UM PONTO É TUDO
E noivos de fato-macaco?
por FERREIRA FERNANDES
Há uns anos, eu e outro jornalista resolvemos ir, de fato-macaco, comer ao Tavares, ao tempo o mais caro restaurante de Lisboa. A farpela ia limpa e marcámos reserva por telefone - não queríamos que motivos secundários impedissem o nosso objectivo. Esperávamos que surgisse aos olhos das massas a razão classista que nos barraria à porta: proletas não entram no templo gastronómico dos ricos. A nossa entrada, discreta nos gestos mas tão inusitada no valor simbólico, silenciou aquele salão de espelhos. Acorreu o chefe de mesa: "Estamos cheios." Estarão, respondemos, mas nós temos reserva. Surgiu o patrão da casa: "Estes senhores dizem que têm mesa marcada", disse-lhe o empregado. Que levou com a resposta: "Se estes senhores têm mesa marcada, leve-os para a mesa marcada." E ficámos, os repórteres provocadores, com a reportagem desarmada... Ah se a Câmara de Lisboa e o Patriarcado tivessem o bom senso do patrão do Tavares! A Igreja ficava na sua: não deixando os gays chegar ao altar. A Câmara, na sua: o que é legalmente noivo, noivo é. E ambas acordavam para os noivos, gays e não gays, aquilo que é comum a césar e aos céus: por exemplo, a bênção de Santo António. E o mundo ficaria na mesma, tal como os proletas continuam sem ir comer ao Tavares.
(no "Diário de Notícias" de hoje e lido no "Jugular")
A propósito, ou talvez não; fui ver ontem "A Gaiola das Malucas" do La Féria e adorei o final, quando eu e toda a gente que conhece a peça e os filmes, esperaria uma Zazá exuberante, nos aparece o actor José Raposo de mão dada com o actor Carlos Quintas; uma mensagem que foi mais convincente do que os casamentos forjados às portas de São Bento e para uma assistência muito popular.
Bingo, La Féria!!!!
Bem, já não chega de falar nos casamentos? Bem sei que aqui há tempos comentei, no Felizes Juntos, que gostaria de ver a CML a organizar os casamentos de S Marçal em simultaneo com os casamentos de sto antónio, mas era uma piada.
ResponderEliminarEsperando que cavaco envie o casamento para o TC, já estou com saudades de um tempo em que ser gay era ser um outcast. A ideia agrada-me, mas apenas em termos estéticos, que sou pequeno-burguês e, como tal, prefiro a existência do casamento entre homossexuais, não vá vir a precisar. Isto nunca se sabe...
Caro Ms
ResponderEliminarnunca é demais falar em descriminações...
Abraço.
Que venham daí os Casamento de Santo António Variações, certamente para todos os casais, que esse santo não faria a distinção. Abc,
ResponderEliminarAhh foste ver a gaiola! Está muito bom não é verdade? Se pudesse ia mais uma vez...e outra! xD
ResponderEliminarAbraço
quando for banal, deixa de se falar no assunto. É só ter paciência. Lá se chegará.
ResponderEliminarLuís
ResponderEliminarora aí está uma óptima solução, que até comemorava o aniversário no dia do Santo.
Abração.
André
ResponderEliminarsim, gostei bastante e penso voltar lá com o Déjan em Março, visto haver legendas em inglês.
Abraço amigo.
Violeta
ResponderEliminarter paciência com gente pré conceituosa nem sempre é muito fácil.
Beijinho.
Desculpe, mas...O que é "fato-macaco"?
ResponderEliminarGentil carioca
ResponderEliminar"fato-macaco" é aquele vestuário que se usa para trabalhar, e se veste muitas vezes sobre o vestuário que se traz, para não o sujar...
Beijinho.
Tudo que é injusto nunca é demais falar. Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura. Beijinhos
ResponderEliminarOK. Aqui usamos o termo "jaleco".
ResponderEliminarbj
Brown Eyes
ResponderEliminartambém é esse o meu entendimento.
Obrigado.
Beijito.
Gentil carioca
ResponderEliminaraprendemos os dois um termo novo, eheheh.
Beijo.
Realmente aceitar gente preconceituosa não é fácil, mais é preciso paciência.
ResponderEliminarbeijo grande.
Bea
ResponderEliminarparece que nascem, caramba...
Paciência, sim, mas esta não é ilimitada.
Beijinho.
DISCRIMINAÇÃO
ResponderEliminarAbracinho
Maria Teresa
ResponderEliminarora, nem mais.
Outro.
A propósito dos casamentos Gay Sto António... acho que passamos rapidamente de um assunto sério para fantochadas.
ResponderEliminarDraco
ResponderEliminareu nunca achei muita piada aos casamentos do Santo António, e muito menos acharia aos casamentos gay do Santo António; se aqui deixei este artigo é porque concordo com o seu teor, ao mostrar uma imagem de "não desigualdade" de comportamentos numa dada situação, desde que ela seja legal.
A atitude do presidente da CML, ao repudiar totalmente a ideia de um eventual casamento gay associado aos casamentos de Santo António é que me é difícil entender. Acho mesmo que nenhum casal gay teria a ideia de se prestar a isso...
Mas o que foco é a descriminação e não a apologia do acto.
