sábado, 25 de maio de 2013

Dois Mundos, uma série de Pedro Xavier


Estes são os dois títulos já publicados desta série, de um jovem autor, de 22 anos, que agora se lança no mundo da escrita, e cuja edição, quer em e-book, quer em livro se fica a dever à iniciativa louvável da INDEX ebooks.
Infelizmente só ontem à tarde recebi a encomenda que tinha feito à Amazon do primeiro volume, pelo que não o tendo ainda lido, não o vou comentar.
O segundo já está também encomendado.
Pedro Xavier, aliás como o João e o Luis, da Index, vão estar hoje presentes no jantar dos blogs onde vai ser feita uma informal apresentação destes livros, entre outras iniciativas, literárias e não só.
Dá-se o caso de que o Pedro também é excelente a fazer vídeos, que já são vários, e fez um para apresentação desta série que deveria também fazer parte desta "apresentação informal"; mas não consegui arranjar nenhum projector para que o vídeo pudesse ser projectado e a televisão do restaurante não permite a reprodução de vídeos por meio de uma pen ou de um DVD.
Fica aqui um apelo aquem vai ao jantar, se acaso possuir algo que dê para projectar o vídeo na parede do restaurante, que o leve.
E que alguém leve um "portátil" levezinho para se poder ver lá, pelo menos.
Eu levo o meu, mas é muito grande...
Na impossibilidade total de isso acontecer aqui fica o vídeo em questão, que o Pedro Xavier hoje colocou nas redes sociais

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um vídeo e um livro

Estava-me a preparar para deixar aqui uma postagem sobre um daqueles livrinhos da sempre interessante colecção “& etc”, que acabei de ler, da autoria de José António Almeida, do qual já tinha lido da mesma colecção outro livro, só de poesia – “Obsessão”, quando vi  aqui, um vídeo que me assustou e repugnou, com uma entrevista a uma tal Drª. Madalena Fontoura, presumo que seja psicóloga e que não resisto em trazer aqui e para o qual peço a vossa especial atenção, já que entre outras preciosidades, esta doutora afirma que é normal as crianças terem pequenos desvios quando são pequenas e ficam com a ideia de que são homossexuais, e depois muito mal influenciadas por adultos pérfidos acabam por entrar nesse mundo, de onde saem fragilizados e que têm dificuldade em sair dele…mas conseguem, claro, com a ajuda de pessoas esclarecidas como ela.

 Em comparação, José António Almeida, apresenta-nos neste seu livro, de nome “O Casamento sempre foi gay e nunca triste”,
uma primeira parte com alguns pequenos textos em que procura explicar a problemática de ser ao mesmo tempo homossexual e católico, nos tempos de uma Igreja conservadora e retrógrada, aliás na linha das três grandes religiões monoteístas – cristianismo, judaísmo e islamismo.
Escolhi um texto que me parece muito correcto e que a drª. Madalena Fontoura deveria ler para tentar perceber porque é que ela é tão ignorante.

 “Um homossexual tem de abrir dentro e fora de si um espaço para poder ser. Esse espaço interior de construção de si mesmo e essa projecção de um mundo de possibilidade fora de si exigem-lhe recursos extraordinários. Enquanto os heterossexuais encontram um mundo pronto-a-vestir, os homossexuais têm de construir a estrada para poder circular, essa via que lhes permita avançar na direcção do futuro. Esta ausência de perspectivação do futuro creio que é o maior problema com que se deparam os adolescentes que se descobrem com uma orientação sexual diversa da maioritária. E como podem falar livremente de homossexualidade num mundo social, familiar e religioso onde a homossexualidade era ainda em tempos muito recentes um tabu ou um assunto marcado com o ferrete da ignomínia? E, sobretudo, como falar disso no meio de desertos de intensa solidão afectiva? Como viver de escassa meia dúzia de carícias e de beijos trocados em noites que, para o mundo dos outros, nunca existiriam?”

 Note-se que José António Almeida é um poeta e o resto deste pequeno livro é preenchido com alguns poemas, que e na minha opinião, estão num patamar inferior às reflexões que deixa anteriormente nos textos que escreve.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O jantar de sábado

E cá estamos, na semana do nosso jantar.
É já no próximo sábado e não vou a acrescentar nada ao que já foi dito aqui.
Apenas peço a quem atempadamente se inscreveu, me confirmem, aqui ou por mail, a mim ou à Margarida a sua presença; e principalmente àquel@s que deixaram para mais tarde a sua resposta (são agora muito poucos), que digam rapidamente a sua decisão, pois como compreenderão, devemos comunicar com dois a três dias de antecedência ao restaurante o número de pessoas, para que possam confeccionar as quantidades suficientes de comida.
Estamos até agora confirmados 40 pessoas, e penso que essas confirmações estão na sua grande maioria asseguradas, mas entra-se agora no período crítico e quando o meu telemóvel dá sinal de um número de alguém inscrito, fico sempre receoso.
Aconteceu no sábado, com a desistência, mais que justificada de duas pessoas e que o fizeram atempadamente; éramos na altura 41 , ficámos 39, mas entretanto houve mais uma confirmação e estamos num número muito agradável de presenças.
Também já houve, mas isso é normal, algumas desculpas esfarrapadas, quando é tão bonito dizer que afinal não vão porque perderam a vontade, ou porque se precipitaram quando disseram que iam, em vez de atabalhoadamente inventarem desculpas que são tão ridículas que nem existem…
Apenas sei que vai ser de certeza uma noite agradável com gente muito interessante e com algumas surpresas.
Qualquer esclarecimento deve ser pedido aqui ou aqui. E agora, preparem a disposição, esqueçam crises e o Benfica e vamos partilhar a blogosfera.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Dia Mundial contra a homofobia

