quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Grandes nomes do cinema - John Huston

Como ele próprio se apresentou melhor que ninguém no seu livro de memórias publicado em 1980, sete anos antes de falecer – “An open book” – há que aprofundar a vida e obra deste cineasta irreverente que sempre se pôs ao lado dos perdedores ( o tópico mais repetido da sua obra). “O meu sonho recorrente é um em que estou sem cheta e tenho de ir pedir dinheiro ao meu pai”, conta ele; será casualidade pois, que a sua filmografia esteja repleta de homens que, por vocação ou acidente, procuram dinheiro e riqueza? Alguns caçadores de tesouros: Sterling Hayden em “Quando a cidade dorme” (1950) e claro, Humphrey Bogart em “Relíquia Macabra”(1941) e “O tesouro da Serra Madre”(1948). Às vezes, estas odisseias em busca do metal precioso ou do bilhete deslumbrante tingiam-se de aventura, transbordavam risco, emoção, velhacaria, curiosidade “O homem que queria ser rei”(1975), mas muitas vezes eram motivadas por simples problemas de cobiça, delinquência, pobreza e álcool. E quantos deles tinham grande paixão pela bebida! Se Bogart foi o alter ego do realizador na sua juventude, na velhice poderia ser o astuto Michael Caine (“O homem que queria ser rei”), o vaidoso Albert Finney(“Annie”) e um maduro Paul Newman (“O Misterioso Mr. MacKintosh”).
Se até agora só falámos de homens… como é a mulher houstoniana? O realizador casou 5 vezes, e com a sua penúltima mulher, foi pai da actriz e realizadora Anjelica Houston e do argumentista Tony Houston, responsável pela adaptação ao cinema do conto de James Joyce “The dead”, que deu lugar a “Gente de Dublin” (1987), sensível despedida do cinema do mestre.
Houston aliava a paixão pelo casamento com a sua devoção cinematográfica pelas mulheres fortes, capazes de pegar em armas, muito seguras com a sua sexualidade, amadurecidas pelo Sol e pela vida, agrestes e grosseiras, e sempre dispostas a levantar-se quando são derrubadas: falamos de Elizabeth Taylor de “Reflexos num olho dourado”(1967), que aguentava o homossexual reprimido encarnado por Marlon Brando; da Marilyn Monroe de “Os inadaptados”(1961), a sofrer pelos cavalos; da Ava Gardner de “A noite de Iguana”(1964), cuja libertação sexual corria em paralelo com a repressão das outras personagens desta adaptação de T. Williams, e da Kathleen Turner de “A honra dos padrinhos”(1985), a lutar por Jack Nicholson com Anjelica Houston. Mas não esqueçamos as frágeis corajosas como Katharine Hepburn(“A rainha africana”-1951), Deborah Kerr(“O espírito e a carne”-1957) e Audrey Hepburn(“O passado não perdoa”-1960). Houston foi um feminista activo: respeitoso, não deu às mulheres papéis decorativos. Como se faltassem exemplos acrescentemos aqui a Bette Davis e a Olívia de Havilland de “Nascida para o mal”(1942) e a Lauren Baccall de “Key Largo – Paixões em fúria”(1948).



A sua obra abarca desde a idade de ouro do cinema negro doa anos 40, passando pelo esplendor dos actores do Método (só escapou, e por motivos alheios a ambos, James Dean), o western crepuscular “O Juiz Roy Bean”(1972), os filmes dos espiões “A carta do Kremlin” e “O misterioso Mr. MacKintosh” (1970 e 1973), até desembocar numa última fase da sua carreira irregular. Capítulo à parte merecem os filmes malditos, por serem impessoais ou por serem encomendas sem toque. Recordemos “A Bíblia”(1966), onde ele fazia de Noé, “Phobia”(1980), “Fuga para a vitória”(1981), e “Annie”(1982).
Além disso, fez dois biopics notáveis: o impressionista “Moulin Rouge”(1952), sobre a vida de Toulouse-Lautrec, e o grisalho “Freud- além da alma”(1962), com um destroçado Montgomery Clift, e onde contou com um argumentista de peso: Jean Paul Sartre. Adaptou ao cinema Herman Melville “Moby Dick”(1956), Flanery O’Connor “Sangue selvagem”(1979) e Malcom Lowry “Debaixo do vulcão”(1984), além dos já citados Tennessee Williams e James Joyce.



Um capítulo negativo na sua trajectória foram as alterações que sofreram “Sob a bandeira da coragem”(1951), “O bárbaro e a gueixa”(1958) e “O passado não perdoa”(1960). Nem um cineasta tão corajoso, valente e lutador conseguiu aguentar magnatas tão broncos, incultos e ambiciosos. Trabalhou como actor às ordens de três grandes cineastas: Otto Preminger (“O cardeal”- 1963), Orson Welles (no inacabado “The other side of the wind” – 1972) e Roman Polanski (“Chinatown” – 1974). E enfim, também realizou produtos frívolos tão pouco envergonhantes (e até defendidos), como “O tesouro de África”(1953), com argumento de Truman Capote, “As cinco caras do assassino”(1963) e “Casino Royal” (1967).





Fica claro que John Huston foi um intelectual de acção ( e não um rebelde de salão), que se rodeou de outros bom-vivants (e mulherengos) como Chaplin e Hemingway (?), pelo que é difícil encontrar-lhe um herdeiro ou um discípulo. Sobretudo porque as suas aventuras não são épicos de playstation nem os seus aventureiros são super-homens, mas sim párias esfarrapados com pó nos sapatos, os bolsos vazios e a camisa suada, loucos sofridos, imperfeitos, com uma grande história por trás e o orgulho mil vezes moído. Seguramente há um único seguidor: Clint Eastwood, que interpretou o realizador em “Caçador branco, coração negro”(1990), que recriava a rodagem de “A rainha africana”. Se o rude Eastwood tem filmes tão delicados como “As pontes de Madison County”(1995), Houston conseguiu fazer-nos saltar a lágrima com “Entre o amor e a morte”(1969), “Cidade viscosa”(1972) e “Gente de Dublin”(fiquemo-nos com a cena da escada). E se a estátua do Falcão de Malta era feita da matéria com que se fazem os sonhos, a obra de Houston é edificada à base de valor, amor, desafios, murros, mulheres intrépidas, ladrões, soldados, quiméricos inquilinos de uma paisagem aberta e sem limites, personagens indómitos que caçam fortunas, cavalgam sobre baleias, libertam cavalos e convivem com iguanas.

(in “Premiére”)



terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

Sempre gostei nuito desta canção com um dos poemas mais belos de Ary dos Santos; quando o poema se tornou realidade, tornou-se uma canção incontornável para mim.
Para ti, Déjan, minha "estrela da tarde"...

