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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os "Mercados" e os seus "agentes...

Talvez que com a leitura deste excelente artigo, se perceba melhor a chamada “Crise dos Mercados”:

«Agora está claro: não existe, no interior da União Europeia, nenhuma vontade política de enfrentar os mercados e resolver a crise. Até há pouco, atribuiu-se a lamentável actuação dos dirigentes europeus à sua desmedida incompetência. Mas esta explicação, ainda que correcta, não basta, sobretudo depois dos recentes “golpes de Estado financeiros” que puseram fim, na Grécia e na Itália, a certa concepção de democracia. É óbvio que não se trata só de mediocridade e incompetência, mas de cumplicidade activa com os mercados.

A que chamamos “mercados”? A este conjunto de bancos de investimento, companhias de seguros, fundos de pensões e fundos especulativos (hedge funds) que compram e vendem essencialmente quatro tipos de activos: moedas, acções, papéis da dívida dos Estados e produtos derivados dos três primeiros.

Para ter ideia da sua força colossal, basta comparar duas cifras: em cada ano, as empresas de bens e serviços criam, em todo o mundo, uma riqueza estimada (se medida pelo PIB) em cerca de 45 biliões (milhões de milhões) de euros. Ao mesmo tempo, em escala planetária, os “mercados” movem capitais avaliados em 3.450 biliões de euros. Ou seja, setenta e cinco vezes o que produz a economia.

Consequência: nenhuma economia nacional, por poderosa que seja (a da Itália é a oitava do mundo), pode resistir aos assaltos dos mercados quando estes decidem atacá-la de forma coordenada, como estão a fazer há mais de um ano contra os países europeus depreciativamente qualificados como PIIGS [porcos, em inglês]: (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).

O pior é que, ao contrário do que se poderia pensar, estes “mercados” não são unicamente forças exóticas, vindas de algum horizonte distante para agredir as nossas gentis economias locais. Não. Na sua maioria, os “atacantes” são os nossos próprios bancos europeus (estes mesmos que foram salvos, com o nosso dinheiro, pelos Estados, na crise de 2008). Para dizer de outra maneira, não são apenas fundos norte-americanos, chineses, japoneses ou árabes os que estão a atacar maciçamente alguns países da zona euro.

Trata-se essencialmente de uma agressão de dentro, dirigida pelos próprios bancos europeus, as companhias europeias de seguros, os fundos especulativos europeus, os fundos europeus de pensões, as instituições financeiras europeias que administram as poupanças dos europeus. São eles que possuem a parte principal da dívida dos Estados. E que, para defender em teoria os interesses dos seus clientes, especulam e obrigam os Estados a elevar as taxas de juros que pagam, a ponto de levar vários (Irlanda, Portugal, Grécia) à beira da falência. Com o consequente castigo para os cidadãos, que devem suportar medidas “de austeridade” e brutais ajustamentos decididos pelos governos europeus para “acalmar” os mercados-abutres – ou seja, os seus próprios bancos.

Estas instituições, além de tudo, conseguem facilmente dinheiro do Banco Central Europeu a 1,25% de juros, e emprestam-no a países como Espanha ou Itália a… 6,5%. Daí a importância escandalosa das três grandes agências de avaliação de riscos (Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s): da nota que atribuem a um país, depende o nível dos juros que este pagará para obter um crédito dos mercados. Quanto mais baixa a nota, mais altos os juros.

Estas agências não apenas costumam equivocar-se – em particular na sua opinião sobre as hipotecas subprime [de segunda linha] norte-americanas, que deram origem à crise actual – mas desempenham, num contexto como o de hoje, um papel perverso e execrável. Como é óbvio que todos os planos “de austeridade” de cortes de direitos e ataque aos serviços públicos irão traduzir-se em queda do índice de crescimento, as agências baseiam-se nisso para rebaixar a nota do país. Consequência: este deverá reservar mais dinheiro para o pagamento da sua dívida. Dinheiro que precisará obter cortando ainda mais o orçamento. Provocando queda inevitável da actividade económica e das próprias perspectivas de crescimento. E então, de novo, as agências rebaixarão a sua nota.

Este ciclo infernal de “economia de guerra” explica porque a situação da Grécia se foi degradando tão drasticamente, à medida que o seu governo multiplicava os cortes e impunha uma férrea “austeridade”. De nada serviu o sacrifício dos cidadãos. A dívida da Grécia baixou ao nível dos “títulos lixo”.

Deste modo, os mercados obtiveram o que queriam: que os seus próprios representantes cheguem ao poder, sem precisar submeter-se a eleições. Tanto Lucas Papademos, primeiro-ministro da Grécia, quanto Mario Monti, presidente do Conselho de Ministros da Itália, são banqueiros. Os dois, de uma maneira ou de outra, trabalharam para o banco norte-americano Goldman Sachs, especializado em colocar os seus homens nos postos de poder. Ambos são, também, membros da Comissão Trilateral.

Estes tecnocratas planeiam impor — custe o que custar socialmente e nos marcos de uma “democracia limitada” — as medidas que os mercados exigem (mais privatizações, mais cortes, mais sacrifícios) e que alguns dirigentes políticos não se atreveram a tomar, por temerem a impopularidade que tudo isso provoca.

A União Europeia é o último território no mundo em que a brutalidade do capitalismo é mitigada por políticas de protecção social. Isso que chamamos “estado de bem-estar”, os mercados já não toleram e querem demolir. Esta é a missão estratégica dos tecnocratas que chegam ao centro do governo graças a uma nova forma de tomada de poder: o golpe de Estado financeiro. Apresentado, é claro, como compatível com a democracia…

É pouco provável que os tecnocratas desta “era pós-política” consigam resolver a crise. Se a sua solução fosse técnica, já teria sido adoptada. Que se passará quando os cidadãos europeus constatarem que os seus sacrifícios são em vão e que a recessão se prolonga? Que níveis de violência os protestos alcançarão? Como se manterá a ordem na economia, nas mentes e nas ruas? Haverá uma tripla aliança entre o poder económico, o mediático e o militar? As democracias europeias converter-se-ão em “democracias autoritárias”?»

- Artigo publicado em Le Monde Diplomatique em espanhol, traduzido por António Martins para Outras Palavras, revisto por Carlos Santos para esquerda.net
Esqueceram-se que aqui já temos o "agente" a trabalhar, o Gasparzinho...

Este texto foi enviado, como a minha participação para  o tema mensal da "Fábrica de Letras" - a crise!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Aqui D'El Rei...