Hoje comemora-se o Dia Mundial contra a homofobia. Apesar de discordar da vulgarização destes “dias mundiais”, a propósito de tudo e de nada, a maior parte das vezes com fins meramente consumistas, há excepções e esta é uma delas.
A homofobia é um preconceito contra os homossexuais que existe por este mundo fora, está generalizado e é essencialmente baseado num desconhecimento total do que é ser-se homossexual. Ainda hoje se acredita que quem é homossexual, o é por opção própria, e se condena quem tem essa orientação sexual como se isso fosse uma doença, como antigamente era considerada.
Todo o ser humano tem o direito de amar quem muito bem entender e se no chamado mundo desenvolvido, quer a nível dos Estados, quer a nível das Organizações, se têm dado importantes passos para a igualdade, ainda há muitos países em que tal não é consentido e até é punido.
Mas uma coisa são as leis e outra é o comportamento dos cidadãos comuns e é neste campo que é necessário lutar, mostrando que um homossexual é um ser normal, com os mesmos deveres e direitos que qualquer  outro, apenas tem uma orientação sexual diferente e que não escolheu.
Eu sempre procurei com a minha forma habitual de encarar a vida, e nunca recusando a minha condição de homossexual, ser um exemplo de que se pode ter uma vida normal, sendo homossexual: quer na família, na sociedade, nos que me são queridos, sou o que realmente sou e tenho orgulho de ser apontado não como um indivíduo nocivo socialmente, mas sim com o respeito que um comportamento cívico correcto merece.
Porque há muito a fazer neste campo, mostro aqui uma muito original animação em vídeo sobre este assunto, que foca a vida de um rapaz que tem como toda a gente os seus sonhos, os seus gostos e que é confrontado com a realidade de ser diferente, e aparecem os medos e aparecem as críticas, mas a vida de cada um é muito mais importante, a felicidade intima de não ceder ao medo e à mentira só para se estar de bem com a sociedade prevalece.
É um excelente vídeo para reflectir.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Pixel Happy Xmas

Por sugestão do Sad Eyes, que em boa hora tem promovido estes concursos de contos, ficou combinado que todos os participantes dedicassem uma postagem nos seus blogs hoje e à mesma hora, para assinalar o lançamento da edição em e-book do livro Pixel 3 e que esteve a cargo, como do anterior volume, da Index, da qual aqui deixo o link da página respeitante aos Pixel, e na qual estão indicados todos os links onde se pode obter este livro.
Como fiz quando do lnaçamento do Pixel 1 e 2, vou encomendar o livro "físico" à Amazon.
Não posso deixar de referir uma vez mais e com um grande abraço, quer o Sad Eyes, pela sua iniciativa, quer o João Máximo e o Luís, da Index, pelo empenhamento na edição da obra, e naturalmente a todos os participantes que foram muitoe e bons,
Como é impossível referi-los a todos, aqui deixo a história muito justamente vencedora da autoria do Silvestre,

ZACARIAS


Zacarias cresceu sem sorte. A sua vida era um túnel de vento ártico, todos os dias. Pequeno e mirrado sempre lhe disseram que nunca iria a lado nenhum e não foi. Ficou ali mesmo. Nunca saiu da casa onde nasceu, a mesma onde o olhar de resignação dos pais por aquele filho murcho continuava a escorrer por todas as paredes, penetrando-lhe o esqueleto enfezado como humidade cortante. Trabalhava no Zoo como tratador de felinos, por favor do Diretor ao pai e à mãe do Zacarias que ali tinham trabalhado em vida. De tão magro e feio nem os leões o quereriam comer e se quisessem, o mundo não perderia grande coisa. Mandava a lei que andasse sempre com dardos tranquilizantes nas calças, apesar do Diretor do Zoo preferir que fosse comido para poupar o dinheiro dos dardos. A vida arrastava-lhe o corpo numa sobrevivência dormente. Sentado no sofá à espera de ter sono, Zacarias viu cair um papel pela chaminé, «Feliz Natal» dizia. Tinha-se esquecido que hoje era dia 24 de Dezembro. Ouviu a campainha. «O Pai Natal» pensou desinteressado enquanto abria a porta. Algo o projetou contra a parede da sala, depois o chão. Em 10 segundos estava de novo no ar pendurado pelo pescoço «onde está o dinheiro cabrão? Fala ou morres agora!». A mão hercúlea esmagava-lhe a traqueia, «não tenho» disse com dificuldade. A mão gémea daquela vasculhava-lhe as calças. Zacarias não conseguia respirar, ia morrer. Caiu no chão… não ia morrer. O ladrão estava de joelhos, tonto… tombou. «Os dardos» pensou, «picou-se». Zacarias olhou para o corpo enorme no chão. Sentou-se em cima dele. Atou-lhe as mãos enormes atrás das costas e sentiu algo que nunca tinha sentido, uma ereção. Nunca tinha pensado em homens, sequer em sexo. Pensava-se assexuado, será que não era? Estava disposto a descobrir. Puxou as calças do ladrão para baixo, subiu-lhe a camisola até ao pescoço. O corpo dele era magnífico, dorsais vincados, nádegas esféricas cobertas por uma leve penugem dourada, pernas amplas e grossas. Desceu-lhe a mão entre as nádegas, sentiu a humidade, as coxas. A ereção doía-lhe, vulcânica. Tinha de telefonar à polícia. «Depois» pensou. Foi à cozinha buscar manteiga. Era noite de consoada e tinha apetite pela primeira vez. 



domingo, 12 de maio de 2013

Bullying

Sem grandes explicações de texto, limito-me aqui a deixar o testemunho de um polémico vídeo realizado pelo jovem realizador canadiano Xavier Nolan.
É na realidade um vídeo muito violento, talvez excessivo, mas que se justifica perante a violência e o excesso em que o bullying se está a transformar em tantas escolas de todo o mundo.
O filme pretende desta forma protestar contra o bullying homofóbico no âmbito do ensino.
Vale a pena ler os dois comentários que acompanham o vídeo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Viagens 8 - Espanha aqui tão perto (Galiza)

Nesta sequência de viagens que tenho apresentado, nem sempre respeitando a cronologia, é forçoso no prosseguimento da mesma que eu faça em diversas postagens, o relato de variadas e repetidas viagens a sítios onde estive por várias vezes ou que por uma questão geográfica, ou concentre outras variadas mas conjuntas razões.
Assim sendo vou começar pelo óbvio, o país aqui ao lado, a Espanha e onde mais vezes já estive.
Por razões de proximidade, vou hoje referir-me apenas às regiões que visitei essencialmente por estarem “mesmo ali”, à mão de semear.
 divido este post em três partes: a Galiza, a região perto da Covilhã e que abrange essencialmente a Estremadura espanhola e algo de Castela, e a região andaluza, de quando vivi em Serpa.

