domingo, 31 de março de 2013

Running with Scissors


 Baseado nas memórias pessoais de Augusten Burroughs, “Running with Scissors” é uma história mordaz e divertida, corajosa e tocante sobre sobreviver a uma infância absolutamente estranha.
Realizado por Ryan Murphy em 2006, recebeu em Portugal o nome de “Recortes da minha vida” e penso que tenha sido exibido comercialmente.
A mãe de Augusten (Annette Bening) é uma mulher de personalidade bipolar com aspirações frustradas de vir a ser poeta, cujo casamento com o seu pai (Alec Baldwin) está à beira da ruína. Pouco depois ela é acompanhada por um excêntrico psicólogo, o Dr.Finch (Brian Cox), enquanto Augusten (Joseph Cross) é deixado a cargo da peculiar família deste, incluindo uma filha muito reservada (Gwineth Paltrow). Abandonado pelos seus paise adoptado pelos Finch, ele descobrirá grandes afinidades com a filha mais nova, Natalie (Evan Rachel Wood) e uma figura maternal na sofredora mulher de Finch, Agnes (Jill Clayburgh).Registando constantemente os acontecimentos da sua vida no seu diário, como forma de os enfrentar, Augusten dá por si a rejeitar a escola, a aprender o significado do amor com um homem mais velho (Joseph Fiennes) e a ter de tomar grandes decisões apenas com 15 anos.
 Apenas vi este filme agora, após ter lido o livro, com o mesmo nome do escritor americano Augusten Burroughs
 o qual muito me entusiasmou e quando soube que havia um filme baseado no livro, apressei-me a arranjá-lo e vê-lo, embora soubesse à partida que essa adaptação ficaria como ficou bastante aquém do livro. Para quem não leu o livro, o filme é à mesma bom, mas é muito difícil transpor para imagens toda a trama do livro e o que mais me “incomodou” é que o filme é sempre muito mais “dramático” do que o livro, que tem partes até bastante divertidas; também seria impossível desenvolver mais algumas das personagens, quer das faladas aqui quer de outras que nem menciono. Aceito até que o filme por si só, pareça algo confuso a quem não leu o livro. As interpretações são brilhantes num cast muito equilibrado, e que tem em Annete Bening, Brian Cox e Jill Claybourgh os melhores desempenhos, embora todos os outros estejam muito bem.
Auguste Burroughs é um autor que me está a agradar sobremaneira. Este é o segundo livro que li dele, sendo o primeiro “Efeitos Secundários”. Deveria ter lido este “Correr com tesouras” em primeiro lugar, pois teria ainda gostado mais de “Efeitos Secundários”, embora não haja uma relação directa entre ambos; mas como este livro é uma colectânea de pequenas e muito divertidas histórias, se eu conhecesse a infância e juventude de Augusten em primeira mão ainda teria gostado mais.

A seguir a “Correr com tesouras”, Burroughs escreveu “ A Seco” em que fala do seu alcoolismo já em Nova York, ao qual se seguiu “Pensamento mágico”. Só depois deste escreveu “Efeitos Secundários” e finalmente, apareceu um dos seus mais celebrados livros “ À mesa com o lobo” que poderá ser considerado uma prequela de “Correr com Tesouras”, em que ele descreve o seu relacionamento com o seu problemático pai.
Talvez uma das razões porque me agrada tanto este autor seja por todos os seus livros o terem a si próprio como centro das histórias, muito no estilo que eu prefiro nos meus pequenos escritos.

28 comentários:

  1. Obrigada pela informação detalhada, João. Eu, cinéfila assumida, não vi o filme (sei lá porquê), e, mulher das literaturas, não conheço este autor.Imperdoável! Vou tratar já destas falhas, a partir do teu excelente post.

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    1. Justine
      aconselho-te vivamente a que leias primeiro o livro, pois compreenderás muito melhor o filme e não perderás interesse nele de forma alguma.
      Beijinho.

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  2. Gostei. Acho que assim que concluir a minha leitura actual, vou começar a pegar neste.

    Abraços

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    1. Ricardo
      fazes tu muito bem. Tenho a certeza de que quererás ler todos os outros livros dele.
      Abraço amigo.

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  3. Eu vi um pouco do filme, que uma vez passava na televisão, e fiquei com a pulga atrás da orelha. Depois comprei o livro e adorei!
    Recomendo os dois ^^

    Um abraço João

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    1. Ricardo
      ainda bem que tens a mesma opinião acerca do livro - é sensacional.
      E o filme está muito interessante, também.
      Abraço amigo.

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  4. Obrigado pela sugestão ;)

    Boa Páscoa

    Abraço amigo

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    1. Francisco
      é um grande prazer recomendar algo de que muito gosto.
      Compartilhar é uma das coisas boas que a blogo tem.
      Abraço amigo.

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  5. Mais uma agradável descoberta :) abraço grande
    Miguel

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    1. Miguel
      e quando leres ou vires ainda mais agradável será...
      Abraço amigo.

