Após cerca de ano e meio de aturada pesquisa gastronómica, o cineasta João Canijo e os actores e encenadores Gonçalo Waddington e Tiago Rodrigues criaram uma peça que tem como ambiente os bastidores de um restaurante.
Em palco, há dois cozinheiros às turras. O ambiente cheira a comida mas os espectadores não provam os pratos. Ficam com água na boca.
A peça "O que se leva desta vida", coloca em acção dois cozinheiros que dão vida a duas visões diferentes do que é a arte de cozinhar e que se confrontam na defesa das sua opções culinárias .
A partilha conduz ao confronto: para um deles, o acto sublime é o próprio acto de criar, para o outro, o prazer de saborear.
"O que se leva desta vida" é, nas palavras dos seus autores, " uma visita aos bastidores da alta cozinha, mergulhando com humor e paixão num mundo onde os sentidos se encontram com a filosofia e a própria vida".
É, em suma, um espectáculo sobre a arte e a ciência da cozinha, sobre a insatisfação permanente e o espírito inventivo de dois cozinheiros que acabam por descobrir que um prato conta sempre a história de quem o cozinhou.
Para a peça foram criados por Juan Mari Arzak e Martín Berasategui dois pratos que são confeccionados em palco pelos actores.
Parece que o diálogo desta peça é bastante "preenchido" por palavras próprias de uma "stand up comedy", e não sei quem nem porquê, alguém teve a infeliz ideia de levar um grupo de pessoas da terceira idade a ver esta peça. É louvável que haja iniciativas dessas, mas há que escolher peças adequadas.
Ora as reacções deste público à peça foram as piores, tendo sido os actores vaiados em cena e produziram-se declarações no final, que podemos ver neste vídeo; claro que estas declarações mostram não só o atraso do nosso povo, mas também e sobretudo o inoportuno desta sessão.
Enfim, Portugal "progride e moderniza-se".
bem essa gente tem mesmo sentido de humor, nao haja duvida! LOL
ResponderEliminarbeijinho
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ResponderEliminarEsta é uma verdadeira pérola da ignorância nacional. É triste como esta gente é tão fechada que mete pena. E os comentários dos espectadores deram-me uma barrigada de riso. Dou os parabéns aos actores que se mantiveram mesmo com os ladrares dos cães, e foram profissionais em palco. Ai ai ou como diria a senhora: "É por isto que a nossa juventude anda na droga!"
ResponderEliminarPing: Eu geralmente tenho muita dificuldade em visitar o teu blogue (como aliás o Felizes Juntos), porque demora imenso tempo a descarregar os filmes e todos os extras e por vezes chega mesmo a congelar o navegador... Enquanto escrevo isto o filme de 2:30 ainda está a descarregar... mas já deu para "ouvir" as vozes do povo e para perceber que o tom é o da "peixeirada", muito ao género daquele vídeo que te mostrei e que tinha uma "popular" a viajar de Metro e a falar do "seu" Pinto da Costa... É o mesmo povo, é a mesma cultura, estou disso quase certo. Contra a tristeza, não nada como a nossa alegria!!! :-) Abraço grande, bom fim-de-semana,
ResponderEliminarÉ triste... mas é o que é... o povo Português pouco habituado a certo tipo de peças... Já tinha ouvido falar desta peça, não faço ideia se tem ou não qualidade... nem se será ou não adequado a uma determinada faixa etária(até me pareceria pelo tema, adequado, mas...). Não creio que seja da faixa etária João...mas talvez, e sem querer fazer juízos de valor, de uma certo meio socio-cultural(até porque vaiar actores em cena...enfim...I don't care what age you are...). Também te digo, já tenho saído a meio de um espectáculo(que é o que faço se não me está a agradar de todo... mas também é preciso muito para saír, rrrsss), porque nem toda peça ou espectáculo é bom...mas talvez os responsáveis por levar tantos jovens como a terceira idade, a eventos culturais, se devam informar mais sobre o que váo ver de facto, para evitar decepcioná-los :))
ResponderEliminarBeijinhos
O porquê destes espectadores irem ao Teatro? Foram em excursão? Nem tudo pode ser visto por todos, sem serem primeiramente sensibilizados, para verem coisas "diferentes"...
ResponderEliminarFico triste com cenas destas,falaram muito mas não disseram exactamente porque não gostaram.
Bjis
MEDOOOOO!!!!!
ResponderEliminarÉ o que me ocorre dizer!