No que respeita à Galiza, Vigo foi a cidade que mais vezes visitei, pois indo muitas vezes ao Norte, fui variadas vezes com o Duarte a esta cidade que tinha uma vivacidade e uma beleza especial. Foram muitos os fins de semana ali passados e tenho muita pena que tenham destruído toda aquela zona piedonal ao longo da costa, onde se apanhavam os barcos para as ilhas e esteja aquilo transformado num imenso parque automóvel. 
antes...
e agora.
Outra zona que merecia uma visita era a zona dos bares, logo a seguir a esta de que falei e que era onde estava a louca vida nocturna de Vigo, nessa altura.
Um dos bares era o velho conhecido “Roy Bleck”, o único espaço gay da cidade, mas sempre cheio e com muitos portugueses, claro.
Havia também a zona do “Casco Viejo”, com óptimos restaurantes e uma extensa rua estreitinha cheia de bares, tascas e outros lugares simpáticos, com aquela vivacidade própria que os espanhóis têm. Ali se comiam e a um bom preço as melhores ostras, com gotas de limão – uma delícia!
A última vez que visitei Vigo foi uma desilusão total, pois além daquela monstruosidade no Passeio Marítimo, no Casco Viejo, apenas alguns poucos lugares abertos, quase ninguém, enfim uma cidade que parecia morta.

Mas depois de Vigo havia as Ilhas Cies, que era uma certeza de um dia bem passado de praia, com o contratempo, para mim, das inúmeras gaivotas, eu que tenho fobia a aves.

Toda a costa galega para norte merece uma visita, com as famosas Rias Bajas
e o assombroso Cabo Finisterra.

La Coruña é uma bela cidade

Ourense, no interior é um exemplo magnífico de uma pequena mas interessante cidade galega
e houve uma vez que me aventurei sozinho , de carro desde a Covilhã até uma cidade escondida entre montes e que se chama Monforte de Lemos, na província de Lugo (onde agora curiosamente vive com o seu namorado, o André, o sobrinho do Duarte); e fui lá porque umas semanas atrás tinha conhecido em Lisboa um rapaz lindo com quem passei um belo fim de semana, e me convidou a visitá-lo lá, onde ele vivia – foi interessante, mas não deu para prosseguir…

E falar da Galiza sem referir Santiago de Compostela é impossível.
É a mais conhecida cidade galega, aliás a capital da Galiza, com a sua imponente Catedral, das mais belas que conheço, com a sua animação de cidade universitária, cheia de sítios de convívio, pequenos mas buliçosos, principalmente nas ruas empedradas de acesso à Praça da Catedral.
Sempre repleta de turistas por ser uma cidade com acentuada importância religiosa, devido aos “Caminhos de Santiago”, só por si merece uma visita detalhada.
 A Galiza é uma região muito especial para nós, portugueses, já que geograficamente é muito idêntica ao Minho, com uma identidade de aspectos muito variados; até a língua é muito mais próxima da nossa do que o castelhano, com as suas terminações em “inho”.
E o povo galego tem por nós um carinho muito especial e não olha para nós com aquela sobranceria com que muitos espanhóis fazem.

E pronto, pensava falar de outras regiões, mas terão que ficar para próximas postagens.

sábado, 4 de maio de 2013

Há sempre alguém que diz NÃO !!!

