E veio finalmente a tão esperada ordem de abandonar o aquartelamento da Ilha de Metarica, para rumar até Nampula, onde se faria o desmembramento da Companhia, penso que seria a primeira a ser desmembrada naquela colónia (fora as que regressavam entretanto a Portugal).
Foi com alvoroço e muita satisfação que iniciámos a preparação da coluna auto que levaria os homens e o material ainda operacional até Nova Freixo, uma cidadezinha simpática, onde a guerra nunca tinha chegado, e de onde iríamos depois até Nampula, de comboio. Deixámos no quartel as viaturas inoperacionais e os “edifícios” que serviam de casernas, e de apoio logístico: administração, transmissões, saúde e messe de oficiais e sargentos e ainda um edifício, esse sim construído por nós e que era a minha habitação e posto de comando; fizemos um grande pano onde escrevemos “Oferta do exército português ao povo de Moçambique” e ala., que se faz tarde…Eu fui de avião com o pessoal administrativo, pois transportávamos o cofre e documentação importante que não devia ser transportado em coluna, apesar de esta coluna auto nem poder ser considerada de alto risco.
Chegados a Nova Freixo, todo o pessoal, com dinheiro no bolso pois tinham recebido o pré antes da partida, procurou com naturalidade o óbvio e que não tinham no quartel no mato: diversão, essencialmente baseado no álcool e nas mulheres; até eu, após um bom banho e uma refeição normal na messe me dei ao luxo de ir ao cinema. Instalado na minha cadeira, fui várias vezes interpelado por militares da PM (polícia militar) que me questionavam o que fazer com o soldado A ou B, apanhados com copos a mais a perturbar a santa calma da cidade; a minha resposta foi sempre a mesma, que os prendessem e os deixassem passar a bebedeira na esquadra pois de manhã, estariam bem , a não ser a ressaca; ao menos não provocariam distúrbios…
Passados dois dias, e feito o abate do material, lá rumámos a Nampula, num comboio que quase dava tempo para nos apearmos e voltar a entrar; chegámos à capital militar de Moçambique, após longuíssimas horas de viagem, e nem me passava pela cabeça os trabalhos que me esperavam naquela cidade; mas isso fica para o derradeiro episódio desta saga.
Como há muito não publicava nada desta série, podem seguir o último episódio aqui e aqui.
Foi com alvoroço e muita satisfação que iniciámos a preparação da coluna auto que levaria os homens e o material ainda operacional até Nova Freixo, uma cidadezinha simpática, onde a guerra nunca tinha chegado, e de onde iríamos depois até Nampula, de comboio. Deixámos no quartel as viaturas inoperacionais e os “edifícios” que serviam de casernas, e de apoio logístico: administração, transmissões, saúde e messe de oficiais e sargentos e ainda um edifício, esse sim construído por nós e que era a minha habitação e posto de comando; fizemos um grande pano onde escrevemos “Oferta do exército português ao povo de Moçambique” e ala., que se faz tarde…Eu fui de avião com o pessoal administrativo, pois transportávamos o cofre e documentação importante que não devia ser transportado em coluna, apesar de esta coluna auto nem poder ser considerada de alto risco.
Chegados a Nova Freixo, todo o pessoal, com dinheiro no bolso pois tinham recebido o pré antes da partida, procurou com naturalidade o óbvio e que não tinham no quartel no mato: diversão, essencialmente baseado no álcool e nas mulheres; até eu, após um bom banho e uma refeição normal na messe me dei ao luxo de ir ao cinema. Instalado na minha cadeira, fui várias vezes interpelado por militares da PM (polícia militar) que me questionavam o que fazer com o soldado A ou B, apanhados com copos a mais a perturbar a santa calma da cidade; a minha resposta foi sempre a mesma, que os prendessem e os deixassem passar a bebedeira na esquadra pois de manhã, estariam bem , a não ser a ressaca; ao menos não provocariam distúrbios…
Passados dois dias, e feito o abate do material, lá rumámos a Nampula, num comboio que quase dava tempo para nos apearmos e voltar a entrar; chegámos à capital militar de Moçambique, após longuíssimas horas de viagem, e nem me passava pela cabeça os trabalhos que me esperavam naquela cidade; mas isso fica para o derradeiro episódio desta saga.
