1096-1099), tendo a última, a Nona Cruzada, ocorrido já no século XIII (1271-1272).
Focando-nos apenas na Primeira Cruzada, da qual o livro fala com imenso rigor histórico: *
* Esta descrição mais minuciosa, apenas interessará a quem goste verdadeiramente de História ou do movimento das Cruzadas, embora seja fascinante.
Em Agosto de 1096 partiu a Primeira Cruzada "oficial", chamada de Cruzada dos Nobres, Cruzada dos Cavaleiros ou Cruzada dos Barões (1096-1099). No total, esta expedição militar organizada, radicalmente diferente do movimento de peregrinos pobres da Cruzada Popular, consistiria em cerca de 30.000-35.000 guerreiros, incluindo 5.000 cavaleiros.
Liderada espiritualmente por Ademar de Monteil, legado papal e bispo de Le Puy, a liderança militar era repartida e disputada principalmente por:
§ Raimundo IV de Toulouse, talvez o mais carismático líder no início da expedição, já tinha participado da Reconquista e era acompanhado pelos cavaleiros da Provença e pelo legado Ademar; (era a este Senhor Feudal quem servia Roger, Duque de Lunel)
§ Boemundo de Taranto, líder dos normandos do sul da Itália, velhos inimigos do Império Bizantino, acompanhado pelo seu sobrinho Tancredo de Hauteville;
§ Godofredo de Bulhão trazia um exército da Lorena, juntamente com os seus irmãos Eustácio III de Bolonha e Balduíno de Bolonha, e foi acompanhado por Roberto II da Flandres e os seus flamengos;
§ Hugo I de Vermandois, irmão de Filipe I da França, portador do estandarte papal.
Liderada espiritualmente por Ademar de Monteil, legado papal e bispo de Le Puy, a liderança militar era repartida e disputada principalmente por:
§ Raimundo IV de Toulouse, talvez o mais carismático líder no início da expedição, já tinha participado da Reconquista e era acompanhado pelos cavaleiros da Provença e pelo legado Ademar; (era a este Senhor Feudal quem servia Roger, Duque de Lunel)
§ Boemundo de Taranto, líder dos normandos do sul da Itália, velhos inimigos do Império Bizantino, acompanhado pelo seu sobrinho Tancredo de Hauteville;
§ Godofredo de Bulhão trazia um exército da Lorena, juntamente com os seus irmãos Eustácio III de Bolonha e Balduíno de Bolonha, e foi acompanhado por Roberto II da Flandres e os seus flamengos;
§ Hugo I de Vermandois, irmão de Filipe I da França, portador do estandarte papal.
§ Roberto II da Normandia (irmão do rei Guilherme II da Inglaterra) e Estêvão de Blois (neto de Guilherme I de Inglaterra), traziam o contingente do norte da França.
Hugo I de Vermandois comandou o primeiro contingente a chegar a Constantinopla. Saíu da França a meados Agosto e passou pela Itália, recebendo o estandarte de São Pedro em Roma. No caminho, muitos dos seguidores do conde Emico juntaram-se-lhe após a derrota que tinham sofrido contra os húngaros. Ao contrário dos outros exércitos cruzados que viajaram por terra, este atravessou o mar Adriático, partindo de Bari. Mas uma tempestade ao largo do porto bizantino de Dyrrhachium destruíu muitos dos seus navios. Os sobreviventes foram resgatados pelos bizantinos e escoltados para Constantinopla, onde chegaram em Novembro.
Godofredo de Bulhão e os seus irmãos seguiram pela "Estrada de Carlos Magno" como, segundo o cronista Roberto o Monge, Urbano II terá chamado a este trajecto (que passava por Ratisbona, Viena, Belgrado e Sófia). Ao passarem pela Hungria tiveram alguns conflitos com os locais, que já tinham sido atacados pelas diferentes vagas da Cruzada Popular. O rei Colomano exigiu um refém para garantir a conduta correcta dos cruzados, e por isso Balduíno de Bolonha ficou em poder dos húngaros até os seus companheiros saírem deste território.
Depois de mais algumas escaramuças no domínios do Império Bizantino, os bolonheses foram o segundo exército a chegar a Constantinopla, em Novembro, e mais uma vez não conseguiram evitar que as suas forças pilhassem os territórios vizinhos. O imperador Aleixo I Comneno foi forçado a ceder um refém aos cruzados para repor a paz, e o escolhido foi o seu filho e futuro imperador João II Comneno, que foi confiado a Balduíno.