Já prometi tanta vez a mim mesmo que não voltaria a dedicar uma postagem do blog a questões políticas, deixando a raiva com que vou encarando a situação política, económica e social deste pobre Portugal expandir-se em “postagens rápidas” quer no FB, quer no Google+, e onde não me contenho e chamo os bois pelos nomes, debicando aqui e ali aquele português vernáculo, que naturalmente não aprendi em casa, mas que todos conhecemos e que faz tão bem gritar de quando em vez.
Acresce ainda o facto de que nas questões políticas (e nas religiosas) há por vezes, não digo discussões acesas, mas pontos de vista bastante diferenciados, e que podem com alguma facilidade degenerar em trocas de palavras menos agradáveis com pessoas que até se prezam e são amigas.
Mas, e este “mas” tem muita força, não consigo ficar calado perante o rumo que as coisas estão a tomar no nosso país, e dando de mão beijada, que há culpas de muita gente de diferentes cores políticas, na origem desta crise, como também estou consciente da conjuntura internacional (dava pano para mangas falar sobre isto…), não posso deixar de referir que a maior parte da terrível situação em que nos encontramos neste momento em Portugal, é por causa das políticas iniciadas por este governo, e pior ainda a sua total ineficácia, perante a péssima execução das mesmas.
Na sua comunicação ao país de ontem, PPC não fez outra coisa do que aquilo que costuma fazer: debitou medidas, a maior parte delas já conhecidas, e extremamente gravosas para o nosso povo, e não explicou, porque não o sabe fazer, a essência e o conteúdo delas, nem o seu exacto alcance. Limitou-se à nova imagem que o governo descobriu para justificar o injustificável: a pura chantagem, com a frase mais que repetida – ou isto ou a bancarrota!
Como a maioria do povo português já está na bancarrota, pois que venha a bancarrota, porra!!! É preciso é ter tomates para decidir isso e nem este governo, nem o que aí há de vir, mais tarde ou mais cedo, os têm para tal efeito. Ao menos com a bancarrota também eram atingidos os poderosos (grandes empresas já privadas ou a privatizar, banqueiros, reformados com pensões que são um atentado a quem passa fome, políticos de carreira bem instalados na vida, enfim o grosso daqueles que acreditam que este governo está a seguir o rumo certo.
Acresce o facto de que eu não acredito de que mesmo se houvesse tomates para tomar essa decisão, ela fosse conduzir à bancarrota real, pois a Europa, principalmente a da zona euro nunca o permitiria, já que tal significaria o princípio do fim de toda uma construção já muito abalada de união europeia.
O que é um facto é que há muita gente com fome, há famílias em situações limite, há um crescente número de desempregados e cada vez mais candidatos ao desemprego, há ameaças reais a um normal funcionamento de sectores fundamentais de um país, como a educação e a saúde, há um afastamento cada vez maior de outros países europeus, embora a crise estrutural seja a mesma para todos.
Para onde tem ido o dinheiro que temos vindo a receber por via do memorando de assistência? Para reavivar a economia? Para fazer crescer o emprego?
Não, tem ido para a recapitalização dos bancos, tem sido desbaratado em políticas que só nos conduzem a uma recessão cada vez maior.
Não posso deixar de referir aqui quatro nomes, que têm, neste momento uma enorme responsabilidade do que estamos a sofrer: Vítor Gaspar em primeiríssimo lugar, pois é ele que realmente governa, a seu belo prazer, com as suas teorias loucas que eu tenho sérias dúvidas que não sejam premeditadas e filha de uma concepção ideológica extremamente perigosa e que se enquadra em políticas internacionais muito mais elaboradas e que estão na génese de toda esta crise; é um homem tão poderoso como perigoso, pois está fora de qualquer controlo nacional.
Quem acima de tudo o sustenta é Passos Coelho, chefe do governo apenas nominalmente, que tem contra ele não apenas a oposição em peso, mas também o seu parceiro de coligação e até largas franjas do seu próprio partido, não só a nível popular, mas também a nível de gente de peso na estrutura do partido.
Quem o apoia, sim e de uma maneira escandalosamente parcial para quem institucionalmente deve ser apartidário é Cavaco Silva, um homem que tem hoje o desprezo de uma imensa maioria dos cidadãos deste país. Como é possível um Presidente da República ser tão patético como este homem? Ele representa o que há de mais negativo na já de si medíocre generalidade da classe política portuguesa.
Finalmente há Paulo Portas, que tem neste momento um peso político enorme e que ele nunca imaginou poder vir a ter em Portugal; devido à posição mais que pública do PR não acionar os mecanismos que estão ao seu alcance para pôr na rua este bando de ladrões, só PP, pode, ou dentro do próprio governo ou perante os deputados do seu partido no Parlamento, fazê-lo. Mas é um cobarde e estou certo que amanhã irá lavar as mãos como Pilatos, na sua comunicação ao país.
A alternativa mais que certa a tudo isto, e que será um governo socialista no poder, infelizmente não chega a ser alternativa, pois Seguro também não tem os referidos tomates.
Para quando uma verdadeira esquerda unida no nosso país, com o PCP e o BE a deixarem as suas ortodoxias de lado e juntarem-se a um PS forte e constituírem uma alternativa democrática válida e possível neste país à deriva?
Esta é a pergunta que deixo e que a ser respondida afirmativa teria o meu apoio e o de uma grande maioria do povo português.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Almodóvar

Pedro Almodóvar é um director, actor e argumentista espanhol.
Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem a sua família tinham dinheiro para pagar os seus estudos.
Antes de dirigir filmes, foi funcionário da companhia telefónica estatal, fez banda desenhada, actor de teatro avant-garde e cantor de uma banda de rock, na qual participava travestido.
Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Óscar de melhor realizador.
Publicamente homossexual, os seus filmes trazem a temática da sexualidade abordada de maneira bastante aberta.
O seu ano de nascimento é incerto, sendo por vezes divulgado como 1949 e outras vezes como 1951 .
Um dos mais premiados realizadores da história do cinema, venceu dois Óscares, dois Globo de Ouro, quatro BAFTA, quatro prêmios do Festival de Cannes e seis Goya, a honraria máxima do cinema espanhol. É indiscutivelmente o mais consagrado realizador espanhol dos últimos anos e um dos grandes nomes do cinema europeu.
Dirigiu os seguintes filmes:
-Pepi, Luci, Bom e outras tipas do grupo - 1980
Labirinto de Paixões – 1982
Negros Hábitos – 1983
Que fiz eu para merecer isto – 1984,
sendo que se pode chamar a estes quatro filmes, a sua fase “kitsch”

Matador – 1986
A Lei do Desejo – 1987
Mulheres à beira de um ataque de nervos – 1988,
considerando estes três filmes como a sua consagração internacional

Ata-me – 1990
Saltos Altos – 1991
Kika – 1993
A flor do meu desejo – 1995
Em carne viva – 1997,
e nestes cinco filmes atingiu Almodóvar a sua maturidade artística.

Tudo sobre a minha mãe – 1999
Fala com ela – 2002
Má educação – 2004
Voltar – 2006
Abraços desfeitos – 2009
A pele onde eu vivo – 2011,
e aqui, estão os grandes filmes do realizador

Os Amantes Passageiros – 2013.
uma diversão almodovariana


Aproveitando a estreia do mais recente filme de Almodóvar (Os Amantes Passageiros), o cinema King programou um ciclo com alguns dos seus principais êxitos. E assim deu-me oportunidade de ver além do filme de agora, os três filmes que me faltavam ver do realizador manchego: Em carne viva, Abraços Desfeitos e A pele onde eu vivo.
“Em Carne Viva” é um curioso filme, em que Almodóvar toca na questão política da Espanha de Franco e na Espanha democrática, de início, e onde vem ao de cima a maestria com que ele transpõe para a tela um drama original de um romance banal – amores, ciúmes, crimes e muito bom cinema, com um Bardem em grande forma e um jovem actor lindo de morrer, Liberto Rabal (filho de Paco Rabal).
“Abraços Desfeitos” foi um dos mais caros e complexos filmes do realizador, com constantes mutações entre o passado e o presente, com uma deslumbrante Penélope Cruz e um grande actor, Lluís Homar, num drama sobre um escritor que cega devido a um acidente, e ao seu grande amor.
“A Pele onde eu vivo” é a primeira incursão de Almodóvar no cinema de terror, e o regresso de António Banderas (em grande estilo), num filme surpreendente e absolutamente brilhante.


