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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Noite de sonho, no Palácio

Sim, noite de sonho no Palácio, e comecemos precisamente por aí, pelo Palácio; estou-me a referir a um dos mais belos palácios portugueses, aqui bem pertinho de mim, a cinco minutos de carro – o Palácio Nacional de Queluz, que emprestou uma das suas mais belas salas, a maravilhosa Sala do Trono, para nela se apresentar uma noite de sonho.
E esse sonho teve a forma de música, uma música sublime, que naquele local, apenas com a luz a incidir sobre o piano, provocava imagens de luz e sombra, com todos aqueles espelhos e os dois magníficos lustres que lhe pendem do tecto.
A música, como já referi o instrumento, foi música para piano, tão intimista como abrangente e teve como executante, talvez o melhor pianista português da actualidade, Artur Pizarro.
Um parêntese para umas breves notas sobre a vida artística deste pianista.
Artur Pizarro nasceu em Lisboa em 1968, e tocou pela primeira vez piano na televisão portuguesa aos 3 anos, tendo-lhe este instrumento musical sido apresentado pela sua avó materna, a pianista Berta da Nóbrega, e pelo seu duo, o pianista Campos Coelho que era aluno de, entre outros, Vianna da Motta. De 1974 a 1990, Pizarro estudou com Sequeira Costa que fora também aluno de Vianna da Motta, Mark Hamburg, Edwin Fischer e Jaques Février. Esta distinta herança faz Artur conhecer a tradição da Idade de Ouro do pianismo e oferece-lhe uma vasta preparação na escola de piano e repertórios franceses e alemães. Após os estudos iniciais em Lisboa, Artur muda-se para Lawrence, Kansas nos EUA e continua a trabalhar com Sequeira Costa que é Professor de Piano na Universidade de Kansas. Artur começou a tocar em público novamente aos 13 anos com um recital no Teatro São Luiz em Lisboa e estreou-se em concerto com a Orquestra da Gulbenkian, mais tarde nesse mesmo ano. Ainda sobre a orientação de Sequeira Costa, Artur Pizarro fica em primeiro lugar no Concurso Vianna da Motta em 1987, no Concurso de Greater Palm Beach Symphony em 1988 e foi também galardoado com o primeiro prémio no Concurso de Leeds International Pianoforte em 1990 e viu assim o início da sua carreira internacional de concertos. Artur Pizarro toca internacionalmente em recitais, música de câmara, e com as orquestras e os maestros mais aclamados.
Em 2005 fundou o “Artur Pizarro Piano Trio” com o violista Raphael Oleg e a violoncelista Josephine Knight. Também tem um duo de piano com Vita Panomariovaite.
Artur Pizarro viveu 21 anos nos EUA e vive há sete na Inglaterra, em Brighton (mas conservando sempre o BI e o passaporte portugueses), um local cuja escolha justifica por “ter encontrado ali a casa de que precisava, o meu ‘cantinho’…e fica perto de Londres e do aeroporto!”. Já a Inglaterra foi uma opção consciente “Londres é o ponto mais central e rico para estabelecer uma carreira. Tem uma vida musical intensíssima, todo o mundo se cruza ali e tem ligações directas para todo o lado.”. Por tudo isso, diz “sinto-me um apátrida, até porque o sítio onde vivo é onde for a minha casa, mais as minhas coisas, e onde tiver a família e os amigos”.

Pois foi com Pizarro e nesta Sala deste Palácio, que se encerrou – com chave de ouro – o Festival de Sintra deste ano.
Artur Pizarro deu-nos na primeira parte Haydn e dois temas de Mozart, para após o intervalo nos deslumbrar com Schubert e Hummel. Perante o entusiasmo da assistência, Pizarro brindou-nos com três magníficas obras do inevitável Chopin.
É de uma destas obras que aqui fica o registo.
Apenas uma referência para o intervalo que levou quase toda a gente ao magnífico Jardim do Palácio, agora e depois das longas obras ainda mais alindado.
Sim, foi uma noite de sonho, no Palacio!

sábado, 23 de junho de 2012

Quando a música é Vida...

Partilhei este vídeo no Google+, onde foi publicado pelo José Carlos (Felizes Juntos).
E pensei que um vídeo assim, deveria ter uma partilha mais ampla. Daí a fazer um post dele.
Por favor, não se abstenham de o ver por ser de 12 minutos de duração (sei que isso afasta muita gente), pois ao fim da sua visão sentir-se-hão muito mais felizes.
Há coisas lindas no mundo, apesar do que eu disse (e mantenho) no post anterior...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um mundo novo

É cada vez mais recorrente no meu pensamento o facto de estarmos, e não me refiro só ao que se passa em Portugal, ou na Europa, mas em todo o planeta, a assistir a uma destruição da Vida.
Sim, falo do ambiente, mas não só;  falo da subjugação económica a interesses cada vez mais obscuros, da imensa e cada vez mais profunda desigualdade social, do desrespeito pelos valores maiores que o ser humano deve ter como base, enfim de um mundo que caminha para o abismo sem querer perceber que pode e deve parar…
Está na nossa vontade, no nosso empenho, na nossa força, como habitantes deste planeta, não nos demitirmos de ter uma parte activa nesta desconstrução da felicidade, pois é disso que se trata.
Assistimos a uma progressiva diminuição de competências políticas, à ausência de gente com carisma, e o mundo é regido cada vez mais por complexas e nebulosa teias de interesses que lentamente asfixiam as liberdades humanas.
É tempo de parar. É tempo de dizer basta. É tempo de um “Novo Mundo”.
Porque, apesar de tudo, resta sempre a esperança, porque a música nos acalma, nos ajuda e nos faz reflectir, pois haja música.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Penélope"...e algumas considerações sobre a Cultura

