quinta-feira, 28 de julho de 2011

Trash Land

Transcrevo aqui um texto a algumas fotos que podem ser vistas aqui, com a indicação dos seus autores.
É um texto magnífico e as fotos são soberbas: para reflectir!!!

·           A inércia grotesca consciente/inconsciente do humano enquanto humano remete para cenários torpes de qualquer 3º mundo a distâncias nada menos que astronómicas. Distâncias essas, que em pleno século XXI se tornam cenários como os que testemunhei na lixeira de Huléne, animações demasiado pictóricas de um panorama demasiado desactualizado. Cenários onde a vida se exila de sentidos, onde questiono a cor da minha fé e me alheio do real... um real tão marcante, quanto presente.
   A sul de Moçambique, bem no coração de Maputo e a escassos metros do aeroporto da Capital, encontra-se a lixeira de Huléne, mãe de muitas histórias, casa de muitos renegados e sustento de muitos mais. É difícil lograr qualquer tipo de juízo quando a incredibilidade amotina qualquer estado de alma ou percepção intelectual. Os limites da lixeira ultrapassam a sensibilidade comum - e até a perspicuidade do olhar - e nem os muros que a aprisionam, conseguem dissimular um cenário nada menos que dantesco - cortados a sul por uma entrada improvisada, um buraco no maciço muro de cimento, concreto e bruto.
   Ali confluem todo um tipo de necessidades e propósitos. Movimentações constantes de pessoas e camiões compõem um complexo jogo de cores e sensações que nos despertam para a proximidade do precário e do insensível. São muitas as personagens, mas muito poucas as diferenças.
   Os “catadores de lixo” são os que mais agitam os horizontes. São peões de um dos poucos negócios, e talvez o mais rentável, que ainda consegue florir entre a mais profunda e desesperante imundice – a reciclagem. Furam freneticamente os corredores de lixo em busca da utilidade. Porque a utilidade ali, e para eles, pode mais tarde valer um pouco mais que pão e leite.
   Depois, os outros. Os outros que se assemelham por excesso a muitas caricaturas do pobre e do mendigo que muitas vezes se camuflam entre piadas de genéricos ou bandas desenhadas generalistas do mundo civilizado. Os outros dos olhos sem vida. Os outros do sorriso sem cor e do rosto vazio de expressão. Os outros que tornam esta experiência muito mais humana.
   As fotografias fluem numa cadência desproporcionada. A consciência do que vejo inquieta drasticamente a minha percepção das coisas. Nunca o nada fez tanto sentido, e o valor material, tão pouco. Ali o belo torna-se noutro belo, o digno noutro digno. A importância nunca teve na cor da camisa ou sequer no tamanho do sapato. E no meio de tão pouco, rodeado de tamanha e angustiante putrefacção, constatações simples como a que entre o interesse e a curiosidade me dou conta, nunca antes foram tão perturbantes – “todos os dias comemos carne”. A inquietação há muito que me havia tomado por completo, mas a surpresa, essa, é inoportuna, desperta-me a todo o momento. Ali, quando o fruto se torna o resto, o resto torna-se o fruto.
   Não é fácil conhecer a lixeira. Não é fácil crer no que é apenas a realidade. Conhecê-la, não é mais que acordar para as diferentes realidades do homem e do mundo. E o maior erro é pensar que ali não há espaço para a vergonha. Uma vergonha muito mais legítima que qualquer outra. Uma vergonha muito mais tocante e bruta de sentido. Porque para muitos estar ali não é nem foi uma opção. Porque muitos deles, já viram para lá dos muros.
   São estas circunstâncias, num país em senda de progresso e desenvolvimento através do investimento externo, que tornam a lixeira de Huléne um fenómeno cada vez mais desactualizado até para o contexto de crise e delicadeza económica no qual se insere Moçambique.
   Esta, não é a cor da minha fé, é a inconsciência da verdade que teimosamente desfigura a sociedade civil e a condição do homem enquanto ser humano.