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia

Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia

Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia

Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia


Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia

E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria

Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia

Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia


Meu amor, meu amor

Minha estrela da tarde

Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza

Se tu és a alegria ou se és a tristeza

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza


Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram

Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram

Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram

E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram


Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram

Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam

Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram

E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram


Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto

É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto

Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto

Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto


Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Blogosfera - textos e comentários


A pretexto do último post do “Felizes juntos”, o qual compreendo e sobre o qual já falei o suficiente com o Paulo, venho hoje referir , de uma forma genérica, o mundo da blogosfera, na minha perspectiva, como é óbvio.
Um blog é sempre um projecto pessoal (ou colectivo), onde se pretende, por razões várias, expressar ideias, sentimentos, iniciativas ou quaisquer outros factos que o(s) seu(s) autor(es) queiram tornar públicos. É lógico que a orientação de cada blog é unicamente vinculada pela mente do seu autor e ninguém terá que a questionar; ou gosta e lê, ou não gosta e abstém-se da sua leitura. Tenho na minha já vasta lista de blogs que frequento, as mais variadas orientações, e se lá estão, é porque me agradam, na sua diversidade.
O meu blog nasceu mais por curiosidade que por necessidade, mas, ao ir conhecendo a blogosfera, evoluiu, e hoje é mesmo uma necessidade para mim, pois é nele que expresso ansiedades, alegrias e tristezas, ideias, recordações e curiosidades; nele me encontro com autores doutros blogs com o mesmo tipo de viveres, e não só, alguns dos quais já “pularam” além da blogosfera e outros estarão a caminho; não tenho um blog vocacionado para nenhum tema especializado, alterno o pessoal com a realidade quotidiana, o passado com o presente, o sério com o brejeiro e a música, bem como as curiosidades da vida, têm nele parte importante. Habituei-me, no entanto a estabelecer, sem a preocupação de o fazer calculadamente, uma clara distinção nos assuntos que foco, entre aqueles que trato com uma seriedade e sensibilidade que penso serem inerentes a mim próprio, e aqueles outros que procuram dar alguma “cor” ao blog; os assuntos sérios, gosto de os dissecar, e por vezes sinto que não o faço suficientemente, pelo que a ajuda de alguns comentários, faz-me, nas respostas que retribuo, suprir algumas lacunas eventuais do texto.
E chegamos assim à questão dos comentários; ninguém diga que lhe é totalmente indiferente ter ou não ter comentários, pois embora um blog seja escrito essencialmente para comunicarmos as nossas ideias e gostos, se as sabemos compartilhadas, faz-nos bem ao ego; se não me ralo absolutamente nada em não ter comentários nos chamados posts “ligeiros”, ou tê-los “ligeiros” também, o mesmo não sucede com os textos mais preparados e sérios, pois como já referi, com eles, complemento ideias, completo o texto; habituei-me a comentar todos os comentários, até para mostrar a quem o escreveu, que prestei a devida atenção ao que foi escrito, embora compreenda que a maioria das pessoas o não faça.
Os amigos que atrás referi, que vou encontrando por aqui, só se conquistam mesmo através da troca de comentários, pois não são os textos que estabelecem as amizades, mas sim o conhecimento mútuo, que dos comentários advém, essa importante partilha.
Pela experiência, tenho visto blogs que acabam, ou porque chegaram mesmo ao fim, se esgotaram por si mesmos; ou porque num dado momento, as pessoas se cansam desta rotina; compreendo-os e aceito tais situações, embora nalguns casos, me seja difícil admiti-lo…
Para não cair nesse cansaço, e embora esteja consciente que tenho mais tempo disponível do que a grande maioria dos amigos que vou lendo, ponho um post, mais ou menos de dois em dois dias, para ir tendo tempo para visitar e comentar os outros e dar tempo aos outros de me visitarem a mim.
Espero que estas considerações não tenham sido senão o “chover no molhado”, mas senti necessidade de as explanar aqui e de as dedicar especialmente ao meu amigo Paulo, pois sei o quanto está “saturado” de tanta coisa e tem razões de sobra para isso, e o seu blog (e do Zé, claro), é que paga…
Mas nós não deixamos, podes ter a certeza, rapaz…

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Libertemos a Liberdade


O actual conceito de liberdade não contempla a liberdade do amor desde que não seja considerada sob o ponto de vista normal do amor heteropatriarcal, e muito menos legaliza e ratifica esse amor aos olhos da sociedade e do estado (para não falar já, de um Deus…)
Reclamemos pois a liberdade da própria palavra Liberdade, que nos dias de hoje está sequestrada nas mãos de uns traficantes que apenas a querem prostituir em bordéis mediáticos. Libertemos a liberdade para a colocar no lugar que merece, que não seja a liberdade que protege os interesses e privilégios de alguns, mas sim a liberdade para amar como quisermos, para invocar o deus ou a deusa que mais nos inspire ou a nenhum, e para falar e escrever sem medo das represálias ou da enorme sombra de falsos rumores convertidos em verdades. Liberdade para ir cimentando uma futura convivência mais harmónica e plural.


(Lucía Etxebarria, in “Zero”)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Klaus Nomi

Klaus Nomi (nascido Klaus Sperber) (24 de Janeiro, 1944 - 6 de Agosto, 1983) foi um cantor contra-tenor e barítono alemão, reputado pelas suas notáveis actuações vocais e invulgar personagem de palco, que se tornou um ícone do início dos anos 80. Morreu de SIDA em 1983, uma das primeiras celebridades a morrer com a doença.
Nomi mudou-se da Alemanha para Nova York em meados dos anos 70. Após um encontro fortuito num nightclub, David Bowie contratou-o como cantor de suporte para uma actuação no Saturday Night Live em 1979. Nomi também colaborou com Manny Parrish.
Nomi é lembrado pelos seus espectáculos bizarramente teatrais, onde usava bastante maquilhagem, roupa invulgar e penteados altamente estilizados. As suas músicas eram igualmente invulgares, desde interpretações de ópera clássica acompanhadas por sintetizadores a covers de músicas como The Twist de Chubby Checker. Nos anos 90, Nomi era frequentemente mencionado nos monólogos de Dennis Miller como uma das suas referências obscuras favoritas.
Em 2004, foi feito um documentário sobre a sua vida e carreira: The Nomi Song


domingo, 17 de fevereiro de 2008

Um país...que país?


Era esperado, tudo o indicava, mas ao acontecer realmente, a proclamação unilateral da independência do Kosovo, causou-me uma profunda tristeza, não só por motivos pessoais, que são de todos conhecidos, mas principalmente pelo desprezo das grandes potências ocidentais, com os Estados Unidos à cabeça, perante o direito internacional. Fazendo tábua rasa da Declaração nº.1244 do Conselho de Segurança da ONU, de 1999, estes países abrem precedentes gravìssimos, embora invoquem que o caso do Kosovo "é um caso único"...
Caso único, quando a referida Declaração é expressamente feita para resolver o caso do Kosovo?
O enviado especial da RTP diz bem quando refere que o Kosovo é um país completamente inviável, quer política, mas principalmente quer económicamente; e que os festejos de hoje serão uma triste realidade já a partir de amanhã; parece que se está a jogar um jogo entre adolescentes, tipo estratégica, mas com imensos riscos reais.
Fiquei admirado e satisfeito por ouvir ontem as afirmações cautelosas de Cavaco Silva sobre o assunto. Entretanto vamos ver o que dá a reunião de emergência do Conselho de Segurança das NU, iniciada hoje e a prosseguir amanhã, a pedido da Rússia e da Sérvia.
Déjan, I'm ALLWAYS with you and your country!
Abaixo, junto a Declaracão nº.1244 supra citada, que embora longa e em inglês, pode eventualmente interessar alguém.