Voltei ao teatro, pois teatro é Cultura e o ser humano, sem Cultura morre...
Fui ver mais um espectáculo dos Artistas Unidos, no Teatro da Politécnica, de seu nome "Penélope", da autoria do irlandês Enda Walsh, numa encenação de Jorge Silva Melo.
São quatro homens apenas e falam entre si sobre tudo e nada, mas principalmente sobre salsichas, num cenário tremendamente kitsch, de uma sinceridade brega tão verdadeira que nos cega e nos comove.
«A mente é um balde de enguias» é uma das muitas tiradas humorísticas do texto, uma das marcas firmes de Enda Walsh, autor da peça, numa adaptação de Jorge Silva Melo. Estamos perante um espectáculo fascinante, de deixas acutilantes e ricas de uma comédia repleta de subterfúgios muito explícitos.
A conversa mantém-se animada, recordando o momento em que recebem a barbacoa — objecto central do palco — de remetente indefinido, e descobrindo mais tarde que partilharam do mesmo sonho na noite anterior: a tal barbacoa a arder, anunciando a morte. É com este pretexto que surge o nome de Penélope (Joana Barros) pela primeira vez. Em momentos repetidos, os quatro (João Vaz, José Neves, Pedro Carraca e Pedro Luzindro) apresentam estratégias distintas para conquistar Penélope, «um amor inconquistável» e que não se deixa levar pelas fracasdeclarações de quatro fracos humanos. Em vão.
À medida que a trama se desenvolve, é visível a mutação das personalidades distorcidas de cada um deles, e a morte vem ao de cima através de uma epifania.
Estes são os quatro sobreviventes entre quase cem, vivendo no fundo de uma piscina à espera de conquistar Penélope.
As interpretações são seguras e saliento dentro todas a de Pedro Carraca.

A sessão a que fui era a uma hora pouco habitual - 19 horas - mas muito convidativa; no entanto, comigo éramos 7 os espectadores...
Pois, a Cultura de que falo no início, perante a crise, "apaga-se", e esse apagão não é só da parte do público, que terá mais onde gastar o pouco que tem, (embora o preço do bilhete fosse apenas de 5 euros), mas principalmente de quem deve zelar por ela, a nível nacional.
A Cultura, de há muito a esta parte, tem sido sempre o "patinho feio" dos governos sucessivos, a ponto de um deles ter tido como respectivo secretário de estado, um inenarrável Pedro Santana Lopes que até conseguiu pôr Chopin a tocar violino...
Mas, no actual Governo e com a austeridade que o comanda está a atingir-se a estaca zero para a Cultura, sem apoio no cinema, sem comparticipação para as companhias de teatro, no desleixo nos museus, eu sei lá...
Esta continuada política de falta de apoio à cultura já levou para fora do país nomes como Helena Vieira da Silva, Paula Rego e Maria João Pires, entre outros.
Somos assim tão ricos que culturalmente nos possamos permitir esta situação?
Para cúmulo, perdemos no espaço de uma semana dois vultos importantes da nossa Cultura: o cineasta Fernando Lopes e o músico Bernardo Sasseti.
Não menosprezemos a Cultura, pois a Cultura não é elitista, há cultura num Grupo Folclórico, como numa companhia de teatro amador. Direi mais e numa perspectiva subjectiva a cultura (não a Cultura), é tão importante que ela é responsável pela falência de tantas relações afectivas, como os factores sexuais, por exemplo. Quantas relações não terminam porque as duas pessoas não se entendem culturalmente?

E deixo-vos com dois vídeos exemplificativos do que é a Cultura; dois exemplos muito diferentes, mas ambos magníficos, um na música, outro na sétima arte.






quinta-feira, 24 de maio de 2012

Requiem, de Verdi

No dia 22 de Maio de 1874 Giuseppe Verdi subiu ao pódio, na capela de S. Marcos, em Milão, para dirigir a orquestra na estreia da sua Missa de Requiem.
Verdi escolheu esta data para a estreia do Requiem, para comemorar o primeiro aniversário da morte de Alessandro Manzoni, um poeta e romancista italiano muito admirado pelo compositor e com quem se tinha encontrado em 1868. A peça também é, por vezes, referida como Manzoni Requiem. Foi escrita para quatro cantores solistas, coro duplo e grande orquestra.
O Requiem obteve sucesso imediato. Teve sete representações na Opéra Comique, em Paris. Em Veneza, foi feita uma impressionante decoração eclesiástica Bizantina para a sua apresentação. Foram ouvidas versões com acompanhamento de quatro pianos ou conjunto de metais. Mais tarde desapareceu do repertório coral, mas nos anos trinta, do séc. XX, ressurgiu e é, hoje, um marco para qualquer coro.
“Dies Irae”, do Requiem, de Verdi
Baixo: Roberto Scandiuzzi
Mezzo-soprano: Luciana D'Intino
Coro e Orquestra Filarmonia
Coro da Orquestra Sinfónica da Cidade de Birmingham
Maestro: James Levine