    

terça-feira, 26 de julho de 2011

1000 POSTAGENS


O Whynotnow completa com esta entrada a sua 1000ª.postagem.
No post anterior perguntava se alguém adivinharia o tema desta entrada; não era fácil, mas a resposta estava aqui no blog, na coluna da esquerda: 257 postagens na sua primeira fase e 742 na segunda, o que perfazia 999…
É verdade: o Whynotnow teve início em 6 de Novembro de 2006, e teve 257 postagens até ser infantilmente apagado por mim, por incompetências informáticas, a 8 de Julho de 2007. Graças à preciosa ajuda do amigo Sérgio, consegui “resgatar” a maior parte dessas postagens, as quais guardo, como é lógico, apenas sendo impossível recuperar um mês (cerca de 15 postagens).
Desde 9 de Julho de 2007 até hoje publiquei 743 entradas, as quais tiveram 26842 comentários; não contabilizei os comentários da primeira fase, pois faltam-me as tais cerca de 15 entradas.
Mais tarde, não sei quando, comecei a contabilizar os visitantes, mas é um número deficitário, pois foi iniciado bastante depois do reinício. De qualquer forma, actualmente o número de visitantes é de 25110, oriundos de 96 países, naturalmente cabendo uma quase totalidade a visitantes nacionais (18792), seguido pelo Brasil (3278), o que também é natural pois sigo e sou seguido por bastantes blogs do país irmão.
Este blog é muito ecléctico e reflecte perfeitamente a maneira de ser do seu autor; sou de signo Carneiro, e portanto, impulsivo, teimoso, determinado e extrovertido. E sou por isso mesmo bastante comunicativo e facilmente me relaciono com outras pessoas. Não tenho qualquer problema em me assumir tal como sou, nas mais variadas situações, quer políticas, religiosas, sexuais ou de outra índole. É um blog muito pessoal em que me exponho, sem receios, até porque nada tenho a esconder. Devido à minha idade, as experiências de vida são muitas e variadas, e porque penso que a partilha é um dos aspectos mais relevantes da blogosfera, partilho essas experiências aqui, nos limites da minha flexível (e bastante lata) privacidade.
Durante todo este tempo, conheci inúmeros blogs, e continuo a seguir muitos, alguns deles a título meramente informativo ou figurativo (…), mas procuro, dentro do possível deixar comentários nos restantes. Infelizmente, já não existem muitos dos blogs que fui conhecendo e outros funcionam a “meio gás”, o que denota uma certa crise na blogosfera, em grande parte causada pelo aparecimento das redes sociais.
Obrigado a todos os seguidores (248) e a todos os visitantes, com especial destaque para aqueles que vão comentando; quer as pessoa acreditem ou não, são os comentários que dão vida aos blogs e complementam as postagens.


Nota: um obrigado ao Paulo do "Felizes Juntos" (ele sabe porquê).

domingo, 24 de julho de 2011

O que será?


Nunca até hoje fiz nenhuma pergunta aos leitores deste blog.
Pois alguma vez teria que ser a primeira; desafio-vos a adivinhar o assunto do próximo post! Claro que não é fácil, mas dou uma pista: a resposta está aqui mesmo no blog, mas está escondida.
O que será?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

YOU



Esta música já toda a gente conhece, penso mesmo que deve ser das mais vistas na blogosfera, pois é sublime e cantada por uma Senhora, que hoje pode ser considerada das melhores vozes em todo o mundo.
A razão porque aparece aqui, e agora, é porque com ela, quero enviar um recado a uma pessoa que amo muito.

Déjan, my love, the letter of this song is not for you; just because I need not looking for "Someone Like You". I need not because I met you, almost six years ago, and for me YOU are everything! Thanks for that!!!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Yang Wang

Yang Wang é um jovem dançarino e fotógrafo, nascido na China e que vive e trabalha actualmente em Paris.
Aqui estão algumas imagens das suas séries "Living Dance".
Nelas, se pode ver como a beleza do corpo se conjuga, na perfeição com o movimento da dança.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Crise" (???)