Finalmente “Os Amantes Passageiros”, embora seja um filme menor, não deixa de ser, e no melhor sentido um filme de Almodóvar, um “fait-divers”, em que ele e os seus actores se devem ter divertido imenso. Todo filmado dentro de um avião, não é claustrofóbico, devido ao seu humor, e é curiosamente o primeiro filme absolutamente gay de um realizador assumidamente gay. Javier Câmara, demonstra aqui que é um actor de eleição, e este filme pode ser considerado uma metáfora aos actuais tempos de crise.


Não queria deixar de falar na influência que as mulheres têm na filmografia de Almodóvar, e isso reflecte-se nas “suas” actrizes: primeiro Carmen Maura, depois Vitória Abril, Marisa Paredes e ultimamente Penélope Cruz.
Também a referência duas actrizes de composição muito queridas a PA – Chus Lampreave e Rossy de Palma.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Annie Leibovitz

Anna Lou (Annie) Leibovitz, (Westport, Connecticut), 2 de Outubro de 1949, é uma fotógrafa estadonidense que se notabilizou por realizar retractos, e cuja marca é a colaboração íntima entre a retratista e seu retratado.
Leibovitz começou a interessar-se por fotografia após uma viagem de visita a sua família, que estava a viver nas Filipinas.
Durante alguns anos ela continuou a desenvolver as suas aptidões ao mesmo tempo em que teve diversas ocupações, inclusive na época em que viveu num kibbutz, em Israel, em 1969.
De volta aos Estados Unidos, em 1970, começou a trabalhar na revista Rolling Stone. Em 1973, ela foi nomeada chefe de fotografia da revista, tendo permanecido até 1983.
O seu estilo de fotografar as celebridades ajudou a definir o visual da revista. Publicou seis livros de fotografias: Photographs, Photographs 1970-1990, American Olympians, Women, American Music e A Photographer’s Life 1990-2005.
Leibovitz assumiu uma relação com a escritora Susan Sontag, de quem esteve sempre próxima nos últimos anos de vida
São célebres algumas das suas fotos, entre as quais a da Rainha Isabel II
e algumas com membros da família Obama
Uma outra foto célebre da fotógrafa é a de John Lennon e Yoko Ono, tirada na manhã do dia em que Lennon foi assassinado.
Também retratou desportistas como Lance Armstrong
ou Michael Jordan
Ou ainda esta fabulosa foto de Martina Navratilova
Também nomes da canção como Jennifer Hudson
Mas foi essencialmente no mundo do cinema que ela mais fotos tirou, com séries famosas, em que reunia um conjunto de vedetas, quer relacionadas com um filme (muito conhecidas as suas fotos de um realizador com a vedeta principal de um filme), quer de um série, como esta dos "Sopranos"
mas principamente de actores e actrizes, com o meu destaque pessoal para as de Tony Curtis e Jack Lemmon (alusão ao filme "Quanto mais quente melhor")
a incrível foto no banho de Whoopie Goldberg
a de Meryl Streep
a de os "Blue Boys", com os rostos pintados de azul
e ainda a do maior actor da actualidade, Daniel Day-Lewis
Finalmente duas das suas mais bonitas fotos, ambas de mulheres grávidas, Demi Moore
e dela própria, numa controversa foto quando já tinha 51anos e ficou grávida via ferilização "in vitro".

segunda-feira, 22 de abril de 2013

E a propósito...

É uma curiosa coincidência, e afirmo-o em absoluto, que no  dia de ontem, me chegaram "às mãos" duas curtas metragens, que não sendo umas obras primas, são muito interessantes e principalmente apareceram no momento certo, pois elas "documentam" de alguma forma o que foi dito no vídeo da postagem anterior, sobre o sexo anal.
Não estou a fazer aqui no blog uma dissecação sobre o assunto, apenas pus aquele vídeo por me ter parecido de certa forma "didáctico". Agora caem-me do céu estes  dois vídeos que peço interpretem apenas como referi de início, uma feliz coincidência.
É curioso também uma outra questão e que não foi uma opção: ambas as curtas se passam na esfera heterossexual...
Apreciem e digam da vossa justiça.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Anal Sex

Não, não é engano, é mesmo este o título do post
E também o título do vídeo que aqui deixo.
Desengane-se contudo quem julgue vir a encontrar nesta postagem conteúdo menos próprio.
É tão só um vídeo que pretende mostrar que muitas vezes se fazem conexões indevidas e que aquilo que parece ser um "vício homossexual" é afinal apenas sexo! Exactamente como tantas outras formas de o fazer, e de dar prazer a quem o pratica,
Afinal, é para reflectir...

“John Corvino addresses those who seem to think there’s nothing more to gay sex than anal sex and explains how squeamish visceral reactions can sometimes masquerade as moral judgments.
Dr. John Corvino, also known as the “Gay Moralist,” is a writer, speaker, and philosophy professor at Wayne State University in Detroit. He is the author of What’s Wrong with Homosexuality? and the co-author (with Maggie Gallagher) of Debating Same-Sex Marriage, both from Oxford University Press