Resolution 1244 (1999)
Adopted by the Security Council at its 4011th meeting,on 10 June 1999
The Security Council,
Bearing in mind the purposes and principles of the Charter of the United Nations, and the primary responsibility of the Security Council for the maintenance of international peace and security,
Recalling its resolutions 1160 (1998) of 31 March 1998, 1199 (1998) of 23 September 1998, 1203 (1998) of 24 October 1998 and 1239 (1999) of 14 May 1999,
Regretting that there has not been full compliance with the requirements of these resolutions,
Determined to resolve the grave humanitarian situation in Kosovo, Federal Republic of Yugoslavia, and to provide for the safe and free return of all refugees and displaced persons to their homes,
Condemning all acts of violence against the Kosovo population as well as all terrorist acts by any party,
Recalling the statement made by the Secretary-General on 9 April 1999, expressing concern at the humanitarian tragedy taking place in Kosovo,
Reaffirming the right of all refugees and displaced persons to return to their homes in safety,
Recalling the jurisdiction and the mandate of the International Tribunal for the Former Yugoslavia,
Welcoming the general principles on a political solution to the Kosovo crisis adopted on 6 May 1999 (S/1999/516, annex 1 to this resolution) and welcoming also the acceptance by the Federal Republic of Yugoslavia of the principles set forth in points 1 to 9 of the paper presented in Belgrade on 2 June 1999 (S/1999/649, annex 2 to this resolution), and the Federal Republic of Yugoslavia's agreement to that paper,
Reaffirming the commitment of all Member States to the sovereignty and territorial integrity of the Federal Republic of Yugoslavia and the other States of the region, as set out in the Helsinki Final Act and annex 2,
Reaffirming the call in previous resolutions for substantial autonomy and meaningful self-administration for Kosovo,
Determining that the situation in the region continues to constitute a threat to international peace and security,
Determined to ensure the safety and security of international personnel and the implementation by all concerned of their responsibilities under the present resolution, and acting for these purposes under Chapter VII of the Charter of the United Nations,
Decides that a political solution to the Kosovo crisis shall be based on the general principles in annex 1 and as further elaborated in the principles and other required elements in annex 2;
Welcomes the acceptance by the Federal Republic of Yugoslavia of the principles and other required elements referred to in paragraph 1 above, and demands the full cooperation of the Federal Republic of Yugoslavia in their rapid implementation;
Demands in particular that the Federal Republic of Yugoslavia put an immediate and verifiable end to violence and repression in Kosovo, and begin and complete verifiable phased withdrawal from Kosovo of all military, police and paramilitary forces according to a rapid timetable, with which the deployment of the international security presence in Kosovo will be synchronized;
Confirms that after the withdrawal an agreed number of Yugoslav and Serb military and police personnel will be permitted to return to Kosovo to perform the functions in accordance with annex 2;
Decides on the deployment in Kosovo, under United Nations auspices, of international civil and security presences, with appropriate equipment and personnel as required, and welcomes the agreement of the Federal Republic of Yugoslavia to such presences;
Requests the Secretary-General to appoint, in consultation with the Security Council, a Special Representative to control the implementation of the international civil presence, and further requests the Secretary-General to instruct his Special Representative to coordinate closely with the international security presence to ensure that both presences operate towards the same goals and in a mutually supportive manner;
Authorizes Member States and relevant international organizations to establish the international security presence in Kosovo as set out in point 4 of annex 2 with all necessary means to fulfil its responsibilities under paragraph 9 below;
Affirms the need for the rapid early deployment of effective international civil and security presences to Kosovo, and demands that the parties cooperate fully in their deployment;
Decides that the responsibilities of the international security presence to be deployed and acting in Kosovo will include:
Deterring renewed hostilities, maintaining and where necessary enforcing a ceasefire, and ensuring the withdrawal and preventing the return into Kosovo of Federal and Republic military, police and paramilitary forces, except as provided in point 6 of annex 2;
Demilitarizing the Kosovo Liberation Army (KLA) and other armed Kosovo Albanian groups as required in paragraph 15 below;
Establishing a secure environment in which refugees and displaced persons can return home in safety, the international civil presence can operate, a transitional administration can be established, and humanitarian aid can be delivered;
Ensuring public safety and order until the international civil presence can take responsibility for this task;
Supervising demining until the international civil presence can, as appropriate, take over responsibility for this task;
Supporting, as appropriate, and coordinating closely with the work of the international civil presence;
Conducting border monitoring duties as required;
Ensuring the protection and freedom of movement of itself, the international civil presence, and other international organizations;
Authorizes the Secretary-General, with the assistance of relevant international organizations, to establish an international civil presence in Kosovo in order to provide an interim administration for Kosovo under which the people of Kosovo can enjoy substantial autonomy within the Federal Republic of Yugoslavia, and which will provide transitional administration while establishing and overseeing the development of provisional democratic self-governing institutions to ensure conditions for a peaceful and normal life for all inhabitants of Kosovo;
Decides that the main responsibilities of the international civil presence will include:
Promoting the establishment, pending a final settlement, of substantial autonomy and self-government in Kosovo, taking full account of annex 2 and of the Rambouillet accords (S/1999/648);
Performing basic civilian administrative functions where and as long as required;
Organizing and overseeing the development of provisional institutions for democratic and autonomous self-government pending a political settlement, including the holding of elections;
Transferring, as these institutions are established, its administrative responsibilities while overseeing and supporting the consolidation of Kosovo's local provisional institutions and other peace-building activities;
Facilitating a political process designed to determine Kosovo's future status, taking into account the Rambouillet accords (S/1999/648);
In a final stage, overseeing the transfer of authority from Kosovo's provisional institutions to institutions established under a political settlement;
Supporting the reconstruction of key infrastructure and other economic reconstruction;
Supporting, in coordination with international humanitarian organizations, humanitarian and disaster relief aid;
Maintaining civil law and order, including establishing local police forces and meanwhile through the deployment of international police personnel to serve in Kosovo;
Protecting and promoting human rights;
Assuring the safe and unimpeded return of all refugees and displaced persons to their homes in Kosovo;
Emphasizes the need for coordinated humanitarian relief operations, and for the Federal Republic of Yugoslavia to allow unimpeded access to Kosovo by humanitarian aid organizations and to cooperate with such organizations so as to ensure the fast and effective delivery of international aid;
Encourages all Member States and international organizations to contribute to economic and social reconstruction as well as to the safe return of refugees and displaced persons, and emphasizes in this context the importance of convening an international donors' conference, particularly for the purposes set out in paragraph 11 (g) above, at the earliest possible date;
Demands full cooperation by all concerned, including the international security presence, with the International Tribunal for the Former Yugoslavia;
Demands that the KLA and other armed Kosovo Albanian groups end immediately all offensive actions and comply with the requirements for demilitarization as laid down by the head of the international security presence in consultation with the Special Representative of the Secretary-General;
Decides that the prohibitions imposed by paragraph 8 of resolution 1160 (1998) shall not apply to arms and related matériel for the use of the international civil and security presences;
Welcomes the work in hand in the European Union and other international organizations to develop a comprehensive approach to the economic development and stabilization of the region affected by the Kosovo crisis, including the implementation of a Stability Pact for South Eastern Europe with broad international participation in order to further the promotion of democracy, economic prosperity, stability and regional cooperation;
Demands that all States in the region cooperate fully in the implementation of all aspects of this resolution;
Decides that the international civil and security presences are established for an initial period of 12 months, to continue thereafter unless the Security Council decides otherwise;
Requests the Secretary-General to report to the Council at regular intervals on the implementation of this resolution, including reports from the leaderships of the international civil and security presences, the first reports to be submitted within 30 days of the adoption of this resolution;
Decides to remain actively seized of the matter.
Annex 1
Statement by the Chairman on the conclusion of the meeting of the G-8 Foreign Ministers held at the Petersberg Centre on 6 May 1999
The G-8 Foreign Ministers adopted the following general principles on the political solution to the Kosovo crisis:
Immediate and verifiable end of violence and repression in Kosovo;
Withdrawal from Kosovo of military, police and paramilitary forces;
Deployment in Kosovo of effective international civil and security presences, endorsed and adopted by the United Nations, capable of guaranteeing the achievement of the common objectives;
Establishment of an interim administration for Kosovo to be decided by the Security Council of the United Nations to ensure conditions for a peaceful and normal life for all inhabitants in Kosovo;
The safe and free return of all refugees and displaced persons and unimpeded access to Kosovo by humanitarian aid organizations;
A political process towards the establishment of an interim political framework agreement providing for a substantial self-government for Kosovo, taking full account of the Rambouillet accords and the principles of sovereignty and territorial integrity of the Federal Republic of Yugoslavia and the other countries of the region, and the demilitarization of the KLA;
Comprehensive approach to the economic development and stabilization of the crisis region.
Annex 2
Agreement should be reached on the following principles to move towards a resolution of the Kosovo crisis:
An immediate and verifiable end of violence and repression in Kosovo.
Verifiable withdrawal from Kosovo of all military, police and paramilitary forces according to a rapid timetable.
Deployment in Kosovo under United Nations auspices of effective international civil and security presences, acting as may be decided under Chapter VII of the Charter, capable of guaranteeing the achievement of common objectives.
The international security presence with substantial North Atlantic Treaty Organization participation must be deployed under unified command and control and authorized to establish a safe environment for all people in Kosovo and to facilitate the safe return to their homes of all displaced persons and refugees.
Establishment of an interim administration for Kosovo as a part of the international civil presence under which the people of Kosovo can enjoy substantial autonomy within the Federal Republic of Yugoslavia, to be decided by the Security Council of the United Nations. The interim administration to provide transitional administration while establishing and overseeing the development of provisional democratic self-governing institutions to ensure conditions for a peaceful and normal life for all inhabitants in Kosovo.
After withdrawal, an agreed number of Yugoslav and Serbian personnel will be permitted to return to perform the following functions:
Liaison with the international civil mission and the international security presence;
Marking/clearing minefields;
Maintaining a presence at Serb patrimonial sites;
Maintaining a presence at key border crossings.
Safe and free return of all refugees and displaced persons under the supervision of the Office of the United Nations High Commissioner for Refugees and unimpeded access to Kosovo by humanitarian aid organizations.
A political process towards the establishment of an interim political framework agreement providing for substantial self-government for Kosovo, taking full account of the Rambouillet accords and the principles of sovereignty and territorial integrity of the Federal Republic of Yugoslavia and the other countries of the region, and the demilitarization of UCK. Negotiations between the parties for a settlement should not delay or disrupt the establishment of democratic self-governing institutions.
A comprehensive approach to the economic development and stabilization of the crisis region. This will include the implementation of a stability pact for South-Eastern Europe with broad international participation in order to further promotion of democracy, economic prosperity, stability and regional cooperation.
Suspension of military activity will require acceptance of the principles set forth above in addition to agreement to other, previously identified, required elements, which are specified in the footnote below.(1) A military-technical agreement will then be rapidly concluded that would, among other things, specify additional modalities, including the roles and functions of Yugoslav/Serb personnel in Kosovo:
Withdrawal
Procedures for withdrawals, including the phased, detailed schedule and delineation of a buffer area in Serbia beyond which forces will be withdrawn;
Returning personnel
Equipment associated with returning personnel;
Terms of reference for their functional responsibilities;
Timetable for their return;
Delineation of their geographical areas of operation;
Rules governing their relationship to the international security presence and the international civil mission.
Notes
Other required elements:
A rapid and precise timetable for withdrawals, meaning, e.g., seven days to complete withdrawal and air defence weapons withdrawn outside a 25 kilometre mutual safety zone within 48 hours;
Return of personnel for the four functions specified above will be under the supervision of the international security presence and will be limited to a small agreed number (hundreds, not thousands);
Suspension of military activity will occur after the beginning of verifiable withdrawals;
The discussion and achievement of a military-technical agreement shall not extend the previously determined time for completion of withdrawals.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Lisboa Antiga

