quarta-feira, 18 de junho de 2008

Desafio: PASSA-O-TEXTO-A-OUTRO-BLOGUEIRO-E-NÃO-AO-MESMO


Tal como refere o regulamento (ver no blogue do ÿpslon -20 de Maio), o objectivo é construir dois textos com alguma coerência, seguindo dois fios condutores lógicos e um estilo livre. O início dos dois textos é o mesmo, mas cada história será escrita por pessoas diferentes, evoluindo assim de forma distinta. Cada texto será composto por 10 parágrafos (ou 10 pedaços de texto) escritos por 10 pessoas que possuam um blogue e que, acrescento eu, possuam uma boa dose de imaginação.O seguinte texto foi portanto iniciado pelo ÿpslon, continuado pelo voyager, posteriormente pelo Mário, ainda pelo Zeh e finalmente pelo Will tendo assim chegado às minhas mãos que entretanto se dedicaram a escrever o 5º.parágrafo, o que nos leva a este ponto da história:


Aquela manhã de nevoeiro disperso estava a acordar aos poucos. Tal como aqueles olhos que iam abrindo de mansinho, a medo, e ficaram focados na janela gigante que dava para a praceta onde permanecia uma estátua de um qualquer marquês. Pôs-se de joelhos, com as mãos amarradas atrás das costas, e levantou um pouco a cabeça. Torceu todo o corpo para a esquerda e só então conseguiu lembrar-se do que tinha acontecido.


ÿpslon, http://www.vitaminay.blogspot.com/


As imagens começaram a surgir-lhe na mente como num filme. A viagem até aos arredores da cidade. O prédio já extremamente degradado, vizinho dos sem-abrigo deitados pelo chão, naquela rua apática e sombria. O apartamento do 3º direito e a primeira impressão da Delfina, senhora tão afável e generosa. E a razão que o trouxe ali. Os flashes. Episódios quase surreais que a sua memória queria apagar, mas a sua consciência teimava em fazer virem à tona. Aquela humilde personagem especada à sua frente, franzina e com ar tão agradavelmente maternal, parecia realmente a personificação da solução para os seus problemas e devaneios recentes. Como as aparências iludem…


Voyager, http://www.life-from-inside.blogspot.com/


O Sol continuava a subir iluminando lentamente a rua ao fundo, a praça, o prédio, a sala, a cara e também a mente de Abel que recuperava o seu equilíbrio e via-se gradualmente livre daquele inebriante zumbido sensorial. À esquerda, no canto escuro da sala, numa poça de vermelho-vivo como pano teatral, revelava-se, subindo na luz matinal, uma cena surreal: Ali jazia a Sra. Delfina, sem roupa nem vida, com um punhal ritual espetado no peito. Abel encontrava-se surpreendido, aterrorizado, abismado, congelado. Ciente do impacto causado, a sádica luz decidiu continuar a torturá-lo e subiu ainda mais um bocado. Na parede branca, da escuridão, a vermelho sangue surgia: "Não te livras de mim assim" por baixo assinava: "Caim"


Mário, http://www.omeuoutroblog.blogspot.com/


A memória de Abel recua quatro anos num segundo, altura em que pela primeira vez ouvira aquele nome, desenhado pelos lábios de uma atraente rapariga “Caim, espera, estou a chamar-te há horas – não me ouves?” que, não esperando por uma resposta, apressa o passo até o alcançar e o beija com um fervor desconhecido, lábios nos lábios, língua na língua. Abel sente-se desorientado, no presente e há quatro anos, confuso pelo cheiro do sangue espalhado naquela sala e pelo perfume do cabelo daquela rapariga que o trata por um nome que não é o seu. Levantando-se lentamente, apercebe-se das mãos ainda amarradas e observa, com a cabeça a latejar, a sala em que Delfina agora jaz inerte, procura no nevoeiro que é a sua mente memórias que o ajudem a perceber a cena com que se confronta, mas tudo o que recolhe são os já habituais flashes de luz e cor, sensações de raiva e impotência que lhe consomem as energias do corpo e que o forçam a procurar apoio numa das cadeiras que ainda se mantêm em pé por entre confusão que reina na sala. Esgotado, senta-se desconfortável enquanto se apercebe do sangue espalhado pelo próprio corpo e, sem saber identificar se o vermelho é seu ou apenas parte da sala ensanguentada, fecha os olhos e com a escuridão sente regressar novamente o perfume delirante do cabelo e daquele beijo apaixonado, enquanto mãos suaves mas firmes se aproximam por detrás dele, aliviam os nós que lhe amarravam as mãos e, por entre a sensação inebriante que preenche aos poucos os seus pulmões lhe acariciam as costas e o pescoço, por entre beijos lascivos, e lhe segredam aos ouvidos: “Caim, amor… está feito!”.


zeh, http://www.manualdoserhumano.blogspot.com/


Estas palavras transportam Abel àquele dia de há quatro anos antes. Àquilo que, na altura, lhe pareceu uma incrível coincidência. E depois o efeito envolvente do perfume de Carmen, a forma como aquele aroma lhe abrasava o sangue, a conversa fluente que o arrastou para uma noite que seria a primeira de muitas... As mesmas noites em que foi percebendo que Carmen não era uma mulher vulgar. Na verdade, estava bem longe de o ser...