A mediocridade dos políticos portugueses vai sendo, dia a dia, progressiva.
Na actualidade, temos como primeiro ministro, um individuo que nunca fez nada na vida, a não ser uns "pescados" nos negócios do seu padrinho Ângelo Correia, tarde e às más horas, e que se viu catapultado a chefiar o seu partido, o seu verdadeiro e único fim, que conseguiu contra a vontade da maioria dos barões que por lá pululam; arranjou um governo de medíocres tecnocratas essencialmente teóricos, cujas principais figuras se encarregam das pastas mais sensíveis de um governo qualquer e principalmente de um governo em tempo de crise: Finanças e Economia.
Este governante, Passos Coelho, está a pôr em prática, e no superlativo, tudo o que condenou no anterior governo e de cuja queda foi o principal responsável.
Completamente rendido ao regime autoritário que comanda a UE - essa execrável figura que tem por nome Ângela Merckl e o seu fantoche Sarkozy (curioso e anacrónico, como a economia capitalista da UE está nas mãos de uma pessoa formada nos fundamentos económicos comunistas da extinta RDA), este "nosso" PM está internamente nas mãos do Gasparzinho, que com aquela cara de meter medo, parece ele próprio antecipar a morte.
O Portas, no intervalo de umas passeatas, vai dizendo umas patacoadas e esquece completamente todas as suas campanhas contra a violência, a falta de justiça e outras coisas muito próprias do seu populismo de feira, e lá vamos nós a caminho apressado do abismo, com todos os indicadores económico-financeiros cada vez mais negativos e francamente já chega de invocar a herança de Sócrates, pois já lá vão meses suficientes deste (des)governo, para começar a arcar com as responsabilidades próprias da ineficácia das suas medidas.
Para piorar a situação, o maior partido da oposição escolheu um líder que só me faz lembrar o Passos Coelho, quando estava na oposição; o Seguro é uma péssima escolha para liderar o PS, num período já de si, difícil de gerir, pelo facto de estar comprometido pelo acordo com a troika, e de ao mesmo tempo, combater o governo.
Sim, eu sei que sou suspeito, mas sou coerente: embora reconhecendo bastantes erros na governação de Sócrates, também fez coisas válidas e que agora a pretexto apenas de serem políticas suas, são completamente ignoradas - o exemplo do recente cancelamento do investimento da Nissan é disso exemplo, pois este governo se esteve sempre marimbando para as energias alternativas...
A contestação social vai subir de tom em 2012 e a repressão da mesma, também aumentará com formas ignóbeis como recentemente a infiltração de agentes policiais provocadores junto a S.Bento.
As pessoas estão a ficar mais que cansadas, estão a ficar assustadas com o que se passa nos seus agregados familiares e mais ainda com o que mais aí virá.
Sei que é uma hipotética situação completamente absurda, mas serve como exemplo: se hoje (amanhã com maior razão), houvesse eleições legislativas, com os mesmos líderes das últimas eleições, Sócrates ganharia com bastante facilidade essas mesmas eleições.

O título deste post foi-me sugerido por um post do blog "Troubled Water".

Adenda: ler, por favor, este texto
http://pegada.blogs.sapo.pt/1078940.html


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domingo, 4 de dezembro de 2011

Testemunho

Eis um vídeo do depoimento de um jovem de 19 anos, Zack Wahls, filho biológico de uma mulher e da sua companheira de vida, que defendeu abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no estado americano do Iowa.
Zack, que tem uma irmã, mais nova, da mesma mãe biológica e curiosamente do mesmo dador de esperma, portanto do mesmo pai, é heterossexual, mas defende veementemente e com um imenso sentimento de vivência familiar a sua condição de "filho de duas mães", lésbicas, naturalmente.
Neste outro vídeo, assistimos à sua ida ao programa de "Ellen Degeneres" (em que se volta a ver um pequeno extracto do seu depoimento do primeiro vídeo), programa esse onde está na assistência, a mãe biológica do jovem.
Lindo, corajoso e ao mesmo tempo uma comovente lição de amor filial.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O dia em que nos lembramos...

A Sida, nos países desenvolvidos, e de há uns anos a esta parte, devido aos fármacos que têm vindo a ser produzidos, deixou de ser uma doença letal, para ser uma doença crónica. Apesar da diminuição bastante elevada de falecimentos nestas zonas do mundo, o número de infectados não tem diminuído e os fármacos acima citados não curam a doença e têm graves efeitos secundários, levando a extremos cuidados aos contaminados.
Mas o problema da Sida tem vindo a alargar-se de uma forma alarmante no continente africano e também na Ásia, zonas do mundo com condições de vida muito deficientes e onde só agora se começa a campanha de informação.
Neste dia 1 de Dezembro, todos nos lembramos deste flagelo, por ser o dia que foi escolhido mundialmente para esse efeito; e os restantes dias?
Para, de qualquer forma, assinalar este dia, eis um vídeo com imagens recolhidas em diversas partes do mundo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Foi esta noite e eu estive lá...

Quando hoje cheguei a casa, cerca da meia noite, era esta foto que me aguardava no computador, enviada pelo Déjan!
Eu já me tinha comovido muito com algumas coisas que tinha visto e sentido no Estádio da Luz, esta noite, mas esta homenagem do Déjan calou-me bem fundo, e só veio confirmar o que há muito sei: ele adora este país, como eu sinto a Sérvia de uma forma muito especial.
Mas vamos por partes; eu raramente vou ao futebol, embora goste muito de ver este desporto e não perco os jogos das selecções nacionais e do meu Benfica, mas na TV. As duas últimas vezes que fui ao futebol foi precisamente com o Déjan, a ver o Benfica, no ano em que fomos campeões, contra o Braga, e em Janeiro passado, com um clube que já não recordo. Fora disso, tinha assistido a outras dois jogos na Luz, desde 2004...
E desta vez, apeteceu-me ir, apesar da instabilidade do tempo, apesar de ser mais confortável ver o jogo no sofá, apeteceu-me ir ver o jogo ao vivo; mas sozinho não. Assim convenci um dos meus amigos de infância e lá fomos.
Em boa hora!!!
Foi um dos jogos que mais prazer me deram assistir, desde sempre. Boa assistência, bom tempo e um jogo fabuloso de Portugal, quase perfeito, com a demonstração plena, cabal, de que Cristiano Ronaldo é um jogador "do outro mundo".
Vibrei, gritei, cantei e emocionei-me muito no final do jogo.
Nunca tinha assistido a um jogo, que após ter terminado, as pessoas não se iam embora. E depois aquele cantar do hino, com os jogadores no meio do relvado e com a bandeira ali, foi lindo, caramba.
Portugal, tão triste que tem andado, merecia que a selecção lhe tivesse oferecido este presente: esquecer durante umas horas a crise, os cortes salariais, os sacrifícios insuportáveis,tudo isso durante aqueles 90 minutos foi esquecido e principalmente no final do jogo, a satisfação era total.
Os bósnios foram assobiados, enxovalhados e tudo lhes chamaram, e foi mais que merecido, pela forma como nos receberam.
Obrigado, rapazes!!!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Justiça????????????????????????'