Subindo da Sé para a Graça


Sapadores

Marquês de Pombal

Rocha do Conde de Óbidos


Saldanha e início da Av. da República

Rossio



Estas fotos lembram-nos uma Lisboa de outras eras, em que não haveria o cosmopolitismo de agora, mas para as quais olhamos com alguma nostalgia e que os mais velhos recordarão ainda talvez...

Um facto é que Lisboa se alindou, a ponto de se tornar uma das cidades mais belas do mundo, e por muito que critiquemos isto ou aquilo, sentimos um enorme orgulho na "nossa" cidade e ainda mais quando ouvimos dizer lá fora, como muitas vezes me acontece, que Lisboa é linda de verdade!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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Amanhã o chefe faz anos... Não é ele que anda sempre para aí a dizer que é aficcionado dos touros e dos cavalos? Pois já sei o que lhe vou dar de presente A história nas suas mãos
Onde é que andam o IPPAR, o IPA e todos esses institutos que, supostamente, servem para preservar o nosso legado histórico? a espada do Nuno! Com estojo e tudo! Telefonem, depressa!




Não devia ser ao contrário? Nos tempos modernos são os empregados que admitem gabinetes. Gabinete que queira empregado tem que suar as estopinhas para fazer boa figura. Um luxo meus senhores.


Está a pensar em morrer? Era para o avô António, mas o velho insiste em durar até aos 120...



Colete não recomendado contra o crime Não dá para ir à Cova da Moura, mas pelo menos fica bem com a T-shirt dos Iron Maiden


A velha questão do M/F Arnaldo Matos apresenta-se ao serviço como mulher de limpeza. E não me façam muitas perguntas.



Se for preciso até canto a do cacilheiro! Porra, além de tudo o resto, a senhora tem carteira de fadista! Que mais é que você quer para a sua empresa?


Olha que proposta tão positiva! É melhor que o carro gaste pouco porque o ordenado mal dá para a gasolina. Um gajo tem é de ser optimista. É um grande emprego


Alguém Compring? Faça um aproveiting. Estão a fazer descontings que nem nos saldings se vêem.


Por acaso o amigo não viu passar uma B4? Porra, eu só tenho licença para ovelhas B8 e cabras G3. Se isto continua assim nunca mais dou uso ao cajado.





Aviso: Carolina Salgado estará presente; dá-sa preferência a odores fortes...