Não, não é a crise “normal” de um desgaste de um relacionamento.
Não, não é sequer um prolongar excessivo de um distanciamento, previamente conhecido e aceite por ambos.
Não, não é uma dificuldade acrescida de ter de aceitar um “teatro” de não homossexualidade, quando já não tenho idade para isso e penso em tal como um retrocesso…
Não, não é uma indefinição sobre o futuro, quando se vê o “tempo” a correr atrás de nós.
É tudo isso, sim, mas também é algo mais…
Algo que está acima de tudo isso e que nos permite ultrapassar a crise, se se pode chamar a isto uma crise…
E esse algo mais é um Amor intenso e mútuo entre duas pessoas que necessitam muito uma da outra; que sofrem intensamente por não compartilhar juntos, alegrias e tristezas; que não podem gritar ao mundo, pelo menos a certo mundo, que nos amamos e que é impossível qualquer outro cenário.
Apenas temos ambos uma certeza: saímos reforçados de uns momentos de interrogação, que as lágrimas de ambos ajudaram a clarear.
AMO-TE!

sábado, 16 de julho de 2011

A Bernarda


Quando publiquei uma postagem sobre o livro “Homossexualidade no Estado Novo” da autoria de São José Almeida, prometi que escreveria algo sobre as minhas impressões pessoais, e que logicamente se referem ao período em que estudei em Lisboa, antes de ter ido cumprir o serviço militar em África.
Foi uma altura curiosa para mim, pois quando cheguei a Lisboa, toda a minha homossexualidade reprimida, desabrochou e foi mesmo em Lisboa que deixei de ser virgem, já com 21 anos e numa experiência algo frustrante, com um jovem universitário da minha idade.
Mas era uma homossexualidade naturalmente clandestina, embora frequentasse locais ligados ao mundo gay, mas sempre com medo que me descobrissem.
Conheci muitos locais e muita gente, e hoje quero apenas referir um local e uma pessoa. Ambos são falados no livro em questão.
O local era um bar “manhoso” que havia logo no início da Rua das Pretas, perto da Avenida, de seu nome Reimar e que era, não tenho dúvida, um dos locais mais “surrealistas” dessa Lisboa dos anos sessenta e setenta do século passado (e surrealismo está mesmo correcto, pois um dos seus principais frequentadores era o expoente máximo do surrealismo português de então – Cesariny). Mas sobre este local prefiro remeter o leitor para uma entrada que fiz aqui no blog, para não me repetir.
Já quanto à personagem , nunca falei dela e valha a verdade que nunca o conheci pessoalmente. Tratava-se de Bernardo de Britande, melhor Conde de Britande, também conhecido no meio por Dom Bernardo ou mais ainda por Bernarda! Este senhor, como se refere no livro “era de um extracto social elevado, mas tinha chatices com a polícia…tinha uma casa fabulosa na Avenida da Liberdade e fazia uma vida fora do comum para época, assumindo a sua homossexualidade a 100%. Uma vez alugou um hotel fora de Lisboa, para dar uma festa homossexual e convidou uns amigos e uns marinheiros. Depois do jantar, iam para os quartos. Ele, como anfitrião, distraiu-se e ficou sem nenhum marinheiro. Então decidiu tocar o alarme do hotel e estragou a noite aos outros. Foi secretário de David Mourão Ferreira na SPA e foi visto, já velho, no Bota Alta, no Bairro Alto, a pôr batom, usando a faca como espelho. Andava sempre no engate na Avenida, pedia lume, perguntava as horas e dizia «peço desculpa por estar a dirigir-me a si, mas o senhor faz-me lembrar tanto o meu pai, quando era novo».
Ora eu recordo-me de ter assistido a duas cenas impagáveis com a Bernarda. Eu e os meus amigos da Covilhã que estudávamos em Lisboa, quase todas as noites nos encontrávamos no saudoso café Monte Carlo,perto do Saldanha, e no tempo bom, por vezes vínhamos conversar para a rua, às portas do café; eu estava com um grupo de amigos, numa noite, e claro que ninguém sabia que eu era homossexual (hoje todos sabem e continuamos amigos), nem a Bernarda me conhecia de lado nenhum (safa…), quando aparece o dito cujo e chegando perto de nós, pergunta descaradamente “ninguém alinha nuns beijos?”. Bem a reacção foi civilizada e à base de gargalhadas.
Outra cena passou-se no acesso aos bastidores do Coliseu, após uma fabulosa representação do Lago dos Cisnes, com o Nureyev e a Margot Fonteyn; muita gente à busca de um autógrafo, de poder ver ao vivo aquelas lendas do Bailado Clássico, e eu lá pelo meio; nisto, aparece a Bernarda, imponente como sempre e diz “meninos, vamos lá sair daqui, que o Nureyev esta noite vai dormir comigo; venho buscá-lo e tenho o carro à porta à espera”!
Era assim esta personagem única desse tempo…

