Hoje falo sobre um filme que data já de 1997 e que terá passado algo desapercebido em Portugal, sendo mais conhecida a peça em que o mesmo se baseou, já representada mais de uma vez no nosso país; trata-se de “Bent”, um filme dirigido por Sean Mathias, com argumento do próprio autor da peça, Martin Sherman. Claro que para quem viu a peça e não viu o filme, poderá pensar que será demasiado lenta e repetitiva toda aquela imensa cena em que os dois prisioneiros vão deslocando as pedras de um local para outro, ao longo dos meses, debaixo de um sol escaldante ou de um frio terrível e quase sem dizerem uma palavra, na peça essa longa sequência preenche quase todo o tempo de representação, não sendo demasiado importante a história inicial, senão para nos situar perante a situação homossexual do protagonista, Max.
Já no filme, essa cena ou cenas que antecedem o que se passa no campo de concentração de Dachau, ganha um maior relevo e mostra-nos numa noite de orgia, algo exagerada, a condição homossexual de Max, mas também alguns aspectos interessantes sobre a Berlim desse tempo e dos métodos implacáveis da Gestapo. È nestas cenas que aparecem as personagens do sempre admirável e assumido Sir Ian McKallen e do surpreendente Mick Jagger num admirável travesti.
A história torna-se verdadeiramente interessante quando, se dá o encontro dos dois prisioneiros, ambos homossexuais, mas em que um, Max, interpretado pelo conhecido Clive Owen, esconde a sua homossexualidade e tem pois o triângulo amarelo de judeu, ao passo que o outro prisioneiro, Horst - Lothaire Bluteau - ostenta com orgulho o triângulo rosa que identificava os homossexuais.
Vivendo o seu dia a dia em silêncio, eram raras as ocasiões que trocavam palavras, mostram na sua monótona, árdua e completamente inútil tarefa, uma solidariedade que se vai desenvolvendo para lá das terríveis contingências em que se encontram laços mais profundos de amizade.
O final é dramático e algo previsível, mas de uma intensidade que nunca é gratuita e se ambos os actores têm um desempenho bom, o desconhecido Lothaire Bluteau supera-se e é fantástico.
Deixo aqui um vídeo com aquela que é para mim a cena mais bela do filme e que mostra a força da mente humana quando o “querer” é realmente forte.
Não conhecia este filme e só este cli já me fez chorar. Obrigada e vou já encomendá-lo online. Precisod e ver este filem todo. Obrigada! Adoro o teu blog.
ResponderEliminarConcordo com o teu comentário ao filme. Apesar de não ser um filme perfeito muito longe disso contem o problema das adaptações de teatro ao cinema, onde o poder da imagem perde relativamente à dramatizaçao das cenas em palco. Estou me a lembrar de momento de Closer (Tambem com Owen) e da sua adaptação para cinema. Apesar do filme estar muito bem conseguido perde alguma força em algumas cenas relativamente à sua adaptação para teatro.
ResponderEliminarDe qualquer das maneiras, a cena que eleges é linda e é o climax de um filme que vai tendo de vez em quando os seus momentos e cujo par dos protagonistas tem uma interpretação notavel.
Foi o meu primeiro filme do Clive Owen... e desde então soube que ele daria algumas cartas neste inicio de seculo na representação. A ver.
Em fase de mudanças, com a vida atribulada e complicada, mal tenho tempo para vir ao blogs amigos. Hoje consegui um tempinho para respirar estes ares e deparo-me logo com um post sobre um filme que mexeu muito comigo há uns tempos atrás. Até coloquei um post no meu blog sobre isso e exactamente com esta cena que é, sem sombra de dúvidas, das mais belas do filme, até mesmo das mais belas do cinema.
ResponderEliminarAbraço, amigo Pinguim.
Olá Fernanda
ResponderEliminarobrigado pela visita e por gostares do blog.
Sobre o filme, esta cena é um belíssimo cartão de visita para quem não o conhece: é tão bela como forte...
Fui visitar de raspão o teu blog e fiquei logo de "olho cheio" com a foto da ilha grega (penso ser Santorini) e depois estive a ler em diagonal alguns dos últimos posts e já me fiz "assinante".
Na primeira oportunidade tens-me por lá...
Para já, estás "linkada" aqui no blog.
Beijito
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNão vi a peça mas tenho o filme. Gostei bastante. Ao contrário do que dizes, Lothaire Bluteau não é desconhecido. É um actor bem conhecido no Canadá e nos EUA. Ele é a personagem principal num outro filme que gosto bastante "Le Confessional", onde o irmão é homossexual.
