terça-feira, 6 de dezembro de 2011

José Luís Peixoto

Ando a descobrir José Luís Peixoto. Depois de ter lido a sua última obra de prosa - "Livro" -  que não é um livro fácil, principalmente para um iniciante da sua leitura, acabei de ler o seu, suponho, último  livro de poemas "Gaveta de papéis", uma poesia muito diferente do habitual, aqui e ali, "prosa em verso", mas que, no cômputo geral, me agradou.
Deste livro de poesia, seleccionei um poema, que afinal, dá o nome ao livro.


"Agora, já não preciso que gostem de mim.
Agora, tenho mil peças de um puzzle, tenho
uma caixa cheia de molas soltas, duas mãos,
tenho a planta de uma casa, tenho ramos
guardados para o Inverno, e tanto silêncio,
tenho tanto silêncio, bolsos vazios e cheios,
pão, fé, céu, chão, mar, sol, cá e lá,
tenho sobretudo lá, uma distância imensa
feita de planícies estendidas e eternidade
porque eu caminho com vagar ao longo das
estradas, o horizonte é demasiado quando
planeio toda a sua distância sem medo de
nada, destemido apenas, a coragem é um
exército ao meu lado, tenho a coragem
necessária, tenho um lago que reflecte a
noite e a lua quando há lua, uma orquestra
inteira tenho, o som e o silêncio, já disse o
silêncio, repito-o saber quem sou e o que
tenho, tenho uma gaveta de papéis, tenho
montanhas de montanhas, tenho o ar, tenho
tempo e tenho uma palavra que corre à
minha frente, mas que consigo apanhar
e que ainda utilizo no poema."

Um autor a seguir atentamente.

29 comentários:

  1. Gostei do poema e do autor também... :)

    Vou cuscar da próxima vez que for a uma livraria...

    Abraço

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  2. Francisco
    não será um autor fácil de início, mas é, com certeza um dos vultos mais importantes da nova literatura portuguesa.
    Abraço amigo.

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  3. Comprei o «Livro» para ler quando foi lançado, mas ainda não li. Li as primeiras páginas (como faço com todos os livros que compro, para saber se é a hora deles), mas está ali numa estante, ultrapassado por outros. Deli só li um livrito de contos que foi publicado com a Visão, e alguns poemas algúres pela internet...

    Olha, aproveito o comentário para dizer que vi a tua chamada perdida só hoje, mas como estou sem saldo não retribui. Amanhã já carrego.

    (Por acaso não és moche? - é que se fosses ligava do moche...)

    Abraço.

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  4. André
    foi com esse "Livro" que me estreei na leitura do José Luís´e depois deste de poesia, já tenho outro livro dele na calha: "Abraço".

    o telefonema era por causa do problema de não conseguir comentar o teu blog, mas não é só o teu; quando escrevo o comentário e clico no "enviar comentário" ele não segue e há um quadradinho onde eu deveria clicar para escolher o tipo de comentador, que será "blogger", naturalmente, mas que não funciona. E assim impede-me de enviar o comentário.
    Noutros blogs também me acontece o mesmo, como por exemplo no do Luís Galego e outros; por vezes após algumas tentativas lá consigo; mas no teu, já perdi a conta às vezes que tentei e nada...
    Abraço amigo.

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  5. De facto já estive com um ou outro livro dele na mão, mas...

    tenho de rever o que já vi!!!neste caso reler...

    Abraço-te

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  6. Que lindas palavras, gostei!
    Muito bom ter indicações assim...

    Boa Semana, João!
    Beijinhos.

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  7. Esqueci de dizer...

    Adoro as músicas que escolhes. Mas esta de hoje está linda...

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  8. Duarte
    já me disseram, em conversa, que há certas obras deste autor,que é aconselhável ler mais tarde,depois de o conhecer melhor; já não me recordo quais, mas decerto, terei nesta caixa de comentários sugestões sobre o assunto.
    Abraço amigo.

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  9. Pat.
    há muito que tinha vontade de "entrar" no universo literário de J.L.Peixoto; calhou ser este ano e graças, devo dizê-lo, ao Círculo de Leitores, que tem vindo ultimamente a publicar as suas mais recentes obras.
    Agora, é continuar.

    Quanto à música, pensei que uma postagem sobre poesia portuguesa, devia ter como fundo, uma música suave, bela e...portuguesa. Assim, surgiu naturalmente o nome de Rodrigo Leão, numa das suas melhores interpretações: "Cinema".

    Beijinho.

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  10. Nunca o li embora tenha de reconhecer algum mérito e talento ao senhor que já tem conquistado alguns prémios e reconhecimento.

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  11. Ruy
    pois estará na hora de te iniciares, como eu...
    Abraço amigo.

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  12. Tomamos nota: descobrir um poeta é sempre uma coisa positiva, se é tão bom como se vê no poema escolhido então com maior motivo.

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  13. Kaplan
    a poesia é sempre muito subjectiva. Começa por sê-lo porque ela é verdadeiramente importante para quem a escreve e não para quem a lê; mas também as opções de leitura e de gosto variam muito.
    Eu escolhi este poema, não só por ter gostado muito dele, mas também porque dá sentido ao título do livro.
    Outros haverá que preferirão outros poemas...
    Abraço amigo.