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Estado de graça

Apareceu recentemente na RTP um programa de humor, que costumo seguir e faço-o porque os cinco intérpretes são perfeitamente fabulosos: Maria Rueff, Ana Bola, Joaquim Monchique, Eduardo Madeira e Manuel Marques multiplicam-se em cromos, uns conhecidos, outros satirizando situações e fazem-me rir, o que é bem preciso nesta altura.
Deixo aqui um vídeo com uma cena divertida e podem aproveitar para ver outras que se inserem no vídeo também.
Há personagens fabulosos, como a Rueff a interpretar a Luciana Abreu , a Ana Bola, a esposa de Passos Coelho, Eduardo Madeira como Lula da Silva, Manuel Marques a fazer de Goucha e toda a exuberância do Monchique.
Divirtam-se...

sábado, 9 de julho de 2011

Obsolescência do Género



The naked body and the I. The mask and the stereotype.
It’s a gynandroid performance where the transition process is intermingled with poetry.
Sex is represented as skin, female, male. Gender is represented in the sense of self, of man, and of woman. A journey, a crossing, a transition. Naked bodies lined up slowly coming closer. Each individual has a story. They are holding hands. Changing sex is painful like birth. The golden masks on their faces are not to hide their identities: In fact as they come closer it is possible to distinguish their genders: a biological man, a trans man, a trans woman, a biological woman. From the bottom of the stage, a female creature unfolds from behind a black towel and goes to stand behind them: she walks across touching the bodies, one after the other. The pain is tiring, the flesh a substance to be shaped. The solemn rite of dressing up - in trousers, jacket and tie: it's the return to the opposite. For a transsexual changing sex is not becoming a man but a return to being a man. There is no need to wear the masks anymore: the self is revealed.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Uma rua, uma casa, uma canção...


Esta rua é uma das mais importantes ruas de Belgrado, chama-se Kneza Milosa, o que significa Cavaleiro Milosa, um célebre herói da História sérvia e que tem uma pequena estátua num jardim lateral dessa rua, não visível na foto.
É a rua que traz o tráfego rodoviário para o centro da cidade, que começa no cimo dela, a 5 minutos a pé.
É a rua dos grandes edifícios governamentais, que se podem ver (alguns deles) à direita da foto, nomeadamente a residência do Primeiro Ministro e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, situados em belíssimos edifícios muito bem iluminados durante a noite. E também se podem ver, mesmo à esquerda da foto, as ruínas do enorme Ministério da Defesa,completamente destruído pelos bombardeamentos da Nato e que assim permanecem como memória viva, apesar de por detrás se encontrar um moderno edifício com o actual Ministério.
É a rua das grandes embaixadas, entre as quais a americana, que ainda se vê, mal, no lado direito, ao fundo; da canadiana, da croata e outras, ficando mais umas tantas, importantes (Inglaterra, Itália, Rússia, Alemanha, Bulgária), em ruas adjacentes.
É a rua do melhor Irish Pub de Belgrado!
Mas, essencialmente é a rua onde mora o Déjan; sim, naquela casa pequenina, branca, que fica do lado esquerdo da foto, logo a seguir às ruínas do M. da Defesa. Foi dali que o Déjan assistiu à destruição de todos esses edifícios governamentais, com as bombas a caírem a 50/100 metros das suas janelas, que ele abria para não serem estilhaçadas; eram bombardeamentos cirúrgicos naquela zona,já que a casa do Déjan dista 150 metros da embaixada americana.
Mas não foram só estes os alvos dos bombardeamentos ordenados por Clinton: todas as pontes que ligam as duas margens do Sava (algumas vêm-se na foto), as grandes unidades industriais, a torre de comunicações, de que mostrei recentemente a nova, no monte Avala e muitos outros sítios que destruíram por completo a economia de uma nação, pois esses bombardeamentos não foram apenas em Belgrado, mas em toda a Sérvia; e este país tem vindo a recuperar e é um país de gente muito valorosa que muito admiro.

