Christopher Isherwood (26 de Agost de 1904 – 4 de Janeiro de 1986), nasceu em Inglaterra, mas emigrou para os EUA em 1939, tendo-se naturalizado como cidadão norte-americano em 1946. Foi um reputado escritor, conhecido principalmente pelas suas obras relacionadas com Berlim, para onde foi atraído na juventude devido à relativa liberdade sexual que se vivia naquela cidade nos anos pré guerra, com Mr. Norris Changes Trains e um conjunto de contos com o título Adeus a Berlim, que foram a inspiração para o musical e depois aclamado filme Cabaret.
Além destas obras merecem destaque na sua vasta bibliografia os títulos A Single Man, (adaptado agora ao cinema pelo estilista Tom Ford), e Kathleen and Frank.
“Chris & Don: A Love Story” é um relato verídico sobre a apaixonante relação de três décadas entre o escritor britânico Christopher Isherwood e o retratista americano Don Bachardy, trinta anos mais novo. Desde os anos de Isherwood no Kit-Kat-Club durante a República de Weimar (inspiração para o seu mais famoso trabalho) até aos primeiros encontros do casal nas praias solarengas de Malibu nos anos
E foi realmente um amor extraordinário este que surgiu em 1952 , pois pode mesmo ser considerado transcendente, dado as diferenças de idade, classe e cultura, principalmente na época em que foi vivido.
Nem mesmo a morte de Isherwood, aos 81 anos pôs fim a esse amor, pois ainda hoje Bachardy dedica grande parte da sua vida a enaltecer a vida e os sentimentos do seu companheiro. O escritor tinha já 48 anos quando se enamorou de Don, que tinha apenas 18; Armistead Maupin descreveu-os, como o “primeiro casal”, em parte porque na década de 50, em que sociedade, mesmo em Hollywood, considerada um antro de paranóia sexual (estou a recordar-me da biografia de Marlon Brando que tão bem retrata isso mesmo), não acitava uma relação assim, mas eles assumiram-na por inteiro.
Bachardy preserva um património de uma imensa riqueza cultural, que é mostrado bem no filme, principalmente focado na sua colecção pessoal, onde há também fotos e pinturas de amigos famosos; é curioso ver aqui uma foto dos dois, com a visão na parede do célebre quadro que deles pintou David Hockney…
É essa enorme quantidade de material – filmes domésticos, fotos, desenhos, letras e agendas, que torna o filme interessante sob todos os pontos de vista. E ouve-se a voz de Michael York (que protagonizou Cabaret) a ler passagens seleccionadas de agendas e histórias de Isherwood.
Um pouco tardiamente, Bachardy conseguiu da sombra literária de Isherwood e finalmente obteve o reconhecimento como um retratista e pintor de grande talento; e embora isso seja um mérito próprio, teria sido impensável sem o apoio e encorajamento de Isherwood. Ao longo da sua vida
e durante os últimos meses de doença do seu companheiro, Bachardy, sentou-se no seu leito diariamente, fazendo desenhos do seu amado, como o viam os seus olhos.
É estranho como me tocou esta história e achei algo acima do amor o facto de Bachardy estar sempre ao lado do seu companheiro no leito da morte, infelizmente na comunidade homosexual somos muito poucos que ainda pensamos que é possível viver muitos anos com o nosso companheiro e que o amor não escolhe idades.
ResponderEliminarRicardo
ResponderEliminarpoucas vezes tenho visto um filme que enalteça o amor como este; é comovente ver uma pessoa na casa dos 70 anos recordar um amor de uma vida inteira.
Abraço grande.
Obrigado pela dica...mais uma...lol
ResponderEliminare mais uma vez
Abraço-te
O amor existe...tão simples como isso...apesar de ser um light no sentido dietético da palavra, ehehe, gosto de comédias romanticas, filmes simples mas com sentimentos, e não ser muito dadao a este tipo de cinema, interessou-me bastante...;-)
ResponderEliminarAbraço-te
ResponderEliminaro prazer destas partilhas é grande da minha parte, acredita.
Abração.
Ima
ResponderEliminareste filme não é uma ficção, é um documentário de uma vivência maravilhosa e que nos é mostrada de uma forma admirável; só uma pessoa insensível poderá ficar indiferente.
Abraço amigo.
