segunda-feira, 7 de maio de 2012

E agora, Europa???

Ontem houve várias eleições, na Europa.

Umas mais importantes que as outras e umas que podem vir a se verdadeiramente importantes, a curto prazo, para o nosso país.

Deixando essas para o fim, ou seja as presidenciais em França e as legislativas, na Grécia, referir que houve outras eleições menos importantes, mas com algum significado em três países comunitários: no Reino Unido, na Itália e na Alemanha; e curiosamente o único resultado agradável para a chanceler alemã foi o seu, pois que é evidente que o povo alemão não sente ou sente menos a crise.
Tanto na Itália como no Reino Unido, os resultados foram bem contrários aos governos actuais desses países, mostrando o descontentamento do povo.

Houve também, extra EU, eleições na Sérvia, a que eu dou realce, naturalmente, por ser o país do Déjan e eu estar mais ou menos por dentro da política daquele país que eu muito gosto. Foram eleições presidenciais, legislativas e autárquicas. Quanto às presidenciais, como era esperado os dois principais candidatos, o actual presidente, Boris Tadic, do Partido Democrático (esquerda moderada)
e o líder da oposição, Tomislav Nikolic, do Partido Progressista (centro direita), vão disputar dentro de duas semanas uma segunda volta, sendo de esperar a reeleição de Tadic, que por ora teve uma ligeira vantagem sobre o seu adversário. Nas legislativas houve quase um empate técnico entre estes dois partidos, pelo que tudo ficará na mesma e a médio prazo a Sérvia integrará a EU.

Passando agora às eleições francesas, pela primeira vez, um presidente não é reeleito para um segundo mandato; Sarkozy pagou caro o seu apoio incondicional a Ângela Merckl e quem beneficiou foi um candidato que há um ano atrás ninguém pensaria poder vir a ser o candidato dos socialistas. François Hollande,
até agora uma personalidade algo parda do PS francês, viu mesmo nas últimas eleições ser designada a sua então esposa Ségolène Royal como candidata que perdeu para Sarkozy e este ano só as aventuras sexuais do ex-presidente do FMI, Strauss-Kahn, o levaram a ser candidato. No entanto fez uma boa campanha, tendo sabido gerir o descontentamento para com Sarkozy a seu favor, tendo tido uma aliada “contra natura”, a líder da Frente Nacional, Marine Le Penn, menos agressiva que o seu pai e que, caso falhe Hollande será uma candidata muito séria para novas eleições presidenciais. Hollande já fez saber que não está de acordo com a política de demasiada austeridade determinada pela Alemanha e não será pau mandado de Merckl. Mesmo em relação a Portugal, numa entrevista dada a 1 de Maio ao correspondente da RTP, afirmou não concordar com a demasiada austeridade sem crescimento económico no nosso país. Um bom sinal foi já dado de que logo que tome posse, diminuirá o seu salário e o dos seus ministros em 30% e haverá um tecto salarial para altos dirigentes públicos; sim, isto também é austeridade, mas é uma boa austeridade. Não é fácil a sua tarefa, mas eu quero acreditar que François Hollande poderá vir a ser uma boa surpresa, para bem da Europa e de Portugal, é óbvio. Ainda neste mês ele será posto à prova em reuniões importantes, quer na EU, quer nos G8.

Quanto à Grécia, as coisas estão deveras complicadas e há uma séria ameaça de que o país esteja em breve numa situação de ingovernabilidade.
Como se esperava, os dois partidos que nos últimos anos têm governado o país foram severamente castigados, mais o PASOK que a Nova Democracia, que apesar de ter o seu pior resultado eleitoral de sempre, ainda foi o mais votado. Não vai ser fácil chegar a um entendimento para formar governo, pois houve uma subida grande dos dois partidos extremistas, o SYRIZA, de esquerda e o Amanhecer Dourado, da direita (neo nazi). Qualquer destes dois partidos se opõe totalmente às medidas obrigadas a tomar pela troika ao povo grego e mesmo os outros dois partidos, na sua campanha prometiam um aliviar da austeridade. Sendo o SYRIZA o segundo partido mais votado, à frente do PASOK, tudo está muito confuso e é uma situação que vai criar possivelmente muitos problemas à EU. Durão Barroso e a senhora Merckl que se cuidem, pois até pode vir a ser decretada a curto prazo a saída da Grécia da zona euro.