terça-feira, 16 de abril de 2013

6º. Jantar de Bloggers

O 6ª. Jantar de bloggers já tem data marcada.
Vai realizar-se no último sábado de Maio, ou seja dia 25 do próximo mês.
Estamos conscientes que a data não será eventualmente do agrado de duas ou três pessoas, mas qualquer outra data, o seria também.
É a um sábado para quem se queira deslocar, sendo de fora de Lisboa, e o convívio terá lugar nessa data, pelas 20 horas, no mesmo local onde se realizaram os jantares de 2010 e 2011, pois o ano passado não se efectuou.
 Será pois no Restaurante Guilho, situado à entrada da Amadora, logo no final da N117, mais conhecida como a recta dos hipermercados; quando essa estrada termina, vêm-se um pouco à direita, dois bancos seguidos, o Millenium e o Banco Popular e é ai junto a essas agências que há um parque automóvel e o restarante fica numa ruazinha sem trânsito que desemboca nesse parque de estacionamento, mesmo em frente a um Centro de Saúde (isto para quem vem de carro); quem vem de comboio, sai para o lado contrário da C.M.Amadora, passa o Centro Cultural e está a 100 metros do restaurante.
Mas indicaremos mais perto da data, com mais detalhe, a sua localização.
A razão de mantermos o local é simples: fomos muito bem recebidos as duas vezes que ali fizemos o nosso convívio; é um restaurante pequeno e optámos, como das outras vezes por um jantar volante de forma a que todos nos possamos conhecer uns aos outros. O “buffet” fica numas mesas ao fundo, haverá umas mesas de apoio junto de duas paredes e o resto do local tem cadeiras para as pessoas se sentarem.
A porta está aberta, e dá para uma rua sem trânsito e sem muita gente a passar, pelo que o convívio se faz também na rua ao pé da porta.
Quanto ao menú, só o prato principal varia: este ano é um prato consensualmente do agrado de todos – Rojões à Guilho, com condimentos especiais, acompanhados de batata frita, arroz e salada.
Este prato tem uma particularidade que o aconselha para jantares volantes, pois os pedaços da carne são bastante pequenos o que evita o uso da faca para trinchá-la.
Além deste prato, há as habituais entradas, que consistem em pão, manteigas, azeitonas, o (bom) paté da casa, queijo e chourição temperado com azeite de orégãos.
Haverá um conjunto de sobremesas que fogem ao habitual sendo realmente muito boas.
Como bebidas haverá vinho tinto à descrição (da casta Aragonês), jarros de sumo, águas e cerveja (com stock limitado). E claro, café.
As bebidas pedidas antes ou após o serviço do jantar serão pagas à parte na altura do seu consumo.
O preço, com tudo incluído, é de 15 euros por pessoa, o que não se pode considerar caro.
Avisa-se que não há cartão de crédito, mas há três caixas de multibanco a 30 metros do restaurante.
O espaço é só nosso e podemos estar ali em convívio até à hora de fecho – duas da manhã…
Temos a certeza que a Lia e a Ana, proprietárias do restaurante nos servirão tão bem e com tanto gosto como nos dois anos em que lá fizemos o nosso jantar.
Claro que as pessoas podem levar acompanhantes, bastando para o efeito que digam no acto da inscrição quantas pessoas são; e também todos aquel@s que não tendo blog, comentam ou nos seguem, serão benvindos.
As inscrições podem ser feitas aqui no meu blog, no blog da Margarida, ou pelo meu e-mail pessoal (jcroque@zonmail.pt).
Apenas agradeço, mas agradeço mesmo, que não aconteça o mesmo que nos outros anos em que nas últimas 48 horas antes do jantar, “adoeceram” várias pessoas, apareceram mil e um problemas que “afinal” impediam a vinda ao jantar, a ponto de eu chegar a ter receio de atender o telemóvel…
É preferível um não, e só eu sei quanto me alegra a presença de tod@s, do que uma desistência à última hora, embora possa sempre haver imponderáveis, como é evidente...mas aceito-os como excepções e não como desculpa de que afinal resolveram não comparecer.

E mais uma vez, reafirmo que não se trata de um jantar de convívio de blogs gay, mas sim e tão só um jantar de amig@s, em que alguns blogs são de pessoas gay, mas muitos também  não o são.

No cimo deste post está o “banner” deste jantar de 2013, que como os dos anos anteriores tem a autoria do Paulo Simões Mendes, o qual felicitamos e agradecemos.

Qualquer esclarecimento sobre este evento pode ser pedido à Margarida ou a mim próprio.
Ficamos à espera das vossas inscrições e aproveito para informar que mesmo sem data marcada estão já confirmadas 16 pessoas e 4 apenas estavam à espera da data para se inscreverem.
Estou convencido que não deixaremos de ser entre 35 a 40 pessoas, pelo menos assim o espero.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Kalizma*

“Corta!”, disse Mankiewicz.
Richard Burton, vestido de Marco António, beijava Elizabeth Taylor, despida de Cleópatra, há mais de um minuto.
Estava calor – a rodagem do épico sobre a mais famosa egípcia da Antiguidade era nos estúdios da Cinecittà, nos arredores de Roma. Os holofotes, postados acima do décor, derretiam as pedras de gelo no bourbon de Mankiewicz.
Mas Burton e Taylor não desgrudavam.
“Corta!”, repetiu o realizador.
“Importam-se que eu termine a cena?”.
Nada. Continuavam a beijar-se.
Mankiewicz insistiu: “Interessa-vos que já seja hora de almoço?”
 Desde esse dia, Richard Burton, o grande actor clássico, e Elizabeth Taylor, a grande estrela de Hollywood, nunca mais pararam de se amar. E de se odiar.
Ele já a tinha visto uma vez. Fora há nove anos, na piscina de Stewart Granger e Jean Simmons, em Beverly Hills.
Ela só tinha vinte e um, estava de biquini azul claro, tirou os óculos escuros e fitou-o por um segundo, naquela explosão violeta que era o olhar de Liz Taylor.
Ele ficou de queixo tão caído que quase desatou à gargalhada.
Não foi só o olhar que o impressionou: “Ela era extraordinária. Os seios eram apocalípticos, podiam derrubar impérios”.
Conteve-se.
Nessa tarde, fez de Richard Burton, o galês com voz de tempestade, o declamador de memória dos sonetos de Shakespeare, a criança nascida na miséria das minas de carvão do País de Gales, o filho de alcoólico, o décimo segundo de treze irmãos. O “angry young man” prestes a conquistar a América.
Ela não lhe ligou nenhuma.

