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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dia Internacional Contra a Homofobia

Hoje é o Dia Internacional contra a Homofobia

É preciso que os políticos, cada vez mais assumam esta luta, não só no Parlamento ou na Comissão Europeia, mas também e principalmente na aprovação de leis apropriadas nos seus países.
Não queremos, no nosso país, ouvir mais vozes como as de Isilda Pegado, João César das Neves ou António José Saraiva...

Mapa europeu dos direitos gay
Que gradua os países numa escala de 30 (direitos plenamente adquiridos) até -12 (graves implicações dos direitos humanos); curiosa a posição de países como a França, e principalmente, a Itália.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Portas de Abril

Quis o destino marcar o dia 24 de Abril como a data do adeus prematuro de Miguel Portas à vida que ele sempre viveu com a intensidade própria de um Homem plenamente convicto dos seus ideais de esquerda. Não chegou ao dia em que se comemoram 38 anos de uma data que não pode jamais ser esquecida, não só por quem a viveu, mas também por quem teve a felicidade de enfrentar a vida já em Liberdade.
Infelizmente, a maior parte das pessoas que hoje têm menos de quarenta anos e que são a força vital da nação, pouco ligam à data ou voluntariamente ou por desconhecimento, o que não os desculpa, pois é da mais elementar forma de cultura saber o que representou e representa para Portugal uma data que acabou com uma ditadura de quase 50 anos e devolveu ao povo português o orgulho nacional.
Ainda mais lamentável é assistir hoje à destruição sistemática dos valores instituídos pelo 25 de Abril, no dia a dia, e por parte de pessoas com responsabilidades governamentais que estão a levar o povo português a um estado de descontentamento como só Há paralelo antes dessa data.
Sim, há liberdade e democracia, caso contrário eu não estaria aqui para falar desta maneira, mas que dizer quando nas vésperas da celebração desta data, vem o Governo ameaçar estar atento a todos os actos potencialmente violentos decorrentes dessas celebrações: estarão com medo de que haja um novo 25 de Abril? Talvez isso seja necessário, sim, não como clama o eterno palhaço Otelo, mas nas consciências de todo o povo português que vê serem-lhe cerceadas todas as oportunidades de uma vida decente e digna, com um empobrecimento cada vez mais assustador das classes mais desfavorecidas, com o aniquilar de uma classe média que é o motor do desenvolvimento económico da nação e sobretudo com a manutenção e até enriquecimento da classe dos que tudo têm e que sempre querem mais, não cedendo um palmo dos privilégios adquiridos.
Esta desigualdade social que tem sido um dos grandes pilares da política deste governo, não é emanada de qualquer compromisso que se tomou com as entidades que realmente agora governam o país, mas sim uma vontade própria deste governo, perante a passividade quando não, mesmo a complacência do pior Presidente da República que Portugal já teve desde1974.
Tudo isto está na base na decisão, quanto a mim justa, da Comissão dos Militares de Abril de não estarem presentes nas comemorações oficiais deste dia, já que quem nos governa não está senão a fazer uma encenação de comemorar uma data que realmente não sente como sua. E há ainda a desfaçatez, quando não a pequenez política de um Primeiro Ministro a falar em termos pouco edificantes de pessoas a quem devia, pelo menos institucionalmente mais respeito e que dele não recebem qual quer lição: Mário Soares e Manuel Alegre.
Por tudo isto, Miguel Portas partiu ainda na data das trevas políticas deste velho país, data a que os actuais governantes parece quererem que Portugal volte, pese embora queiram mostrar uma face que não possuem e que Miguel Portas tinha e nunca hesitou mostrar: coerência política!




A primeira foto foi tirada do blog "WEHAVEKAOSINTHEGARDEN".


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sexta-feira, 13 de abril de 2012

3 "Drei"

É este o filme que ontem estreou em Lisboa (Amoreiras) e Porto (Dolce Vita), do realizador alemão Tom Tykwer, que entre outros já nos deu o conhecido "Corre, Lola, Corre", e que agora disseca a vida de um casal da classe média, alemão, ambos à volta dos 40 e do aparecimento nas suas vidas de uma terceira pessoa. É um filme imperdível e dos poucos filmes sobre estes temas que aparecem no circuito comercial.
É curioso ver como este filme mostra na perfeição o conceito de bissexualidade que há dias aqui trouxe.
É um filme com cenas magníficas e aconselho-o sem reservas, e porque corre o risco de passar desapercebido na voragem da exibição de filmes americanos, é para ver rapidamente...
Gostaria muito de ter aqui as vossas opiniões.
Deixo o trailer internacional.


