quinta-feira, 14 de julho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
A experiência
A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.
"Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, ja me queimei a brincar com uma vela, ja fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, ja falei com o espelho, ja fingi ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; ja me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; ja estive sob o chuveiro até fazer chichi.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, ja me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.
Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:
- Qual é a sua experiência?
Essa pergunta fez eco no meu cérebro. Experiência....
Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"
segunda-feira, 13 de junho de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
A explicação do "porquê"
terça-feira, 15 de março de 2011
Mais uma do Sr. Silva
O sr. Silva continua a ser "brilhante" nos seus discursos recentes.
Hoje, na comemoração dos 50 anos do início da Guerra Colonial:
«Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar.»
Senti-me, visado, e de uma maneira totalmente contrária; nem coragem, nem desprendimento e muito menos determinação. Era um jovem completamente "à rasca", como agora se diz.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Mulheres # 1
Estou a ler um interessante livro, cujo autor é uma mulher, Agnès Michaux, e que consiste numa interessantíssima compilação de frases sobre a Mulher.
Não me considero minimamente misógino, e portanto estou à vontade para aqui iniciar uma nova rubrica deste blog, com algumas dessas frases e a que chamarei “Mulheres”.
Já agora aproveito para deixar o nome do livro: “Dicionário de Misoginia”!
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"A amizade entre duas mulheres é semelhante à de dois merceeiros estabelecidos em frente um do outro."
Alphonse Karr
"Os homens ouvem-se uns aos outros; as mulheres espiam-se entre si."
Mme de Maintenont
"Existe um elo secreto entre as mulheres: apoiam-se como padres de uma mesma religião, odeiam-se, mas protegem-se."
Marquesa de Lambert
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
"Shortbus"
Deste realizador já tinha visto há tempos um outro interessante filme sobre um transsexual, realizado em 2001 e cujo nome era "Hedwig - A Origem do Amor".
O excelente elenco de personagens de "Shortbus" atrai poderosamente o espectador em cada uma das vidas dos personagens e problemas. Sofia (Sook-Yin Lee), uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, busca maneiras de superar o seu "pré-orgástico" dilema, que afecta profundamente o seu casamento. James (Paul Dawson), tem uma depressão antiga e vai ao extremo da tentativa de suicídio quando não consegue sentir a felicidade com o seu parceiro amoroso e dedicado, Jamie (PJ DeBoy); foram monogâmicos durante os cinco anos da sua relação, mas resolvem trazer um terceiro elemento para compartilhar o sexo com eles.E há um voyeur do outro lado da rua que vai registando todas estas fases da sua vida.Há também Severin (Lindsay Beamish), que ganha a vida a trabalhar como “dominadora”, mas que pretende ter um relacionamento significativo com alguém - qualquer um.
Sim, o sexo na tela é real. E há muito. Mas em vez de exibir cenas sexualmente explícitas para o bem da excitação barata, "Shortbus" é provocativo com um propósito real. Nós não estamos em Hollywood.
Enquanto o sexo é um ponto de foco principal no filme, não é o único. "Shortbus" lida com todas as formas de relações humanas. Não salientando uma forma sobre outra, mostra como a amizade, sexo e amor sempre se misturam.
Numa conversa interessantíssima, um homem velho que se identificou como o ex-prefeito de Nova York, diz ao jovem e ingénuo Ceth (Jay Brannan): "As pessoas vêm a Nova York para fazer sexo mas as pessoas também vêm a Nova York para ser perdoadas ". Isto também pode ser válido para quem optar por ver este filme.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
One Century of Pride
Uma excelente versão musicada que revisita, por assim dizer, todos os acontecimentos e pessoas importantes para o mundo LGBBT, durante um século.
(Este post destina-se à colaboração com o tema deste mês, da Fábrica das Letras, o Preconceito.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Síndrome de Tietz
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Avante, camaradas...
Nota: só as fotos foram aqui deixadas por mim, tiradas da net, e não constavam da transcrição do texto em causa.
Por aqui se vê que dentro do PCP continua a haver aquela ortodoxia, de que o partido não se consegue, ou não deseja, livrar.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Felinos Selvagens
Animais magníficos, velozes, belos e dominadores, estes predadores de África e da Ásia, independentemente da sua perigosidade, constituem um grupo da fauna selvagem, sempre impressionante.
Quem não se recorda de os ver em diversas cenas da lei natural da selva, nos conhecidos filmes da National Geographic?
Por muito atractivos que sejam os zoos, é sempre triste ver estes nobres animais enjaulados, fora do seu habitat natural; e ainda mais chocante se torna vê-los transformados em atracção circense,amestrados e na negação da sua condição de predadores.