Tirado na Íntegra do excelente blog colectivo  “Pegada”, o qual aconselho vivamente, nas suas vertentes político-económica e cultural.


sábado, 19 de maio de 2012

"Weekend"


Como tenho afirmado, sou um apaixonado por filmes de temática LGBT e tenho uma boa colecção, tanto de longas como de curtas metragens. Além disso e ainda à espera de visionamento ou de uma nova visão tenho imensos filmes que aguardam pacientemente a sua vez. Estava nesta situação o filme inglês “Weekend”, do realizador Andrew Haigh, e datado do passado ano (o facto de eu referir que o filme é inglês, é importante pois há um outro filme, com o mesmo nome, também feito em 2011 e igualmente de temática LGBT, mas polaco).
Sucede que quase simultaneamente o Miguel publica um post entusiasmante sobre o filme e eu consigo uma versão nova do mesmo, embora tenha demorado muito tempo até ter o filme completo, para substituir a versão que cá tinha, que embora tivesse legendas em português, era muito fraca em termos técnicos. E as legendas são deveras importantes neste filme,pois sendo quase todo o filme um constante diálogo entre os dois protagonistas, e bastante rápido, há certas coisa que escapam, a não ser que se tenha um inglês absolutamente impecável; ora esta nova versão tem legendas…em inglês, mas ajuda bastante.
E sendo assim fui logo ver o filme, que é para mim, um dos melhores que vi nos últimos tempos. Fala-nos de um curto (no tempo) relacionamento entre dois gays que se encontram num bar e que além de partilharem o prazer do sexo, vão trocando entre eles impressões sobre a forma como encaram a sua vida homossexual, o que procuram e o que anseiam. As sua visões não são muito coincidentes, pois um é bastante realista e sabe que este relacionamento estará à partida, limitado, enquanto o outro é mais emotivo, quase romântico e começa logo a elaborar um futuro para toda a vida.
Mas, apesar desta divergência de opiniões, o seu encontro é de uma imensa intensidade, não só sexual, mas também de sentimentos e isso leva a que sigamos o filme quase como quando estamos a ler um livro que nos entusiasma e não conseguimos parar. Neste caso, no filme, quando paramos, ou seja no fim, não consegui esconder uma lágrima, muito ajudada a cair por influência da música que se ouve então e que acompanha os créditos do filme; é uma canção de John Grant, intitulada “I Wanna  go To Marz”, que não resisto, a reproduzir aqui, com a respectiva letra.
Bittersweet strawberry marshmallow butterscotch
Polarbear cashew dixieland phosphate chocolate
My tutti frutti special raspberry, leave it to me
Three grace scotch lassie cherry smash lemon 
free

I wanna go to Marz
Where green rivers flow
And your sweet sixteen is waiting for you after the show
I wanna go to Mraz
We'll meet the gold dust twins tonight
You'll get your heart's desire, I will meet you under the lights

Golden champagne juicy grapefruit lucky monday
High school footall hot fudge buffalo tulip sundae
Almond caramel frappe pineapple rootbeer
Black and white pennyapple henry ford sweetheart maple tea

I wanna go to Marz
Where green rivers flow
And your sweet sixteen is waiting for you after the show
I wanna go to Mraz
We'll meet the gold dust twins tonight
You'll get your heart's desire, I will meet you under the lights

Aliás , no filme há uma outra música lindíssima do mesmo intérprete, “Queen of Denmark”, que aqui também fica registada.
I wanted to change the world
But I could not even change my underwear
And when the shit got really really out of hand
I had it all the way up to my hairline
Which keeps receding like my self-confidence
As if I ever had any of that stuff anyway
I hope I didn't destroy your celebration
Or your Bar Mitzvah, birthday party or your Christmas
You put me in this cage and threw away the key
It was this 'us and them' shit that did me in
You tell me that my life is based upon a lie
I casually mention that I pissed in your coffee
I hope you know that all I want from you is sex
To be with someone that looks smashing in athletic wear
And if your haircut isn't right you'll be dismissed
Get your walking papers and you can leave now

Don't know what to want from this world
I really don't know what to want from this world
I don't know what it is you wouldn't want from me
You have no right to want anything from me at all
Why don't you take it out on somebody else?
Why don't you tell somebody else that they're selfish?
Weepy coward and pathetic ...

Who's gonna be the one to save me from myself?
You'd better bring a stun gun and perhaps a crowbar
You'd better pack a lunch and get up really early
And you should probably get down on your knees and pray
It's really fun to look embarrassed all the time
Like you could never cut the mustard with the big boys
I really don't know who the fuck you think you are
Can I please see your license and your registration?

Don't know what to want from this world
I really don't know what to want from this world
I don't know what it is you wouldn't want from me
You have no right to want anything from me at all
Why don't you take it out on somebody else?
Why don't you tell somebody else that they're selfish?
Weepy coward and pathetic ...

So Jesus hasn't come in here to pick you up
You'll still be sitting here ten years from now
You're just a sucker but we'll see who gets the last laugh
Who knows, maybe you'll be the next queen of Denmark.



Os dois actores, Tom Cullen e Chris New são assombrosos e lindos!
Um filme imperdível, que eu bem gostava que furasse os esquemas das distribuidoras de cinema do nosso país e pudesse entrar no nosso circuito comercial, ou pelo menos que possa aparecer em DVD.