A música que ouvem é uma canção dalmantina, isto é da região da Dalmácia, uma região costeira hoje pertencente à Croácia e onde o Déjan nasceu, na linda cidade de Zadar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bob Hope & James Cagney

Eis um vídeo de uma cena famosa do filme "The Seven Little Foys", de 1955, protagonizado pelo famoso comediante e "entertainer" Bob Hope, aqui com 52 anos, em que Hope contracena com outro famoso actor, James Cagney, que já tinha 56 anos na altura e que se celebrizou essencialmente pelos seus papéis de Gangster e de "mau da fita". Esta cena passa-se no famoso clube privado nova-iorquino "Friar's Club" que ainda hoje existe.
Este filme é um "biopic" do "entertainer" Eddye Foy e Cagney aceitou participar no papel de George M.Cohan, recreando essa personagem que já lhe tinha dado um Óscar em 1942 no filme "Canção Triunfal" (Yankee Doodle Dandy), e não quis ser remunerado por essa participação.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Independence Day





Dedicado aos amigos americanos Rich e Arthur. Have a nice 4th JulY.

Adenda (agora deu-me para as adendas), dedicada ao Sad Eyes e que decerto agradará a muita gente - "isto" é produto nacional!!!

domingo, 3 de julho de 2011

Novak Djokovic

Djoko acaba de se sagrar campeão de um dos mais importantes torneios de ténis do mundo, Wimbledon, na relva, que nem é a sua especialidade, e onde derrotou outro grande campeão, Rafael Nadal.
Este sérvio que é de uma simpatia impressionante é hoje indiscutivelmente o maior desportista da Sérvia de todos os tempos e um orgulho para o povo sérvio. Como tenho uma costela sérvia, por "afinidade", junto-me ao Déjan e a todos quantos a esta hora celebram nas ruas de Belgrado esta vitória.
E também Djoko conquistou outra enorme distinção ao subir ao primeiro lugar do ranking ATP, destronando precisamente Nadal.
É sem qualquer sombra de dúvida o grande candidato a ser considerado no final de 2011 como o maior desportista do mundo.
Parabéns, Djoko!

Adenda, especialmente dedicada ao André e a todos os milhões de benfiquistas.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Grécia ... e nós, por cá!

A situação na Grécia está incontrolável, economicamente, politicamente e de uma forma especial, socialmente.
Os gregos já não sabem para onde se voltar e quase já não têm país.
Claro que muitas das culpas desta situação, vem desde há muito do descalabro da forma de viver dos gregos, com falcatruas, mentiras e inconcebíveis medidas, das quais (e são tantas), só refiro a mais ridicula: ser cabeleireiro era considerada uma profissão de risco, e como tal susceptível de reforma aos 50 anos!!!!!!!!!!!
Só quem nunca esteve em Atenas se pode admirar, pois se tomas um táxi, tens que o partilhar com mais 2 ou 3 pessoas e depois todos pagam...
Mas, claro que não foi só por causa destas coisas que a Grécia está como está: o mundo económico está numa espiral perigosíssima, com a Europa e o euro no meio do furacão e quem está a ser "triturado" nessa onda é principalmente a Grécia.
Sinceramente, não encontro, a curto prazo, uma solução para ver, sequer a luzinha ao fundo do túnel; mas eu não sou nem economista nem político.
Em vez de fotos chocantes dos acontecimentos chocantes dos últimos dias em Atenas e homenageando o desgraçado povo grego, aqui deixo dois vídeos com 35 anos de intervalo, ambos focando uma das mais conhecidas músicas e danças gregas, o tema de "Zorba, o grego", que Teodorakis compôs e Anthony Quinn dançou, no filme, com Alan Bates e depois com o próprio Teodorakis, quando já tinha 85 anos.