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  6. Mais um para a minha lista demasiado longa - demasiado longa para a minha carteira, entenda-se - que de todos os outros pontos de vista a considero demasiado curta. Apontei o nome no meu moleskine. Desconhecia por completo - e pelo que li e investiguei, quero conhecer urgentemente. Abraço.

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  7. André
    vindo de quem vem, esse teu interesse é algo que me entusiasma pois geralmente és tu que me sugeres livros.
    Fico satisfeito por isso...
    Abraço amigo.

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  8. Olá João! Gostei bastante do que li neste teu post e assim que acabar de ler "Jogos Funerários" é o próximo livro a adquirir ou a ver se existe na biblioteca para eu requisitar. ^^

    Obrigado pela tua sugestão. Um abraço :3

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    1. Kuma
      o livro é tão bom, objectivamente falando, que eu estou naturalmente satisfeito por ver que há bastante gente que ainda não leu e que está na disposição de o fazer, depois de ter lido este post.
      Fico à espera, curioso, claro, das reacções após essa leitura.
      E sugiro que a complementem (a leitura) com a posterior visão do filme.
      Abraço amigo.

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  9. vi o filme e gostei, mas como referes, o filme fica muito aquém do livro, que ainda não li mas hei-de ler! assim é com a maioria das adaptações, deixam metade do livro de lado e perde a graça.
    bjs.

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    1. Margarida
      sim, segue a regra de o livro ser quase sempre melhor que o filme. Embora neste caso e porque o livro tem tantas personagens curiosas (e complexas), como tantas são as diferentes situações (e algumas bem divertidas), a abordagem cinematográfica do livro teria que ser feita como foi, ou seja pegando neste ou naquele ponto, entre os quais os mais importantes do livro e ir desbobinando as situações.
      Digamos que o filme não é tão linear como o livro, apesar de tudo, consegue ser; e daí, não ser um filme fácil, para quem o veja sem ter lido o livro.
      Dou como exemplo as personagens homossexuais do filme, tirando o protagonista, como é óbvio. Nem Neil Bookman (Joseph Fiennes), com quem Augusten se inicia sexualmente, nem principalmente as duas mulheres que preencheram o lado lésbico da mãe, Fern e Dorothy estão minimamente apresentadas - Dorothy surge apenas quase de raspão e Fern nunca é citada como a mulher do pastor evangélico.
      Isto não quer dizer que o filme seja mau, longe disso, mas por vezes há grandes lacunas em relação ao livro e que o espectador só por si não se apercebe.
      É um dos casos verdadeiramente interessante sobre a sempre curiosa discussão filme/livro.
      Beijinho.

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  10. Fiquei curioso, deve ser muito interessante

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  11. Verdadeiramente interessante, Sérgio.
    Abraço amigo.

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  12. adorei o livro, como gosto de tudo do Augusten. há um aspecto que focas e que é importante: os livros do AB são sempre muito divertidos, ele tem um humor muito ácido e irónico, o olhar que deita sobre si prórpio é muito sarcástico, nada auto-complecente, e isso é uma das coisas que mais me agrada nele. então, o livro sobre o alcoolismo chega a ser cruel de tão implac+avel que ele é em relação a si próprio (é o Dry).

    tinha tanto interesse em ver o filme que encomendei on-line o dvd, e não é que não tenha gostado, mas tem pouco a ver com o universo do Augusten (apesar de ele ter ganho muito dinheiro com os direitos de venda do livro para cinema)

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    1. Miguel
      é isso mesmo; eu gostei muito do filme, mas parece uma coisa diferente do livro...
      Mas tudo o que lá está, está no livro também, mas há muita coisa no livro quenão está no filme.
      Abraço amigo.

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  13. Fiquei com curiosidade mas acho que vou ler o livro primeiro...
    Abraço amigo.

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    1. Arrakis
      é essa a ordem que recomendo, até para uma melhor compreensão do filme.
      Abraço amigo.

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  14. Tenho que ir ver o filme (e reler o livro!)...

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  15. João
    no teu caso, que já leste o livro, a ordem aconselhada talvez seja essa: ver o filme e depois reler o livro.
    Abraço amigo.

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  16. Nunca vi o filme, nem li o livro. Mas gostei bastante da história. Obrigado, João! Quero ver se compro o livro.

    abraço.

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  17. Mark
    tu vais adorar o livro, estou certíssimo.
    Abraço amigo.

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  18. Não conhecia. Ando muito afastado das leituras temáticas GLBT.
    Vou procurar agora na feira do livro. Fiquei curioso.

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  19. Olá, Draco
    vale bem a pena. Sabendo-te um interessado leitor vais gostar de descobrir este autor, e esté é o livro aconselhável para iniciar essa descoberta pois todos os seus livros têm um cunho muito pessoal (por assim dizer autobiográfico) e este é o primeiro.
    O filme é também uma interessante surpresa.

    Num outro registo, gostaria muito de poder contar com a tua presnça (e eventualmente de mais alguém) no jantar de bloggers do próximo dia 25 de Maio, já que nunca participaste em nenhum deles; se puderes diz-me alguma coisa, nem que seja negativa a resposta.
    Abraço amigo.

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