Para informação mais detalhada, há uma interessante página disponível na net:  http://www.weekend-film.com

A versão com legendas em português pode ser encontrada no Intercine Gay, mas é fraquinha sob o ponto de vista técnico. A outra já não recordo onde a encontrei.







quarta-feira, 16 de maio de 2012

O nosso primeiro abraço

Fiquei muito satisfeito por ter vencido o segundo concurso de histórias que o Sad Eyes promoveu no seu blog.
E fiquei satisfeito porque a minha história até nem era a melhor, havia outras muito bem elaboradas, muito bem escritas e denotando um verdadeiro sentido do que é escrever uma história; sem querer tirar mérito às demais, nas finalistas estavam duas histórias que eu elegi na primeira votação como as duas melhores – a do João e a da Margarida.
Mas a minha história tinha algo importante e que terá sido decisivo: é real e quer mostrar duas coisas, a dificuldade que temos que enfrentar e a grande força do nosso amor.
Esta vitória, uma coisa de nada, eu sei, vai inteirinha para uma pessoa, para o meu querido Déjanito, que aguarda tão ansiosamente como eu, luz verde para que nos possamos abraçar de novo aqui nesta Lisboa que ele adora.
E há muito que tenho vontade de partilhar uma foto nossa, que nem é uma grande foto, mas é talvez a foto de que mais gosto, pois nos nossos olhares está tudo o que sentimos um pelo outro e que é muito, mesmo muito.

Enfim, um imenso obrigado a toda a gente que votou nesta história, a grande maioria porque acredita na nossa história de amor, na nossa luta para mantermos sempre viva e mais acesa a chama do nosso amor.
E um forte abraço para o enorme êxito desta iniciativa do Sad Eyes, que nunca é demais realçar; um abraço a todos os concorrentes pela forma como elevaram o nível deste concurso. Parabéns a todos.

My wonderful Chako Pako
This victory is for you, because this is our story. You know how much I miss you, may be more then never before and I’m anxious to hug and kiss you.
For you my love, one of the most beautiful love songs I know: “The Rose” (you are my rose…)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

R.I.P. Bernardo Sassetti

Bernardo Sassetti morreu, aos 41 anos. O corpo foi encontrado pela Polícia Marítima, na quinta-feira, na zona do Abano, no Guincho.
O pianista e compositor tinha cancelado recentemente um espetáculo na Culturgest por motivos de saúde, mas, de acordo com o semanário Expresso, Bernardo Sassetti terá morrido depois de cair acidentalmente de uma falésia na zona de Cascais, onde se encontrava a tirar fotografias. Entretanto, esta informação foi confirmada à agência Lusa pelo pianista Mário Laginha.

Nascido em Lisboa a 24 de junho de 1970, Bernardo Sassetti era bisneto do antigo Presidente da República Sidónio Pais. Casado com a atriz Beatriz Batarda, Sassetti tinha duas filhas.

O site da Clean Feed, a sua editora, refere que Bernardo Sassetti foi influenciado por Bill Evans e Keith Jarrett. Com formação clássica desde os nove anos, Sassetti acaba por destacar-se aos 18 anos no campo do jazz, com o Quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet.

Bernardo Sassetti viria a atrair atenções internacionais com a composição de bandas sonoras para cinema, participando na longa-metragem “O Talentoso Mr. Ripley”, de Anthony Minghella. Assinou ainda bandas sonoras de filmes portugueses como “Alice”, de Marco Martins, “Um Amor de Perdição”, de Mário Barroso, ou “A costa dos Murmúrios”, de Margarida Cardoso.

“Nocturno”, o seu disco de 2002, foi distinguido com o Prémio Carlos Paredes. Viria ainda a gravar “Índigo” e “Livre”. Ao longo do seu percurso musical, Sassetti trabalhou com músicos jazz, do fado, do pop rock e do hip hop.

Em 2010, Bernardo Sassetti juntou-se a Carlos do Carmo para fazer um trabalho inédito, que reúne músicas nunca antes cantadas, tocadas ou gravadas por qualquer um dos dois. Entre os compositores escolhidos para este disco estavam José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Rui Veloso, Violeta Parra, Léo Ferré e Jacques Brel. O álbum incluía ainda um original de Sassetti com poema original de Mário Cláudio. No site da editora Universal é recordada uma apresentação deste disco na RTP.

Os últimos trabalhos de Sassetti foram uma participação no disco “Mútuo Consentimento”, de Sérgio Godinho, e “3 Pianos”, com Mário Laginha e Pedro Burmester.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

"Slave to the Rhythm"

Não, não endoideci. Este é o mesmo blog de sempre. Mas estou farto de política e de políticos sem vergonha.
Apetece-me um momento de gozo, de desvario; afinal uma das características deste blog é ser eclético…
Vamos então para a loucura, mas atenção, pois isto é um simples tema musical de Grace Jones e que Dame Shirley Bassey adaptou. O clip é que é “um bocadinho diferente”, eheheh…