E porque quem fala na crise grega, fala logo em Portugal, aí está a primeira medida "salvadora" de Passos Coelho: vamos todos passar um Natal mais alegre; sim, pois como diz o povo "pobrete, mas alegrete"!!!!
E a procissão ainda está no adro...

Se fosse Sócrates a tomar esta iniciativa, já estaria convocada uma greve geral...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nomes...


O meu nome é João, como muita gente sabe; mais propriamente João Carlos, e assim calhou porque o meu Pai se chamava Carlos e o meu Avô se chamava João.
Ao contrário de muita gente, gosto bastante do meu nome e se pudesse tê-lo-ia mesmo escolhido.
Ao longo da nossa vida, e por diversos momentos e em variadas ocasiões, o nosso nome tem um chamamento especial. No meu caso, o mais vulgar é chamarem-me apenas João, apesar de haver muitos. Curiosamente, os meus Pais desde sempre me trataram por João Carlos.
Na minha infância, a minha irmã que era apenas um ano e meio mais velha que eu chamava-me Bão e assim também me chamaram quando eram crianças, as minhas sobrinhas – Ti Bão!
Na vida profissional, o chamamento sempre foi Sr. João, poucas vezes, Sr.João Carlos e algumas outras, pelo meu nome de família – Roque. Aliás na vida militar é este o tratamento normal e assim fui sucessivamente Alferes, Tenente e finalmente Capitão Roque.
No que respeita a nomes afectivos, aí sim, houve vários, uns com alguma raiz no nome, como Janito, outras, sem qualquer relação, como agora, por exemplo sou o Chako Pako para o Déjan.
Nunca me chamaram muito diminutivos, tal como o vulgar Joãozinho, mas houve uma pessoa, que ainda hoje é viva e de quem muito gosto que sempre me tratou e ainda trata por João Carlinhos; é de uma enorme ternura este tratamento e já não é a primeira vez que aqui no blog falo dessa pessoa – é a Lurdes, que veio para casa de meus Pais a servir como cozinheira quando eu tinha dois ou três anos e por lá esteve muitos anos, até depois de eu ter ido para fora estudar e ela ir casar. É uma das pessoas mais importantes da minha vida e pese embora hoje tenha uns belos 85 anos, continuo a tratá-la por tu, mas com um imenso respeito, por tudo o que me deu.
Por vezes, quando estava junto à banca da cozinha, pedia-me, enquanto fazia o jantar: “menino João Carlinhos, venha fazer-me companhia e leia-me um dos seus livros”; e eu lá ia, com o meu livro de leitura da escola primária a ler-lhe aquelas páginas, muitas vezes, de pé num banco pequeno, para ela ouvir melhor. E ela ouvia com muita atenção e no fim dizia-me com aquela simplicidade das raparigas de aldeia: “como o menino lê bem; se continuar assim ainda há-de ser, sei lá…Presidente da República!”
Para ti, Lurdes um beijo grande de agradecimento por tanto que me deste e me ensinaste, e para ti, Eva, não arranjei melhor que isto, para colaborar na tua iniciativa do Concurso da Escrita Criativa 2011. Espero não te  desiludir...


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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Por toda a Vida (Is for Life)

For you my love, just today, because you need it...
Is for life
What is burning in my veins
This flame fed and full
Sparked by you
Is when we love
Is when we fight
And it's for life
My love for life
There is nothing to tie in
What unites us to anything
There is one word
That takes us out of fairy tale
This love that leaves me
Invades your body
Not watertight, runs the wire
Run slippery
As relentless run
To the sea, river water
And it's for life
What is burning in my veins
This flame fed and full
Sparked by you
Is when we love
Is when we fight
And it's for life
My love for life.

sábado, 25 de junho de 2011

A experiência


A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.


"Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, ja me queimei a brincar com uma vela, ja fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, ja falei com o espelho, ja fingi ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; ja me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; ja estive sob o chuveiro até fazer chichi.


Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, ja me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.

Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.

Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.

Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.

Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.

Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.

Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.

Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.

Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...

Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:

- Qual é a sua experiência?

Essa pergunta fez eco no meu cérebro. Experiência....
Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?

Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Senza farsi male!

Este é um dos temas musicais do filme que acabei de ver, "L'uomo che ama" , na voz belíssima de Carmen Consoli.
É daquelas músicas que apetece ouvir uma vez, outra vez, e outra ainda, isto numa opinião pessoal, é óbvio.
O filme é uma agradável surpresa, penso não ter sido exibido comercialmente no nosso país, é de 2008 e é realizado por uma senhora de que nunca tinha ouvido falar - Maria Sole Tognazzi.
É um filme que nos fala das relações sentimentais e do fim das mesmas, as suas razões e também quando não há razões...
O curioso é que tomei conhecimento do filme por tê-lo descoberto num site de filmes de temática gay e há razão para lá estar, pois não sendo a base do argumento, é um tema importante no filme.
Filmado em Turim e no Piemonte, com os Alpes lá no fundo, é um filme verdadeiramente beloe que merece ser visto, de preferência bem acompanhado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"Dzi Croquettes"


“Não somos homens, nem mulheres, somos gente.”

Este documentário, realizado por Tatiana Issa e Raphael Alvarez, em 2009, resgata a trajectória dos actores/bailarinos que se tornaram símbolos da contracultura ao confrontar a ditadura usando a ironia e a inteligência. Os espectáculos revolucionaram os palcos com performances de homens com barba cultivada e pernas cabeludas, que contrastavam com sapatos de salto alto e roupas femininas. O grupo tornou-se um enorme mito na cena teatral brasileira e parisiense nos anos 70.
A palavra irreverente já existia nos dicionários, mas atingiu um novo grau de entendimento depois da criação do grupo Dzi Croquettes.
A década de 70 foi de rompimento, de mudança, de fugir de padrões e buscar o novo, o desconhecido. A contracultura abriu espaço para questionamentos sobre a realidade, a ruptura ideológica e a transformação social. Nesse contexto um Americano desembarca no Rio de Janeiro: Lennie Dale unia a bossa nova a um swing do jazz novaiorquino; o encontro de 13 homens, 13 talentos. Surgia então o furacão que iria abalar as estruturas sexuais das pessoas, abrir portas, quebrar tabus, mudar a cena teatral Brasileira e Internacional. Surgia então os Dzi Croquettes.
O grupo revolucionou os palcos cariocas com os seus espectáculos andróginos. Desobedientes e debochados, decidiram desrespeitar a ordem do regime militar com inteligência. Os sapatos de salto alto e as roupas femininas propositadamente exibiam as pernas cabeludas e a barba cultivada pelos homens do grupo. O primeiro show, em 1972, foi um grande sucesso, apesar de ter sido banido pelo Serviço Nacional de Teatro. A comédia de costumes era um deboche ao sistema de ditadura e à realidade brasileira. O grupo também fez muito sucesso na Europa, especialmente na França, onde levou plateias parisienses à loucura.
Esse documentário conseguiu reunir os integrantes do grupo, assim como amigos e admiradores para uma bateria de entrevistas exclusivas sobre o que é ser um Dzi Croquettes, a formação, os textos, a censura, o sucesso até a desintegração do grupo, mas nunca da ideia. O documentário conta com depoimentos de amigos e artistas consagrados no cenário artístico brasileiro e internacional como: Liza Minnelli (grande admiradora e amiga do grupo), o director e coreógrafo americano Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, Betty Faria, José Possi Neto, Miéle, Aderbal Freire Filho, Jorge Fernando, César Camargo Mariano, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Norma Bengell, entre tantos e ainda os integrantes originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda, os únicos ainda vivos. Os restantes oito faleceram, quatro devido à SIDA, três foram assassinados e outro devido a um aneurisma.
Mais de 45 depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris contam a trajectória desse grupo que influenciou suas carreiras e suas vidas em uma trajectória fascinante recheada de sucessos, fracassos, assassinatos, grandes voltas por cima e a recuperação de uma parte da nossa história que não deveria jamais ser esquecida. A busca por novos valores e novos canais de expressão – marcas registadas do movimento de contracultura – e dos Dzi Croquettes!
Dzi Croquettes é hoje o documentário mais premiado do Brasil.