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  14. Também sou uma principiante como leitora de Peixoto. Li o " Livro", não foi fácil , ao início, mas depois "entrei" no enredo e gostei.Vou agora ler o seu último livro.
    Quanto aos poemas, este foi o primeiro.

    Bem-hajas!

    Beijinhos

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  15. Isabel
    então parece que estamos a par no nosso progressivo conhecimento deste escritor.
    Tal como tu, custou-me um pouco a "entrar" no "Livro", mas depois comecei a gostar bastante e achei o livro bom. É preciso estar muito atento, não é uma obra fácil.
    Beijinho.

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  16. Também gostei do seu blog :)
    Não conhecia esse autor, mas parece ser legal, vou conferir!!

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  17. Frederico
    obrigado pela tua visita e pelas tuas palavras.
    Abraço amigo.

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  18. A isto se chama juntar o útil ao agradável :)


    Beijo grande*

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  19. É um autor já bastante conhecido e interessante enquanto homem.
    Sim, tenho uma ligeira inclinação por pessoas mais velhas, desde pequeno. Há maduros que não são trocáveis por dez da minha idade. :)

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  20. Mark
    estou 100% de acordo no teu último parágrafo.
    Abraço amigo.

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  21. Viva, João!

    fui baixando com o rato e parei neste post.

    Nunca tinha ouvido falar deste autor, até que na semana passada recebi um email dos organizadores de um concurso onde participei com um trabalho meu e onde me davam a oportunidade de interagir com este sujeito. claro que fui logo tentar perceber de quem se trata e confesso que gostei do estilo, que me faz lembrar um amigo bloguista, cujo estilo se assemelha muito a este.

    Sempre atento tu :-)

    abraços e obrigado por passares sempre la pelo tasco.

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  22. Olá Francisco
    o José Luís Peixoto é um dos escritores portugueses modernos, mais talentoso.
    Eu é que cheguei tarde à sua leitura...
    Ele teve a semana passada aqui em Lisboa, nas diversas FNAC's o lançamento do seu último livro, que eu já adquiri.
    Acho que é um bom "investimento" de leitura.
    Abraço amigo.

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  23. O José Luis Peixoto enquanto homem não me atrai muito, tem demasiadas tatuagens (ele faz referência a isso num dos seus contos). Enquanto escritor, também não faz o meu género. Como dizes, é não é uma escrita fácil, mas mesmo assim empenhei-me em ler Morreste-me, seguindo de Uma Casa na Escuridão. Gostos não se discutem, eu não gostei. ;)

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  24. Amigo Coelho
    a mim avisaram-me logo que não seria um autor fácil...
    E "O Livro" não o é, de todo.
    Já na poesia, a questão é diferente, pois na poesia podemos ir buscar sensibilidades nossas e assim estabelecer laços com quem escreve.
    Vou ler em breve o último livro dele e logo ficarei com uma opinião mais fundamentada sobre JLP.
    Sobre o outro aspecto, tem uma cara interessante e pouco mais, e eu também detesto tatuagens...
    Abraço amigo.

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  25. "Livro de cabeceira de autores como Manuel Bandeira e Paulo Mendes Campos, Coração (1886), do italiano Edmondo De Amicis, foi um marco na vida intelectual brasileira e um dos títulos estrangeiros mais vendidos entre as décadas de 1920 e 40 no Brasil. Este clássico romance de formação narra a passagem da infância para adolescência de uma heterogênea turma de garotos que se veem diante de novas e complexas experiências de vida. O livro é o diário de Enrico, que irá se deparar com situações muito mais delicadas, para além do novo universo escolar em que entrou. Coração permanece atemporal ao tratar temas como convivência, solidariedade, compaixão e cidadania.

    “O Coração era o livro de leitura adotado na minha classe. Para mim, porém, não era um livro de estudo. Era a porta de um mundo, não de evasão, mas de um sentimento misturado, com a intuição terrificante das tristezas e maldades da vida.” Manuel Bandeira"
    (informação tirada da net - e pensar que li este livro nos anos 70, em plena Angola)

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  26. Rosa
    eu li uma antologia poética do Manuel Bandeira, que considero um dos maiores poetas da língua brasileira.
    Beijinho.

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  27. e cá volto eu aos livros :)

    José Luís Peixoto descobri-o no seu primeiro livro, após a morte de seu pai 'Morreste-me' um livro difícil para quem já perdeu um ente querido. Mas aconselho, muito...

    Depois adorei o seu primeiro livro de poesia 'A Casa a Escuridão', editado ao mesmo tempo que o seu romance 'ultra-romântico' 'Uma Casa na Escuridão'. Li-os paralelamente.

    Gosto particularmente de JL Peixoto como poeta.

    Tem um trabalho muito interessante com os Moonspell (banda metálica).

    Conheci-o pessoalmente numa das suas conversas com alunos de escolas secundárias (ainda na sua fase e visual 'metálica'), e gostei da sua simplicidade e trato afável.

    Visita o seu blogue http://joseluispeixoto.blogs.sapo.pt/

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  28. Fragmentos
    para quem se está a iniciar na leitura de Peixoto, este teu comentário é deveras útil e também te agradeço teres partilhado aqui o link do seu blog, que desconhecia.
    Como disse, é um autor a conhecer melhor, já agora com "Abraço" e mais tarde com outras obras anteriores.
    Beijinho.

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Evita ser anónimo, para poderes ser "alguém"!!!