Eu, que felizmente sou actor amador e já estive muitas vezes em cima do palco, não consigo imaginar o que terá passado pela cabeça dos actores...! Mas aguentaram-se e no vídeo dá para perceber que levaram as coisas com sentido de humor!
Já a assistência... Bem... Não se pode querer por a carroça diante dos bois, e sabemos muito bem como esteve a cultura neste país durante largas décadas. Apreciar a cultura que nos é posta diante dos nossos olhos, requer muitas vezes, uma aprendizagem... Eu próprio, em alguns espectáculos sinto-me perdido e a falta de estar preparado para o que fui ver... Estas pessoas reagiram à altura do seu nível cultural... e da sua educação! É pena mas é esta a realidade! :(
é por isso que os jovens se metem na droga. Mais nada. Afinal, a culpa é do gourmet.
ResponderEliminarSinceramente, nem vi motivo para tanta contestação. Para a próxima levem os velhos à revista ou assistirem a uma gravação do Preço Certo. Isso sim, é qualidade.
"É por isso que a nossa mocidade, os nosso meninos andam aí nas drogas...": a terceira idade falhou redondamente na educação dos seus rebentos e agora desculpam-se...
ResponderEliminarPara quê tanta chatice?
É deixá-los quinar... assim Portugal avança!
Boa pinta, o Tiago Rodrigues... só o tinha visto um anúncio dum jornal, mas não me enganei!
PS: "mocidade" era uma palavra do tempo da outra senhora...
A minha reacção só pode ser...rir-me à gargalhada. Não conheço a peça mas conheço o povo Português, reage quando não deve, cala-se quando deve falar, vai quando deve aplaudir and so on...Admira-me que tenham ficado tão horrorizados com estes autores e estejam tão admirados com o "nosso", nosso não deles, primeiro, que os faz passar fome mas...vá-se lá encontrar explicação para estes fenómenos. MY GOD
ResponderEliminarLOL, sem ver o teu post publiquei também no meu blog! Mas claro, eu dou a minha pitada de expressividade rural qual cota revoltado! ;)
ResponderEliminarSandrinha
ResponderEliminarum sentido de humor bem esquisito, diga-se...
Beijinho.
Ricardo
ResponderEliminaré realmente um bom exemplo da falta de cultura social do nosso povo algumas das frases ouvidas e até as expressões, quase ferozes, como foram proferidas.
Abraço amigo.
Luís
ResponderEliminarhaverá alguma explicação para isso, pelo menos no meu blog: demasiadas postagens na página inicial (já diminuí agora de 40 para 30) e demasiadas "informações" na coluna da esquerda (também já as atenuei); vamos ver se fica mais fácil...
Abraço grande.
Eva
ResponderEliminareu concordo inteiramente contigo, pois além da faixa etária, que é importante neste caso, também há uma questão de falta de cultura da assistência que presenciou o espectáculo, pois socialmente será uma classe abaixo da média, para a qual se recomendaria um espectáculo mais comercial.
Enfim, um exemplo a não seguir, o deste tipo de escolhas.
Beijinho.
Maria Teresa
ResponderEliminaracima de tudo não estavam preparados para este tipo de teatro, que até nem é demasiado complicado para ninguém; apenas a linguagem "forte" da peça fez com que no final houvesse também uma linguagem "feroz" e demonstrativa da forma de pensar da maioria do povo português.
É este povo que a Igreja e certos partidos e organizações quer pôr a opinar, via referendo, direitos fundamentais de cidadãos...é um bom exemplo e argumento para o não ao referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Beijinho.
Cristms
ResponderEliminarsim, tu tens toda a legitimidade, por experiência própria, para analisares o profissionalismo daqueles dois actores durante a sua representação naquela sessão: não deve ter sido nada fácil.
Abraço amigo.
Sabes, essas coisas demoram muito a descarregar, sobretudo num browser em que todo o histórico é limpo automaticamente cada vez que se fecha. E quando se abre volta a carregar tudo. Enquanto o faz bloqueia. E quando bloqueia pode chegar alguém, um curioso ou curiosa a quem não queremos dar parte das nossas escolhas. E esses curiosos, ainda por cima, são sempre chatos que se fartam!... Aqui em casa já testei e a demora ainda foi alguma mas... vamos ver depois, lá na empresa, onde de vez em quando gosto de ir espreitar as novidades dos amigos :-)
ResponderEliminarAbraço, obrigado pela tua iniciativa, um bom fim-de-semana,
HAHAHAHAHAHAH, o que acho mesmo piada a isto é a revolta desta gente por causa de uma peça de teatro. Serão eles assim tão conservadores (digo: exageradamente conservadores) que não possam ver isto, que pelo que percebi ...é puramente inocente? (?). Não percebi a reacção,mas o povo portugues reclama e volta a reclamar ,mesmo sem saber do que fala
ResponderEliminarBeijinho
Speedy
ResponderEliminarjá imaginaste se os levavam ao Politeama a ver a Gaiola das Malucas...iria ser bonito.