ResponderEliminarAbraço
Pinguim,
ResponderEliminarÉ para ver mesmo. E sabes, não só nos tempos da gestapo coisas dessas. Não só...
A peça, pff, sem palavras.
beijinhos.
Acreditas que não conhecia o filme?
ResponderEliminarobrigada pela partilha.
bjs
Já tinha lido alguma coisa sobre a peça, mas desconhecia o filme.
ResponderEliminarNem imaginava o Clive Owen nestes "propósitos".:-)
É realmente uma cena intensa esta que partilhas, que demonstra que o "querer" é muitas vezes mais forte que o "poder".
A mente humana consegue ser tramada.
Abraço.
Não vi o filme, mas fiquei com vontade de o ver só por esta cena :)
ResponderEliminarBeijinho e bom fim-de-semana!
Graduated
ResponderEliminarnão me lembrava nada da tua entrada sobre este filme; fui ao teu blog e lá descobri o post, que até nem é muito antigo, e que eu fui o primeiro a comentar, por sinal.
Como o teu texto está muito mais completo e é muito bom, deixo aqui o link para quem o queira ir consultar.
http://someridiculousthoughts.blogspot.com/2009/02/bent.html
Abraço amigo.
Eu já conhecia a sinopse deste filme, gostava muito de o ver.
ResponderEliminarPinguim, conheço o filme e acho mesmo antológica a cena da Berlin decadente (no sentido de extinção que ocorreria) com a participação de Mick Jagger. Também creio que o final é previsível mas é impossível não se emocionar, tanto mais pela força que bem destacastes apenas da mente. É como uma corrente de energia que passa entre os dois e cria a forte tensão sexual sem que se toquem um mínimo sequer. De qualquer forma, gosto muito do filme. Aqui houve também a peça mas não a vi. Abraço!
ResponderEliminarJá tive esse filme na mão mas nunca o vi! Aquela cena é de facto impressionante e poderosa! Tenho que ver se o encontro de novo! ;)
ResponderEliminarAbraço
Já sabia da existência do filme, mas ainda não tiver coragem de ver devido à temática...vai ser desta!
ResponderEliminarAbraço
adorei.
ResponderEliminarAbraço
L.
ResponderEliminareu não desconheço o actor Lothaire Bluteau; sei desse filme de que falas, doutros filmes canadianos e tenho um outro filme LGBT com ele: "Urbania".
Mas não é tão conhecido como o Clive Owen e embora ambos vão muito bem neste filme os prémios de interpretação que o filme ganhou foram para Lothaire B.
Abraço amigo.
Popelina
ResponderEliminarestas perseguições contra os judeus e homossexuais foram quase só da responsabilidade da Gestapo, que também fez uma limpeza noutros corpos de élie nazis onde a homossexualidade era grande; a este propósito, tens um filme fabuloso: "Os malditos" de L. Visconti.
Beijinho.
Violeta
ResponderEliminarpois tens agora uma oportunidade de conhecer.
Deixo aqui para quem estiver interessado o link do filme:
http://filmestemag.blogspot.com/2008/05/bent-1997-legenda-em-portugus.html
Beijinho.
Olá Miguel
ResponderEliminaro Clive Owen nesta altura ainda não era a estrela que agora é, mas como bom profissional, penso que não teve o mínimo problema em fazer este papel.
A cena mostrada aqui pode ser, de certa forma uma das mais belas e originais cenas de sexo consumado que já foram feitas no cinema.
Abraço amigo.
Eva
ResponderEliminaresta cena é muito apelativa, sem dúvida.
Se tiveres interesse em ter o filme, vê o link que deixei no comentário para a Violeta.
Beijinho.
Ricardo
ResponderEliminarremeto-te também para o comentário que deixei à Violeta; até legendas em português tem...
Abraço grande.
Olá Redneck
ResponderEliminaré uma cena muito extra peça, quase uma orgia e que, como disse, serve de imagem de uma Berlim muito liberal, naqueles tempos.
A cena final, plena de dramatismo, perde, pela sua previsibilidade, para a cena que aqui mostro, que é de uma força interior imensa (é um momento de enorme brilhantismo interpretativo também).
É pena não teres visto a peça; eu já vi duas encenações e a parte anterior a Dachau era bastante diferente nas duas versões, mas ambas atingiam o objectivo:dar uma imagem completa da personagem Max -- Clive Owen).
Abraço amigo.