Em 1963, depois do pri­meiro beijo que incen­diou um filme pres­tes a con­su­mir um dos gran­des estú­dios, aMGM (o orça­mento descontrolou-se tanto que gerou uma fac­tura equi­va­lente a dois “Tita­nic”), fize­ram amor “como coe­lhos”, em todo o lado: iates empres­ta­dos, hotéis da Via Venetto, o cama­rim dele. 
Os papa­razzi, que Fel­lini inven­tara no seu “La Dolce Vita”, ganha­vam a razão de exis­tir. 
Eli­za­beth Tay­lor estava casada (era o quarto matri­mó­nio) há pouco tempo com o can­tor Eddie Fisher. Roubara-o à amiga Deb­bie Rey­nolds. 
Richard Bur­ton estava casado há catorze anos com a tam­bém galesa Sybil, a sua âncora emo­ci­o­nal. Mas Bur­ton já estava solto em mar alto.
Ainda fez uma ten­ta­tiva: “Não me posso sepa­rar de Sybil e dos miú­dos”, disse a Tay­lor. 
Ela ten­tou suicidar-se – enfi­ada numa camisa de noite Dior, claro — com uma over­dose de bar­bi­tú­ri­cos. Acor­dou com Eddie Fisher à cabe­ceira da cama, com uma arma apon­tada à cabeça: “Não te pre­o­cu­pes, que nunca dis­pa­ra­ria sobre uma cara tão bonita”. 
A 5 de Março de 1964, dois dias depois de Tay­lor obter o divór­cio de Fisher, meteu-se com Bur­ton num char­ter para Mon­treal e casa­ram. Ela ia de ama­relo. Ele ia feliz.
Na mais intensa e por­me­no­ri­zada bio­gra­fia do casal, “Furi­ous Love – Richard Bur­ton, Eli­za­beth Tay­lor and the Mar­ri­age of the Cen­tury”, edi­tada em 2011 pela Har­per & Col­lins, o amor colé­rico, caó­tico, con­tra­di­tó­rio de Liz/Burton atin­giu a ple­ni­tude quando Richard ofe­re­ceu a Eli­za­beth um iate exausto mas supre­ma­mente ele­gante – como eles -, vete­rano da Pri­meira e Segunda Guerra Mun­di­ais, cha­mado “Minona” na pri­meira encar­na­ção, agora pronto para um segundo período de beli­ge­rân­cia. 
“Kalizma”, assim foi bap­ti­zado o barco pelo casal, em home­na­gem aos filhos Kate (de Bur­ton com Sybil), Liza (de Liz com Michael Todd, o pro­du­tor morto num desas­tre de avi­a­ção) e Maria, uma menina alemã adop­tada por ambos – para des­gosto do casal, Tay­lor nunca pode­ria ter filhos de Bur­ton após uma histerectomia.
Richard sonhava com Liz mesmo antes de a conhe­cer. 
Com doze anos e “Las­sie Come Home” ou “Nati­o­nal Vel­vet”, ela já era um ídolo das mati­nés. Fazia parte da pri­meira aris­to­cra­cia do cinema sonoro. De pais norte-americanos e abas­ta­dos, edu­cada em Ingla­terra, em Hamps­tead, Liz fre­quen­tara o mesmo colé­gio da prin­cesa Isa­bel. Não conhe­cia difi­cul­da­des, só adu­la­ção. 
Já Richard vinha de Pon­trhydy­fen, terra pobre e impro­nun­ciá­vel. Nunca conhe­cera a mãe, o pai desa­pa­re­cia durante sema­nas em odis­seias de jogo e whis­key, fora edu­cado pela irmã mais velha e a sua pátria eram os livros. Liz e Richard não podiam ser mais diferentes.
Mas havia pon­tos comuns:  ambos pre­ci­sa­vam de anal­gé­si­cos (sofriam dos ossos e da coluna); ambos sen­tiam o vazio da fama; ambos bebiam, muito. 
Ele, para mino­rar os sen­ti­men­tos de culpa – de ter dei­xado Sybil, de o pai achar que ele era um inú­til com uma pro­fis­são de mari­cas, de ter optado pelo estre­lato no lugar de uma res­pei­tá­vel car­reira tea­tral, de o irmão mais velho ter caído uma noite no cha­let do casal em Céligny, na Suiça, pelo final dos anos 60, após uma tre­menda ses­são de copos com Richard e batido com o pes­coço num para­peito, ficando para­li­sado. 
Ela embor­cava para aguen­tar o peso da cele­bri­dade e para dis­si­par a ten­são dos dias de roda­gem com catorze horas. 
Quando se conhe­ce­ram, pas­sa­ram a beber mais, bebendo-se um ao outro.
Após o impacto do affair – os fran­ce­ses cha­ma­ram ao caso Le Scan­dale e o Vati­cano emi­tiu um comu­ni­cado a cen­su­rar a vida dis­so­luta dos adúl­te­ros – Eli­za­beth e Richard deci­di­ram pisar terra ape­nas quando as câma­ras esti­ves­sem pron­tas a rodar: o “Kalizma” tornou-se o lar flu­tu­ante do clã Liz/Burton.
Em mea­dos dos anos ses­senta, os Bur­ton pos­suíam uma quinta com cava­los no con­dado de Wic­klow, na Irlanda, a Casa Kim­ber­ley, uma vivenda junto ao mar na costa oeste mexi­cana (foram eles que puse­ram Puerto Val­larta no mapa), o De Havil­land, um jacto pri­vado que cus­tou um milhão (chamava-se “Eli­za­beth”), casas em Gstaad, 685 hec­ta­res nas Caná­rias, apar­ta­men­tos em Lon­dres e Paris. 
Mas a garan­tia do seu estilo de vida iti­ne­rante era o “Kalizma”. 
Além disso,  o iate permitia-lhes fugir aos impos­tos sobre as cen­te­nas de milhões de dóla­res que ame­a­lha­ram nessa década. Gastaram-nos bem – tornou-se céle­bre a expres­são “spen­ding money like the Bur­tons”. 
Afi­nal, nada fazia Liz sor­rir mais do que uma jóia. E Richard sabia-o. Come­çou por oferecer-lhe o Krupp, um dia­mante do tama­nho de uma uva (pagou o equi­va­lente a dois milhões de dóla­res pela pedra). 