O PAÍS QUE TEMOS !


Face ao que aqui se relata, só há uma forma fazer justiça ( sem ser pela violência !), a justiça publica : é fazer circular o mais possível, para que se saiba quem são :

·        O psiquiatra João Vasconcelos Vila Boas
·        a classe de alguns dos juízes que temos
·        a classe de alguns médicos que temos, gozando da protecção dos seus pares, através da sua Ordem profissional .

MAS ISTO É JUSTIÇA?!!
Com juízes e procuradores que são apanhados a copiar nos exames de concursos, que seria de esperar...???
Fixem-lhe bem a cara (e é pena não estarem os retratos dos juízes) e não lhe dêem a mais pequena oportunidade de exercer a sua profissão ou angariar dinheiro de qualquer outro modo.
Nesta sociedade de consumo e vaidades deverá ser um punição razoável...!!!


Abuso de grávida
Durante cinco meses, o psiquiatra João Vasconcelos Vila Boas tornou-se no confidente de 'Ana', nome fictício, e acompanhou o crescimento da barriga de grávida da paciente, com 30 anos. No início de Setembro, 2009, quando estava a um mês de ser mãe, o médico violou-a na sala do seu consultório - adaptada de uma divisão do apartamento onde também vive na Foz, Porto.
 
Para que vejamos a cara desta aberração E NUNCA A ESQUEÇAMOS !!!! 
O médico psiquiatra João Vasconcelos Vila Boas

Violada por recusar sexo oral
'Quando ela se levantou para ir embora, ele baixou as calças e ordenou que lhe fizesse sexo oral. Incrédula, ela tentou fugir, mas a porta estava trancada à chave. Agarrou-a por trás e baixou a roupa dela. Como estava com o pénis erecto, e ela estava já com alguma dilatação, ele violou-a ali mesmo', contou ao CM um familiar da vítima que tinha duas consultas por semana com o psiquiatra. Estava debilitada emocionalmente e tinha medo de não conseguir ser uma boa mãe.
'No final, deu-lhe um guardanapo para ela se limpar e disse-lhe que o que tinha feito era um segredo e esperava por ela na próxima semana', recordou o familiar. Apavorada, Ana entrou no carro para voltar para Vila Real, onde vive. Fez a viagem calada. Mas pelo caminho não conseguiu aguentar o silêncio. Contou à mãe e depois ao pai. A revolta invadiu ambos e decidiram levar a vítima ao hospital. Os exames que lhe foram realizados são inequívocos: foram encontrados vestígios de sémen do psiquiatra na vagina da grávida. Quinta-feira foi preso e no dia seguinte presente ao juiz. Saiu em liberdade e está apenas proibido de exercer a profissão e de sair do País.

PORMENORES
84 EUROS SEM RECIBO
Ana pagava 84 euros por cada uma das duas consultas semanais. O médico nunca passou recibo e 'pedia que pagassem em notas e só no fim do mês'.
TENTOU MASTURBÁ-LA
Durante as consultas, o psiquiatra fazia perguntas sobre a vida sexual de Ana. Tentou por duas vezes masturbá-la, mas ela recusou. Alegava ser uma técnica especial para relaxar grávidas.
DIZIA PARA IR SOZINHA
Incentivou Ana a ir só e de autocarro para o Porto para ficar a dormir na cidade.

ORDEM DOS MÉDICOS JÁ AVERIGUA
Após ter conhecimento da detenção do psiquiatra pela PJ, a Ordem dos Médicos decidiu abrir um processo disciplinar de forma a averiguar o que realmente aconteceu. No entanto, segundo o bastonário Pedro Nunes, só após a conclusão do inquérito do Ministério Público será tomada uma decisão. 'Vamos acompanhar o inquérito judicial e se no fim se provar que as acusações são verdadeiras tomaremos uma atitude', explicou ontem o bastonário ao CM.
Pedro Nunes diz que até prova em contrário o psiquiatra é inocente e salienta que vários são os médicos alvos de acusações infundadas. 'Infelizmente, nesta profissão somos acusados muitas vezes sem ter culpa. O trabalho de um médico é muito complexo', disse.
Também o Instituto de Droga e Toxicodependência, onde João Vasconcelos Vilas Boas exerce funções, garantiu que vai investigar o caso e a possibilidade de ter ocorrido alguma situação na instituição.
 Porto: Decisão judicial não implica expulsão da Ordem dos Médicos
"Teria sido justo se fosse cadeia"
O psiquiatra João Vasconcelos Vilas Boas, de 48 anos, manteve-se impávido e sereno ao ouvir, ontem, a sua condenação a cinco anos de prisão, mas com pena suspensa, por ter violado uma paciente, de 30 anos, grávida de oito meses no seu consultório, na Foz do Porto. A família da vítima está indignada. "A pena teria sido justa se ele fosse para a cadeia porque foi tudo provado em tribunal", disse ontem ao CM a mãe da vítima.

'COMO PODE UM JUIZ SOLTAR UM MONSTRO DESTES'
Dois meses após a violação, o pai de Ana ficou ainda mais revoltado após conhecer as medidas de coacção aplicadas pelo
TIC do Porto.
'Como é possível um juiz soltar um monstro destes', disse ao CM. Confiámos nele, que nos garantiu que ia curar a nossa
filha, mas afinal só se queria aproveitar dela', vincou o homem, que se diz 'desiludido e revoltado com a nossa justiça'.
A família tenta agora arranjar forças junto do bebé que nasceu três semanas antes do previsto porque Ana
estava muito abalada.
Uma hora após a violação, soube pela filha do sucedido. 'Fiquei cego e liguei-lhe para o telemóvel. Ele atendeu e ainda
teve a ousadia de me dizer que era tudo mentira. Que nada de anormal se tinha passado na consulta.
' Mas os exames feitos a Ana confirmaram o contrário.