sexta-feira, 4 de maio de 2012

João Villaret

João Villaret, foi um dos maiores actores que passaram por palcos portugueses. Villaret obteve extraordinário sucesso com os seus recitativos que, editados em disco, fizeram grande sucesso entre nós, e não sem motivo.
Natural de Lisboa, onde nasceu em 1913, Villaret dedicou-se ao teatro depois de terminar o liceu e durante os anos trinta e quarenta teve uma ascensão vertiginosa que o levou a triunfar nos palcos do teatro declamado e ligeiro e no cinema - onde assinou interpretações memoráveis em “Três Espelhos”, de 1947, e “Frei Luís de Sousa”, de 1950.
No teatro declamado teve uma interpretação fabulosa na peça “Esta Noite Choveu Prata”, no Teatro Avenida, em 1954. O seu amor pela poesia levou-a a tornar-se num dos recitadores mais extraordinários que Portugal conheceu, tendo inclusivamente deslumbrado o público da RTP com uma série de programas que aí apresentou com o seu nome “João Villaret” e em que era acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret.
Uma conversa, um diálogo, confissões, poesia declamada como poucos conseguiram, biografias de grandes escritores, homenagens a artistas lusos, música e até mesmo cultura popular…tudo fazia parte deste programa que tornava mágico o tempo em que o televisor estava ligado.
E o registo do seu recital no São Luiz, lançado em álbum, ainda hoje se mantém disponível.
Mas Villaret tinha também um especial apreço pela revista, onde se estreou em 1941 para escândalo daqueles que não gostavam de ver misturas. Em 1947, Aníbal Nazaré, António Porto e Nelson de Barros escrevem-lhe o Fado Falado, que criou na revista 'Tá Bem ou Não 'Tá?, verdadeira peça de antologia da história da música e do teatro popular portugueses. Um recitativo sobre uma melodia de fado onde a letra, que jogava habilmente com a mitologia do género, era não cantada mas verdadeiramente "representada" por Villaret. Outros êxitos, como A Vida é um Corridinho de 1952, ou a célebre Procissão de 1955, se lhe juntariam, mas o Fado Falado ficou marcante.
Declamava de uma maneira inigualável Fernando Pessoa, António Botto e ficou célebre a sua declamação do “Cântico Negro” de José Régio.
João Villaret morreu em Fevereiro de 1961, vítima de doença prolongada.






terça-feira, 24 de abril de 2012

"O Corsário"

"O Corsário" é uma das mais conhecidas peças do bailado clássico. Baseado num poema de Lord Byron, com música de Adolph Adam e coreografia de Marius Petipa, tem naquele que é conhecido como "Grand Pas de Deux", o seu mais belo momento, e talvez numa apreciação muito subjectiva um dos melhores "pas de deux" de todo o bailado clássico.
Depois de ter visto no blog "As Tertúlias" do meu bom amigo Ricardo, uma versão muito bonita e original desta peça, já que é observada dos bastidores, veio-me à lembrança uma inesquecível noite de bailado no Coliseu de Lisboa, com o Royal Ballet, e tendo como principais figuras os lendários bailarinos Rudolph Nureyev e "dame" Margot Fonteyn; nesse espectáculo fazia parte do repertório, precisamente este "pas de deux", que eu tive a grata oportunidade de ver e aplaudir ao vivo.
É essa peça que hoje aqui deixo, e mesmo a quem não seja um seguidor habitual de ballet, pode passar indiferente a este momento de arte, beleza e magia.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Clip hipócrita

Basta de brincar à "caridadezinha"...


Custa-me bastante ver neste grupo certas pessoas, pois no seu todo, este clip é um nojo.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cet amour

Jacques Prévert foi um poeta francês da primeira metade do século XX, que deixou o seu nome ligado ao movimento surrealista. Dento da sua obra, merece destaque o livro "Paroles", de 1946, um dos livros que mais marcou a minha juventude.
Foi também o argumentista de muitos grandes filmes franceses dos anos 30 e 40.
Desse livro "Paroles", retirei este poema, "Cet amour", talvez um dos mais belos que já se escreveram sobre o amor e que aqui deixo na voz inconfundível da fabulosa Jeanne Moreau *


Este amor
Este amor
Tão violento
Frágil
Tão terno
Tão desesperado
Este amor
Tão bonito como o dia
E mau como o tempo
Quando o tempo está ruim
Este amor tão verdadeiro
Este amor tão bonito
Tão feliz
Tão alegre
Tão irônico
Tremendo de medo como uma criança no escuro
Tão confiante
Como um homem tranquilo no meio da noite
Este amor que assusta os outros
Que os faz falar
Que os faz empalidecer
Este amor de espionagem
Porque nós o espiávamos
Perseguidos feridos mortos pisoteados esquecidos negados
Por que temos perseguido ferido matado pisoteado esquecido negado
Este amor um pedaço
No entanto, tão vivo
E tudo ensolarado
E seu
E meu
Ele era o que era
Esta coisa sempre nova
Que nunca mudou
Verdadeiro como uma planta
Esvoaçante como um pássaro
Quente e vivo como o verão
Podemos tanto
Ir e voltar
Esquecermos
E depois dormir de novo
Despertar sofrer envelhecer
Adormecer novamente
Sonhar a morte
Acordar sorrindo e rindo
E rejuvenescer
O nosso amor está lá
Teimoso como um burro
Vivo como o desejo
Cruel como a memória
Seco como o arrependimento
Terno como a memória
Frio como o mármore
Tão bonito como o dia
Frágil como uma criança
que nos olha sorrindo
E nos fala sem dizer nada
E eu tremendo o escuto
E grito
Grito por você
Grito por mim
Eu imploro
Por você, por mim, por todos aqueles que amam
E que são amados
Sim, eu vou gritar
Por você, por mim e por todos os outros
que não conheço
Parado
Onde você está
Onde você esteve em outros momentos
Parado
Não se mova
Não se vá
Nós, que fomos amados
Nós, que fomos esquecidos
Não nos esqueçamos
Não tivemos mais que amor sobre a terra
Não deixemos tornar-nos frios
Embora muito longe ainda
E não importa onde
Dê-me um sinal de vida
Muito mais tarde à margem de uma floresta
Na floresta da memória
Levantemo-nos Agora
Para dar-nos as mãos
E nos salvar. **