Só uma referência pessoal a uma cena do filme, que é a primeira passada na piscina (uma piscina linda, linda, não é Miguel?). Uma cena que mostra a minha teoria de que tudo é possível se surge uma oportunidade, e estou a falar de novo na bissexualidade.
A música do dia é uma das que faz parte da banda sonora.

domingo, 8 de abril de 2012

É "in" ser bi???

Desde que há já bastante tempo, mais propriamente desde que li um interessante livro sobre a bissexualidade, da autoria de Margaret Meade, em que ela afirma que todo o ser humano é potencialmente bissexual e essa bissexualidade a maior parte das vezes apenas não se manifesta quer por medo, quer por falta de oportunidade, que estou convencido dessa verdade que aliás vem de encontro ás teorias de Kinsey, segundo as quais as fronteiras entre as diferentes orientações sexuais são ténues nos seus limites e a respectiva catalogação obedece apenas a uma questão de predominância.
Sucede que agora, achei o momento oportuno para falar disto e encontrei um interessante artigo publicado na revista "Única" do jornal Expresso de 29 de Janeiro de 2011, de onde retirei este excerto, já que o artigo é demasiado longo:

"Podemos interrogar se a bissexualidade está na moda como tendência entre a população mais jovem, por exemplo, que, livre de preconceitos, é seduzida pela ideia da experiência? "Penso que não", diz Pedro Frazão*. "O que acontece é que, em Portugal, a discussão sobre as questões de género têm vindo a conquistar cada vez mais espaço na discussão política. Neste sentido, todas as questões relacionadas com a orientação sexual ganharam visibilidade, o que permite às pessoas sentirem-se mais livres para assumirem as suas escolhas. Não é uma questão de moda."
"A androgenia é uma tendência. A bissexualidade está na moda e vende", diz Alexandra Santos, 24 anos, voluntária na rede ex aequo, a associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT). Ela trabalha no Projeto Educação da rede e percorre as escolas do país a debater identidade de género: "A orientação sexual é um tema que se discute muito durante a adolescência, e a bissexualidade tem o apelo de ser interessante: sugere mente aberta, capacidade de experimentar... Mas, para além deste aspeto mais superficial, muita gente tem dúvidas sobre a sua identidade, e a bissexualidade é a caixinha da confusão. Mas não basta ter uma experiência homossexual para se ser 'bi'."
Apesar da tendência e da confusão, Alexandra Santos, assistente social, sabe o que sente. Afirma sem vacilar: "Não traio, não sou promíscua, tenho relações duradouras. Gosto de homens e de mulheres em igual percentagem." Soube que a atraíam ambos os sexos quando entrou na Faculdade e começou a perceber "que aqueles sentimentos giros que sentia pelas minhas amigas não eram só amizade". Aí, sim, a confusão instalou-se. Nada tinha ainda acontecido e já ela desesperava. "Ai, ai, o que vai ser da minha vida? Porque todos desejamos a normalidade. Assusta muito perceber que nem sempre é assim", conta Alexandra, agora descontraidamente sentada num café do Chiado. "Depois de me questionar se não seria só uma fase, fiz uma viagem à Bélgica para participar num programa entre jovens europeus, conheci uma rapariga e percebemos que tínhamos muita coisa em comum. Principalmente a nossa fé. Quando voltei, continuámos a falar no Messenger e combinámos encontrarmo-nos. Namorámos alguns meses entre cá e lá e depois terminou."
Foi nessa altura que se aproximou da rede ex aequo. Queria encontrar outras pessoas que sentissem coisas semelhantes e perceber que identidade era aquela. A questão do pecado preocupava-a. Um dia ouviu esta frase de uma crente: "Deus manifesta-se em cada um de nós quando estamos bem e fazemos bem aos outros." Sentiu que poderia ter essa força e arriscou clarificar. Em casa, começou a espalhar discretamente as revistas distribuídas pela rede LGBT até a mãe perguntar: "Aquelas revistas que trazes cá para casa são o quê?" Alexandra falou na ex aequo e explicou o projeto: "E o teu pai sabe disso?" Nessa noite, ao jantar, com as três irmãs e o pai já sentados à mesa, a mãe voltou à carga: "Tu és alguma dessas coisas?" Ela disse: "Tanto poderia casar com um homem como com uma mulher." A mãe ainda tentou dar um ar de normalidade: "Se fosses homossexual, eu aceitava." O pai disse logo que não aceitava e uma das irmãs perguntou-lhe: "O que é que te deu para dizeres uma coisa dessas aos pais?" Alexandra encolheu os ombros: "Porque é verdade."