A decisão judicial, que será alvo de recurso por parte do advogado do médico, não obriga a Ordem dos Médicos a expulsá-lo. Neste momento, o psiquiatra realiza trabalho administrativo no Instituto da Droga e da Toxicodependência em Campanhã, no Porto. O CM tentou ouvir o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, mas foi impossível saber qual a decisão tendo em conta a condenação.
Ontem, a juíza Manuela Paupério considerou que ficou 'provado que o arguido introduziu o seu pénis na boca da ofendida, agarrando-lhe a cabeça. Quando esta se levantou, o arguido agarrou-a, empurrou-a contra um sofá e, por trás, introduziu o seu pénis na vagina da ofendida, aí ejaculando'. A magistrada considerou ainda que os factos provam 'uma acção física violenta exercida pelo arguido sobre a ofendida, de modo a constrangê--la quer ao coito oral, quer à cópula'.
A juíza desvalorizou os depoimentos prestados por ilustres médicos arrolados pelo psiquiatra, sublinhando que o relato da vítima é mais consistente que o testemunho do psiquiatra, condenado a pagar 30 mil euros de indemnização.

ADVOGADO AGRIDE JORNALISTA
Artur Marques, advogado de defesa do psiquiatra, agrediu ontem a repórter fotográfica do Correio da Manhã, tendo inclusivamente rasgado a camisola da nossa fotojornalista quando tentava, à força, arrancar-lhe a máquina fotográfica. Tudo aconteceu depois da leitura da sentença, num corredor do tribunal S. João Novo, quando a irmã do médico tentou arrancar a máquina fotográfica à jornalista do CM, alegando não querer ser fotografada, apesar de se ter colocado propositadamente à frente do psiquiatra, vendo que a jornalista estava a fazer o seu trabalho. Prontamente, os agentes da PSP tentaram sanar o atrito. Mas o advogado Artur Marques, numa atitude muito agressiva e prepotente, tentou partir a máquina para apagar as fotografias. Só não o conseguiu graças à PSP.

APÓS RECURSO - EIS A DECISÃO FINAL DOS NOSSO TRIBUNAIS ....
Psiquiatra absolvido de violação de paciente grávida
12 de Maio, 2011

O Tribunal da Relação do Porto considerou que o psiquiatra João Vasconcelos Villas Boas, de 48 anos, que arrolou 14 testemunhas m sua defesa, entre elas Júlio Machado Vaz, e que continua a trabalhar no Instituto da Droga e Toxicodependência em Campanhã, no Porto e ainda no seu consultório na Foz, Porto, não cometeu o crime de violação contra uma paciente sua, grávida de 34 semanas, com 30 anos de idade, no ano de 2009, pois os actos não foram suficientemente violentos, apesar de este forçar a vítima a ter sexo com base em empurrões e puxões de cabelo.
 
Perfil do violador - Relatório diz que médico mente
Mentiroso e narcisista acima da média, e com tendência para simular uma boa imagem de si próprio além de ter uma atitude de falta de preocupação pelas consequências negativas que o seu comportamento pode ter nos outros.
É desta forma que os técnicos que avaliaram João Vasconcelos Vilas Boas definem o psiquiatra de 48 anos que está a ser julgado,
acusado de violar uma paciente grávida de oito meses, no seu consultório, no Porto.
O relatório da perícia em que foram ouvidos a família, amigos e colegas de trabalho do médico, que há três anos mantém uma relação com uma economista, sublinha que nas provas de personalidade a que foi sujeito se mostrou pouco sincero e com tendência para não reconhecer as suas falhas, evidenciando valores acima da média na análise à propensão para a mentira e narcisismo.
O arguido, que após ser confrontado com a denúncia da grávida apresentou três versões contraditórias dos factos à polícia e ao juiz de Instrução Criminal que o ouviu, é definido como uma pessoa egocêntrica e com capacidade para compreender os actos errados. Os técnicos entendem por isso que é imputável. Ao Tribunal de S. João Novo, no Porto, o médico - que tem dois filhos de 17 e 20 anos - confirmou ter tido relações sexuais com a vítima e diz estar envergonhado.
Está suspenso das funções no Instituto da Droga e Toxicodependência em Campanhã, no Porto.
 
O tribunal deu como provado os factos, que têm início com a vítima a começar a chorar na consulta e com o médico a pedir para esta se deitar na marquesa..
O psiquiatra começou então «a massajar-lhe o tórax e os seios e a roçar partes do seu corpo no corpo» da paciente, como se pode ler no acórdão. http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/d1d5ce625d24df5380257583004ee7d7/1c550c3ad22da86d80257886004fd6b4?OpenDocument
 
A mulher, que estava grávida e numa situação de fragilidade psicológica, levantou-se e sentou-se no sofá, tendo o médico começado a escrever uma receita. Quando voltou, aproximou-se da paciente, «exibiu-lhe o seu pénis erecto e meteu-lho na boca», agarrando-lhe os cabelos e puxando a cabeça para trás, enquanto dizia: «estou muito excitado» e «vamos, querida, vamos».
A mulher tentou fugir, mas o médico «agarrou-a, virou-a de costas, empurrou-a na direcção do sofá fazendo-a debruçar-se sobre o mesmo, baixou-lhe as calças (de grávida) e introduziu o pénis erecto na vagina, até ejacular». 

Para o colectivo de juízes, o arguido não cometeu o crime de violação, porque este implica colocar «a vítima na impossibilidade de resistir para a constranger à prática da cópula».
 Diz o acórdão que para que tal acontecesse era preciso que «a situação de impossibilidade de resistência
tivesse sido criada pelo arguido, não relevando, para a verificação deste requisito, o facto de a ofendida apresentar uma personalidade fragilizada».

O colectivo de juízes considera:
-  que o «empurrão» sofrido pela vítima por acção física do arguido não constitui «um acto de violência que atente gravemente contra a liberdade da vontade da ofendida»

e, por isso,

-- «impõe-se a absolvição do arguido,  
na medida em que a matéria de facto provada não preenche os elementos objectivos do tipo do crime de violação».

 Mas um dos três juízes, José Manuel Papão, não concorda com a absolvição e juntou ao acórdão uma declaração de voto em que considera
 «que a capacidade de resistência da assistente estava acrescida mente diminuída por estar praticamente no último mês de gravidez,
período em que se aconselha à mulher que na prática de relações sexuais observe o maior cuidado para evitar o risco da precipitação do trabalho de parto».

 

ANEXO UM COMENTÁRIO INSERIDO NUM JORNAL DE 12.MAIO.2011:
Importa-se de Repetir?
Médico absolvido de violação porque não foi muito violento
Relação do Porto absolveu psiquiatra com argumentos muito polémicos.
O Tribunal da Relação do Porto absolveu o psiquiatra João Villas Boas do crime de violação
contra uma paciente sua, grávida de 34 semanas, que estava a ter acompanhamento devido à gravidez.

Segundo a maioria de juízes, os actos sexuais dados como provados no julgamento de primeira instância não foram suficientemente violentos. Agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral e empurrá-la contra um sofá para realizar a cópula Z

não constituíram actos susceptíveis de ser enquadrados como violentos.
Imprecaução óbvia, mesmo se populista: - e se fosse a vossa filha ou mulher?
Melhor: e se fossem vocelências a serem lixados com ph?

