Lisboa tem finalmente a sua “Time Out”, como Londres, Paris e outras grandes cidades.
Era uma revista necessária e lê-se com um agrado acrescentado, pois não se limita a enumerar os muitos acontecimentos que a nossa cidade tem para oferecer semanalmente; opina, aconselha e descobre pequenas e interessantes coisas que, de outra forma, nos escapariam à atenção.
Curiosamente, fiquei muito satisfeito ao ver no segundo número que foi considerada a carta da semana, aquela que foi enviada pelo amigo Luís Galego, que leio com enorme prazer, sempre que ele actualiza o seu “Infinito pessoal”.
Habituado como estou ao seu estilo inconfundível de nos mostrar uma vasta cultura sem contornos intelectuais, que toda a gente aprecia, quase não era preciso ler o seu nome para reconhecer o autor da carta.
Porque o Luís passou há poucos dias por momentos menos bons, não encontro melhor forma de lhe mostrar toda a minha solidariedade, e também um imenso agradecimento pelos textos que connosco compartilha no seu blog, do que trancrever, na íntegra a referida carta.
«De um minuto para o outro atravessei museus e colecções, deslumbrei-me com “As Tentações de Boch”, descobri arte arriscada na galeria Zé dos Bois, apurei ouvidos com as vozes mais atraentes, dancei até ser dia no Jamaica e até cortei o cabelo com uma taça de champanhe na mão. Espreitei antiquários e designers, fitei a cómoda onde nasceu Alberto Caeiro, encontrei velhas histórias num alfarrabista, entrei em livrarias para perceber melhor a morte de Theo Van Gogh, descasquei cebolas com a ajuda de Gunter Grass, enchi a dispensa com mimos da DeliDeluxe e mesmo em cima da hora estreei-me com o construtor de Ibsen, o príncipe Luís Miguel Cintra, a reinar ali na Cornucópia, onde o melhor teatro acontece. Espreguicei-me ao sol nos Meninos do Rio, sentei-me à sombra das oliveiras no jardim do CCB, contemplei o Sol descer sobre a cidade no Bairro Alto Hotel, experimentei fado vadio na Tasca do Chico e ainda tive tempo para rir com os melhores “sketches” dos Monty Python, em versão lusa. E não deixei de agendar um curso de cozinha, para o meu filho, com o mestre Sobral e de oferecer uma flor, não uma margarida ou uma gerbéria, mas uma rosa vinda de longe, onde a simplicidade faz a sofisticação. De um momento para o outro, apercebi-me que não estava em Londres, nem em nenhuma outra time out city, estava em Lisboa. A Time Out ali mesmo num quiosque perto de mim.»
Sem palavras, porque o gesto diz tudo. Obrigado, caro amigo!!!
ResponderEliminarMal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill
Amigo Luís
ResponderEliminarnão uso muitas palavras, porque seguindo o teu raciocínio, correcto, este poema diz tudo.
Abraço e boa semana.
Dá sempre jeito uma publicação bem feita. Celebra coisas e lugares? Ainda melhor. :)
ResponderEliminarÉ verdade, amigo João Manuel
ResponderEliminarpor exemplo, sábado fui ver um espectáculo de dança, que gostei muito, uma coisa muito intimista, chamada "Narcissus", a um espaço incrível, no Bairro Alto, que nunca tinha ouvido falar, e foi a Time Out que me "ensinou" isso.
Abraço.
Engraçado. Tive um desilusão com a TIMEOUT. Talvez isto tenha a ver com as expectativas ou com as inevitávies comparações. Começando pelo papel - que achei ranhoso - acabando na própria organização editorial... tudo parece soar a "em cima do joelho".
ResponderEliminarDefeito profissional :p
Talvez o defeito profissional aqui prevaleça, amigo Kokas; e quando as expectativas são altas, a desilusão é maior.
ResponderEliminarNo meu caso, as expectativas eram reduzidas e como não havia nada, fiquei satisfeito...A relatividade a funcionar...
Obrigado pela visita.
Abraço.
podiam fazer um "time out" e mandá-la para terras de Viriato?????
ResponderEliminarA gente também gosta de espreitar estas coisas.......
Amigo Mrtbear
ResponderEliminartens tu toda a razão, pois por esta ou aquela razão até pode justificar uma vinda aqui; compreendo que não tenha muita saída a revista fora da área metropolitana de Lisboa, mas acho que podes assiná-la ou então pedir ao quiosque mais perto que te faça chegar todas as semanas uma para ti.
Abraço.
Opa e eu que não comprei o segundo número da revista. Conheço o Luís de outras paragens e teria muito gosto em ter lido este texto na revista.
ResponderEliminarobrigado por o trazeres até aqui
Sendo assim, ainda bem que o fiz, pois ficaste a conhecer a carta, que está realmente muito bem escrita, no seu estilo peculiar de "encarreirar" tão bem as palavras e os conceitos.
ResponderEliminareu falhei o primeiro número, mas vou ver se amanhã confirmo a boa impressão do segundo.
Abraço.
E agora para um tema completamente diferente... Essa transmutaçäo de Pinguim em Urso tem alguma leitura freudiana? :)
ResponderEliminarAhahaha, amigo Maurice
ResponderEliminarés a primeira pessoa a reparar nisso; sucede que antes estava lá um pinguim...que sem pedir ordens a ninguém, foi para o Antártico. E como não aparecia o dito pinguim, nos comentários que eu ia fazendo, resolvi substitir essa imagem, por outra. Tinha de reserva esta imagem , para um eventual post sobre o fenómeno "bear" e como está a custar a vir à luz esse texto, usei a fotografia, visto eu ser um "urso", pelo menos fartam-se de dizer "Wolffffff..."
É tudo brincadeira, o Freud pode dormir sossegado.
Abraço.