Como há muito não publicava nada desta série, podem seguir o último episódio aqui e aqui.
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já sabes que sou um fã interessadíssimo desta série da guerra do João. fico em ânsias pelo próximo episódio.
ResponderEliminare a escolha da música foi 5 estrelas.
um grande abraço, meu caro.
Caro Miguel
ResponderEliminarhouve um hiato, é verdade, entre o último capítulo e este; aliás pensei que este seria o último, mas resolvi fazer um texto só sobre Nampula, até porque houve ali matéria mais que suficiente para um post autónomo; este texto de hoje é como que uma ponte entre o local onde passei tantas horas tristes da minha vida e outro, onde finalizei o meu calvário militar, mas com peripécias bem variadas.
Estou a chegar ao fim da leitura do "Nó cego" e tenho que concluir que apesar de tudo, a "minha guerra" foi bem mais afortunada do que a de muito boa gente.
Abraço muito amigo.
tu tinhas-me dito que o 'episódio' que faltava era sobre Nampula, até porque vivemos ambos, em lados diferentes, de maneiras diferentes e até com idades diferentes (hoje somos da mesma idade, mas na altura a diferençazinha notava-se mais), alguns acontecimentos.
ResponderEliminarpercebi, ao ler este post, que tinhas desdobrado a experiência para dois posts distintos. o que me deixa ainda mais ansioso pelo próximo :)
abração, meu caro
Foi isso Miguel
ResponderEliminarnão quis misturar "alhos com bogalhos" e para todos os efeitos, este foi o último post com a Companhia inteira; o próximo é mais pessoal.
Abraço.
Gostei de te acompanhar mais uma vez!
ResponderEliminarUma coisa é saber factos, outra é lê-los entrelaçados com os sentimentos de quem os viveu.
Abraço!
Sócrates
ResponderEliminare está tudo tão vivo na memória, ao fim destes anos todos...
Abraço.
Já tinha lido alguns episódios, hehe.
ResponderEliminarIsto é que é experiência, isto é que é vida! Uau! Fascinante :D
beijinhos amiguinho
Sandrinha
ResponderEliminaragora à distância vejo as coisas com alguma naturalidade, mas naquele tempo e naquelas circunstâncias nem sempre era fácil lidar com as dificuldades do dia a dia,
Beijinhos.
Pin, esta saga parece as reposições da televisão portuguesa em época natalícia, eheheheheh
ResponderEliminarbeijos
Keratina
ResponderEliminarnão há reposições, são textos completamente diferentes que narram factos diferentes...
Há quem goste muito, há quem goste menos...a mim dá-me prazer recordar, e por outro lado, muita gente não tem noção do que foi sequer a "guerra colonial".
Beijito.
Joao
ResponderEliminarpara quem agora chegou como eu, pergunto:
Tens uma compilação dos link's para todos os episódios?
É que agora falta-me ler do 1º ao 10º.
Caso não tenhas..., não é nada que um "search" não resolva. :-))
Thks
GRITOMUDO
Caro Grito
ResponderEliminartalvez não saibas, mas o meu blog, por alguma inexperiência minha, foi apagado desde o início (6/11/2006) até 9/7/2207.
Devido ao esforço e conhecimentos informáticos do amigo Lampejo, recuperei quase todo o blog, com excepção de um curto período - o mês de Maio de 2007; assim possuo os capítulos 1 a 5 e depois o 8 desta saga, faltando-me, com muita pena minha os capítulos 6 e 7, publicados precisamente nesse mês de Maio de 2207.
O capítulo 9 podes encontrá-lo aqui no blog, pois foi publicado a 29/9/2007, mas tinha o título diferente (agora está correcto).
Se pretenderes, posso enviar-te por mail os capítulos anteriores, excepto claro o 6 e 7 que não possuo, infelizmente.
Abraço amigo.
Um post que me trouxe recordações tão gratas, amigo! Nunca estive em Moçambique mas tenho familiares muito próximos que lá viveram e alguns até lá nasceram. O meu melhor amigo cumpriu serviço militar no norte de Moçambique, em Mueda.
ResponderEliminarLi com muito interesse mais um bocadinho da tua vida perpassado do carinho como sempre costumas escrever.