Enfim, dias de grande expectativa, mas decerto de mudança na Europa comunitária. Entretanto Passos Coelho e a sua equipa de tecnocratas, estão cada vez mais isolados na sua política de obediência cega aos ditames dos sistemas financeiros de mercado que realmente nos governam…

32 comentários:

  1. Estou por fora da política europeia
    mas me parece a primeira vista que foi bom o conservadorismo de Sarkozy ter perdido as eleições

    ResponderEliminar
  2. João,
    Estou com esperança em Hollande. É cinzentão, não tem experiência política, mas quantos com esses predicados têm feito burrada e da grossa!
    Vamos ter esperança no homem. Para bem de França - que é uma grande nação e um país sem o qual a Europa não pode ser construída - para bem de Portugal e de toda a Europa. Há que renegociar o pacto orçamental que é uma verdadeira aberração, não permitindo défices orçamentais superiores a 0,5% e dívidas públicas superiores a 60% do PIB. Tudo isto é muito bonito, no papel e em tempos de vacas gordas. Em tempos difíceis, isto é apenas passo para o abismo, como se tem visto.
    Há que controlar as contas públicas, isso é óbvio, mas não é necessário reduzir os défices a zero nem que isso se faça à velocidade da luz. Há que fazê-lo sim, mas com um ritmo que não ponha em causa o crescimento económico, o emprego e a coesão social dos países europeus.
    Por causa dos fantasmas históricos da Alemanha, e dos sacrossantos mercados, levam-se nações e povos inteiros à miséria, e no limite, a um conflito bélico. Tenhamos bem presente os anos 30 do século XX, porque embora a história nunca se repita, tem porém muitas similitudes.
    No respeitante à Sérvia nada tenho a comentar, não conheço minimamente a sua realidade política. Aí sim, tudo podes-nos elucidar melhor.

    Quanto à Grécia, neste momento só gostaria de dizer que está em risco de se tornar ingovernável. Mas o facto de um partido tipo BE - o Syriza - ser a 2.ª força mais votada, só por si já é uma novidade e, quem sabe, a experiência grega pode ser uma lufada de ar puro para os outros países europeus com maiores dificuldades.

    ResponderEliminar
  3. Temos uma Europa completamente desiquilibrada enquanto um núcleo duro tenta impôr as suas políticas economicistas. Vamos ver até onde esta nova mudança de presidência francesa nos pode valer. Esperemos que pelo menos enfraqueça a ideologia Merkel.

    Já estou de volta!

    ResponderEliminar
  4. Tenho um enorme prazer de visitar este blog, pois sempre que venho, encontro sempre assuntos interessantes e, muito amiúde, aprendo algo.
    Com respeito ao assunto "Grécia", com essa possível ingovernabilidade e com o descontentamento bem declarado dos gregos, não pode haver o risco de uma revolução civil?
    Gostaria de saber o que achas.
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  5. Teremos verdadeiros sinais de esperança para a Europa?
    A mudança de rumo político na França é de salutar. Hollande é um homem bastante mais moderado e esperemos que não alinhe na política de directório imposto pela Alemanha da chanceler Merckl. Há uma esperança de que o tradicional eixo "Paris-Berlim" dê lugar a um eixo "Paris-Madrid-Roma", no qual Lisboa ficaria a ganhar e muito!... Gostaria também de destacar a vitória de Hollande como uma esperança para que a França não ratifique o Tratado Orçamental (ao contrário de Portugal que foi o primeiro país da UE a fazê-lo...). O Tratado "Aberracional" corresponde a uma total intromissão da Comissão Europeia nos assuntos internos de cada Estado-Membro, para além de ter sido elaborado à margem de todos os Tratados institutivos da UE. Trata-se de uma ingerência absurda e a todos os níveis reprovável. Ao que tudo indica, Hollande quer renegociar o dito Tratado. A ver vamos!
    Quanto à Grécia, também se avizinham dias difíceis. Não sei até que ponto a Grécia conseguirá recuperar algum do seu fôlego com esta mudança...

    Que tudo tenha servido para uma mudança na Europa!

