Em 1982 comprei um livro que me despertou a curiosidade pelo seu tema e que não me defraudou de maneira alguma. Tratava-se do livro “Bissexualidade” da autoria de Charlotte Wolff, da editora “Perspectivas & Realidades”.
Esta autora nasceu na Alemanha e doutorou-se em Medicina, em 1928, na Universidade de Berlim, onde exerceu até 1933, dedicando-se também à poesia e filosofia. Obrigada a abandonar a Alemanha quando os nazis subiram ao poder, viveu em Paris, onde desenvolveu um interessante método de interpretação morfopsicológica da mão, e frequentou os meios surrealistas, entre os quais os seus trabalhos suscitaram vivo interesse, e tornou-se amiga de André Breton, Paul Eluard e Antoine de Saint-Exupéry.
Em 1936, convidada por Aldous e Maria Huxley, fixou-se em Londres, onde conheceu numerosos escritores da época, nomeadamente Virgínia Woolf, T.S.Eliot e Thomas Mann; gozou de uma grande reputação enquanto psiquiatra e foi uma pioneira em matéria de sexologia. Além do seu famoso estudo sobre a homossexualidade feminina, “Love between Women”(1971), publicou outras obras relacionadas com a sua investigação da mão, um romance – “An older love” (1976) e uma autobiografia – “Hindsight”. Charlotte Wolff faleceu em 1986.
Sobre este livro, ela própria afirma. “Este estudo pode ser considerado como a continuação dos meus estudos sobre o lesbianismo. A homossexualidade tem com efeito as suas raízes na bissexualidade, cuja existência é reconhecida há mais de um século por psiquiatras e psicólogos. Estes últimos, no entanto, não a invocam senão para explicar outras variantes sexuais e sem propor uma definição precisa. Até agora não existia nenhum estudo aprofundado sobre a bissexualidade. Tentei preencher a lacuna. “
É assim, a primeira vez que se estuda de forma metódica e sistemática a bissexualidade. A grande maioria dos homens e das mulheres ditos “normais” divertir-se-iam se alguém exprimisse a ideia de que poderiam ter relações homossexuais, se bem que, no fundo de si mesmos, estejam vagamente conscientes de possuir as características mentais e afectivas do sexo oposto. Uma das riquezas deste estudo são os documentos auto-biográficos publicados no final. É aí que os bissexuais contam as suas sensações, experiências e aventuras com uma total liberdade de linguagem, sem quaisquer falsos pudores.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Charlotte Wolff - "Bissexualidade"
Publicada por
João Roque
à(s)
15:16
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Etiquetas:
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E há por ai tantos "homo", que se lhe perguntarem são sempre "bi", como se fizesse kk diferença... mas um dia tudo será diferente...esperemos..
ResponderEliminarIsto deixou-me curioso pela obra. A bissexualidade é, porventura, o que mais há de natural no Homem. O resto é muita castração religiosa, muita moral (em)bebida em tabus e muita "aprendizagem" social obliteradora.
ResponderEliminarA imagem é desinquietante. :)
mais livros para a minha pilha gigante de livros para ler, sobretudo estando na minha area de estudo... tantos livros tão pouco tempo!!! bem agora que estou de férias talvez dê para alguma coisa :D
ResponderEliminarhhmmmm... Parece muito interessante!!! :)
ResponderEliminarbeijinho...
Consciente da minha sexualidade, e sem falsos pudores te digo que nunca tive uma experiência lesbiana, mas é algo que me desperta a curiosidade.
ResponderEliminarUm abraço
Amigo Duarte
ResponderEliminarobrigado por esta tua primeira visita, espero que voltes mais vezes.
Eu espero que tu tenhas razão e tudo , um dia, seja diferente.
Abraço amigo.
Amigo João Manuel
ResponderEliminareste livro foi um dos mais admiráveis livros que li sobre sexualidade e a ele tenho voltado várias vezes - até já está estragadote.
Eu acho a foto muito representativa e até foi a foto que me deu a ideia para este post, acredita.
Abração.
Caro Swear
ResponderEliminaro teu problema deve ser comum a toda a comunidade da blogosfera e alarga-se aos filmes...
Vamos apontando...
Abraço amigo.
Amiga Carpe
ResponderEliminarpodes estar certa que é mesmo muito interessante, pois aliada à sua teoria, tem relatos reais muito interessantes.
Beijinhos.
Cara Blueminerva
ResponderEliminarhá muito pouco tempo que nos visitamos, mas já deu para entender que és uma mulher bastante especial; nunca me importei quanto à sexualidade dos meus amigos e nunca me questionei sobre a tua, até porque a minha visão de homossexual, é que pertenço ao mundo e não que pertenço a um mundo; mas congratulo-me com a tua franqueza, porque sei que o que dizes é o que pensam milhares e milhares de pessoas (mulheres e homens) e não o dizem; e pior que isso, por vezes são os/as mais homofóbic@s.
Beijinho.
olá dejanito, como o swear bear... mais um livro a ler! e também da minha área de estudo, por assim dizer, que já deixei a carreira de psicólogo vai fazer 3 anos (no dia em que conclui o curso! eh eh)... acho que já aqui, nos comentários deste blog, (te) disse que (pessoalmente) acredito que somos todos bissexuais... os estudos (de sociólogos, psicólogos, psiquiatras, e sexólogos) que conheço apontam quase todos nesse sentido... Freud, Jung, Kinsey foram alguns dos que afirmaram isso pioneiramente...
ResponderEliminar[oh duarte, quem sabe um dia sejamos apenas "sexuais" em vez de "homossexuais", "bissexuais" ou "heterossexuais"... quem sabe...]