Boemundo de Taranto tinha motivações geopolíticas específicas aos seus domínios para se envolver em uma expedição até territórios bizantinos. Partiu do sul da Itália assim que as primeiras forças francesas passaram pelos seus domínios e chegou a Constantinopla em Abril de 1097.
O mais numeroso dos exércitos, encabeçado por Raimundo IV de Toulouse, era acompanhado pelo legado Ademar de Monteil. Com alguma dificuldade atravessaram a Dalmácia (actual costa croata) durante o Inverno. Ao chegar aDyrrhachium, entraram na estrada romana Via Egnatia, que os levou a Tessalónica e depois a Constantinopla no 21 de Abril.
O último grande contingente, sob as ordens de Roberto II da Normandia, saiu de Brindisi e cruzou o mar Adriático, chegando à capital bizantina em Maio de 1097, dois meses depois da aniquilação da Cruzada Popular.
Com escassez de alimentos, os cruzados acampados às portas de Constantinopla esperavam que Aleixo I Comneno, que tinha solicitado a sua ajuda, alimentasse a vasta multidão, reforçada pelos ainda mais miseráveis sobreviventes da Cruzada Popular. Outros populares pobres, sem equipamento, armas e armaduras adequadas para a campanha militar, tinham acompanhado os vários nobres. Pedro o Eremita, que se juntara à Cruzada dos Nobres em Constantinopla, foi responsabilizado pelo bem-estar destes pauperes, que assim se organizaram em pequenos grupos, geralmente liderados por um nobre também empobrecido.
O imperador bizantino estava apreensivo quanto a esta multidão, frequentemente hostil, que provocara incidentes com os povos dos locais por onde passava, para além da sua experiência anterior com os peregrinos da Cruzada Popular. Para além disso, o seu velho inimigo Boemundo de Taranto liderava parte da expedição.
Pretendendo exercer algum controlo sobre os cruzados, em troca de provisões e transporte para a Ásia Menor, Aleixo exigiu que os líderes da cruzada lhe prestassem um juramento de vassalagem e prometessem entregar ao controlo bizantino todas as terras que conquistassem aos turcos. O braço de ferro entre orientais e ocidentais quase levou a um conflito armado em grande escala na capital do império.
Sem alternativa, a maioria dos líderes sujeitou-se ao juramento, que acabariam por não cumprir. Outros, como Tancredo de Hauteville, recusaram-se terminantemente, e Aleixo acabou por ceder em fornecer provisões e transporte a todos. Raimundo IV de Toulouse terá sido o mais hábil político, evitou fazer o juramento ao prometer vassalagem ao imperador apenas se este liderasse pessoalmente a cruzada. O bizantino recusou, mas ambos se tornaram aliados, partilhando uma apreensão em comum sobre a pessoa de Boemundo.
Para acompanhar os cruzados através da Ásia Menor, Aleixo enviou um exército bizantino liderado por um general chamado Tatizius. Conforme o acordado em Constantinopla, o seu primeiro objectivo era a tomada de Niceia, recentemente conquistada pelos seljúcidas, e agora a capital do Sultanato de Rum. Boemundo de Tarantotornou-se no principal líder da Primeira Cruzada no percurso de Constantinopla a Antioquia. Comandou um cerco algo ineficaz a Niceia, uma vez que não foi possível controlar os movimentos no lago que bordeava a cidade, e por onde esta continuava a poder receber abastecimentos e fazer comunicações.
O sultão Kilij Arslan I, fora da cidade, aconselhou os seus soldados a renderem-se se a sua situação se tornasse insustentável. Temendo que os cruzados saqueassem Niceia e a destruíssem, ou que não cumprissem o seu juramento de lhe entregar as suas conquistas no Levante, durante a noite Aleixo I Comneno negociou em segredo a rendição da cidade ao Império Bizantino. Na manhã de 19 de Junho de 1097 os cristãos latinos surpreenderam-se ao ver o estandarte bizantino nas muralhas da cidade. Proibidos de saquear, só lhes foi permitida a entrada na cidade de pequenos grupos, sob escolta.