A louca juventude dos 44 É melhor despachar-se, antes que a 'rapariga' chegue à idade adulta. Deve acontecer para aí aos 50.


Fundiu-se a lâmpada? Espera aí que eu trato já disso. Quem será a personalidade que assina esta incomparável obra? Eu até apostaria no Edison, mas em 1966 há muito que o senhor estava entregue aos bichos. Deve ser giro aplicar 'esquemas técnicos práticos' com 40 anos.



Cadeira eléctrica Pois é, aposto a cadeirinha está como nova. Só serviu para dois assassinos e um terrorista da Al Qaeda. A sua sogra vai adorar.



Pronto, admito que pode não ser o melhor exemplar do reino animal... ...mas garanto que não lhe suja a casa.


Do carro à viagem basta um telefonema Também vendemos batatas, mas já não havia espaço para o mencionar. Fora disso, também alugamos canas de pesca...



Limpar nunca foi tão divertido





(enviado por mail, pelo Catatau)


terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A tropa cá do João 12 - (Moçambique 6 – parte 2ª.)

Último pôr do Sol na Metarica

Ainda não eram 7 horas da manhã já eu e o Alferes Mendes, regressado de férias, estávamos na pista de Marrupa, aguardando a D.O. que não tardou a chegar; ao piloto, jovem oficial da Força Aérea, expliquei-lhe sucintamente a situação e disse-lhe que desconhecia qual seria a atmosfera que iríamos encontrar na Metarica (minha Companhia); pedi-lhe para não desligar os motores do avião enquanto estivesse lá, e que, mal estivesse dentro do avião um alferes (não aquele que iria comigo, claro), levantasse voo, logo que tal fosse possível, com ou sem tiros e o transportasse para Vila Cabral (hoje Lichinga).

Um silêncio sepulcral “ouvia-se” dentro do avião, durante a curta viagem, e quando aterrámos, vi que estava pràticamente toda a gente na pista, e foi então que me veio a estranha calma dos grandes momentos: pus a “minha cara nº.3” ( a mais dura que consigo) e vi soldados com armas a gritar “morte ao alferes”, e vi ao mesmo tempo o referido alferes, completamente enquadrado por vários furriéis, mais branco que a cal da parede, a dirigir-se-me; tentou começar a dar-me uma explicação e eu mandei-o calar, sem quase lhe deixar dizer uma palavra e disse-lhe de imediato para entrar no avião, e voltei costas, esperando que este “número” desse certo. Encaminhei-me na direcção do aquartelamento, dizendo alto e bom som, para toda a gente me seguir, pois precisava de falar com toda a Companhia – entretanto dei uma palavra a um dos furriéis que mais experiência (e cabedal) tinha, para ficar por ali e apenas se juntar a nós quando o avião já tivesse levantado voo.

Continuando sempre com a “cara nº.3,, quando tive os homens todos reunidos, mesmo os dos postos de sentinela, comecei por dizer-lhes que tudo o que se tinha passado no final da tarde e na noite anteriores fora muito grave, mas que iria saber pormenores do que havia acontecido, para poder tirar conclusões não precipitadas, mas que havia algo a fazer de imediato e ali mesmo, que era a entrega de todo o armamento, quer o que estava atribuído a cada um, quer aquele que havia sido retirado do paiol, e voltando a nova “encenação”, comecei por mandar buscar a minha arma, que foi a primeira a ser entregue; claro que lhes disse que ficariam apenas de fora oito G-3, uma para cada posto de sentinela e que iam passando de homem para homem, conforme as escalas de serviço, já que não poderíamos prescindir totalmente de uma defesa mínima do quartel, pois estávamos num teatro de operações; após o Alferes Mendes e os furriéis fazerem o mesmo, os homens começaram a entregar o armamento sem a mínima contestação, que ia sendo recebida pelos responsáveis do paiol; entretanto já tinha ouvido o avião descolar e o furriel que ficara para trás juntara-se a nós a dizer com um pequeno gesto que tudo estava bem.

O que tinha decidido fazer, desarmar a Companhia, era um enorme risco, eu estava perfeitamente consciente disso, mas fazia parte de algo mais vasto que já há tempos germinava na minha mente.

Após a entrega das armas, e antes de mandar dispersar a Companhia, sempre com a “cara nº.3” afivelada, disse-lhes que lhes queria perguntar algo, e que queria uma resposta sincera, pois não haveria qualquer sanção para qualquer resposta, mesmo que fosse apenas de um homem; e a pergunta era simples; seria possível que a situação passado com o Alferes pudesse no futuro acontecer em relação a mim? E voltei a frisar que se alguém pensasse que sim, que o dissesse, pois a única consequência seria eu pedir de imediato que me viessem buscar e me substituíssem , pois alguém não tinha confiança no meu comando; e devo dizê-lo que o faria, mesmo ignorando o efeito de tal decisão. Mas, a reacção, confesso que aguardada sem surpresa, foi um imenso grito “Viva o Capitão!”

Serenados os ânimos e resolvidos para já os dois grandes problemas de que falei no post anterior, convoquei uma outra reunião, só com o Alferes e os Sargentos (furriéis incluídos), a quem expliquei, que a partir daquele dia a nossa Companhia, deixava de fazer operações ofensivas, o mesmo é dizer que seriam ignoradas as directivas operacionais do Batalhão, dando no decorrer dos dias em que essas operações deveriam estar a ser efectuadas, as coordenadas dos pontos onde “estaríamos”, pois de tanto percorrermos aquelas zonas sabíamos as coordenadas, com o auxílio dos mapas muito bons que tínhamos; passaríamos a fazer apenas a defesa do aquartelamento; era tão confusa a situação dos comandos militares naquela altura, em que ninguém sabia bem quem era quem, que eu não tinha grande receio de eventuais reacções, e até duvidava que soubessem da minha decisão. Só não lhes disse a razão total desta decisão, pois eu tinha ainda um trunfo a jogar e o efeito desta decisão só surtiria realmente efeito após eu ter uma conversa com um homem ali, da minha Companhia: Era um cabo, africano, que fazia parte da secção de saúde, homem muito calado, tranquilo e que sempre cumpriu as ordens, mesmo quando por escala tinha que ir para o mato, nalguma operação, que levava sempre alguém de enfermagem; mas desde há muito que eu reparei que aquele homem com uma formação e cultura muito acima de quase toda a gente da Companhia, comungava de ideais que não se coadunavam com a sua inserção no exército colonial português, isto é, seria eventualmente apoiante da Frelimo, mas nunca me deu qualquer motivo para o questionar sobre o assunto e assim nada até então, foi por nós falado; pois tinha chegado a altura. Mandei-o chamar ao meu gabinete, e a sós com ele, disse-lhe que a conversa que iríamos ter, não seria entre um Capitão e um seu subordinado, mas sim de homem para homem; afirmei-lhe saber da sua condição de simpatizante da Frelimo e isso apenas por indução própria, como pensava que ele saberia o que eu tinha na minha mente sobre aquela guerra, sendo a minha posição a de cumprir ordens sim, mas acima de tudo zelar pela integridade física dos 200 homens que ali estavam, ele incluído; aquela “guerra” não era a minha, nem a do meu povo, mas a dos governantes do meu país, pelo menos até então. Ouviu-me atenta e interessadamente, sem nunca falar; disse-lhe mais, que tinha decidido, unilateralmente começar a “minha guerra” e que o desarme da Companhia tinha sido um dos passos dela, apenas assegurando a defesa do quartel com 8 postos de sentinela, apesar da vulnerabilidade a que passaríamos a estar expostos, até porque a Frelimo, para pressionar não Portugal, mas as autoridades militares da região, tinha começado a atacar quartéis, táctica que nunca tinham usado antes e que era comum, por exemplo na Guiné e até a aprisionar Companhias inteiras…

Sendo assim, pedia-lhe, e não me interessava como, que fizesse chegar a quem ele entendesse do “outro lado” esta nossa posição, para assim precaver eventuais ataques ao quartel; ele, nada negou e apenas me disse que iria fazer o possível ao seu alcance; selámos o “acordo” com um apertar de mãos.