Abraço amigo.
Como ADORO tuas postagens!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarArtigo de hoje no DN.
ResponderEliminar"Jorge Miranda, considerado o pai da constituição portuguesa, diz que englobar matrimónios entre pessoas do mesmo sexo nos casamentos de Santo António, uma iniciativa promovida pela autarquia Lisboeta, pode ser considerada "uma espécie de agressão à Igreja Católica".
Segundo o professor de Direito, "sabendo-se que a Igreja Católica tem uma posição contrária aos casamentos homossexuais, a realização de casamentos de Santo António com homossexuais não me parece que fosse correcta. Seria uma espécie de acto de agressão à Igreja", argumenta. No entanto, considera que a situação já seria outra "se a Câmara Municipal decidisse fazer essa festa no dia 10 de Junho ou no dia 20 Junho ou em qualquer outro dia".
Na sua opinião, "não há nenhuma questão de discriminação, há apenas esta referência específica de uma festa que é essencialmente religiosa, embora nos últimos anos tenha incluído casamentos civis". O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, já esclareceu que "não haverá qualquer alteração ao actual figurino" dos casamentos de Santo António."
Não é uma questão de achar ou não piada aos casamentos de Santo António.
ResponderEliminarEu próprio não acho piada nenhuma a qualquer festa de casamento. Nos dias de hoje muito menos. Mas adiante...
Uma coisa é o casamento, outra é de como celebrar esse casamento. E as noivas de Santo António são uma celebração religiosa de casamentos.
Tal como eu não gosto que a igreja se venha meter no meu direito de me poder casar ou não, também os casamentos gays, sabendo-se que não são aceites pela igreja catolica, não se deveriam querer meter numa celebração religiosa católica. Deveria de haver respeito mútuo.
Haveria de haver sempre quem se quisésse meter nas celebrações das noivas de Sto António.
Nem que fosse para provocar.
Acho que não é por aí...
Pinguim, achei estranho da hipótese de haver casamentos de S. António entre casais de homossexuais, afinal a igreja é grande opositora. Isso foi mm cogitado? É que tenho andado mais por fora que dedão de franciscano...
ResponderEliminarAbraço
Caro Ricardo
ResponderEliminarnão brinques comigo, nem queiras comparar...
Abraço grande.
Caro Draco
ResponderEliminarnão quero entrar em polémicas com ninguém, nem sequer estou em desacordo contigo...
Em primeiro lugar, Jorge Miranda, um eminente constitucionalista sempre foi um opositor aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, o único, verdadeiramente bom, a ter essa posição; daí a sua achega agora a este campo; já afirmei não gostar desse folclore das noivas de Santo António, até por pensar como tu, na questão geral do casamento. Mas, esses festejos que começaram por ser, ainda antes do 25 de Abril, uma realização conjunta da CML e do Patriarcado, tinham uma única vertente: o casamento religioso; nos últimos anos e perante a cada vez mais necessária laicidade do Estado, levou a que pudessem ser incorporados nesses noivados, casais apenas com união civil,não religiosa.
Perante isso, continuo a pensar, por muito absurda que me pareça a ideia, que a "NÃO POSSIBILIDADE" de haver casamentos civis gays nessa data e integrados nos casamentos de Santo António, é discriminatória, embora a sua concretização seja, quanto a mim, ridícula.
Abraço amigo.
Catsone
ResponderEliminarcomo já há casamentos civis nessas celebrações, não vejo onde esteja a provocação; aliás, se falarmos de provocação a Igreja ganha aos pontos e destacada, no seu confronto com os homossexuais.
Abraço amigo.
Caro Amigo
ResponderEliminarEste foi um facto político encomendado e, tendo em conta alguns nomes que vi envolvidos nesta história não espanto nada da encomenda.
Por isso este artigo tem todo o sentido, é sensato, inteligente e oportuno.
O que se pretendeu foi acender um braseiro imenso a partir de uma pequena faísca que lançaram!
Espero que o assunto morra por aqui e... já agora.... quanto à Gaiola das Loucas, que vi Porto, é um excelente espectáculo, com um José Raposo magnifico, que aquando do final desce a escadaria a par com o Carlos Quintas, já sem a peruca e se beijam ambos, fará decerto com que muita gente perceba que se pode ser diferente, que nessa diferença se pode até ser extravagante ou ridiculo, mas que acima de tudo o que se trata é de seres humanos que só querem ser felizes!
La Féria, de quem não sou entusiasta, fez aqui um óptimo trabalho!
Um abraço amigo!
Com senso
ResponderEliminarum sincero obrigado pela tua achega neste caso, e que se encaixa muito bem em toda uma estratégia habilmente montada.
Quanto à Gaiola das Malucas, que bela lição nos dá La Féria: "chapeau!!!"
Abração.
É uma do género "pescadinha de rabo na boca": Não se descrimina...discriminando-se. (nem faz sentido)
ResponderEliminarEsta dos casamentos gay de Santo António foi mesmo só para agitar, para gozar mais um pouco...no fundo para haver tema de conversa. Assim sempre se vão desviando atenções para outras coisas.
Abraço.
Miguel
ResponderEliminare quem levantou a questão? Estás a ver um casal gay a inscrever-se nos casamentos de Santo António?
Abraço amigo.