Hoje acredita que para a sua família seria menos complicado se ela fosse homossexual. Pelo menos, seria uma coisa só. Agora aquilo assim... "Como é que se consegue gostar de homens e de mulheres ao mesmo tempo? Lá está, a questão da promiscuidade. Mas eu sou monogâmica e não tenho namorados e namoradas em simultâneo." Tenta explicar que cada sexo tem as suas diferenças, e ela gosta dessas diferenças. "Sinto-me atraída por pessoas e não por géneros", diz Alexandra. Depois dá conta da frase e desata a rir: "Este é o verdadeiro cliché dos 'cotonetes', não é?"
Pedro Frazão, o psicólogo, esclarece: "Esse é precisamente o discurso da bissexualidade. Interessa é o que se sente por determinada pessoa, independentemente do sexo. Como há uma maior abertura em relação à homossexualidade, essa abertura reflete-se, naturalmente, nos jovens, e observo que cada vez os discursos são menos estanques em relação aos rótulos identitários. Nestas faixas etárias tem-se, naturalmente, menor dificuldade em definir atrações e experiências e há uma noção cada vez mais clara de que todos os percursos são diferentes."
Os pomossexuais. "Já ouviu falar em pomossexualidade?", pergunta Ruben. Espreitamos a Wikipédia: "Pomossexual é um neologismo que descreve pessoas que evitam rótulos restritos como hetero, homo ou bissexual."
Ruben Santos, Raquel Bravo, Marta Cardoso: 19, 17 e 20 anos, respetivamente. São estudantes associativos e muito empenhados em causas cívicas. Ruben e Marta conheceram-se na Associação do Liceu Padre António Vieira. Raquel é animadora de teatro comunitário e amiga de Marta. Os três afirmam perentoriamente que não gostam de definições: "Os rótulos são muito limitadores. Acredito que, ao longo da vida, qualquer pessoa pode sentir emoções pelo sexo de que é suposto gostar e pelo que é suposto não gostar. Não conheço ninguém da minha idade que não sinta essa atração", conta Marta, referindo o seu interesse por raparigas e a maneira como gosta de viver cada uma das suas relações. Por agora está menos interessada no género masculino. Mas, aos 18 anos, ainda nada precisa de ser definitivo.
Também Raquel Bravo tem dificuldade em usar claramente uma palavra que a classifique: "Sei o que não sou", diz, tentando clarificar. "Não sou hetero, nem homo. Durante cinco anos tive um namoro fortíssimo com um rapaz que morreu e depois a minha relação com os homens mudou. Era como se estivesse a traí-lo. Quando entrei no meio artístico, tive as minhas primeiras relações lésbicas", conta Raquel descontraidamente: "Não quero casos. Quero definitivamente estar com alguém que seja minha e eu dela. Não sei se será um homem ou uma mulher, também não me preocupa. Gostar é simplesmente gostar."
Ruben Santos, o rapaz que também não sabe se é ou não homossexual, tem a teoria de que todas as pessoas, se pudessem, seriam 'bi' e acredita que só não são por uma questão de educação. "Como é que uma pessoa pode dizer sim ou sopas se não experimentou?", interroga. "Se temos várias opções, porquê aceitar uma só?" Excluir, logo à partida, a possibilidade de atração por pessoas do mesmo sexo pode ser uma construção. "Para um rapaz, custa muito aceitar. Cheguei a ter nojo de mim. Fazia-me confusão a ideia de uma relação estável ou de envelhecer ao lado de um homem. Agora, embora ainda sinta algum medo desse quotidiano, já não penso tanto nisso."
Marta, que em breve irá para a universidade e tem ideias muito próprias sobre o amor, conta que nunca se sentiu excluída ou posta de lado quando está com uma rapariga. Os amigos todos sabem e aceitam. Afirma que na sua geração é normal nos liceus os casais homo andarem abraçados: "Ninguém liga. Nem os professores."
Ruben, apesar das dúvidas, por agora não lhe interessa pensar em escolhas. Neste momento, namora com um rapaz. Mas sabe que quer ter filhos seus. E não é só isso: "Gosto do masculino e do feminino. De proteger e de me sentir protegido quando me deito num abraço", reflete.
"A bissexualidade é a zona invisível", diz Joana, a terapeuta. "A ânsia de sabermos o que somos, de nos definirmos, tem a ver com a eterna necessidade de tentarmos perceber porque nos apaixonamos por A ou por B. Nunca sabemos porque nos apaixonamos, e mesmo para a ciência continua a ser um grande mistério.”