Concluído este episódio, devo dizer que a totalidade das Companhias à volta da minha foram alvo de ataques, excepto a minha e foi a minha Companhia após grande pressão minha junto do Batalhão, por ser uma Companhia da guarnição normal, a abandonar o mato e a ir para Nampula, em Agosto de 1974; deixámos um grande pano nas instalações dizendo “Oferta da nossa Companhia ao povo de Moçambique”!Apenas para rematar, curiosamente, após algumas semanas desta minha decisão recebi uma directiva do MFA a solicitar, sempre que possível e aconselhável, procurar um entendimento, no terreno, com as forças da Frelimo, para se irem estabelecendo zonas de Paz. Eu já o havia feito antes e disso nunca me arrependerei.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A tropa cá do João 11 (Moçambique 6 - parte 1ª.)

Rio Lugenda



Quando regressei ao quartel no dia 26 de Abril de 1974, após uma desgastante operação na mata, durante doze dias, apenas me apetecia beber litros de água, tomar um duche prolongado, ler o correio e descansar. Mas um soldado da secção fluvial, que sempre nos ia buscar nos barcos pneumáticos à outra margem do Lugenda, disse-me no seu “pretoguês”, que lá, no Portugal, tinham prendido o rei, Marcelo, e andavam à porrada; quase que galguei a distância ao quartel e dirigi-me de imediato ao posto de transmissões, onde me confirmaram a existência de uma revolta militar em Lisboa, mas ainda tudo com contornos difusos, pois mensagens oficiais não havia ainda, só “bocas” na linguagem “cifrada” dos homens das transmissões; só pelo final do dia, recebi uma msg secreta do batalhão a informar laconicamente a situação.
É claro que fiquei em ebulição, a aguardar mais notícias, que apenas chegaram três dias depois e que me convocavam para ir a Marrupa, sede do Batalhão, no dia 1 de Maio, para uma reunião urgente. O comandante interino do Batalhão era um major de cavalaria, pouco simpático e bastante ligado ao regime, pelo que nunca esteve perto do movimento dos capitães que deu origem ao 25 de Abril. Tudo o que soube realmente do que se havia passado, foi por intermédio de capitães e alferes milicianos do Batalhão; claro que fiquei imensamente feliz, embora e naturalmente o meu primeiro pensamento não tivesse sido o da conquista da liberdade e democracia, mas sim a hipótese possível de um regresso antecipado a Portugal.
Longe estava de pensar que o 25 de Abril, me daria, ali em Moçambique, enquanto comandante de Companhia tantos problemas, devido essencialmente ao facto de que os homens sob o meu comando serem 95% pertencentes à guarnição local (isto é, viviam em Moçambique) e cerca de 90% serem negros, sendo que os brancos eram ou alferes e sargentos, ou especialistas (saúde, transmissões, administração, intendência, mecânica).
Fiquei a saber dias mais tarde que havia uma entidade nova chamada MFA, naquele caso, de Moçambique, e â qual deveria obedecer como militar, mas simultaneamente continuava a receber directivas operacionais do meu comando hierárquico, o Batalhão, que estranhamente me mandava intensificar as operações ( de carácter ofensivo); assim chegava-se ao absurdo de receber simultaneamente instruções, às quais devia dar cumprimento, completamente antagónicas, tais como reunir os meus homens e explicar-lhes que a Frelimo já não era o inimigo, e Portugal e Moçambique em breve seriam países irmãos, mas logo a seguir , mandá-los para o mato procurar “turras”…Era de ficar completamente desequilibrado e até ter tomado a resolução mais arriscada de todas as que tive de tomar, quase dei em maluco (sobre essa decisão falarei mais tarde).
Entretanto o correio familiar foi trazendo notícias mais concretas e eu assinava um jornal da metrópole que me ia pondo ao corrente, com muito atraso, claro, do que se ia passando. Vivia estes momentos difíceis que me causavam terríveis consequências no campo psicológico, quando o referido Major, foi naturalmente saneado e substituído, provisoriamente por um capitão meu amigo, que um dia , em trânsito no táxi aéreo, passou pela Companhia e ao ver-me assim abatido me obrigou, contra vontade, pois sentia não ser o momento próprio para abandonar o comando, a ir com ele passar ¾ dias a Marrupa a descansar um pouco de todo aquele stress; ficou a substituir-me no comando da Companhia, o alferes mais antigo, um sujeito de que os soldados não gostavam muito, até porque os explorava com um negócio de fotos que havia montado e que obrigava os soldados a pagar-lhe a revelação das fotos e a preços exagerados…
Chegado ao Batalhão, depois de um banho retemperador, de ter vestido roupas “decentes”, bebia um bom “scotch”, aguardando o jantar e uma boa partida de bridge, quando me vieram chamar para ir urgentemente ao posto de transmissões, onde me puseram em contacto com as transmissões da minha Companhia, de onde me informavam, o melhor possível sem cifras, pois o tempo urgia, que deveria regressar sem demoras, pois os soldados tinham-se revoltado contra o alferes, que havia fugido e estava algures escondido e protegido por furriéis, tinham assaltado o paiol do armamento, estavam de posse das armas e tinham invadido o bar de oficiais e sargentos e roubado tudo o que era álcool, pelo que estariam muitos embriagados a disparar a torto e a direito. Informei de imediato o comandante de Batalhão, o qual pediu a Vila Cabral uma avioneta D.O. para me vir buscar a Marrupa, mal clareasse, para me levar de volta à Companhia, e levaria comigo um outro alferes, este da metrópole e que aguardava transporte após as suas férias; é lógico que perdi o apetite do jantar e do bridge e fui incapaz de dormir, só a pensar em como iria resolver um grande problema duplo, no dia seguinte: acabar com aquela situação e reaver as armas, e também põr o alferes contestado a salvo.
Isso ficará para o próximo post, pois este vai longo e ainda há muito que contar sobre estas consequências locais e pontuais, mas difíceis, do 25 de Abril, para mim, enquanto militar numa frente de guerra.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Covilhã, cidade neve




Covilhã cidade neve
Fiandeira alegre e contente
És o gesto que descreve
O passado heróico e valente

És das beiras a rainha
O teu nome é nome de povo
És um beiral de andorinha
Covilhã tu és sangue novo

(Refrão)

De manhã quando te levantas
Que briosa vais para o tear
E os Hermínios tu encantas
Vestem lã para te namorar

E o pastor nos montes vagueia
Dorme à noite em lençol de neve
Ao serão teces longa teia
Ao teu bem que de longe te escreve

(Refrão)

Covilhã cidade flor
Corpo agreste de cantaria
Em ti mora o meu amor
E em ti nasce o novo dia

Covilhã és linda terra
És qual roca bailando ao vento
Em ti aura quando neva
Covilhã tu és novo tempo

(Refrão)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Piadolas "arco-iris"

"VIVA o Guei"!!!!