Beijinhos
Bem-hajas!
E "prontos"!!!
ResponderEliminarLá temos de ficar em "pulgas" para ler o derradeiro episódio!!!
Histórias de vida!
ResponderEliminarAguardo a continuação desta saga, da qual me interesso particularmente
Beijinhos
Isabel
ResponderEliminartenho vindo a "retratar" a minha vida militar, desde o começo em Mafra até ser demobilizado, mas nem sempre tenho disposição para tal; há muito não o fazia e só a leitura recente de dois livros sobre a guerra colonial, me conseguiram fazer "desenterrar" este e outro post final, que ainda há-de ser publicado, desta "odisseia".
Beijinhos.
Tong
ResponderEliminaro último tem algum interesse por tratar de um período crucial da história da descolonização moçambicana.
Abraço amigo.
Martinha
ResponderEliminarcomo disse acima, é bastante diferente dos restantes, não só porque já não é no mato, é em Nampula e também porque já não há "Companhia"...
Não demorará muito a publicá-lo.
Beijinhos.
aguardo com expectativa mais episódios desta saga, que não deixa de ser um contributo importante para quem não viveu tais realidades.....
ResponderEliminarCar Luís
ResponderEliminaré essa uma das razões porque a publico aqui, pelo desconhecimento da maioria das pessoas dessa realidade que atingiu directa ou indirectamente toda a população portuguesa de 1961 a 1974.
Abraço.
É um pedacinho da nossa História Contemporânea, contada na primeira pessoa. Obrigado pela partilha.
ResponderEliminarPaulo
ResponderEliminareu estou agora a completar a leitura de alguns livros sobre o assunto, e digo-te que fui um felizardo, apesar de tudo...
Claro, que foram anos de vida perdidos, muito sofrimemto e acima de tudo muita responsabilidade; mas houve tropa que esteve em lugares e situações terríveis!
E houve algo de positivo para mim: ganhei um calo muito grande em relações humanas que muito me tem ajudado na vida.
Abraço amigo.
E assim se faz história,obrigado por a partilhares connosco...
ResponderEliminarAbraço!
Lampejo
ResponderEliminara partilha é uma das bases da blogosfera...
Abração.
João
ResponderEliminarAgradeço a tua atenção.
Fico a aguardar o teu e-mail então.
Agora gostaria de te convidar a nos escreveres os 2 episódios em falta. Bem sei o esforço do que te peço. Mas acredita... no fim vais entender o quanto eles são necessários; O quanto faz sentido este teu esforço agora. No futuro, sentados para uma boa tertúlia, ainda nos vamos orgulhar muito desta tua dedicação á escrita daqueles acontecimentos.
Um abraço
GRITOMUDO
Como sabes, joãozinho, sou uma leitora interessadíssima desta saga.
ResponderEliminarEm Nampula nunca estive, a minha base era a Beira, mas ainda calcorreei um bom bocado por lá.
Ainda me lembro das expectativas com que cheguei a África, convencida de que era tudo amarelo e queimado. Foi o espanto para uma citadina metropolitana.
Les tendres années...
Um beijo, joãozinho.
Amigo Grito
ResponderEliminarcomo sabes já te enviei o que tinha; agora o reescrever os episódios que faltam, é um caso a pensar; preferia que alguèm conseguisse recuperar o mês de Abril do antigo blog...
Abração.
Mar_maria
ResponderEliminarJá te falei na minha desilusão em relação à Beira...
Nampula era uma cidade que vivia essencialmente da tropa, pois era ali que estava instalado o Quartel General.
Gostava tanto de voltar a Moçambique!
Beijinhos.
e que saga, Pinguim! mas afinal, toda a vida consegue ser uma saga, nem sempre com o melhor desfecho! mas é assim a vida.
ResponderEliminargrande abraço!
Apesar de tudo, amigo Paulo, e após algumas leituras dos últimos tempos, chego à conclusão que, embora sendo uma saga, no verdadeiro sentido da palavra, foi leve comparada com a de tantos outros; e até se conseguem, agora a mais de 30 anos de distância, colher algo de positivo desses tempos; vim de lá outro homem, acredita, mais preparado para a aventura que afinal é a Vida!!!
ResponderEliminarAbraços para vocês.