O Dzi Croquettes era formado pelos seguintes artistas: Lennie Dale, Wagner Ribeiro, Cláudio Tovar, Cláudio Goya, os irmãos Rogério e Reginaldo de Poly, Bayard Tonelli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlos Machado, Eloy Simões, Roberto Rodrigues e Ciro Barcelos. Essa foi a formação original do grupo. Depois, nomes como Dario Menezes, Fernando Pinto e Jorge Fernando farão parte da companhia.
De todos eles sobressaem dois nomes: Wagner Ribeiro, o mentor da formação do grupo e o bailarino americano Lennie Dale, um extraordinário executante que veio a revolucionar o conceito da música brasileira, com a introdução da dança da bossa nova e que foi uma das pessoas que mais influenciou o início da carreira de Elis Regina.

domingo, 19 de junho de 2011

Piglets

Aviso prévio: este blog não vai mudar, de forma alguma, a sua orientação, que tem sido aquela que os leitores conhecem. O facto de, por decisão minha, ter passado a ser um blog considerado para adultos, deve-se apenas ao facto de eu não querer com alguma postagem que aqui traga ferir sensibilidades e inclusive vir a ser sancionado pela blogger.
Já por várias vezes não pus aqui diversas coisas, por causa da eventual repercussão que essas coisas tragam, embora no meu entender não ultrapassem nunca os limites da decência; e assim continuará a ser...
Mas e dou como exemplo o vídeo que aqui apresento, há imagens que podem estar na margem do permitido, e assim prefiro não arriscar.
Este vídeo não é um vídeo pornográfico, é um vídeo cómico e divertido e só por isso ele está aqui no blog.
Divirtam-se...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Fúria de Viver"

Penso que exceptuando os mais velhos e os apaixonados pela 7ª.Arte, poucos terão visto o filme "Fúria de Viver" (Rebel Without a Cause), um filme de 1955, realizado por um dos melhores directores de sempre do cinema americano, Nicholas Ray e protagonizado por um trio de jovens actores, que curiosamente faleceram todos precocemente, James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo.
Foi dos poucos filmes interpretado por James Dean e além disso tem uma curiosidade suplementar: o relacionamento na tela destes três protagonistas, teve muito a ver com o seu comportamento na vida real.
Na altura, não era fácil apontar um actor conhecido de Hollywood como gay, mas Dean sempre foi referenciado como tal, sendo célebre o que se afirma ser um seu fétiche (usar o tronco como cinzeiro); e ainda mais Sal Mineo, que era bastante mais ostensivo.
Este vídeo é muito interessante pois mostra-nos a cumplicidade dos três intérpretes e embora nada aqui mostre que eles eram homossexuais, há sinais bastante evidentes desse facto, bastando para isso perceber certos "sinais" que passam desapercebidos a muita gente.
Esta postagem é dedicada ao meu bom amigo "Arséne Lupin", fã incondicional de Dean, Mineo e de "Fúria de Viver". (*)

(*) - Como adenda aconselho a ler o post de "O Bom Ladrão", como reacção a esta minha postagem.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Três fotos

Três fotos diferentes, mas interessantes, cada uma por uma razão especial...
E atenção a esta música linda!!!

domingo, 12 de junho de 2011

Fair Play


Quantos casais não vivem esta situação????
É isto que me revolta; eu já vivi uma situação parecida durante uns meses, de ser o "terceiro", até que, por isso e outras razões, pus fim a essa farsa de amar uma mulher e ter um amante masculino para colmatar os desejos de uma sexualidade que pode ser escondida, mas nunca reprimida.