Que taça tão merecida...


Este não é........nós é que somos.......



Em pleno Principe Real este terrorista gay vai fazer-se explodir no Brique, a mando do dr. Manuel Maria Martins.




domingo, 3 de fevereiro de 2008

Kosovo - as razões da História


“Uma das coisas que me faz espécie, aqui nos Balcãs, é haver bons de um lado e os sérvios serem sempre os maus”
Raul Cunha – oficial da missão da ONU no Kosovo in “Jornal de Negócios” de 18 de Dezembro de 2007



O Kosovo foi o coração do reino medieval sérvio; os sérvios perderam a sua liberdade e estiveram 500 anos sob ocupação otomana, depois da grande batalha do Kosovo, em 1389, tendo sido apenas em 1830, que a autonomia da Sérvia foi proclamada de novo, após a expulsão do invasor. Se o Kosovo foi o coração da Sérvia medieval e se era apenas formada por sérvios até ao final do século XIV, como se chegou ao Kosovo de hoje, com uma população esmagadoramente albanesa?
Houve três grandes vagas de êxodo sérvio: a primeira, em 1690, durante a ocupação turca e que tem razões históricas que não são importantes para o momento actual; a segunda, durante a ocupação pelos fascistas italianos, durante a II GG, e a última, durante o governo de Tito. A segunda vaga aconteceu porque a ocupação italiana e albanesa (seus aliados) incluía juntar à Albânia, o Kosovo e parte da Macedónia, pois o resto do território foi ocupado pelos nazis germânicos; e com essa ocupação italiana se formou a “Grande Albânia”, e foi neste período que a população albanesa começou a perseguiu os sérvios, forçando a fuga de milhares deles, enquanto se estabeleciam ali cada vez mais albaneses; assim, no final da II GG (1948), havia no território do Kosovo, que entretanto tinha sido libertado pelos “partizans”, em 1944 e se tornou parte integrante da República Federal Democrática Jugoslava, cerca de 500.000 albaneses e 200.000 sérvios; a população albanesa expandia-se muito mais rapidamente, com famílias de 10/15 filhos, e em 1971, havia já mais de 900.000 albaneses, para 260.000 sérvios. Foi nesta altura que começou a saga separatista dos albaneses do Kosovo, que fez expulsar cada vez mais a população sérvia, a quem era feita uma guerra feroz pela população albanesa, política essa tolerada por Tito, que não era sérvio, mas sim croata.
Assim, a primeira razão para as tensões no Kosovo foi o explosivo crescimento da população albanesa. Apesar dos esforços de desenvolvimento da região por parte do governo jugoslavo, o Kosovo tornou-se a mais pobre das suas regiões; a autonomia extensiva dada por Tito aos albaneses do Kosovo (autonomia regional dada em 1945, mas não uma autonomia real, pois o Kosovo continuava a ser parte integrante da Jugoslávia), foi por estes ultrapassada, com a sucessiva expulsão do resto da população não albanesa – terceira vaga. Os albaneses kosovares nunca pretenderam juntar-se à Albânia, país atrasado, pobre e esquecido do mundo, governado por um regime comunista pró maoísta e não seguidor da ortodoxia soviética. Entretanto, esta população albanesa do Kosovo começou a ser o centro de importantes actividades ilegais de venda de droga para o Ocidente e a enriquecer com isso; o Ocidente, na sempre prática e eficaz política de “dividir para reinar”, não só fechava os olhos a tudo isto, como até fomentava tal situação, pois sabia, principalmente os EUA, o valor dos recursos minerais ainda não explorados, que a região terá; os terroristas albaneses sempre tiveram o apoio americano, sendo poderosíssimo nos EUA o “lobbie albanês” .
Voltando à questão da autonomia da província, durante o mandato de Tito, foi havendo sucessivos alargamentos das regalias dos albaneses, que pretenderam em 1970, ser reconhecidos como as outras “nações” que constituíam a Jugoslávia, e não estar incluídos na “nação” sérvia e os grupos mais extremistas começaram a pedir mesmo a independência; Tito não foi capaz de estancar estes acontecimentos. Após a morte de Tito e das naturais convulsões internas na Jugoslávia, chega ao poder o sérvio Milosevic e começa a guerra dos Balcãs, que levou à independência da Eslovénia em 1991, e mais tarde da Croácia, Bósnia e Macedónia; foi uma luta terrível, fratricida, com violência e actos cruéis de TODOS os beligerantes ( a independência da Macedónia foi pacífica).
Claro que Milosevic, com o cerco a Sarajevo, viu todo o mundo contra ele, e até os próprios sérvios, e começou a enviar para o Kosovo as populações sérvias que fugiram da Croácia e da Bósnia; foi forçado internacionalmente a assinar o Tratado de Dayton, em 1995, que pôs fim à guerra.
No Kosovo forma-se o Exército de Libertação do Kosovo – UÇK, que se envolve em ferozes combates com a população sérvia e as forças que Milosevic envia para sua defesa; para obrigar Milosevic a terminar com os combates, a NATO, por ordem de Clinton, bombardeia Belgrado e a Sérvia, nos seus órgãos vitais, durante 78 dias consecutivos, em 1999, ao fim dos quais, Milosevic capitula, pois também internamente a contestação aumentava dia a dia, tendo durado escassos meses no poder até ser afastado por dirigentes democráticos numa revolta em Belgrado, a 5 de Outubro de 1999. Embora Milosevic tivesse sido uma personagem sinistra, neste caso do Kosovo, limitou-se a defender os sérvios do extermínio e da expulsão de que estavam a ser alvo, pelos albaneses, no território sérvio do Kosovo. Os bombardeamentos castigaram a Sérvia por defender o seu povo e o seu território e levaram à criação de uma zona “tampão”, governada pelos albaneses, sob o controlo e vigilância das forças da ONU, situação que ainda hoje se mantém. Mas estas forças têm-se limitado a ver os albaneses kosovares fazerem uma operação de limpeza étnica, expulsando por todas as formas possíveis, os sérvios, para criar o primeiro narco-estado da Europa, completamente dedicado ao contrabando da droga, de pessoas (prostituição) e de armas.
Conhecida a história, convém agora reflectir sobre o dia de hoje, e no agudizar da crise, com a entrada em força nesta questão, dos EUA, com múltiplos interesses na região, como já referi.
A política externa norte-americana, nomeadamente após o comunismo na URSS, tem sido a de “guardião do mundo” e “vigilante da paz”, mas nunca uma política conduziu a tantas guerras, a tanta violência, como agora. Acresce que seria extremamente útil ter um estado “amigo” e ainda por cima muçulmano, naquela região europeia, não só para os fins ilícitos ali praticados (o Kosovo é conhecido como a Colômbia da Europa, no que respeita à droga), mas também para a lavagem de dinheiro, tráfico de carne branca e eventuais interesses económicos das suas minas. Mas é extremamente hipócrita esta política americana, pois para serem coerentes, deviam os EUA reconhecer o direito à independência do povo curdo, em relação à Turquia (mas é aliado e parceiro da NATO) ou à Palestina (mas Israel é demasiado importante para os americanos); os problemas, quando começarem a surgir, serão na Europa e não na América e como sempre o território americano sairá imune de qualquer futuro conflito, consequente deste precedente perigosíssimo.
Do lado europeu, a Alemanha foi historicamente , é ainda e será sempre um inimigo da Sérvia e todos sabemos o peso da Alemanha no seio da UE. Mas como reagirão estados como a Espanha (com os problemas autonómicos por resolver, principalmente do país basco), Chipre (com parte do seu território ocupado pela Turquia), a Bélgica, com evidentes dicotomias entre valões e flamengos, e até a Inglaterra, se fosse coerente, em relação ao Ulster, entre outros ? A Grécia sempre foi um fiel aliado da Sérvia; Hungria, Bulgária e Roménia são vizinhos territoriais…Haverá consenso nos 27 ??? Abrir um precedente destes na Europa, será amanhã legitimar a ETA; será dar luz verde à separação da Bélgica entre valões e flamengos; e porque não permitir a independência dos sérvios da Bósnia, que representam 50% da população deste país ? E porque não os portugueses que residem no Luxemburgo ( 1/3 da população do país), pedirem a sua autonomia ?
Finalmente, se por um absurdo da História, milhares de galegos se tivessem fixado entre o Douro e o Minho, e quisessem agora declarar um estado independente, com o apoio do estado espanhol, incluindo esse território, claro está, Guimarães, o berço da nacionalidade portuguesa ? Como reagiríamos nós?
Não é com chantagens políticas, oferecendo à Sérvia o imediato início de conversações para a sua integração na UE, que se consegue vergar um povo; os sérvios sentem-se, e são-no, realmente, enteados e não filhos, numa Europa cada vez mais unida; têm grande vontade e necessidade de integrar a UE, mas nunca o farão como moeda de troca de uma perda do deu território – uma pátria não se vende…
A consideração de uma autonomia quase geral, mas não uma independência, poderá estar nos planos de alguns políticos de Belgrado, mas nunca subjugar-se a uma posição de força. E convém não esquecer Putin e a Rússia de Putin, aliado de sempre dos sérvios , que NUNCA aceitará uma independência unilateral do Kosovo e todos sabemos a necessidade que o novo czar da Rússia tem, de se afirmar internacionalmente; além do mais, a Rússia tem muito mais a dar à Sérvia do que a EU.
Portanto, qualquer resolução via ONU está, a priori, condenada ao fracasso, devido aos mais que certos vetos da Rússia e da China, e os americanos sabem isso perfeitamente.
Houve demasiados erros, ao longo da História, nesta questão do Kosovo e bastantes culpados. Talvez Tito tivesse sido o mais culpado, pois nunca soube, ou nunca quis precaver o futuro da Federação Jugoslava, que assentava em si próprio, e isso levou à guerra dos Balcãs e a esta situação no Kosovo.
Como já afirmei antes, o precedente da independência do Kosovo será perigoso para o mundo, principalmente para a Europa, mas que importa isso ao senhor Bush e à senhora Condolezza Ricce, que lhes importa a História? São demasiado grandes e importantes para se preocuparem com isso e sabem que têm o apoio quase total da EU, que ainda não percebeu que, quer em termos económicos, quer em termos essencialmente políticos, não é, nem poderá vir a ser subserviente em relação ao “expansionismo” americano. Vários actores americanos (George Clooney, Robert de Niro, Sharon Stone, Johnnie Depp, entre outros), já publicamente declararam o seu apoio à Sérvia, aliás como o insuspeito Sean Connery, defensor da autonomia escocesa.
Claro que a situação actual não é a de há 8 anos atrás, pois já não está no poder Milosevic, nem a América, a NATO ou a EU recorrerão a meios violentos para forçar situações; mas o que acontecerá no terreno?
Para finalizar, gostaria de dizer que no passado dia 25 de Janeiro foi publicado um artigo no jornal “Público” sobre este assunto; li-o, em Belgrado, on line; e houve comentários, muitos, mais de 40, não de políticos, não de comentadores políticos ou de “fazedores de notícias”, mas sim de gente anónima; e fiquei feliz por ver que a gente do meu país não é tão inculta ou mal informada como às vezes parece, pois esses comentários, na sua esmagadora maioria, condenavam, com argumentos válidos a independência do Kosovo. Mas, infelizmente quem governa não é o povo e todos sabemos que a posição oficial portuguesa será na EU, a do habitual “yes, sir”!!!!