PARA FINALIZAR:
Como é que uma mulher grávida de 8 meses, consegue ter a mobilidade necessária para se libertar e fugir dentro do próprio consultório do violador - trancada á chave ???
E que provas é que serão necessárias para que uma violação como esta careça de:
-  MAIS VIOLÊNCIA para ser punidas por lei   ???
NÃO BASTA POR SI SÓ AO QUE A VITIMA FOI SUJEITA ?
Que merda de juízes são estes que se "balizam"nos pontos e virgulas da lei cega, surda e muda, para virem agora dizer que esta BESTA está absolvida porque o crime não foi violento !!
Devia ter-lhe dado alguma facada na barriga ?
Ou, sei lá, mata-la até, quem sabe se é isso que a lei "obriga".
Que merda de Justiça é esta e que caraças de PAIS É ESTE ???
SERÁ QUE ESTE ANORMAL É DA FAMÍLIA DE ALGUM POLITICO OU DE ALGUM JUIZ???
NÃO SERÁ DE CERTEZA DA CLASSE MÉDIA...!!!
PARA TER LEVADO COMO TESTEMUNHA O PSICÓLOGO MAIS CONHECIDA DA NOSSA PRAÇA: Júlio Machado Vaz
O TEMPO O DIRÁ !!!




">ALGUÉM SABE QUEM SÃO OS INCOMPETENTES QUE FIZERAM ESTE JULGAMENTO? NÃO ESTARÁ NA HORA DE SEREM JULGADOS POR QUEM, DE FACTO, SABE DAS LEIS QUE QUEREMOS QUE SEJAM IMPLEMENTADAS?
ALGUÉM SABE SE ELES TÊM MULHERES OU FILHAS A QUEM SE POSSA FAZER O MESMO QUE O ANORMAL AGORA ILIBADO FEZ À SENHORA GRÁVIDA DE OITO MESES?
JÁ QUE NÃO SE É PUNIDO POR ISSO...



(Recebido por mail)







domingo, 25 de setembro de 2011

15º. Queer Lisboa (balanço final)

Terminou o 15º. Queer Lisboa e o grande e merecido vencedor foi o filme “Rosa Morena”, uma co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, realizada por Carlos Oliveira, filme a que eu já tinha dado um especial destaque no post anterior.
Antes de falar no resto do palmarés, quero dar um breve resumo desta segunda parte do festival, na minha perspectiva. Vi mais dois filmes a concurso para o melhor filme, tendo assim assistido a sete dos 10 candidatos. Um inenarrável filme grego, com um nome qualquer e que foi das piores coisas que vi na minha vida (a Grécia está mesmo em crise…), e um muito interessante filme alemão, cujo nome inglês é “The Harvest”, passado numa comunidade agrícola, longe do bulício das grandes cidades e onde se vai desenvolvendo um belo relacionamento entre dois jovens trabalhadores-estudantes.
Fora de competições vi o melhor filme de todo o festival: o peruano “Contracorriente”, que não pôde concorrer ao prémio do melhor filme por ser já de 2009. É um filme soberbo, passado numa pobre comunidade piscatória do Perú, em que aparece um fotógrafo e pintor oriundo da cidade e de outro mundo, o qual se apaixona por um homem casado, em vésperas de ser pai e que, naturalmente, embora nutrindo sentimentos muito intensos entre eles, têm uma visão diferenciada desse mesmo relacionamento; depois do desaparecimento do fotógrafo, ele ( o seu fantasma) continua a “conviver” com o seu amante, até que é descoberto o seu corpo no fundo do mar. O seu amante, contra tudo e contra todos, assume a relação que entre eles existiu, ao fazer-lhe um enterro naquelas paragens, como seria seu desejo. É um drama intenso, mas nunca piegas, que aconselho vivamente a que procurem obter e ver.

Também com muito interesse, nesta secção Panorama, não em concurso, vi dois excelentes filmes: o argentino “Piedras”, onde dois jovens modificam a sua vida depois de assistirem a uma festa e um muito especial “Miss Kicki”, uma co-produção entre a Suécia e Taiwan, com uma envolvente viagem que desnuda o relacionamento entre uma mulher de meia idade e o seu jovem filho.
Nos documentários, assisti apenas a mais um – “Rent Boys”, do conhecido realizador alemão Rosa von Praunheim, sobre a vida dos jovens prostitutos berlinenses, sendo a secção a concurso de que vi menos filmes, quatro em dez.
Vi um filme da secção Queer Art, que desperta muito interesse em muita gente, mas não a mim; o filme visto foi sobre a carreira do realizador Bruce LABruce, um dos ícones dos festivais Queer de Lisboa, e que não é muito o meu género; o filme chamava-se “The Advocate for Fagdom”.
Resta falar das curtas metragens, das quais vi várias com muito interesse: ”Eu não quero voltar sozinho” (Brasil), “Fuckbuddies” (Espanha), “The Game kiss” (Indonésia), “Loop Planes” (EUA), “Plan Cul” (França), “Love 100%C” (Coreia do Sul), “Spring” (Reino Unido) e “Uniformadas” (Espanha).
Concluindo, foi um bom festival, com alguns filmes muito bons (Contracorrientes e Rosa Morena), um filme que não se entende como foi seleccionado – o grego; com um muito apropriado filme de abertura (Uivo) e um, quanto a mim, muito mal escolhido filme de encerramento, muito antigo e muito datado (Taxi Zum Klo).
Tenho pena de não ter assistido a um dos momentos mais importantes do festival, que foi o aparecimento após a projecção do filme “The Life and Death from Celso Júnior”, deste entusiasta pelo cinema gay, de quem me orgulho de ser seu amigo e que pode bem ser apelidado do “pai” do Festival LGBT de Lisboa. A sua apresentação como drag queen, mas com as inseparáveis botas foi um momento único, para quem viu…
A cinematografia latino americana imperou em quantidade e qualidade.
E agora o palmarés:
Melhor filme de ficção.: “Rosa Morena” de Carlos Oliveira.
Melhor actriz: Corinna Harfouch, em “Looking for Simon”
Melhor actor: Roberto Farias, em “Mi ultimo round”
Melhor documentário; “I am” de Sonali Gulati (India) …..(não vi)
Melhor curta metragem, por votação do público: “Não quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro (Brasil).