Pinguim, cito «principalmente na época em que foi vivido». Tenho a série "Mad Men" como série de culto. Apesar de se situar no início dos anos 60, será ainda um retrato fiel dessa época. E de facto, uma relação assim, seria mesmo transcendente para a época. E ainda hoje, não sei se não será também transcendente, tendo em conta muitas mentalidades que parecem ter regredido para esses anos 50 e 60
ResponderEliminarAgora fiquei curiosa...
ResponderEliminarBjs e bom fim de semana. Estou de saída.
O amor surpreende-me sempre de forma avassaladora. Cada vez mais me convenço que será algo que nunca irei perceber.
ResponderEliminarObrigado pela sugestão!
Abraço
É realmente muito bonito esta forma de amar.O amor não escolhe idades e o importante é sabe-lo infrequente.Porque o amor apenas acontecem.
ResponderEliminarAbraço
Olá! Venho apenas informar-te que mudei o nome do meu blog, e que a partir de agora o link é
ResponderEliminarhttp://go-outandlovesomebody.blogspot.com/
beijinhos! *
Blue
ResponderEliminarrealmente, no ano de 1952, assumir uma relação homossexual entre um homem, quase cinquentão, mesmo que escritor considerado, com um jovem desconhecido de 18 anos, é obra!
Para um jovem dos tempos de hoje não sei se se poderá alcançar a coragem de tal acto.
Eu curiosamente, tenho na minha própria pessoa, duas situações, não idênticas, é evidente mas também corajosas, já que me assumi nos anos 70 perante os meus pais, numa família conservadora duma cidade do interior, e fui bem aceite; e permiti-me, vai para 4 anos assumir um relacionamento com um homem com metade da minha idade, embora longe dos 18 anos do então jovem Don; e está esse relacionamento, melhor que nunca, pese a distância.
Quando se assume que somos como somos e quando se ama de verdade, não há mas...há apenas que se deve seguir em frente!
Abraço amigo.
Violeta
ResponderEliminarprocura ver este documentário, pois além de uma linda história de amor é uma belíssima página de cultura do século XX.
Bom fim de semana.
Beijinho.
Eu já nem tenho tempo para cinemas... bahhh!!
ResponderEliminarbeijinhos
André
ResponderEliminaracho que deves ver as coisas segundo outro prisma: o amor vai sempre surpreender-te, mas é o somatório desses casos surpreendentes que te levarão a compreendê-lo um dia...
Abraço grande.
Carametade
ResponderEliminarpelo que de ti conheço e do teu relacionamento, o qual admiro muito, essa infrequência até é benéfica, pois leva a que se ame mais intensamente, mas com naturalidade...
Abraço grande.
aprender, aprender sempre...um post com muito interesse o que não é admirar aqui. João, pensava que não mas tb fui conquistado pelo Face Book....vamo-nos vendo, também, por lá. Um abraço e aguardo a marcação de almoço (temos muito que falar).
ResponderEliminarPois Luís
ResponderEliminartemos a escrita atrasada, tens mais do que razão...
Agora também postas com menos frequência, talvez mesmo por causa do Face Book...
Como sabes eu ando por lá, mas só muito de vez em quando, assim como no Twitter.
Tenho saudades tuas.
Abraço grande.
Sandrinha
ResponderEliminarestão feitas as alterações e já estive no "renomeado" blog...
Beijinho.
Martinha
ResponderEliminartenho que te telefonar um dia destes para bebermos um cafézinho e pôr a conversa em dia...
Beijito.
Pois temos!!
ResponderEliminarLigo-te esta semana para combinarmos :D
beijinho
Combinado Martinha
ResponderEliminarque bom...
Beijo.
Não acho nada estranho que o Irshwood tenha assumido a homossexualidade nos anos 50. Aliás, Auden também nunca se armarizou. Da santissima trindade de Bloomsbury, só Spender é que renegou a sua homossexualidade (leia O Templo, de Spender, que está editado pela Circulo de Leitores).
ResponderEliminarE por que é que não acho nada estranho ao coming out de Irshwood? Dinheiro. Nasceu, viveu e morreu sem depender de ninguém. Tão simples quanto isso.
Ah, e tb não acho nada estranho que um rapaz que nem 20 anos tem se apaixone por um cinquentão. Há a imagem paterna que o mais velho representa e também as interdependências que começam com o dinheiro.