Tadic, o candidato mais europeísta venceu, e agora? Fala-se que a proclamação unilateral da independência será feita esta semana… a ver vamos…

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Kneza Milosa


































Kneza Milosa é uma rua de Belgrado; não é a maior, pois o Boulevard Aleksander, por exemplo é muito maior; não é a mais animada, pois as diversas ruas piedonais no centro, têm uma imensidade de gente sempre, mas sobretudo no Verão; mas é talvez a mais importante rua da capital sérvia – para mim é de certeza, pois é lá que o Déjan mora - mas mesmo para toda a gente, pois esta rua com um movimento automóvel constante, que vem da auto-estrada até ao centro (termina no Parlamento), tem locais muito importantes, nomeadamente a residência oficial do primeiro ministro, vários ministérios (Negócios Estrangeiros, Interior, Defesa, Obras Públicas, entre outros), todos ele belos edifícios, tem muitas embaixadas, entre elas a americana e tem edifícios esventrados, destruídos completamente por bombas lançadas pela Nato, e sob a égide de Bill Clinton, para forçar o então todo poderoso e bastante odiado também pelos sérvios, Slobodan Milosevic a abandonar o Kosovo e a entregar essa província sérvia à guarda das Nações Unidas; nesses bombardeamentos os belos edifícios que agora vimos reconstruídos foram também arrasados, deixando as ruínas do então Ministério da Defesa e do Ministério do Interior, para mostrar a brutalidade dos efeitos das bombas.
Claro que foram bombardeamentos “cirúrgicos” e que visaram, não só em Belgrado, mas em todo o território sérvio, as grandes unidades de produção, as pontes e outros objectivos estratégicos.
Um apontamento para referir que a casa do Déjan é em frente das ruínas do M. da Defesa, pelo que ele, quando as bombas começavam a cair se limitava a abrir as janelas para o efeito das bombas não estilhaçar as vidraças; ainda bem que do outro lado da rua, a 170 metros da sua casa fica a embaixada dos americanos, que com certeza teria que ser poupada.
Por todas estas vicissitudes por que o povo sérvio foi passando, pelos muitos milhares de mortos que a guerra lhe levou, sempre com a ideia de que eles foram sempre os maus e os únicos maus, vale a pena voltar ao assunto do Kosovo.
Assim farei após saber o resultado das eleições presidenciais do próximo domingo, entre o europeísta e actual presidente Tadic e o nacionalista Nikolic, que embora ambos se oponham à independência do Kosovo, terão diferentes modos de agir, talvez.