É também de Jacques Prévert, outro magnífico poema,"Les Feilles Mortes", que deu origem a variadas versões musicais, de entre as quais gosto particularmente desta de Yves Montand


* Este poema pode ser traduzido em todas as línguas, mas ele é inigualável na sua língua original - o francês!
** I miss you so, so much, Déjan!!!

sábado, 31 de março de 2012

Ilha de Metarica

Como muita gente estará recordada foi publicado neste blog uma saga sobre o que foi a minha vida militar, desde Mafra até à passagem à disponibilidade.
Claro que a quase total incidência dessas crónicas se refere ao período em que estive na guerra colonial, primeiro na Guiné (4 meses), a estagiar para o curso de capitães milicianos e principalmente em Moçambique, para onde fui destacado em rendição individual a comandar uma companhia da guarnição local (isto é, quase na totalidade constituída por pessoal natural de Moçambique), localizada no Niassa, mais concretamente num local chamado “Ilha de Metarica”, que embora não fosse uma ilha, quase se poderia considerar como tal, já que em 100 kms ao seu rodar, não vivia permanentemente ninguém.
As instalações como na altura mostrei por fotos eram incríveis, sem o mínimo de condições, e foi ali que passei cerca de 20 meses da minha vida.
Sucede que recebi há dias um mail de um indivíduo que tinha estado nesse mesmo local, cerca de dois anos antes de mim, e que terá pertencido à primeira companhia ali estacionada, pelo que foram eles que tiveram que pôr de pé aquelas instalações perfeitamente básicas. Enviou-me algumas fotos desse tempo que eu apreciei bastante, pois deu para comparar com o que havia no meu tempo, apesar de tudo, bastante melhorado; e também durante o meu comando se continuaram a fazer melhoramentos, pois além de nos trazer algum , pouco, mais conforto, ocupava o tempo do pessoal, no intervalo das operações.
Reparem para começar na diferença da vista aérea, sendo a primeira foto a da formação do aquartelamento, e a segunda, a do meu tempo




Aquele mastro que se vê no centro da segunda foto, visto ao perto era assim

Nas fotos que me foram enviadas, pode ver-se o início da construção da "messe" de oficiais e sargentos

e nesta outra o aspecto que a mesma tinha no meu tempo

Outra foto antiga mostra toda a precariedade da secretaria, onde funcionava toda a parte administrativa e onde eu tinha a minha secretária

Embora não tenha nenhuma foto digitalizada deste "edifício" no meu tempo, já sem aqueles bocados de cartão,  posso mostrar uma do seu interior, em que se vê a minha secretária


As restantes fotos que me foram enviadas não têm grande alteração entre o tempo mediado; uma refere-se aos "chuveiros"

e esta outra, ao "bar" dos furriéis

E assim se vivia(?) durante a guerra colonial, quando não se andava no mato ou na picada.

Para complemento, e para quem não saiba, havia uma extensa compilação de canções, baseadas em músicas conhecidas, com letras absolutamente proibidas, mas que se ouviam cantar em todos os aquartelamentos e até em locais mais frequentados por oficiais e sargentos, desde que não fossem ouvidas pelos "chefões". Chamava-se o Cancioneiro do Niassa, e ainda devo ter por aqui em casa um exemplar dele.
Deixo um vídeo, com uma dessas músicas do Cancioneiro.

quinta-feira, 29 de março de 2012

"You're my thrill"

Essa fabulosa cantora que se chamou Billie Holiday, cantou esta maravilhosa canção, cuja letra segue em baixo do vídeo
"You're my thrill
You do something to me
You send chills right through me
When I look at you
'Cause you're my thrill
You're my thrill
How my pulse increases
I just go to pieces
When I look at you
'Cause you're my thrill
Hmmm-nothing seems to matter
Hmmm-here's my heart on a silver platter
Where's my will
Why this strange desire
That keeps morning higher
When I look at you
I cann't keep still
You're my thrill"
Depois de ouvir a canção, conhecer a letra da mesma, já posso aqui pôr a curta que era e é o objectivo desta postagem. É que assim se percebe melhor o filme, que é muito belo.
Aproveito para dedicar este post ao Déjan e ele sabe porquê...

quarta-feira, 21 de março de 2012

21 de Março

Eu sou por norma avesso aos dias mundiais disto ou daquilo, que quase preenchem todo o calendário, alguns deles com notórios fins consumistas, outros por mera idiotice.
Mas também há dias mundiais que respeito, porque têm para mim uma simbologia importante.
E entre estes, o dia 21 de Março é muito especial, pois nele se comemoram dois dias mundiais que me são particularmente sensíveis: o da Árvore e o da Poesia.
E além do mais é o dia do início da Primavera (este ano foi um dia antes, por ser um ano bissexto), a estação da renovação.
Assim, aqui deixo três referências - uma das mais belas árvores desta cidade de Lisboa, no Jardim do Príncipe Real
Uma poesia que quase obrigatoriamente teria de ser de Pessoa, neste caso de um dos seus heterónimos - Alberto Caeiro

"Hoje de manhã saí muito cedo

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar."