Já vai longo. Abraço.
Olá André
ResponderEliminareu também sou daqueles que apoiam, sem reservas, a tese de que todos somos bissexuais, e se já antes de ler este livro o pensava, a ideia cristalizou depois disso.
Só uma pequena rectificação; chamas-me Dejanito, (talvez por essa palavra fazer parte do endereço do blog), mas o meu nick é "pinguim", mas podes tratar-me por João que é o meu nome verdadeiro... O Déjanito, queria-o eu agora aqui!!!!
Abraço amigo.
caríssimo, nunca me tinha cruzado com a senhora e fiquei curiosíssimo! um dia ainda mo hás-de emprestar, sim? ter lido Freud sem perceber nada de psico-qualquer-coisa dá nisto: curiosidade por compreender a tão complexa sexualidade humana.
ResponderEliminarum abraço e parabéns pela fotografia a P/B!
Será um prazer emprestar-te o velho livro, meu caro Paulo e estou certo que gostarás; talvez haja hoje alguma obra mais avançada, pois o livro já é de há uns anos...
ResponderEliminarAbraços.
essa noção de avançado não pega, Pinguim! já viste os clássicos tão desactualizados? bem, é verdade que algumas ideias poderão ter mudado, evoluído, mas ainda assim, parece haver muito Freud aí à mistura!
ResponderEliminarSim, concordo, e para mim o livro está muito actual.
ResponderEliminarO que queria dizer era que desconheço se há obras posteriores sobre o assuno: possìvelmente haverá...
Amigo Paulo, já viste o novo post no "Código secreto"? falo lá em ti...
Abraço.
É verdade que a bisexualidade está patente em todos nós. Conheço muitos "machões" que ficariam furiosos só de ler isto :)
ResponderEliminarUm abraço.
Caro Paulo
ResponderEliminaro problema está mais na sociedade do que nos "machões"; é a sociedade que fomenta o aparecimento de "machões"...
Abraço.
Olá João,
ResponderEliminarLol! Engraçado porque apesar de nunca ter discutido isto com ninguém a minha opinião é partilhada com muitos de vocês..
Acho que nós somos inatamente sexuais e que a nossa predisposição para a heterossexualidade é em grande parte moldada socialmente.
Acredito que se as pessoas se permitissem a 'sentir' fora dos pradrões socialemente aceites muitos rotulados de bi e homossexuais surgiriam..
Acho que uma pessoa não se apaixona por um 'sexo', mas sim por características das pessoas.. Se calhar é uma visão ilusória de quem ainda é nova. Nunca tive uma relação homossexual mas quem sabe se um dia destes não me apaixonarei por uma mulher... O que farei? Definirei um novo 'eu'? Eu sou a mesma, Eu posso-me apaixonar por uma pessoa, independentemente do sexo!
***
Margarida
Olá Margarida
ResponderEliminarobrigado pelo teu testemunho, que só vem corraborar o que eu penso e o que este livro defende.
Um enorme obrigado pela tua visita, esta casa é tua, é de tod@s.
Beijito
não resisti ao teu post. :) tive de vir espreitar ihihih
ResponderEliminarbexinhos de uma gaysbica :)))
Olá Cândida
ResponderEliminarfizeste tu muito bem, espreita o que quiseres...
Beijinho.
Olá,
ResponderEliminarEspero que vc possa me tirar algumas dúvidas. Apesar de ter lido sobre bissexualidade, eu não conseguir resolver este dilema quando apareceu na minha vida ou melhor dizendo com o meu "namorido", morava com ele 04 anos e percebia algo estranho ha cada ano,explicando melhor , sempre ele tinha uma crise de 01 ano e precisava ficar só, como ele sempre foi um "pegador" sempre achava que era mulher até descobrir que ele tinha uma paixão e envolvimento com um amigo. Eu confesso que até achava ele bipolar, pensava ser esse problema, mas olhando tudo o que eu passei, tenho a minha conclusão, ao meu ver ele TEM TARA E PAIXÃO POR HOMEM , e não se aceita, precisa estar numa relação estável com uma mulher pra não se achar gay, não assumiria isto nunca devido a família dele, filha e etc. Nesta tentativa suspotamente de uma relação heterosexual,ele acaba magoando e brincando com o sentimento da companheira que tiver ao lado, no caso EU.
Tenho amigos gays assumidos, são mais felizes e acho que na verdade toda bissexualidade é uma não aceitação sexual da sua verdadeira NATUREZA. No caso dele criou uma máscara de machão (geralmente são mais homofóbicos) ficou um homem mais amargo pra vida.Sempre falei pra ele fazer uma terapia e as palavras dele eram sempre as mesmas: terapia é coisa pra viado ou doido. Ignorância dele? é sim! mas ele é um homem culto, cinéfilo e um execelente artista, como ele não se aceita? ele com certeza seria mais FELIZ. O filme : O Segredo de Brokeback Mountain, tem muito dele.
Nossa relação acabou e não restou nem amizade. Que pena!
Cara Anónima
ResponderEliminareu não entendi muito bem o teu comentário, pois está um pouco confuso.
No entanto a minha teoria é que todos nós somos potencialmente bissexuais e com o crescimento assumimos de uma forma natural a tendência sexual que mais se adequa à nossa forma de viver, seja a heterossexualidade, seja a homossexualidade.
Mas como somos todos potencialmente bissexuais, isso não impede que não tenhamos, de uma forma continuada ou não desejos de ser estimulados sexualmente de forma diferente do que fazemos habitualmente.
Abraço.