As decisões parecem ser as da maior parte do público, pelo que os júris
estão de parabéns.
Passaram 8000 pessoas pelas sessões do cinema S.Jorge; parabéns à organização.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

15º.Queer Lisboa (1º.Balanço)

O festival vai a meio e é altura para fazer um primeiro balanço.
A sessão de abertura teve um filme à altura, pois tendo este festival como tema a transgressão, poucos filmes poderiam representar esse tema como  "Uivo" (Howl), de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, com James Franco no papel do poeta Allen Ginsberg - este filme estreia quinta feira no circuito comercial; casa cheia, noite muito agradável sob todos os aspectos.
Dos filmes seleccionados para a melhor longa metragem de ficção, vi até agora cinco, e todos eles com motivos de interesse: "Looking for Simon", uma produção franco-germânica sobre um jovem desaparecido que a mãe procura na companhia do seu ex-namorado; o chileno "Mi último round" sobre a vida de um pugilista e do seu jovem amante, passado numa Santiago cinzenta e chuvosa, triste como o filme, mas com interesse pois não entra nos clichés dos filmes gay; o tão esperado "Ausente", um filme argentino, de que gostei francamente sobre a situação entre um aluno e o seu professor de educação física, que vão jogando ao "gato e ao rato" no seu relacionamento (um caso interessante de debater será se a homossexualidade do professor só se manifesta perante a situação causada ou se já havia antecedentes); um filme alemão, ao mesmo tempo divertido e muito sério sobre o problema da mudança de género - "Romeos", e finalmente o filme deste grupo que mais me seduziu: "Rosa Morena", um co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, que relata a ida a S.Paulo de um homossexual dinamarquês a fim de comprar um bebé para adoptar, de uma rapariga grávida que se torna um problema difícil. Não é um filme de tema LGBT, mas sim um drama que tem uma personagem gay - é um filme terno e duro, que para mim será um forte candidato a ganhar o festival

Quanto a documentários, vi um muito interessante filme alemão "Silver Girls". sobre a vida de três prostitutas berlinenses e a forma muito natural como encaram a sua profissão mostrando o seu dia a dia e até a sua vida familiar: um  outro filme com interesse, "Mia, a japonese icon", um dos artistas de entretenimento japoneses mais conhecidos; e um filme tailandês, verdadeiramente mau,"The Terrorists".
Vi um filme da secção especial, que gostei bastante, "FIT", sobre uma turma de dança que se torna numa quase terapia para alunos desadaptados no que respeita à sua homossexualidade ou à forma como a vêem.
Ainda antes de falar nas curtas metragens,uma palavra para um longo e chato filme porno americano, que não aguentei até ao fim - "Leave Blank" e outra para um dos melhores momentos do festival: a peça da companhia espanhola "Sudhum Teatro" que se chama "Silenciados", com cinco magníficos intérpretes, e que representam o assassinato de cinco tipos de pessoas, pelo preconceito contra a homossexualidade - um prisioneiro gay num campo de concentração nazi, um activista LGBT, uma transsexual, um católico gay, cheio das contradições entre sexualidade e religião, e um jovem vítima de bullyng.
Uma encenação simples , mas muito conseguida e a inserção de conhecidas músicas muito oportunamente.
Eis um vídeo sobre esta peça

Finalmente, as curtas metragens, das quais poucas vi ainda, tendo gostado muito de uma que já conhecia "Blokes" da Argentina, de uma bastante má, brasileira, "Duelo",;de uma sofrível alemã,"Beardead Man", de uma idiota israelita, "The Wanker"; e de uma estreia do português Luís Assis com o sua interessante "10 Dias (sem bater)".
Guardo para o fim, o momento mais transgressor deste festival: a curta de animação "Judas & Jesus", que é tudo menos um filme gay, mas é verdadeiramente "hard", e que justifica plenamente o aviso para adultos no início do blog. (um aviso - se tiver algum preconceito para algo que atente contra a religião é melhor não ver o vídeo); mas se o vir vai-se rir com certeza...



No final do festival,cá estarei com mais novidades.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Um documento emocionante

Tinha pensado não fazer um post dedicado ao décimo aniversário dos acontecimentos verificados nos EUA em 11/9/2001.
No entanto ao ver este vídeo postado por Pedro Sales no "Arrastão", não me contive e quase fora do controle, aqui está o vídeo do Daily Show de Jon Stewart dessa data.
Tocante e extraordinário.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Não estamos no Irão, mas...



Isto é inqualificável, porra!


"Um pai entregou, na madrugada de quinta-feira, o filho na esquadra da PSP Valadares, em Vila Nova de Gaia, por ter descoberto a orientação sexual do menor, ao início da noite.

Segundo fonte policial, o progenitor perseguiu o menor, com 15 anos, logo que este lhe pediu autorização para uma saída nocturna com amigos. O pai foi então encontrar o adolescente na discoteca Pride, no Porto, pelas 1.30 horas de quinta-feira.

Reagindo a quente, alegadamente, o homem accionou primeiro várias autoridades, acusando a gestão do espaço - maioritariamente frequentado por jovens homossexuais - de ter permitido a entrada do menor.

Tendo em conta que a PSP pouco mais terá feito que registar a falha de identificação na entrada do espaço, apenas permitido a maiores de 18 anos, pai e filho regressaram então a casa, a Valadares.

Pelas 4.30 horas, o progenitor, engenheiro de profissão, apresentou-se na PSP daquela localidade com o adolescente lavado em lágrimas, para o entregar aos polícias que estavam de serviço.

O JN sabe que o pai se recusou a ficar com o filho em casa, tendo sido accionado o serviço de emergência social para encontrar uma resposta de albergue para o jovem."