* - Pedro Frazão, psicólogo clínico, especializado em questões de género, concorda que, entre todas as orientações sexuais, a bissexualidade é a mais difícil de definir. "Na comunidade académica e científica era entendida como uma imaturidade. A partir do Relatório Kinsey publicados entre 1948 e 1953, a nossa sexualidade começou a ser observada como um mapa que se vai construindo e delineando ao logo da vida, sobretudo no percurso das mulheres", afirma o psicólogo. "É um dado que a sexualidade feminina é mais complexa, e nas mulheres a orientação sexual decorre com maior fluidez do que nos homens."

E não me perguntem bem porquê, mas achei nada descabida, e até bastante oportuna a inclusão nesta postagem do conhecido vídeo dos R.E.M. "Everybody Hurts"

segunda-feira, 2 de abril de 2012

"António & Miguel"

Tenho plena consciência que esta postagem vai agradar apenas a uma restrita franja de quem me segue.
Há muito, tenho em "stand by" estes dois vídeos, que no seu conjunto, mostram um bailado apresentado em 2000 em publico, com coreografia de Miguel Pereira e interpretação do próprio e de António Tagliarini e tenho hesitado em publicá-lo aqui ou não; a hesitação não é motivada, pelo facto da nudez dos corpos, pois é uma obra que nada tem de pornográfica ou mesmo de provocadora.
A hesitação deve-se ao restrito número de apreciadores deste tipo de bailado, integrado no bailado contemporâneo, por vezes de muito difícil assimilação.
Miguel Pereira é um bailarino e coreógrafo com provas dadas no mundo do bailado e ousou ser ele próprio nesta que talvez seja a sua peça mais representativa. 
Esta peça é uma reflexão sobre o espectáculo, sobre a criação e sobre o intérprete enquanto intermediário da obra. É um trabalho de evocação a outros criadores que influenciaram o nascimento desta peça e que questionam a pertinência do próprio espectáculo. Uma grande ambiguidade entre o verdadeiro e falso está profundamente inscrita em "António & Miguel".
Se bem que o espectáculo seja apresentado como "de dança", e seja da dança que vêm ambos estes criadores, trata-se essencialmente de uma performance.
Apesar destes considerandos, é uma peça fundamental da história da dança contemporânea em Portugal.

O segundo vídeo é bastante mais interessante que o primeiro ( para os que acharem que "isto" é chato).



sexta-feira, 9 de março de 2012

Shame no more

Se a realidade fosse assim ? Interessante pensar de forma empatica, como se os problemas alheios fossem os nossos problemas.

sábado, 3 de março de 2012

"Earth Song"

Há quem seja de opinião de que o melhor clip de Michael Jackson é o "Thriller"; mesmo há quem o eleja o melhor clip musical de sempre.
Não pondo em causa o valor e mérito do referido clip, peço perdão mas prefiro este, por tudo o que mostra e principalmente pelo que nos faz pensar: um assombro.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"uncertain"


"uncertain" relates the drowsy-dream of a teenage boy who has taken an overdose of pills to end his life. Driven on an open-field road, Anson slowly wakes up to realize he does not know where he is or where is being taken. Only when he meets a man in the middle of a prairie does he recall his suicide attempt caused by the social aggression he’s suffered at school.
“uncertain” is a video response to the deaths of Carl Joseph Walker-Hoover, Eric Mohat and Jaheem Herrera in April 2009. All three teenagers and numerous more across the country are choosing to end their lives unable to enduring the physical attacks and gay slurs they face on a daily basis at their respective schools and communities.