Aliás sou totalmente contra a utilização de quaisquer animais, como forma de divertimento, principalmente nos circos e a lei deveria proibir essa "exploração".
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Para reflectir...
Às vezes, as correntes que nos impedem de sermos livres são mais mentais do que físicas
Permito-me chamar a atenção para a música do dia, com música de Teodorakis e voz da magnífica e tão esquecida Milva.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Vestido Nuevo
Questiona-se muitas vezes, principalmente nos meios homofóbicos, a origem da homossexualidade, querendo fazer acreditar que tal não passa de uma opção sexual, e que é uma patologia; ora este filme, mostra bem que tal não é verdade, e que os sinais de uma diferente orientação sexual se manifestam, desde muito cedo, das mais variadas formas.
Este miúdo, que sem qualquer problema se apresenta na sua escola vestido de uma maneira bem diferente de todos, fá-lo com uma naturalidade desconcertante, criando perplexidade em toda a gente, menos talvez no seu pai.
E também aqui se aflora, embora de uma maneira muito incipiente, pois é uma idade muito jovem, e a escola é apenas um jardim de infância, um fenómeno muito comum nos dias de hoje, em idades um pouco mais avançadas e a que se dá o nome de bullying, ou seja uma reacção contra comportamentos diferentes e que é geralmente manifestada por agressões quase sempre psicológicas, mas muitas vezes também físicas, e que tem levado ao suicídio de vários jovens, como por exemplo na semana passada, nos EUA e provavelmente de um jovem, há meses, aqui mesmo em Portugal.
sábado, 16 de outubro de 2010
Valha-nos Deus...
“A epidemia de sida é uma forma de justiça imanente”, afirma o arcebispo católico de Malines-Bruxelas, monsenhor André-Mutien Léonard, num livro de entrevistas agora publicado pelos jornalistas Louis Mathoux e Dominique Minten
“Quando se maltrata o amor humano, talvez ele acabe por se vingar”, disse aquele filósofo e teólogo de 70 anos, em declarações reproduzidas pelo jornal belga “Le Soir”; e que estão na linha de outras suas tomadas de posição.
Em Abril de 2007, numa entrevista ao semanário belga “Télémoustique”, o então bispo de Namur, que só em Fevereiro último transitou para arcebispo de Malines-Bruxelas, atribuíra a “anormalidade do comportamento homosexual” a “um bloqueio verificado durante o desenvolvimento psicológico normal”.
Depois das reacções iniciais à sua tomada de posição sobre a sida, o prelado fez distribuir um comunicado em que explica: “Talvez se trate de uma justiça imanente, mas quanto às causas imediatas são os médicos que estarão aptos a dizer onde é que esta doença nasceu, como é que se transmitiu inicialmente, quais é que foram as vias da sua propagação”.
Se se desejar uma consideração mais geral, prossegue mons. Léonard, ao falar da sida como “consequência de uma sexualidade livre entre adultos”, “maltratar a natureza física leva a que ela nos maltrate; e maltratar a natureza profunda do amor humano acaba sempre por gerar catástrofes a todos os níveis”.
A polémica foi levantada nos últimos dias pelo livro “Mgr. Léonard – Gesprekken”, das edições Lannoo, versão actualizada de uma obra que surgira em 2006 em francês e em que o mesmo género de considerações aparece agora em flamengo, a outra língua da Bélgica.
A chefe da bancada parlamentar do Centro Democrata Humanista (CDH), Catherine Fonck, considerou “inaceitável considerar tal doença como uma forma de punição”; e o político socialista Paul Magnette, antigo professor de Ciência Política na Universidade Livre de Bruxelas, referiu-se ao ponto de vista do arcebispo como “ignóbil”.
O ministro presidente da região valã, Rudy Demotte, escreveu na sua página do Facebook: “Possa Deus, se ele existe, punir de maneira iminente aquele que profere semelhantes alarvidades”.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Aiiiiii.....o uso das palavras
Nem sempre podemos expressar num português corrente, aquilo que nos apetece dizer, ou porque estamos na presença de pessoas que respeitamos muito, ou por estarmos em locais mais reservados.