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Lisboa gay que eu conheci


Ainda na sequência da minha postagem sobre o livro “Homossexualidade no Estado Novo”, prometi, na altura, que iria dar o meu testemunho sobre a minha vivência desses tempos, tendo como referência obviamente apenas os últimos anos da ditadura, que eu passei em Lisboa, como estudante universitário, de 1962 a 1972 (ano em que parti para a guerra colonial).
Já deixei uma primeira abordagem, centrada numa figura muito especial da vida homossexual lisboeta desse tempo, a Bernarda, e num célebre local, onde se juntava uma enorme amálgama de personagens, alguns felinnianos e que era a Cervejaria Reymar, na rua das Pretas.
Hoje vou falar, não de pessoas, e muitas seriam as que poderia citar, assumidas, umas mais, outras menos, que pululavam por essa Lisboa tão interessante desses tempos, mas sim de locais, que conheci mais ou menos bem, e que traduziam toda a vida gay lisboeta de então.
Curiosamente, quando vim estudar para cá, para frequentar Económicas, perto de S. Bento, o meu Pai arranjou-me um quarto numa casa de uma Senhora muito bem (daquelas com um nome muito grande) e que para suavizar a questão de ter necessidade de alugar quartos, nos tratava por “sobrinhos”; sucede que essa casa, onde estive os meus primeiros 4 anos lisboetas ficava, e fica, pois ainda lá está, numa das ruas mais conhecidas da vida gay de Lisboa, a Rua de S.Marçal. Não havia ainda nenhum bar ali, mas havia por perto, pois toda a zona cerca do Príncipe Real, foi onde começaram a a abrir alguns dos primeiros bares.
Mas os primeiros bares que conheci, com frequência gay, foram o “Barbarella”, no Bairro Alto e o “Insólito” do actor João d’Ávila. Depois conheci e frequentei com alguma assiduidade o bar gay de Lisboa mais conhecido internacionalmente e que ainda hoje está em funcionamento: o célebre “Bric-a-bar”, na Rua Cecílio de Sousa, ainda propriedade de quem o abriu, o José Filipe Vilhena, que mais tarde o passou a um dos seus preferidos amantes, o belo António; o Zé Filipe acabou por ser anavalhado na sua casa por rapazolas que ele lá levava e naquele bar, originalmente muito bonito, com sofás de veludo e de espelhos dourados, pontuava à porta a célebre Emília, que era peremptória nos seus critérios de admissão…
Depois conheci um outro bar, o “Bar Z” que veio a tornar-se o “Harry’s Bar”, no cimo do Elevador da Glória, e que era um “must”: abria quando os outros fechavam e ali havia de tudo: gente bem, chulos, soldados, artistas, comia-se caldo verde e havia porrada noite sim, noite não. A música que tocava era essencialmente fado, e essencialmente Amália, por predilecção do dono, o famoso Joãozinho Ferro, mais conhecido por “Joaninha”, pois andava quase sempre vestido de mulher.
Outra vertente foi um bar chamado primeiro “Gato Verde” e que depois durante muitos anos se chamou “Memorial” e que foi o primeiro bar onde se concentravam muitas lésbicas; eram famosas as matinés dançantes, ao domingo, também chamadas “Bailes dos Bombeiros”, em que se dançava slow – foi a primeira vez que vi e dancei em público dessa forma, com outro homem. Aí conheci um empregado/porteiro, chamado Armando Teixeira, um tipo porreiro e cheio de iniciativa que resolveu investir num bar próprio, e que eu fui acompanhando desde as obras: ainda é hoje um dos mais conhecidos locais gay de Lisboa – o “Finalmente”, com os seus célebres shows de travesti (A “Dança das Bruxas” da Lídia Barloff esteve em cena três anos e levou àquele bar muita gente heterossexual).
Para a classe mais alta, um bar bastante frequentado era o “Ad-Lib”, perto da Av.da Liberdade e célebres eram também as madrugadas do “Galo”, à entrada do Parque Mayer.
Não falo dos recentes, pois esses são por demais conhecidos.
Mas gostava de referir dois restaurantes com uma grande frequência gay, ambos no Bairro Alto: a “Baiúca”, na rua da Barroca (um beijinho á velha amiga Júlia) e o “Alfaia”, onde uma empregada fabulosa, a Odete era rainha e senhora (ficou rica, segundo consta).
Nos cafés, três referências de peso: A “Brasileira” no Chiado e no Saldanha, o “Monumental” e principalmente o “Monte Carlo”, onde o actor Paulo Renato reunia a sua corte de jovenzinhos.
Duas últimas referências: a primeira para as saunas, a mais conhecida das quais era a “Lys Sauna”, mesmo ao pé da casa do Primeiro Ministro, na Calçada da Estrela, onde muita gente não ia apenas à procura de sexo, mas também de dormir barato, pelo que era também conhecida como a “pensão Lys”. Havia uma outra na Infante Santo e outra, “Catacumbas”, muito kitch, perto da Conde Redondo.
A outra referência é para as zonas de engate, desde o celebérrimo Parque Eduardo VII, até ao Campo Grande, o Cais de Sodré e alguns urinóis célebres como um que havia no Rossio, outro na Praça do Comércio, o do Café Gelo, o do Campo Pequeno e o do Campo das Cebolas.
Enfim, todo um mundo!!!

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Macacadas


Recebi esta história por email, como todos recebemos tanta coisa. Achei que era da maior pertinência, partilhar convosco. Acredito que efectivamente não há falta de arroz, trigo, milho e petróleo.

Há é uma história que anda a ser mal contada e que, seguramente, vai acabar mal. Infelizmente, vai acabar mal para todos. E mais rápido do que poderemos suspeitar. Leiam e percebam, tal como eu fiz.

"Uma vez, num lugarejo, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria macacos por 10,00 Euros cada. Os aldeões sabendo que havia muitos macacos na região, foram à floresta e iniciaram a caça aos macacos.

O homem comprou centenas de macacos a 10,00 Euros e então os aldeões diminuíram seu esforço na caça. Aí, o homem anunciou que agora pagaria 20,00 Euros por cada macaco e os aldeões renovaram seus esforços e foram novamente à caça.

Logo, os macacos foram escasseando cada vez mais e os aldeões foram desistindo da busca. A oferta aumentou para 25,00 Euros e a quantidade de macacos ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça.

O homem então anunciou que agora compraria cada macaco por 50,00 Euros. Entretanto, como iria à cidade grande, deixaria o seu assistente cuidando da compra dos macacos.

Na ausência do homem, o assistente disse aos aldeões: Olhem todos estes macacos na jaula que o homem comprou. Eu posso vender-vos por 35,00 Euros e, quando o homem voltar da cidade, vocês podem vender-lhe por 50,00 Euros cada.

Os aldeões, espertos, pegaram nas suas economias e compraram todos os macacos do assistente. Eles nunca mais viram o homem ou o seu assistente, somente macacos por todos os lados ...

Agora percebemos como funcionam os mercados financeiros."

sábado, 27 de agosto de 2011

Eu não vou boicotar o semanário "Sol"

É com este título que Helena Araújo diz da sua justiça no blog "Dois dedos de Conversa", acerca das polémicas e infelizes considerações do director do semanário "Sol", sobre o caso do divórcio de um casal do mesmo sexo e já amplamente divulgado.
Aqui vai o texto de HA:
"Recebi no facebook um convite para boicotar o semanário Sol devido a este texto de António José Saraiva.
Não o vou fazer, por duas razões:
- nunca comprei o semanário Sol, pelo que dizer agora que o vou boicotar era uma grande piada para a
 insider que há em mim;
- a liberdade de expressão existe para promover o debate de ideias - e é o debate que nos faz avançar.