A longevidade da relação?! Ah isso, peanuts. Acho que devem estar a fazer confusão com uma relação convencional, i.e, uma relação segundo os mandamentos da santa igreja.
Amigo pinguim,depois de ler o teu comentário fui rever o meu,e o que eu queria escrever era "enfrentar" .As pressas das pinturas é o que dão,em todo o caso gostei do teu comentário.
ResponderEliminarabraço
Já percebi, por este e outros posts que perdi coisas boas no Queer. Mas estávamos "atascados" com as pinturas...
ResponderEliminarQuanto à história do Chris e Don, já tinha lido um artigo sobre ela. O documentário de que falas devia ajudar a perceber melhor a realidade. É que no artigo que li pareceu-me um bocado romanceada.
Abraço
Manuel
ResponderEliminarachas que o dinheiro é motivo suficiente para essa tomada de posição? Eu não diria tanto...
Tentando dar-te razão na "normalidade" da desarmarização de Isherwood, (e só foco isso pela época que se vivia), eu diria que a razão foi mais um desafogo cultural, um não depender, por formação, da opinião de terceiros, para fazer a sua vida.
Isherwood era à época um nome grande da cultura e podia permitir-se a tudo isso, claro.
Também não sou crítico do relacionamento dele com um jovem de 18 anos (a sua diferença de idades é semelhante à que existe entre mim e o Déjan), mas sim constatar que para aquela sociedade ao mesmo tempo permissiva sexualmente, e de que maneira, era condenável a exposição pública dos casos mais extremos; o que me admira e relevo é a coragem dele o ter feito com naturalidade "naquele tempo". Rock Hudson, viveu sempre escondido numa capa que até envolveu um casamento, quando toda a gente sabia que era homossexual; só o assumiu, perto do fim.
É por "destapar" todas essas histórias que eu gostei de ler o "Brando, mas pouco"...
E não te esqueças que no fundo, os americanos são uns puritanos (embora Isherwood fosse inglês de nascimento e formação).
Abraço grande.
Carametade
ResponderEliminarobrigado pela rectificação, mas como dizes, a inclusão daquela palavra não era de todo desadequada; daí o meu comentário de anuência.
Abração.
Tong
ResponderEliminarclaro que há prioridades e podem sempre acabar por ver-se uma ou outra película que valha a pena, em circuitos "paralelos".
Este documentário podes sacá-lo do e-mule e o "Ander" ainda não apareceu, pois é muito recente (é deste ano), e é um filme basco e não americano; mas quando aparecer em DVD ou eventualmente entrar no circuito comercial, também ficará disponível algures.
Abraço grande.
Amigo Pinguim
ResponderEliminarO filme Cabaret levou-me a ler com alguma curiosidade o "Adeus Berlin" e daí ficou-me uma admiração muito grande por Irshwood, cuja definição de homossexualidade nunca esqueci:
Para ele um homossexual ´seria, tão só, um heterossexual com bom gosto!
Um abraço amigo
É uma história bastante tocante que desconhecia.
ResponderEliminarDe facto naquela época, onde imperava o puritanismo, foi um acto heróico esse casal ter-se assumido.
Con senso
ResponderEliminarjá tinha ouvido essa definição de Isherwood, tão "british style", mas já não me recordava dela.
Quando vires o filme "A Single Man", que deu que falar em Veneza, em Setembro passado, decerto ficarás interessado em ler esse livro também.
Abraço grande.
Maldonado
ResponderEliminarfoi uma relação corajosa, sim, em relação à época, mas foi sobretudo uma bela relação de Amor.
Abração.
Adoro tudo que sejam biografias e histórias reais. Parece-me como dizes e bem acima, para além do documentário ser sobre a relação afectiva entre ambos,em si já interessante, ser também interessante o conteúdo a nível cultural. Achei curiosa a observação do Ricardo, de ser algo acima do amor, o facto dele ficar no seu leito na hora da morte...mas...não é isso exactamente, o amor?? Sou uma incurável romântica...adoro histórias de amor verdadeiras :))Onde se pode arranjar uma coisa destas, só na net? Se arranjares o link, manda, sff. Beijo e bom fim-de-semana!
ResponderEliminarEva
ResponderEliminarpodes obtê-lo no e-mule; está lá disponível; ainda não o encontrei até agora noutros sites.
É de visão obrigatória...
Beijinho.
Olá Pinguim!! Estive mais ou menos em hibernação, qual urso :)... mas vou voltando aos cadinhos.