Sentindo-se traídos pelos seus aliados, e depois de coagidos a prestar o juramento de vassalagem, a partir deste momento os cruzados começaram a sentir-se sozinhos na sua expedição, sem obrigações para com os bizantinos. Para simplificar o problema dos abastecimentos, o exército cristão dicidiu-se em dois grupos: na vanguarda, Boemundo, Tancredo de Hauteville,Roberto II da Normandia e Roberto II da Flandres, ainda acompanhados de forças imperiais; na retaguarda, Godofredo de Bulhão, Balduíno de Bolonha, Raimundo IV de Toulouse, Estêvão de Blois e Hugo I de Vermandois. Estêvão de Blois escreveu para a sua esposa neste período, dizendo acreditar que a marcha até Jerusalém demoraria cinco semanas. Na verdade, demoraria dois anos, e Estêvão abandonaria a cruzada antes disso.
A 1 de Julho, o grupo de Boemundo foi cercado nas proximidades de Dorileia. Godofredo e mais alguns do segundo grupo vieram em auxílio de Boemundo, mas seriam as forças do legado Ademar de Monteil, provavelmente comandadas por Raimundo de Toulouse, que tornariam a batalha numa vitória decisiva dos cruzados. Kilij Arslan retirou e os cruzados continuaram quase sem oposição através da Ásia Menor, na direcção de Antioquia. Pelo caminho conquistaram algumas cidades - Sozopolis, Iconium e Cesareia Mazaca - apesar de a maioria destas voltar para o domínio turco em 1101.
Em pleno Verão a marcha era difícil, e os cruzados tinham pouca comida e água, pelo que homens e cavalos morriam em grande número. Apesar de ofertas de alimentos e dinheiro que por vezes recebiam de outros cristãos na Ásia e na Europa, os peregrinos viam a sua sobrevivência dependente de pilhagens aos poucos locais com recursos por onde passavam. Ao mesmo tempo, os diferentes líderes continuavam a disputar a primazia militar da expedição. Apesar de nenhum se conseguir afirmar decisivamente, a liderança espiritual era universalmente reconhecida no bispo Ademar de Monteil.
Em Heraclea Cybistra, Balduíno de Bolonha e Tancredo de Hauteville separaram-se das restantes forças, entrando em conflito entre si pela posse deTarso e outras praças que conquistariam aos cristãos arménios, ambos tentando estabelecer os seus feudos no Levante. Mas a situação nunca passou de pequenas escaramuças, tendo Tancredo acabado por continuar a sua marcha para Antioquia.
Depois de se juntar ao exército principal em Marach, Balduíno recebeu o convite de um arménio chamado Bagrat e seguiu para leste, em direcção ao rio Eufrates, onde tomou a fortaleza de Turbessel. Depois recebeu outro convite, desta vez de Teodoro de Edessa, um ortodoxo grego em conflito com a ortodoxia arménia dos seus súbditos. Balduíno foi-se impondo na política deste isolado domínio, depois ameaçou partir para se juntar aos restantes cruzados, obrigando o governante a adoptá-lo como filho e herdeiro. Teodoro foi assassinado a 9 de Março de 1098 e Balduíno sucedeu-o, tomando o título de conde e assim criando o primeiro estado cruzado - o Condado de Edessa.
Os cruzados tinham ouvido o rumor que Antioquia tinha sido abandonada pelos turcos seljúcidas, pelo que se apressaram a tomá-la. Mas ao chegar aos arredores da cidade a 20 de Outubro, verificaram que esta ainda estava ocupada e disposta a oferecer grande resistência, protegida por imponentes muralhas. Para além disso, a cidade era tão grande que os invasores não tinham homens suficientes a cercá-la eficazmente, pelo que foi parcialmente abastecida pelo exterior.
Durante os oito meses do cerco, em que tiveram de combater contra um exército de Damasco e outro de Alepo, os cruzados passaram por grandes dificuldades. Foram forçados a comer até os próprios cavalos ou, conforme as lendas, os corpos dos companheiros cristãos que não sobreviveram. Estêvão de Blois e Hugo I de Vermandois abandonaram esta expedição, acabando depois por aderir à Cruzada de 1101 para cumprir o seu voto. Balduíno de Edessa enviou dinheiro e mantimentos ao exército latino, apesar de não participar pessoalmente na acção militar.