Abração.
Engine
ResponderEliminarpois era, a Mocidade Portuguesa; pelo que veja ainda há saudosistas desse tempo.
Abraço amigo.
Brown Eyes
ResponderEliminarclaro, perante certas afirmações só dá mesmo para rir; mas há também que reflectir...
Beijinho.
Félix
ResponderEliminarnão me admira que tivesses colocado o vídeo, de tal forma é sugestivo; cada um depois dá-lhe a forma que melhor entende.
Abraço grande.
Luís
ResponderEliminarvamos ver se as coisa melhoram um pouco...
Abração.
Martinha
ResponderEliminarnão vi a peça, nem conheço o texto; apenas já vi um vídeo promocional da mesma com a palavra "merda" a ser usada algumas vezes e outras pequenas coisas, nada comparável a c********* de fazer corar ninguém; mas enfim...
Beijinho.
Gosto muito da invocação de Salazar. A nossa velha guarda orgulha-se do 25 de Abril mas estão sempre à espera de um novo ditador para repor alguma suposta ordem ao país.
ResponderEliminarTalvez uma excursão a um "Stand up" do Fernando Rocha fosse mais adequada aos velhos amigos do vídeo.
Catsone
ResponderEliminarMatavam o homem...
Abração.
Pois é normal que não tenham gostado! Eu se fosse ver a peça e não pudesse mandar beijos para as minhas primas que estão em Paris de França e cantar uma modinha como o fazem noutros programas (percebem eles a diferença?), eu também não gostaria!
ResponderEliminarAgora a sério. O público tem todo o direito de não gostar. Agora como o expressaram é que não ficou nada, nada bem. As razões, essas, são já chavões...
Grande abraço, Pingu!
Luís
ResponderEliminaré isso mesmo: os papéis estavam trocados e depois as pessoas "passam-se"...
Abraço grande.
E é por causa de peças como estas "Que os nossos meninos andam metidos nas drogas!"lol...
ResponderEliminarAcho que há peças para determinados públicos...e conversamente, públicos específicos para determinadas peças...
E qd se mal-cruzam ocorrem situações destas...
Eu não conheço a peça, logo não vou opinar...contudo acho que these days...a Arte está francamente diluída...pois Toda a gente, colocada Tudo lá dentro...dada a subjectividade da área...!
Abraço:)))
A única coisa que eles levam é um arraial de porrada senao se poem finos!
ResponderEliminarPingumi, o que se leva desta vida, portanto, é somente aquilo que cabe a cada um. Ao ler o seu post e ver o vídeo, me lembrei que o presidente Lula acabou de falar, em discurso, a palavra "merda" duas vezes. Claro que saiu em todos os lugares. Mas, particularmente, acho que textos, peças e discursos com palavrões não chegam a incomodar a fundo mais ninguém porque os verdadeiros palavrões são os não-ditos: são as atitudes ofensivas. Gostei da atitude dos atores: mantiveram-se impávidos. E quanto ao tema, me é muito particular: ter um prato criado por Arzak é o máximo. E, pela minha experiência da faculdade de gastronomia, a vida dentro de uma cozinha é altamente calórica: briga-se mesmo e tenho conhecimento de que, em alguns restaurantes top de São Paulo, não foram poucas as vezes em que cozinheiros saíram, literalmente, a se esfaquear. A cozinha é lugar de paixões, isso sim. Abraço!
ResponderEliminarE agora fiquei cheia de vontade de ver a peça.
ResponderEliminarObrigada!
bjs
Hydra
ResponderEliminaré evidente que isto é um "fait divers", mas não deixa de se poder tirar algumas ilações deste facto, tanto na escolha da peça, como na apreciação de alguns (bastantes) espectadores...
Abração.
Little
ResponderEliminaro nosso país não tem nível e isso nota-se nestas pequenas coisas: já nem à porrada vai...
Abração.
Sérgio
ResponderEliminareu gostava de perguntar às pessoas que se mostraram tão ofendidas com as palavras que ouviram, quantas vezes as não repetiram já no seu dia a dia...