    Abraço, my dear. ^^

    ResponderEliminar
  6. Frederico
    a Europa comunitária está no meio de uma grande confusão e a mando da Alemanha.
    Precisa de um bom abanão e espero que o novo presidente francês o provoque.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  7. Lear
    concordo inteiramente com o que afirmas sobre a eleição de Hollande.
    Ainda bem que o Strauss-Khan se dá bem com putas, pois se ele fosse candidato, nada ou muito pouco mudaria, pois ele era um homem do FMI...
    Também eu acredito em Hollade.
    Na Grécia, ouvi agora, já depois de ter escrito o texto, que Samaras recusou por impossibilidade, formar governo.
    Não estou a ver um partido de extrema esquerda e outro de extrema direita coligarem-se para juntos com outros formarem governo, pois a única coisa em que estão de acordo é a recusa das exigências da troika.
    Alguma coisa há-de nascer daqui.
    Da confusão sempre acabou por se fazer luz...
    Quanto à Sérvia, tirando a questão do nacionalismo e do Kosovo, pouco distingue os dois partidos e os seus líderes - tudo vai ficar como dantes e a Sérvia vai caminhando para a Europa; já não é sem tempo...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  8. Mz
    Welcome back!!!
    Esse núcleo duro de que falas está hoje reduzido à poderosa Alemanha e ao miserabilismo do seu condicional apoiante Passos Coelho...
    Não compreendo a passividade do povo português, depois da super actividade dos tempos de Sócrates.
    Pode ser que o Seguro acorde com a vitória socialista em França...
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  9. Mark
    gosto do nome dado ao tratado orçamental - Tratado Aberracional!
    Penso não ser difícil esse eixo Paris-Madrid-Roma. Rajoy já pôs a ideologia de parte e estendeu a mão a Hollande. E o discurso deste na Bastilha foi muito incisivo quando afirmou que há muitos países europeus com os olhos na nova França.
    Portugal, o povo, não o governo penso que tem esperança nele.
    Na Grécia é a confusão generalizada, "à grega", pois os gregos são confusos por natureza.
    Mas teria que haver um povo a dizer: Basta!!!
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  10. Rosa
    da Grécia tudo se pode esperar, mas acho que chegar a esse ponto não, pois por incrível que pareça, toda esta austeridade acaba por unir os gregos; eles estão fartos...
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  11. Quando aqui passo aprendo sempre.
    Com o que escreves e muito bem, mas também com os comentários que acrescentam um pouco mais (como se eu estivesse a ouvir-vos).

    Tenho esperança...

    Um abraço, João.

    ResponderEliminar
  12. estamos a passar por um novo ciclo, frança e grécia estavam fartas, a frança ganhou um presidente socialista por pouca margem - 51 para 48, a grécia anda as novas para arranjar um novo governo, prevendo-se novas eleições. por cá, continuamos com o discurso da austeridade. já a ce e o fmi estão a amansar o discurso, agora que a alemanha perdeu o grande aliado.
    entretanto, quem ganha, tristeza das tristezas, é a extrema-direita, tanto na frança como na grécia. aqui é que está o perigo.
    bjs.

    ResponderEliminar
  13. Pedro
    é assim, com comentários activos que eu sempre imaginei a blogosfera e tento moldar o meu blog nesse sentido.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  14. Margarida
    só de ver aqueles tipos do partido neo-nazi grego na conferência de imprensa e de pensar que vão ter assento no Parlamento de Atenas, até fico possesso...
    Quanto a França, não tenho dúvidas, se Hollande falhar, a próxima ocupante do Eliseu será Marine Le Penn (malheureusement)...
    Beijinho.

    ResponderEliminar
  15. Vou continuar a acompanhar aqui os desenvolvimentos, uma vez que não tenho opinião formada.

    Abraço amigo

    ResponderEliminar
  16. Caro Francisco
    os acontecimentos vão prolongar-se muito além da pequena duração de uma postagem de um blog...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  17. Sou um Europeísta, confesso... No entanto, acredito numa Europa unida na diversidade e não no seguidismo.

    Berlim, por si só, não conseguirá impor-se perante um eixo como o que referes e ao qual se juntarão seguramente não só economias mais debilitadas como também estados membros históricos na construção europeia (ex: Holanda, Bélgica e Luxemburgo)...

    Esta Europa precisa de um novo fôlego. E de dar um valente pontapé no traseiro teutónico da Sr.ª Merkl.

    ResponderEliminar
  18. Backpacker
    com mais força, se possível, do que deu ao Sarkozy...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  19. Estamos a viver a História ao vivo e cores!

    ResponderEliminar
  20. Concordo com tudo o que escreve, João,excepto na referência que faz à vitória de Merkel na Alemanha. É certo que ganhou as eleições, mas a esquerda (SPD e Verdes) ficaram com maioria e serão eles a governar.
    As eleiçes regionais na Alemanha, no próximo domingo, talvez redundem em nova derrota para Merkel o que não deixará de ser mais uma boa notícia.