ResponderEliminarEspero que estejas bem e deixo-te um beijinho
Natacha
ResponderEliminarnotou-se essa hibernação; ainda bem que vais acordando...
Beijinhos.
Pinguim, ainda neste último sábado estive presente a uma agradável celebração de uma amiga minha na qual estavam presentes, entre outras pessoas, um casal gay que anda pela casa dos 80 anos, ambos. Essa senhora minha amiga está entre os 70 e 80 e mais não revelo que de uma dama não se diz a idade. Esse casal de gays eu já os conhecia e ao ler o seu post, confirmou o que dizes. Eles estão juntos há mais de 50 anos, o que significa dizer que estão juntos desde, pelo menos, meados da década de 50. Se em Hollywood isso era raro, imagine nesta provinciana São Paulo na qual, ainda hoje, um casal gay (e ainda mais se o for longevo) é motivo de espanto. Abraço!
ResponderEliminarRedneck
ResponderEliminaresse facto que revelas traz ainda outra conotação que é pouco falada quando se afloram as questões homossexuais e que é a homossexualidade na terceira idade; pelo facto de não haver filhos, é triste e mais só que as relações hetero, quando um deles parte...
E quando não há relações, quando se perde o vigor e o encanto, ninguém pensa na solidão de um homossexual idoso...
Dá para pensar, não dá?
Abraço grande.
Pingui, pois que estamos quase que em simultâneo por aqui. Concordo com você e os vejo, aos idosos gays, e ao vê-los, me vejo neles e penso sobre isso. É triste, é o que é. Abraço!
ResponderEliminarRedneck
ResponderEliminaralém de triste, é uma vergonha a forma como a sociedade esquece essas pessoas duplamente postas de lado: como velhas e como homossexuais.
Abraço grande.
Pinguim, este é um exemplo de um texto, onde os comentários têm muitos outros temas associados nas entrelinhas, que podiam gerar outros posts.
ResponderEliminarFalou-se de longas relações, e isso, fez-me lembrar o que eu andei a dizer a propósito da dádiva de sangue, em Hemohomofobia. Esses exemplos, entre outras coisas mais, confirmam que discriminação é a palavra que melhor define a proibição em causa.
Falou-se de filhos e eu lembrava-me que as mulheres têm vantagem nesse ponto. Veja-se p.e. o exemplo mediático da Solange F. Ela decidiu engravidar e ponto final. Não haverá depois nenhuma lei que a impeça de criar o filho em conjunto com outra mulher. Mas se dois homens pretenderem adoptar, não o poderão fazer. Isto vem também a proósito de outro artigo que li há pouco Homossexuais são pais "tranquilos e seguros".
«é triste e mais só que as relações hetero, quando um deles parte», para não mencionar direitos que se perdem por não existir um conceito legal chamado 'casamento entre pessoas do mesmo sexo'.
Estas e outras questões causam-me muita revolta quando tenho de ler muitos comentários que são feitos com aparente ódio, por verdadeiros trogloditas, os quais nunca pararam um segundo que fosse para pensar nessas pequenas questões.
Blue
ResponderEliminarhá pouco frequentas o meu blog e ainda não ouviste a minha habitual "lenga-lenga" acerca da importância dos comentários, mas que repito com gosto: uma postagem, por muito boa que seja só termina quando complementada com os comentários, alguns dos quais focam aspectos importantes, e que por sua vez, fazem acrescentar dados novos ao que foi dito (e é por essa razão que respondo a TODOS os comentários).
Tu neste comentário estás exactamente a ir ao encontro dessa minha teoria, o que muito me satisfaz.
Abraço amigo.
O que eu mais gosot neste casal?
ResponderEliminarO sorriso, a partilha e a presença.
Aaai que invejazinha... da boa! :)
Beijinho,
Olá Izzie
ResponderEliminaressa tua inveja é mais que legítima.
Beijinho.
Que história esta...é daquelas histórias que tem tudo para nos fazer acreditar no amor...e no que é possivel se se amar "a sério"! não conhecia mas adorei que ma tivesses dado a conhecer...tu tens me dado a conhecer coisas e histórias fantasticas...muito obrigada mesmo.
ResponderEliminarum beijo
Free_soul
ResponderEliminarse tiveres oportunidade de ver o filme não percas: é lindo!
Beijinho.