Félix
ResponderEliminarjá o "encontraste"!!!!
Vai ao comentário que deixei à Violeta (ainda parto o disco...)
Abraço amigo.
André
ResponderEliminarnão é preciso coragem, embora o filme seja muito forte, pois acaba por ser uma história de amor...
Abraço amigo.
Do You?
ResponderEliminarpresumo que não conhecias; se é esse o caso, não percas a oportunidade.
Abraço amigo.
Já vi este filme há alguns anos, e é espantoso.
ResponderEliminarAbraço
Olá TUSB
ResponderEliminaràs vezes prefiro rever certos filmes do que enfiar "barretes" com novos...
Abraço amigo.
querer...
ResponderEliminarahhh... esses quereres...
se alguém, há dois meses(?),
me perguntasse
o que é o querer,
meu conceito seria restrito
ao chavão idiota do
"querer é poder".
e não!!
querer é atingir o
fazer acontecer,
é realizar!!
vivemos isso todos os dias,
só nos esquecemos de aprimorar esse querer,
ou porque subestimamos seu poder
de causa,
ou porque nos limitamos
a viver de parâmetros...
os danados dos parâmetros...
o prazer no querer que a cena,
delicadamente, nos sugestiona,
acontece todos os dias,
em mundos reais,
fora da cena de "câmera e ação".
acontece no realizar do querer
de fazer acontecer. do poder
sim,
do poder
de ser conduzido,
atravessar algumas linhas,
e ousar!
tão e tão na ousadia de um
simples "cruzar de pernas",
ou... ou!
e o silêncio, nesta hora,
é a nossa melhor voz.
Bom domingo!
cheinho de
quereres em se realizar!!
Olá Tetê
ResponderEliminarque maravilha de comentário!!!
Obrigado, sinceramente; vale a pena fazer um post para ter um comentário assim.
Agora fico num apaixonante jogo de dúvidas; quem serás tu? Homem ou mulher? Que idade poderás ter? Enfim um jogo a que só tu poderás dar respostas...
Abraço ou beijo, fica à escolha do teu "querer".
ahhh.... meu querer fica
ResponderEliminarcontido e restrito num
querer longe... umas vezes,outras...
tão próximo que consigo
sentir seu cheiro...
um cheiro forte, mas doce (amo os perfumes
doces!)... assim como a alma que tem
e que eu sei,
é doce,
embora homem... menino
de meu querer.
onde forço paz,
faço versos sem rimas,
me contradigo,
e sou... imensamente feliz...
escolho no meu querer... escolho
um A - braço!
Tetê
ResponderEliminarpois que seja o abraço, e mais algumas pistas foram dadas nessa rima pouco rimada mas tão cheia de pequenos "nadas" que fazem um todo deveras interessante.
De tudo o que mais interessa é o "sou...imensamente feliz...".
Também eu.
"Aquele abraço" do Vinícius.
Um extracto que é de facto uma bela cena de um filme que desconheço. Irei tentar vê-lo pois conseguiste mais uma vez atrair o meu interesse.
ResponderEliminarBem-hajas!
Beijinhos
Isabel
ResponderEliminarnestas partilhas, por um lado, dá-se conta do nosso entusiasmo; e por outro, tenta-se que o mesmo seja contagiante...
Beijito.
Excelente escolha.
ResponderEliminarJá tive a oportunidade de o ver, é absolutamente indescritível a sensação!!!
Abraço-te
Olá Abraço-te
ResponderEliminarfico satisfeito de comungares do mesmo gosto pelo filme.
Abraço amigo.
Não há muito mais que se lhe diga, mas é que um excelente filme é!
ResponderEliminar(Do Déjan esperamos melhoras rápidas.)
Abcs,
Olá Luís
ResponderEliminarcomo amante de bom cinema não poderia ser outra a tua opinião.
Obrigado pelos votos de melhoras do Déjan.
Abraço amigo para vocês.
desconhecia por completo, no entanto parece-me um bocadinho forte, hehe.
ResponderEliminarbeijinho
Sandrinha
ResponderEliminara realidade da vida é como é, e uma cena destas é "VIDA"...
Beijinho.
Que coincidência vir aqui e ver este teu post sobre o "Bent". Hoje falei dele a um conhecido meu. Vi o filme há uns meses com uns amigos meus (um deles o Graduated Fool)e tocou-me imenso. Gostei da história e algumas das cenas mexeram comigo (a suposta cena de amor e respectivo diálogo está fantástica). E o filme não é de todo mais uma banal película de temática gay que começa com alguém a fazer o seu coming out e acaba num final feliz, como há por aí aos montes.