    ResponderEliminar
  21. Carlos
    estás a faltar ao prometido...hehege...
    Tens toda a razão, no que se refere às eleições ocorridas na Alemanha, pois o local onde recolhi a informação não estava com os resultados actualizados.
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  22. Não gostava particularmente de Sarkozy, mas este novo presidente também não convence. Optou por uma campanha populista e a prometer o que não sabe se vai conseguir cumprir (provavelmente não vai). Mas, de longe, a situação grega é-me muito mais preocupante. Estão a roubar o lugar a Portugal, um país que não se governa nem se deixa governar.

    ResponderEliminar
  23. Amigo Coelho
    aqui não estamos totalmente de acordo, e em ambos os casos: Hollande não tem o carisma de Sarcozy, é verdade, mas não considero a sua campanha populista, mas sim assente em pressupostos não radicalmente opostos, mas substancialmente diferentes àqueles que Sarcozy utilizava e que era um autêntico "pau mandado" da senhora Merckl. E já estão anunciadas medidas, logo que tome posse: congelamento do preço dos combustíveis durante 3 meses e diminuição do seu salário e dos ministros em 30%, bem como um tecto salarial para altos gestores publicos; isto é austeridade na mesma, mas uma austeridade que não é exigida ao povo.
    Quanto à Grécia, há muitos, muitos anos que este país é ingovernável, mas só agora isso se torna evidente. Estão nesse aspecto muitos furos abaixo de Portugal, embora o teu homónimo tudo faça para os tentar alcançar, infelizmente...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  24. Nenhum dos novos líderes me convence. Creio que vai haver alguns ventos de mudança em França, até para marcar o início de mandato, mas depois o rumo será o mesmo de Sarkozy. Ninguém pode fazer grandes aventuras nos primeiros mandatos...

    ResponderEliminar
  25. Blog Liker
    Hollande é mesmo obrigado a fazê-las, pois sabe que se falhar será a Frente Nacional e não o partido de Sarkozy que lhe ocupará o lugar...
    E as legislativas vêm já aí...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  26. excelente a tua análise. acho que concordo contigo. e reforço o sentimento de esperança que a vitória de Hollande traz a todos os europeus, sobretudo aos do €uro, apesar de um inevitável cepticismo.

    quanto à Sérvia. dos teus conhecimentos, qual é o sentimento da população quanto à integração na EU? e qual a opinião do Déjan?

    abraço

    ResponderEliminar
  27. Miguel
    os nossos sentimentos acerca da política não são nunca muito divergentes.
    Sobre a Sérvia, o Déjan desta vez votou no Nikolic, mas segundo ele diz, é tudo a mesma coisa...
    Eles sempre quiseram entrar na UE, mas nunca foram bem vistos e foram mesmo boicotados pela Alemanha.
    Tadic, desde que está no poder, tem cumprido tudo o que a UE tem pedido e agora há via livre; mas agora são os sérvios que não têm grande pressa...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  28. A Grécia é, de facto, um bicudo caso. Extremas e comunistas no mesmo parlamento, 8/9 partidos com assento está mais que certo que dentro de 6 dias haverá novas eleições. Aí sim está a grande dúvida. Voltarão a haver duas mãos de partidos (com a inevitável repetição da situação actual)? Até quando?

    ResponderEliminar
  29. Maxwell
    é um caso político muito interessante de segui, sem dúvida.
    Por um lado, o Syriza procura capitalizar desta situação o maior número de apoiantes possível e é natural que até aumente a votação.
    Mas por outro lado, o medo da bancarrota poderá levar a um aumento dos votos nos partidos até agora maioritários, com maior relevo para a Nova Democracia.
    Uma coisa é certa, os gregos puseram a Europa com o credo na boca...
    Abraço amigo.

    ResponderEliminar
  30. E agora? Acho que o destino dela está traçado mas... Beijinhos

    ResponderEliminar
  31. Mary
    os políticos são capazes de tudo para conservar o poder, principalmente quando sentem que o estão a perder.
    Daí as célebres piruetas e o engolir de sapos...
    A ver vamos se a senhora Merckl não é obrigada a uma dessas situações, a bem (França) ou a mal(Grécia)...
    Beijinho.

    ResponderEliminar

Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!