Tinham espe­cial pra­zer em atra­car o iate de 50 metros nos por­tos em que Onas­sis pro­cu­rava sedu­zir Jac­que­line Ken­nedy. 
Quando Bur­ton con­se­guiu supe­rar a oferta de Onas­sis no lei­lão pelo maior dia­mante do mundo à época, o Car­tier, escre­veu no seu diá­rio que “esta pedra tem que ser usada pelo mais bela mulher da Terra. Teria um ata­que se ela fosse para Jac­kie Ken­nedy”. 
Valendo cerca de 6 milhões de dóla­res ao câm­bio actual, o dia­mante foi rebap­ti­zado “Taylor-Burton”. Liz só estava auto­ri­zado a usá-lo trinta dias por ano, sem­pre na pre­sença de segu­ran­ças.
Claro que ela se diver­tia a exibi-lo no “Kalizma”. Só para os dois, em alto mar. Era a única roupa que usava.
Mas a melhor prenda de Richard a Liz foi o “Kalizma”. 
O pai de Liz era um repu­tado mar­chand, e ela her­dou o ins­tinto paterno. 
Os Monet, Picasso e Van Gogh do casal foram direi­ti­nhos para o iate, dis­tri­buí­dos pelos sete quar­tos (ape­sar de Liz pas­sar horas nas três casas de banho da embar­ca­ção, não che­ga­ram a pen­du­rar uma tela em qual­quer delas). 
A tri­pu­la­ção era de oito pes­soas, incluindo uma cri­ada e um mor­domo. Entre maqui­lha­do­ras para Liz, amas e pre­cep­to­ras para os filhos de ambos e con­sul­to­res de mar­ke­ting para o casal, Richard e Eli­za­beth che­ga­ram a ter qua­renta e duas pes­soas na sua folha de paga­men­tos (Richard tam­bém sus­ten­tava quase todos os seus doze irmãos). John Giel­gud, o actor sha­kes­pe­re­ano amigo do casal, pas­sou uma tem­po­rada com eles no “Kalizma” e ficou impres­si­o­nado com os “14 mari­nhei­ros por­tu­gue­ses” da embar­ca­ção (tal­vez Giel­gud, homo­se­xual assu­mido, alu­ci­nasse). 
Sendo o par mais gla­mo­roso da sua época, eram rece­bi­dos como rea­leza cada vez que punham os pés em terra firme – rein­ven­ta­ram a fama, e o casal Bran­ge­lina seria um duo de pobres mis­si­o­ná­rios a seu lado.
 Per­cor­riam o Medi­ter­râ­neo como pira­tas ao largo da civi­li­za­ção, bebendo três gar­ra­fas de vodka por dia (só ele des­pa­chava duas), fazendo amor todas as noi­tes. Se não bebiam, não con­se­guiam. 
A única alter­na­tiva era uma dis­cus­são feroz. A luta era o motor da sua líbido: nada lhes dava mais tesão do que vinte shots ou uma mag­ní­fica sequên­cia de insul­tos.
 Depois, a cama era ine­vi­tá­vel. 
Como diz Liz, “ima­gi­nem ter a voz de Richard Bur­ton no vosso ouvido enquanto fazem amor. Todos os pro­ble­mas desa­pa­re­cem”. Bur­ton res­ponde: “Ela é uma amante lou­ca­mente exci­tante, bela para além dos sonhos da por­no­gra­fia. Irei amá-la até morrer”.
Quando não esta­vam entre­ti­dos um com o outro, apa­re­ciam con­vi­da­dos: Grace Kelly, a prin­cesa Mar­ga­rida, Wal­lis Simp­son, ou a mulher de Rex Har­ri­son que, certa noite, bêbada, resol­veu mas­tur­bar o seu cão no deck do “Kalizma”. 
Depois de “Refle­xos Num Olho Dou­rado”, a fita de John Hus­ton em que con­tra­ce­nara com Liz, Mar­lon Brando come­çou a fre­quen­tar o iate. Richard tinha ciú­mes dele e, de acordo com a bio­gra­fia da ex-mulher de Brando, Anna Kashfi, houve uma cena de pugi­lato entre os dois a bordo. Aca­ba­ram sor­ri­den­tes, nos copos.
Após dez anos de amor furi­oso, Eli­za­beth Tay­lor e Richard Bur­ton divorciaram-se em 1974. Não aguen­ta­ram muito tempo: vol­ta­ram a casar-se no ano seguinte. Durou sete meses. A sepa­ra­ção foi, dessa vez, defi­ni­tiva, e o “Kalizma” foi ven­dido por mútuo acordo. 
O barco que sobre­vi­vera a duas guer­ras mun­di­ais não resis­tiu ao ven­da­val Liz/Burton.
Com des­tino vago nas duas déca­das seguin­tes, o Kalizma salvou-se do esque­ci­mento em 1995 gra­ças a Vijay Mal­lia, um mili­o­ná­rio da dis­tri­bui­ção de bebi­das alcoó­li­cas – pelo álcool houve alguma jus­tiça poé­tica. Mal­lia gas­tou mais de três milhões de dóla­res a res­tau­rar o velho iti­ne­rante num esta­leiro de Bom­baim. 
Hoje, o “Kalizma” tem um novo motor, bom­bas, ar con­di­ci­o­nado e casco. Os quar­tos, assim como a sala de jan­tar, mantêm-se (há agora um jacuzzi no deck), e os Monet, Van Gogh e Picasso ainda habi­tam o barco. 
Mais impor­tante do que tudo, a suite dos Bur­ton, com a sua cama de dos­sel, sobre­vi­veu. “Sem­pre tive a impres­são de que nos íamos casar uma ter­ceira vez”, disse Eli­za­beth um ano antes de mor­rer. 
Se calhar casa­ram. E ainda fazem amor como coelhos.

*Texto escrito por Pedro Marta Santos, no blog "Escrever é triste". Agradeço ao Pedro a autorização para esta publicação e recomendo vivamente o blog em referência.
A primeira e quarta fotos constam da postagem original. As restantes tirei-as da net.