E finalmente o último andamento da maravilhosa obra de Stravinsky "A Sagração da Primavera" pela companhia de dança da grande Pina Bausch.

terça-feira, 20 de março de 2012

Tango acrobático

Geralmente, não aprecio por aí além, números circenses, mesmo que muito bem executados.
Abro aqui uma excepção, pois olho para esta apresentação como uma dança e não como um número de trapézio.
E depois há o tango... 
Se puderem ver em "full screen" será bem mais interessante.

sábado, 3 de março de 2012

"Earth Song"

Há quem seja de opinião de que o melhor clip de Michael Jackson é o "Thriller"; mesmo há quem o eleja o melhor clip musical de sempre.
Não pondo em causa o valor e mérito do referido clip, peço perdão mas prefiro este, por tudo o que mostra e principalmente pelo que nos faz pensar: um assombro.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem se lembra de... (2)

Hoje mais quatro vídeos, incluindo um de música portuguesa; quem se lembra, recorda decerto com saudade.
Quem não conhece fica a conhecer...
Percy Sledge na sua mais conhecida música, daquelas que "fez nascer" muitas crianças...
Sylvie Vartan foi o ídolo de muita juventude, ela e o seu namorado Johnnye Hallyday.
Esta banda inglesa foi das mais populares da época e esta canção foi nº1 em quase todos os "top ten" durante semanas e semanas a fio.
e finalmente na voz de Maria Clara, uma grande Senhora da canção portuguesa,a homenagem à rainha das praias de Portugal, a "minha" Figueira da Foz...
Uma curiosidade que pouca gente saberá: Maria Clara era o nome artístico de Maria da Conceição Ferreira Machado Vaz, falecida em 2009, com 85 anos, sempre muito bela e distinta era a mãe do conhecido psicólogo que tantas vezes aparece na TV, Júlio Machado Vaz.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

" Bacantes" - sublime preversão

Para uma curta série de três espectáculos, no Teatro Municipal S.Luis, esteve em Lisboa a famosa companhia de teatro brasileira "Teatro Oficina Izyna Uzona", dirigida por esse velho mestre do teatro brasileiro que é José Celso Martinez Correa, mais conhecido nos meios artísticos por Zé Celso.
A peça representada foi " Bacantes" segundo Eurípedes, mas com um tratamento alterado.
Esta peça exige uma representação não no chamado palco italiano, como é comum, mas sendo representada num extenso e largo corredor, ao longo do qual estão os espectadores, de ambos os lados, com a orquestra também instalada num desses lados.
O espectáculo tem a duração aproximada de 5 horas e mais dois intervalos, pelo que ontem, domingo, e após um magnífico almoço ( o bacalhau estava uma delícia) em casa do Francisco (Comyxtura), o Miguel (Innersmile), eu e um amigo brasileiro do Francisco nos dirigimos ao belo teatro da mal afamada Rua António Maria Cardoso para assistirmos à representação desta peça, tendo esta sido iniciada às 16,15 e só veio a terminar faltavam 15 minutos para as 23 horas...
Uma autêntica maratona, com  uma peça que eu gostaria de poder exprimir por palavras minhas o seu conteúdo total, mas são tantas as sensações, as imagens, as ideias e as concepções deste espectáculo, que me vou socorrer da excelente cábula que é o texto que o Zé Celso escreveu para esta representação em Lisboa:

“BACANTES, de Eurípedes, TragiComédiOrgya, Ópera de Carnaval, explode este fim de semana em Lisboa, fertilizando novos sentidos, novos valores na Crise da decadência sem elegância da Idade-Mídia–Neo-Liberal.

O Coro dionizíaco tem como antagonista Pentheu, que quer impedir a Macumba da Arte do Teatro que chega à  Tebas-Lisboa, para voduzar a TROIKA que tiraniza a União Europeia.

Dionísios, Bacantes e Satyros, trazem o “Vinho Torna-viagem” da Macumba de Origem Teatral, para brindar o renascimento cultural da Era Ecológica, Cyber, da Economia Verde, da Bio-Genética, Era Erótica-Afetiva, da Neurociência do cientista português Antônio Damásio, anunciando “O Cérebro reinventando o Homem” e da Arábia Feliz trazendo o Eterno Retorno da palavra Revolução.

Kadmos, o Governador de Tebas, irmão da Vaca Sagrada “Europa”, raptada pelo Dragão, mata esta Fera Divinizada por Dionísios e constrói com os dentes dele a Cidade de Tebas. Tebas é erguida exactamente no lugar onde Kadmos reencontrara a sua irmã Europa, desmaiada na exaustão da fuga do Dragão.

Por este assassinato da Fera amaldiçoada já mesmo antes do Cristianismo, Zeus castiga a Casta de Kadmos fazendo-a passar hoje, pela transmutação na Macumba-Teatro: Rito de Morte Iniciática de seu filho, Dionísios, com a mortal Semelle.

O parto prematuro de Dionísios por Semelle, de ventre partido ao meio pelo gozo de Zeus, permanece vivo há milénios, no  Eterno Fogo Vivo no Centro, no Umbigo da Arquitectura da Orquestra no Teatro de Estádio da  Tragédia Grega. E estará vivo, vindo dos porões do Teatro São Luiz.