Há algo de hipocrisia nestes comentários, além de uma natural falta de cultura e de uma mistura de conceitos; e, note-se, que embora sejam pessoas de uma classe social não muito elevada, não são analfabetos, vivem em Lisboa ou arredores e não numa aldeia da província...
Realço também as duas excepções que cumprimentaram os actores à saída.
Abraço amigo.
Violeta
ResponderEliminare de provar aqueles camarões...
Beijinho.
É triste e lamentável.
ResponderEliminarValeu ainda o profissionalismo dos actores, que ainda seguraram a peça durante algum tempo.
Da 1ª vez que vi o vídeo ainda me ri porque pensei que fosse um género de promoção ao jeito dos "Contemporâneos", mas vi que não.
Mas quem terá dado juizo ao organizador de misturar esta peça com séniores púdicos e conservadores?
Belas trolitadas na mona que merecia.
Uma nota possitiva...a última senhora que aparece no vídeo, diz que adorou.
Um abraço.
Miguel
ResponderEliminaras excepções, nestes casos são sempre de louvar...
Abração.
Isto vai muito do efeito de grupo.
ResponderEliminarAinda para mais, quando há comida e ninguém dá a provar!
Vá lá que ninguém morreu.
Johnny
ResponderEliminartens razão quanto às duas coisas...
Abração.
não vi a peça, não posso avaliar. mas não me choca a reacção das pessoas. o que acho imbecil é não haver o mínimo de selecção e critério por parte de quem programa estas excursões. se tivessem levado as pessoas a um musical do la feria tinham-se divertido mais.
ResponderEliminarcada espectáculo tem o seu público, destina-se a uma certa ideia de público, e quanto mais exigente é, mais deve ser selectivo o público a que se destina.
isto não é elitismo, é perceber que as pessoas não são todas iguais e que as ofertas culturais não devem ser uma especie de mínimo denominador comum, que agradem a toda a gente (precisamente como são as do la feria; e não estou a criticar, já vi muitos espectáculos dele).
o que seria interessante saber é porque é que alguém decidiu pegar numa série de séiores do Inatel e levá-los a ver um espectáculo que, pelos vistos, não foi feito a pensar neles.
abração
Miguel
ResponderEliminaresse é o ponto crucial da questão, é claro e absolutamente lamentável.
Mas isso não impede que não se tirem ilações dos comentários vistos no vídeo, que extrapolaram muito além de uma peça, que não era fácil para eles, mas também não seria um repositório de asneiras ou ofensiva.
Apenas não era uma peça para eles...
Abraço amigo.
isto não terá sido propositado para divulgar a peça?
ResponderEliminarJorge
ResponderEliminarnão acredito de forma alguma nessa tese, pois os actores foram vaiados constantemente enquanto actuavam; que à posteriori, tenha havido um maior interesse em conhecer a peça, isso parece-me natural...
Abraço.
Amigo Pinguim
ResponderEliminar"Eu tenho dois amores" (por acaso até são mais do que dois, salvo seja): Um a gastronomia e outro o teatro! O casamento destas duas artes para mim só pode ser aliciante, em teoria é claro!
É preciso que o texto seja bom, interessante e dramaturgicamente bem articulado.
Não vi, não conheço e por isso não posso dar opinião!
Há, contudo, ualquer coisa que me escapa neste caso, pois uma coisa é uma peça ter um mau texto, ou ser mal representada, outra coisa é, segundo vários espectadores, promover o desvio" de jovens para "os maus caminhos".
Fiquei apardalado! Não entendi.
Quanto às vaias, acho interessante pois era uma prática muito comum em Portugal até aos anos 60 e ainda o é hoje em quase todo o mundo!
Ficaram célebres as vaias e pateadas monumentais que Maria Callas recebeu ao longo da sua carreira, isto só para falar de um "monstro sagrado" do espectáculo.
É algo a que os nossos artistas não estão habituados, infelizmente!
Aqui parece que aconteceu algo que despoletou esta reacção, é pouco claro para mim o que terá sido!
Acredito contudo que para os jovens artistas esta tenha sido uma enorme lição de vida!
Um abraço!
Com senso
ResponderEliminaré uma visão diferente deste caso, mas muito interessante. Todavia penso não terem tido estes espectadores o discernimento suficiente para encontrarem no texto esse desvio de que falas; eles simplesmente não acharam piada alguma ao facto de dois actores estarem a representar "apenas" com a confecção de alguns pratos gastronómicos e com um diálogo que eles não entenderam minimamente e entre cortado com algumas palavras menos convenientes.
Quanto à pateada, foi realmente uma reacção pouco habitual, mas interessante...
Abraço forte.