ResponderEliminarQuanto à peça, infelizmente não a conheço.
Abraço gramde e espero que o Dejan esteja já melhor
=)
Adorei este filme. E a vem a calhar neste momento, tao perto e tao distante do meu garoto. Beijo
ResponderEliminarOlá Thales
ResponderEliminarpois só quando o Graduated aqui referiu que já tinha postado sobre este filme, me lembrei disso e fui até o primeiro comentador.
Mas nunca é de mais falar num bom filme, embora o texto dele esteja muito bom, razão porque deixei um link para esse texto, pois está muito completo.
Obrigado pelo cuidado sobre o Déjan.
Abraço amigo.
Pois, caro Paulo
ResponderEliminarpercebo-te muito bem; também eu já tive muitas cenas "parecidas" com esta (claro que não num cenário como o do filme), devido à distância. E sabe sempre muito bem...
Abração.
Esta cena é muito bonita, de facto. Gostei muito do filme, mas é um dos mais angustiantes que me lembro de ter visto.
ResponderEliminarOlá Paulo
ResponderEliminarcomo qualquer filme baseado em histórias de guerra e principalmente que mostram cruamente os métodos da Gestapo, o filme é realmente angustiante (a cena no comboio com a miúda morta, é terrível...)
Abraço amigo.
acho que nunca vi o filme completo. tenho ideia de já o ter 'apanhado' de passagem na televisão, mas nunca o vi todo. é uma óptima dica, esta.
ResponderEliminarabraço
Miguel
ResponderEliminarnão sendo uma obra prima, é um filme altamente recomendável.
Abraço amigo.
Já canta! Obrigado!
ResponderEliminarFélix
ResponderEliminarFácil e rápido, não é verdade?
Aquele abraço.
É maravilhoso. Vi o filme e também - atenção - uma encenação portuguesa nos idos anos 90.... com Carlos Gomes e outros actores. Há pouco tempo, em Londres, o Allan Cumming entrava numa nova versão.
ResponderEliminarNeste filme, eles são todos muito exemplares, esta cena é demais e o Mick Jagger a fazer de drag é genial.
André
ResponderEliminarainda bem que gostaste. Eu vi pelo menos duas encenações da peça aqui em Portugal e uma delas era do Carlos Fernando, que morreu jovem, no Teatro da Graça; é possível que seja essa, e seja esse um dos actores, não me recordo. Foi representada em todos os grandes palcos, amigo André.
Abração.
The Bubble
ResponderEliminarwww.youtube.com/watch?v=Ou4UFIiY1wk
Arrogo-me a recomendar-te vivamente este filme israelita. Não sei se é um grande filme, nem quero saber. Sei que me tocou fundo neste meu coraçonete encouraçado.
Foi através dele que tive conhecimento da peça Bent, que é assistida pelas personagens do filme.
Reparei é que não está na lista do filmestemag.blogspot.com, o que é uma grande pena!
Abraços
Mentira, está lá está!
ResponderEliminarToca a sacar :O]
Olá Cinas
ResponderEliminarObrigado pela tua visita.
Eu gostei muito do filme "The Bubble" aliás como de todos os do realizador E. Foxx. a cena final é um murro no estômago...
Quanto ao "Bent", claro que ele está lá...mas hoje não consigo pôr o "Rapidshare" a funcionar, não sei porquê...
Porque não dás continuidade ao teu blog? Parece-me tão interessante...é uma pena teres parado.
Abraço.
revendo as tuas respostas aos comentários, também concordo contigo acerca do "Bubble"...
ResponderEliminarÉ mesmo dos filmes que não se esquece!!! Um grande e valente murro no estômago!!!
Mas há mais...Sheltter tb mto giro,
Save me a retratar a idiotice da sociedade americana...enfim
Abraço-te
Caro Abraço-te
ResponderEliminarparece que temos o gosto comum dos filmes temáticos GLBT.
Gostei muito do "Shelter", mais levezinho do que "The Bubble" e vou ver agora o "Save me".
Não percas do mesmo realizador do Bubble, o "Yossi e Jaguar" e "Walk in the water"...
Abraço amigo.
Foi a encenação do teatro da Graça que eu vi. :)
ResponderEliminarAndré
ResponderEliminarhá muito tempo...que saudades daquele "teatrinho" e do Carlos Fernando (ou será Fernandes?)
Abração.