Ora então, por partes:

1. À data em que este artigo de opinião foi escrito, o casamento de pessoas do mesmo sexo já era permitido na Holanda há dez anos, na Bélgica há oito, em Massachusetts (EUA) há sete, na Espanha e no Canadá há seis. Nos últimos cinco anos, muitos outros estados se juntaram a essa lista. Em Portugal, a respectiva lei foi aprovada há mais de um ano - e após um intenso debate.
 

Ou seja: hoje em dia, qualquer pessoa minimamente informada que leia sobre um casal em que ambos os cônjuges têm nomes masculinos, não precisa de ler segunda vez para verificar se leu bem. Pode concluir logo à primeira leitura que se trata de um casal de pessoas do mesmo sexo.
 


2.
 "Separado? Mas os gays, que travaram uma luta tão grande, tão longa e tão dura para poderem casar-se, separam-se afinal com a mesma facilidade dos outros casais? Não seria normal que, pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares, até para provarem aos opositores que as suas convicções eram fortes e sua luta era justa?"

Sim, os gays separam-se afinal
 com a mesma facilidade dos outros casais. O que está em causa é a igualdade: o direito de casar, e o direito de se separar com a mesma facilidade dos outros casais.
(nesta frase, gosto especialmente da palavra "facilidade" - não fazia ideia que os casais heterossexuais se separavam com facilidade, o que pressupõe uma certa leviandade na decisão de casar - e eu a pensar que os heterossexuais levavam essa instituição muito a sério!)

E não, não seria normal que,
 pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares. Um casamento não é uma bandeira, é um acto fundado no amor. Se a relação não funciona e não se lhe vê futuro, o mais normal é que se desfaça o casamento: por respeito a si próprio, ao outro membro do casal e até à própria instituição.
Surpreende-me que alguém sequer imagine que se possa prolongar o vínculo do casamento por motivos exteriores à relação, mascarando e pervertendo a sua verdade.


3.
 "Acresce que um dos membros do ‘casal’, Jorge Nuno de Sá, na altura deputado, pessoa com alguma notoriedade social, ao assumir o risco de tornar pública a sua homossexualidade e o seu amor por um homem, parecia querer dizer a todos que a decisão de se casar fora devidamente amadurecida. Ora, depois disso, qual o sentido de se separar ao fim de meia dúzia de meses?"

Acontece nas melhores famílias. Alguém precisa de exemplos?
 


4.
 "Mas a leitura de mais pormenores sobre o ‘casal’ ajuda a lançar alguma luz sobre a história. O ainda marido (ou mulher?) de Nuno de Sá é um massagista de nacionalidade venezuelana, de nome Carlos Eduardo Yanez Marcano (e não Maceno como dizia o DN), com menos 10 anos do que ele. Perante este bilhete de identidade, compreendem-se melhor as zangas, as agressões – e finalmente a lavagem de roupa suja na praça pública."

Depois do conselho às raparigas portuguesas para pensarem duas vezes antes de casar com muçulmanos, vem o conselho aos rapazes portugueses para que pensem duas vezes antes de casar com estrangeiros 10 anos mais novos e com profissões mal remuneradas. Atentem no aviso que vos é feito: podem meter-se num monte de sarilhos!
Caramba, está cada vez mais difícil escolher a pessoa certa e infalível para casar.
Agora, a sério: não caia na tentação de generalizar, José António Saraiva. Não venha com insinuações sobre os sul-americanos de baixos rendimentos que são mais novos que o parceiro. Olhe que o Ben Kingsley pode não achar muita graça.
 


5. Que nome dar a um dos elementos de um casal de homens: marido ou mulher? É uma questão complicada, reconheço, porque nos habituámos a dizer casamento-marido-mulher, e agora é preciso construir novos troços nas auto-estradas dos neurónios. Boas notícias para todos: consta que essas obras nas auto-estradas cerebrais são um óptimo exercício para prevenir o Alzheimer.
Quanto ao mais, esclareça-se que um marido é um cônjuge do sexo masculino. Não há que hesitar.
 
Porquê chamar-lhe mulher? Um homem não é uma mulher (sim, eu sei: foi a lapalissade do dia). Pese embora a polissemia do termo "mulher", parece-me que dizer que um homem é a mulher de outro comporta o seu quê de chacota e humilhação premeditadas, atitudes que convinha evitar nos discursos que se pretendem construtivos, respeitadores e pacíficos.
Porque (cá vamos nós fazer uma pequena revisão da matéria dada) a Democracia defende a liberdade de expressão não para que cada um diga tudo o que lhe apetece, mas para que as suas ideias possam enriquecer o debate público e alargar os horizontes da sociedade. Esse direito pressupõe a aceitação dos princípios básicos da mesma Democracia, nomeadamente o respeito pela dignidade do ser humano.
 


6.
 "As palavras que usamos têm um significado que o tempo e o uso foram consolidando – e ‘casamento’ na nossa civilização quer dizer a união entre um homem e uma mulher, ou seja, o acto fundador de uma família. Querer que a palavra tenha outros significados é uma aberração que põe em causa as próprias referências do meio em que vivemos."

O significado das palavras não é imutável. O tempo e o uso tanto consolidam como transformam. Na nossa civilização (atenção: já vamos na segunda década do séc.XXI) o casamento está cada vez mais assente no aspecto afectivo.
Olhemos para a História, observemos como foi evoluindo o modo como a sociedade entende esta instituição. Porquê parar algures em meados do século passado, porquê recusar à sociedade o direito de se continuar a transformar? Concretamente: se nos nossos dias o elemento fundador do casamento é o amor, porquê recusá-lo aos casais do mesmo sexo?
Olhemos também para as contradições do nosso presente: o casamento (heterossexual) é muitas vezes usado para fins diferentes daqueles que se diz serem a sua essência, o que põe em causa as
 referências do meio em que vivemos. Pensemos no casamento tipo golpe do baú, no casamento entre o estudante de vinte anos e a velhota que lhe subaluga o quarto, no casamento para sair finalmente da casa dos pais... 


7.
 "(...) não é necessário pôr em causa as nossas referências nem baralhar os nossos pobres espíritos.
Nem – já agora – complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar se estará certo dizer ‘o ex-marido de Jorge Nuno de Sá’."


"baralhar os nossos pobres espíritos" e "complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar"
Homem, porque não avisou logo no princípio

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Barril de pólvora

Foi assim, barril de pólvora, que o meu amigo André Benjamim, chamou, muito justamente, aos acontecimentos que se estão a verificar em Londres e não só.
Ficam as fotos a testemunhar, não actos de criminalidade, mas sim, actos de bestialidade.
De notar, que entre os detidos, 25% têm idade igual ou inferior a 14 anos. Ao que o mundo chegou!