Face às dificuldades do cerco, Boemundo de Taranto viu a ocasião de tomar um domínio para si. Imediatamente ameaçou, com o pretexto da demora, voltar a Itália para trazer reforços, mas as suas capacidades estratégicas e a importância do contingente que o acompanhava eram absolutamente necessárias à cruzada. Por isso foi-lhe prometido tudo o que quisesse para continuar. Entretanto a partida de Tatizius, o representante do Império Bizantino, deu-lhe um pretexto para alegar uma traição, o que podia autorizar os cruzados a considerarem-se livres do seu juramento a Aleixo I Comneno.
Quando chegaram notícias da aproximação de Kerbogha de Mossul, Boemundo pressionou um sentinela arménio, com quem tinha vindo a trocar comunicações, para permitir a entrada de um pequeno grupo de cruzados para abrir as portas da cidade ao exército principal. O plano teve lugar a 3 de Junho de 1098, seguindo-se o massacre dos habitantes muçulmanos da cidade.
Somente quatro dias depois, Kerbogha chegou para sitiar os até ao momento sitiadores da cidade. Devido ao longo cerco a que tinham sujeitado Antioquia, havia pouco alimento e a peste alastrava-se. Aleixo Comneno vinha a caminho para auxiliar os cruzados mas voltou para trás ao ouvir as notícias de que a cidade já tinha sido retomada.
No entanto estes ainda resistiam, moralizados por um monge chamado Pedro Bartolomeu que afirmou ter descoberto a lança do destino, que ferira o flanco de Cristo na cruz. Com este novo objecto santo à cabeça do exército, marcharam ao encontro dos muçulmanos, a quem derrotaram miraculosamente - milagre segundo os cruzados, que afirmavam ter surgido um exército de santos a combater juntamente com eles no campo da batalha.
Boemundo pretendeu tomar Antioquia para um seu domínio, mas nem todos os outros líderes concordaram, particularmente Raimundo IV de Toulouse, e a cruzada atrasou enquanto os nobres criavam partidos e discutiam. Historiograficamente entende-se que os francos do norte da França, os provençais do sul da França e os normandos do sul da Itália se consideravam "nações" separadas no todo do exército, e que cada contingente se unia para ganhar poder sobre os outros. Este pode ter sido um dos motivos para as disputas, mas a ambição pessoal dos líderes terá também tido um peso muito importante.
A tomada de Antioquia
Entretanto, a fome e a peste (provavelmente tifo) alastravam, matando inclusivamente o único líder incontestado e principal unificador da expedição, Ademar de Monteil. Em Dezembro, a cidade de Ma'arrat al-Numan foi conquistada depois de um cerco, seguindo-se o marcante incidente de um novo massacre e do canibalismo dos cruzados aos habitantes locais.
Descontentes, os nobres menores e os soldados ameaçaram seguir para Jerusalém sem os seus líderes mais notáveis. Sob esta pressão, no início de 1099 Raimundo de Toulouse (o mais carismático devido à sua crença no poder da santa lança) liderou a marcha para a cidade santa, deixando Boemundo livre para se estabelecer no seu Principado de Antioquia - o segundo estado cruzado.
Em Dezembro de 1098/Janeiro de 1099, Roberto II da Normandia e Tancredo de Hauteville tornaram-se vassalos do mais poderoso e rico Raimundo IV de Toulouse. Godofredo de Bulhão, apoiado pelo seu irmão Balduíno de Edessa, recusou-se.
A 13 de Janeiro, Raimundo iniciou a marcha em direcção ao sul, descalço e vestido como um peregrino, percorrendo a costa do mar Mediterrâneo. Os cruzados enfrentaram pouca resistência, uma vez que os pouco poderosos governantes muçulmanos locais preferiram comprar uma paz com provisões em vez de lutar. Também é provável que estes, pertencentes ao ramo sunita do Islão, preferissem o controlo de estrangeiros ao governo xiita dos fatímidas.
A caminho encontrava-se o emirado de Trípoli. Em 14 de Fevereiro o conde de Toulouse iniciou o cerco de Arqa, uma cidade deste domínio. Provavelmente, uma das suas intenções seria fundar um território independente em Trípoli que limitasse a capacidade de Boemundo expandir o seu principado para sul. Mas o cerco demorou mais do que o previsto e, apesar de algumas conquistas menores no local, o atraso da cruzada para Jerusalém fez-lhe perder muito do apoio que ganhara em Antioquia.