Neste fogo brando Dionisios ainda dorme em todo mundo. Mas temos a Paixão de seu acordar, atiçar esta brasa dormida, neste fim desta semana no Teatro São Luiz.
Sob o impacto da bomba que a “Standard & Poo’r” lançou  sobre a União Europeia, nestes três dias vamos despoluir os ares, praticando o Rito da Alegria de acordar o deus Dionísios para bombar nosso Phoder Humano expulsando-nos de nossos papéis de escravos na  fracassada “Sociedade de Espectáculos”.


Viemos para, com Dionísios, trazer de volta o Phoder Humano, Individual e Colectivo, através da Arte do Teatro e religá-la às revoluções mundiais de hoje, nos Corpos renascentes na derrocada da Idade Mídia-Neo-Liberal.

A Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona chega com seu “Tyazo” – Companhia Dionizíaca de Teatro em Grego – com  51 atuadores Macumbeiros-Multi-Mídias de Teatro Total: Actores-Actrizes-Músicos-Dançarinos-Cantores- Iluminadores-Sonoplastas-Operadores de Vídeo e Transmissão direccta pela Internet, Produtores, Camareiras, Figurinistas, Directoras de Arte. Todos Mestiços Antropófagos Feiticeiros deste Vodu de espetarmos nos nossos corpos comuns, Público & Atores, a velha ordem e acordarmos em nós todos o Poder trans-humano revolucionário de Dionísios.
BACANTES estreou em 1996 no Teatro Grego de Ribeirão Preto, no Estado de S.Paulo, depois de 13 anos de estudos e superação de obstáculos na direção do temido Eterno Retorno do Rito de Origem do Teatro: a Orgya.



José Celso Martinez Corrêa, artista maior do teatro brasileiro, regressa a Portugal depois de 37 anos com este rito, versão visceral, orgiástica, do texto seminal da TragiComédiOrgya.

Fundado, em 1958 o Teatro Oficina pratica orgiasticamente com os actuadores do Oficina Uzyna Uzona o Teatro Antropofágico, cruzamento e devoração de culturas arcaicas e contemporâneas indígenas, africanas, europeias, mundiais, para a apropriação da energia do Outro, seja do ser desejado ou do Inimigo da hora: a tétrica Troika que quer impedir agora o salto  fora da Crise e o Renascimento consequente da Humanidade.

O Oficina Uzyna Uzona rompeu com o Palco Italiano de Teatro de Costumes, de Auto Ajuda, de Valores, Pequeno Burguês, o da Incomunicabilidade Humana, e pratica o teatro como iniciação alegre e doida da TragyComédiOrgya: a Ópera de Carnaval.

Cria com o desejo do público, daquele que não quer ser somente espectador, do que entra na Folia da Sagrada Orgya de cada noite. Aquele que topa atravessar no  movimento de júbilo da morte e ressureição Inciática, nos 3 actos desta Macumbona.

Em Lisboa chega com toda a paixão de lamber as nossas  línguas: a da mãe-amante portuguesa e a língua acriolada brazyleira, no nosso mesmo jeito comum: sensual afectivo de ex-colonizadores e ex-colonizados que jamais sucumbiram à robótica frieza neo-liberal agonizante.




Mas tenho que acrescentar alguns apontamentos pessoais...
Ontem tive a sensação que não estava em Portugal, pois nunca vi, no nosso país uma representação tão ousada, em diversos campos -  e eu já vi ao longo de anos espectáculos bastante contundentes, desde a trilogia de La Féria, na saudosa Casa da Comédia, ao controverso bailado de Béjart "Romeu e Julieta" e a vários espectáculos dos Fura Del Baus - como esta peça, em que as cenas de nudez e sexo são perfeitamente normais, chegando mesmo a haver orgias em cena, e com participantes do público.
Aliás, sobre esta participação do público há a referir dois casos invulgares, sendo um protagonizado por um jovem assistente masculino, totalmente nu que estava a interagir com os actores e actrizes, quando aparece em cena um suposto namorado do rapaz a querer "resgatá-lo" daquela situação, tendo sido mandado sentar-se.
E a outra foi numa cena bastante "intima" entre uns sete ou oito participantes masculinos, do público, também em total nudez, um deles não "aguentou a pressão" e foi mais ousado nas carícias tendo ganho uma erecção total...
Era vulgar as intérpretes femininas e alguns masculinos andarem entre o público beijando as pessoas "à francesa", a bebida colectiva de várias garrafas de vinho e até uma "ganza" fumada entre o actor principal , o fabuloso Marcelo Drummon
e variados elementos do público.
O membro sexual masculino foi o herói da festa, não só em símbolo, mas principalmente ao vivo e a cores, já que havia um pintado de vermelho e outro a preto.
A música é um elemento fundamental desta representação, com especial relevo para os temas brasileiros de Carnaval.
Afinal tudo foi uma festa, apesar de se estar a representar uma tragédia grega clássica.
Houve quase no final o "aparecimento" de certas figuras públicas (Dilma Roussef, Sarkozy e Ângela Merkl), e nem o nosso (salvo seja) Sr. Silva deixou de ouvir uma piada.
Um espectáculo delirante, surrealista, fabuloso e imperdível.


Finalmente apresento um vídeo desta peça, mas não da apresentação aqui em Lisboa, mas em que se pode perceber um pouco todo o envolvimento desta representação.


Adenda: Excelente a crítica do Miguel no "Innersmile". E já agora vejam o conteúdo destes links:

http://maquinaespeculativa.blogspot.com/2012/01/tragycomedyaorgya.html