Sendo assim, aqui estão alguns exemplos de como devemos dizer o mesmo com palavras nada ofensivas e que até podem provocar uma admiração pela forma elegante como as usamos:
"Deglutir o batráquio" (Engolir o sapo)
"Colocar o prolongamento caudal no meio dos membros inferiores" (Meter o rabo entre as pernas)
"Sequer considerar a possibilidade de fêmea bovina expirar forte contracções laringo-bucais" (Nem que a vaca tussa)
"Retirar o filhote de equino da perturbação pluviométrica" (Tirar o cavalinho da chuva)
a melhor de todas......aprendam
"Sugiro veementemente a Vossa Excelência que procure receber contribuições inusitadas na cavidade rectal"
(Vá levar no cú)
E porque de palavras falamos que tal deliciar-nos com o inesquecível Mário Viegas numa das suas mais célebres declamações…
sábado, 8 de maio de 2010
De Juliano a Bento XVI
Sou muito crítico a esta Igreja , pois sendo os seus membros , seres humanos, são naturalmente passíveis de errar, de serem pecadores…Que absurdo eu ir confessar os meus pecados (quem os não tem?) a um homem que pode ser mais pecador que eu; e que poderes tem ele para me “absolver”? Os meus pecados “confesso-os” pelo arrependimento, directamente a Cristo. E quantos pecados, ao longo dos séculos, tem tido esta Igreja!!! Basta históricamente pensar na “evangelização” do novo mundo, com o extermínio dos "ímpios" indigenas; na autêntica desgraça que foi a Inquisição, na devassidão dos papados renascentistas e para chegar aos tempos de hoje com os escândalos da pedofilia, da continuidade da não aceitação do uso do preservativo, de tanta coisa que é ocultada, e remetida para um canto de “coisas menores”, para uma ostentação escandalosa num mundo de miséria, eu sei lá…
E assim chegamos ao actual Papa, um cardeal alemão de seu nome Ratzinguer, com obscuras ligações passadas no tempo da guerra e que, com um ar profundamente hipócrita, na sua voz terrivelmente cínica, vai pedindo perdão disto e daquilo sem assumir os seus erros, de omissão de casos de pedofilia, de condenação, no próprio continente africano do uso do preservativo, sabendo que a SIDA dizima milhões de pessoas naqueles lugares e não prescindindo dos luxos do Vaticano. Já conheci vários Papas, desde o Cardeal Pacelli, depois Pio XII, que só a minha tenra idade não deu para perceber que foi um péssimo Papa (lembro-me de em criança, ter medo da sua cara), depois o bondoso Cardeal Roncalli, João XXIII, o único que recordo com sincera saudade, passando pelo astuto e político Cardeal Montini, que conquistou o Papado à custa de uma autêntica campanha eleitoral, tornando-se Paulo VI; depois , qual estrela cadente, pairou no Vaticano uma esperança que foi o Cardeal Luciani, João Paulo I e cuja morte ainda está encoberta em mistério até nos tempos mais modernos termos tido o polaco Woytilla, João Paulo II, que colmatou muito dos seus pragmatismos (preservativo, aborto, homossexualidade), com uma extrema bondade.
De Bento XVI, que agora nos visita, já se falou demais em tão pouco tempo, e por variadas e menos boas razões. Não vou “bater mais no ceguinho” e apenas reafirmo que é um homem que não honra o Papado e que só os católicos completamente dogmáticos aceitam com satisfação. A sua visita é para mim perfeitamente vazia de sentido. Apenas lamento que o Estado português, que é um estado (ou deveria ser) laico, tanto empenho mostre nesta visita, mormente pela parte do PR, que servilmente o acompanhará por onde ele passe.
Que passe muito bem, mas que passe depressa.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Com bolinha...ou talvez não...
Este texto de Millôr Fernandes poderá eventualmente chocar algumas mentes mais conservadoras, mas ele é exemplificativo de um sem número de pessoas que usam estes vernáculos, no seu dia a dia, quer oralmente, quer principalmente em pensamento. E deixemos-nos de questões moralistas, pois estes termos fazem parte da língua portuguesa e quem os emprega de vez em quando, não pode nem deve ser apelidada de grosseira ou mal criada: tudo depende do seu uso devido ou indevido, do contexto e até da região onde ele usado; no Norte do país estas frases são muito mais usadas que nas outras regiões, por exemplo...
"O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à
quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma
pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então,
foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos
extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário
de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos
mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua
língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que
vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a
ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão
matemática.
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a
mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem
nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades
de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro
para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.
Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro
Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema,
e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu
correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente,
sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito
assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se
reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um
merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua
maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus
quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de
seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar
firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a
sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para
uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de
ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor
num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo
assim como quando estás a sem documentos do carro, sem
carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a
mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada
funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a
saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os
empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e
em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a
desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”
Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”
Atente no que lhe digo
Millôr Fernandes