A cruzada prosseguiu a 13 de Maio, ao longo da região costeira, passando por Beirute no dia 19 e Tiro a 23. Em Jaffa abandonaram a costa e a 3 de Junho alcançaram Ramla, que tinha sido abandonada pelos seus habitantes. No dia 6 Godofredo enviou Gastão IV de Béarn e Tancredo de Hauteville para a bem sucedida conquista de Belém, e a 7 de Junho de 1099 os cruzados chegaram a Jerusalém, acampando no exterior da cidade. O exército cristão ficara reduzido a cerca de 1.200/1.500 cavaleiros e 12.000/20.000 soldados de infantaria, carentes de armas e provisões.
Um padre chamado Pedro Desiderius ofereceu uma solução de fé: afirmou que uma visão divina lhe tinha dado instruções para que os cristãos jejuassem e depois marchassem descalços em procissão ao redor das muralhas da cidade; estas cairiam em nove dias, da mesma forma que a Bíblia relata ter acontecido com Josué no cerco de Jericó. A procissão realizou-se no dia 8 de Julho.
Entretanto, uma frota da República de Génova liderada por Guilherme Embriaco desmantelara os seus navios para construir torres de assalto com a sua madeira, com as quais foi possível derrubar secções das muralhas. O ataque principal ocorreu a 14 e 15 de Julho (uma sexta-feira santa, sete dias depois da procissão). Vários nobres reclamaram a honra de terem sido os primeiros a penetrar na cidade. Segundo uma das crónicas da época, a exacta sequência terá sido Letoldo e Gilberto de Tournai, depois Godofredo de Bulhão e o seu irmão Eustácio III de Bolonha, Tancredo e os seus homens. Outros cruzados entraram pela antiga entrada dos peregrinos.
Durante a tarde e noite do dia 15 e manhã do dia seguinte, os cruzados massacraram a população de Jerusalém - muçulmanos, judeus e cristãos do oriente. Godofredo de Bulhão não terá participado deste aspecto mais violento, Tancredo de Hauteville e Raimundo de Toulouse teriam tentado proteger alguns grupos da fúria assassina, mas na generalidade falharam: a maioria dos relatos só diverge na descrição da quantidade de cadáveres amontoados ou de sangue que escorria pelo chão - segundo um cronista "Nunca ninguém tinha visto ou ouvido falar de tal mortandade de gentes pagãs". A estimativa do número de mortos varia entre 6.000 e 40.000. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Assim que a tomada da cidade foi concluída, era necessário estabelecer um governo. A 22 de Julho, realizou-se um concílio na Igreja do Santo Sepulcro.Raimundo IV de Toulouse foi o primeiro a recusar o título de rei, talvez tentando provar a sua piedade, mas provavelmente esperando que os outros nobres insistissem na sua eleição.
Godofredo de Bulhão, que se tornara no nobre mais popular depois das acções do conde de Toulouse no cerco de Antioquia, aceitou o cargo de líder secular, mas recusou-se a ser coroado rei na cidade onde Cristo usara a coroa de espinhos. O seu título ficou assim mal definido - teria sido Advocatus Sancti Sepulchri (Protector do Santo Sepulcro), princeps (príncipe) ou dux (duque). Raimundo terá ficado desagradado com isto e saiu com o seu exército para acabar por cercar Trípoli.
A 12 de Agosto teve lugar a última batalha da Primeira Cruzada, com a relíquia da cruz na qual Jesus teria sido crucificado (descoberta no dia 5) na vanguarda do exército - em Ascalon, Godofredo de Bulhão e Roberto II da Flandres venceram os fatímidas. Depois disto, a maioria dos cruzados, entre os quais Roberto da Flandres e Roberto da Normandia, considerou os seus votos cumpridos e voltou para a Europa. Segundo Fulquério de Chartres, apenas algumas centenas de cavaleiros permaneceram no reino recém-formado.
Carta da Primeira Cruzada (Roger pertencia ao grupo assinalado a azul claro, proveniente da França). Todos os grupos se reuniram em Constantinopola.
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