Will, http://looking-for-grace.blogspot.com/




E realmente Carmen nunca poderia ser uma mulher qualquer; só uma mulher muito especial o conseguiria levar ali naquela noite e em tantas outras, a ele que pertencia a um “outro mundo”. Talvez daí a confusão entre os dois nomes, Caim e Abel, as duas faces do seu “eu”…E toda a simbologia daquela cena, do sangue, das mãos atadas o fizeram pensar em castigo, castigo por ser diferente…


E como faz parte do regulamento passar este desafio a outro blogueiro, escolhi o Luís Galego , http://infinito-pessoal.blogspot.com/,que estou certo saberá dar uma dimensão bastante boa a esta história e o qual convido a ler antes, o regulamento.
Abraço ao promotor do desafio, a todos os participantes e à "vítima".

23 comentários:

  1. Acho este desafio fantástico! Constitui várias vantagens, sendo uma delas o ''trabalho'' de pôr a nossa mente a funcionar, outra a oportunidade de continuar uma história que não partiu, inteiramente, de nós e ainda (para mim a maior vantagem) a união entre blogueiros, pois afinal estão unidos na construção de uma história. Desvantagem? Só uma. Corre-se o risco de a imaginação faltar!
    Mas é um grande desafio e parabéns a todos que contribuiram/contribuem para o desenvolvimento deste conto!

    :)

    Beijinhos

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  2. Querida Marta
    eu confesso que não sei bem se fiz o correcto; também acho isto muito interessante, mas "visto de fora"; se não tivesse sido desafiado por quem fui, acho que não tinha aceite; resta-me a consolação de que passei a pasta a uma pessoa que pode dar alma à história.
    Beijinhos.

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  3. Muitooooooooooooo obrigado por teres continuado a história. :) Peço-te só que coloques o link da pessoa/blogue a quem passas o desafio.

    As 2 histórias estão bem encaminhadas, quando estiverem terminadas publicarei o resultado final, e a comparação das 2 versões.

    Avisarei, fica atento =)

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  4. Gostei do exercício. Fiquei curioso para acompanhar o desfecho. Obrigado pela visita ao meu blog.
    Um abraço

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  5. Caro Ypslon
    não sei se segui o caminho correcto (já pus o link do Luís, tinha-me esquecido), mas se algo estiver mal espero que me perdoes, assim como a demora, mas eu logo avisei o Will que só depois do Déjan partir, daria o meu contributo.
    Abraço.

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  6. Caro Tarco
    tu és uma pessoa muito "batida" nestas histórias com episódios; estou a seguir a tua atentamente...
    Abraço.

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  7. Tenho vindo a seguir os "capítulos" e acho que o rumo vai interessante, vai vai... ;)

    Acho que o Luís é uma "boa malha", uma mais-valia para a trama.

    Abbracci, bambino.

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  8. Tenho vindo a seguir os "capítulos" e acho que o rumo vai interessante, vai vai... ;)

    Acho que o Luís é uma "boa malha", uma mais-valia para a trama.

    Abbracci, bambino.

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  9. Que ideia original, e parabens a todos pelos textos!

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  10. Amigo João Manuel
    a única importância minha nesta história, é servir de "ponte" entre o Will e o Luís...
    Não achas que é demasiado cedo para começar a treinar o italiano?
    Abração.

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  11. Amigo Swear
    é realmente original e vamos ver como fica no final; para já estou ansioso por conhecer o novo texto, do Luís...
    Abraço.

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  12. Muito interessante este jogo! E está a dar bons resultados:))

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  13. Amiga Justine
    é como um barco que vai tendo vários velas que o vão levando para onde o vento sopra...
    Beijinhos

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  14. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde o texto acabaria por aparecer, e o resultado é excelente como não podia deixar de ser...

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  15. Caro Will
    só tu, para me meteres nestes "trabalhos"...
    Resta-me a cobsolação qur depositei a história em "boas mãos".
    Abraço.

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  16. Reparei que a tua parte não é a 5a, mas a 6a =) já está a mais de meio

    weeeee

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  17. Sim, claro, e tenho a impressão que deveria ter desnvolvido mais a história, por causa disso; mas falei pessoalmente com o Luís e ele vai decerto "dinamizar" isto.
    Abraço.

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  18. Uma ideia genial!
    E parabéns pelas criatividades!
    Abraços

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  19. A ideia é realmente magnífica, amigo Paulo; vamos ver o resultado...
    Abraço.

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  20. Gostei vamos ver o que o Luís vai escrever.
    Um abraço.

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  21. Também estou deveras curioso.
    Abraço.

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  22. Caro Voyager
    é do vento, eh eh eh
    Abraço.

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