This short video project does not intend to answer any specific questions, instead it is inviting viewers to participate in a constructive conversation by asking questions regarding teen suicide, school bullying and GLBTQ issues. This online forum also encourages parents, educators and young people to share their experiences, whether it’s the loss of a loved one or the bodily and verbal abuse they are suffering.

3 nationally renowned non-profit organizations focusing specifically on suicide prevention, youth outreach, and education to ensure safe schools are lending their support and resources to help us better understand and positively affect the lives of those individuals who need our support.

In collaboration with The Trevor Project, Teen Line, and Hope Line.

“uncertain” is a student-made project at the University of Texas at Dallas. Written, edited and directed by Luis Fernando Midence.

Winner Best Movie at 2010 UTD Cosmic Film Festival. Official selection 2010 Dallas International Film Festival and Awareness Fest: Heal One World in California.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ansiedade


Ando a passar um mau bocado, psicologicamente.
A idade não ajuda e as constantes “mazelas” provocam-me algum desconforto, mais emocional do que propriamente físico. Sinto-me amolecido e algo amedrontado com as leis da vida que se vão fazendo sentir; sei que grande parte da culpa é minha, pois devia ter a força de vontade suficiente para reagir e começar a mudar de vida. Estava a começar a habituar-me a um ritmo novo, com a inscrição num curso de educação física para pessoas como eu, e embora custoso, estava entusiasmado; ao mesmo tempo comecei a caminhar todos os dias e assim andava, quando me apareceu a tendinite que me impossibilita a frequência da  ginástica, e por arrasto me levou de novo a esta deprimente letargia.

Por outro lado esta já tão prolongada separação do Déjan (já vai em três meses e meio) e pior que isso, a impossibilidade de ter uma data assente para o novo encontro, tem-me levado a um estado de ansiedade que se reflecte no nosso relacionamento nos últimos tempos. Não está em causa, e nunca estará, o futuro dos nossos sentimentos de um para com o outro; antes pelo contrário, mas por vezes vemo-nos como que num beco sem saída em que cada um pensa que está a ser causador de alguma infelicidade ao outro.
Amo o Déjan, com toda a minha alma e sei que da mesma forma sou amado; mas falta-nos a aproximação mais frequente, o carinho de um afago, enfim aquelas coisas que quem ama conhece bem.
Espero que em breve tudo se resolva pelo melhor, pois eu e ele precisamos disso, como de pão para boca.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

P.D.I.

Pois é...saio de uma e logo entro noutra...
Agora é daquelas chatas, que mais que doer, incomoda e não é fácil de passar rapidamente.
Estou com uma tendinite no cotovelo direito, isto é uma inflamação naquelas "coisas" que existem junto aos dois ossos do braço e do antebraço: o radio e o cúbito. 

É mais incomodativo que doloroso, e como sou um utilizador quase a 100% do meu braço direito, qualquer pequeno esforço do dia a dia, custa-me.
A minha médica receitou-me uma pomada analgésica e anti inflamatória, já a pus sem resultados, já experimentei uns pensos largos que também são anti inflamatórios e agora estou no Voltaren Gel, mas sempre sem grandes progressos.
Já me disseram tanta coisa que estou assustado: ter que fazer uma infiltração (já fiz uma num calcanhar e vi estrelas ao meio dia), andar com o braço ao peito, etc e tal.
Mas algo tenho que fazer, pois tem consequências negativas nesta doença - usar menos ou mesmo deixar de utilizar o computador e isso para mim é terrível.
Tenho diminuído o tempo aqui passado, mas mesmo assim continuo a ser computo-dependente.
Portanto,não estranhem alguma menor intensidade nos comentários aos vossos blogs, mas que continuarei a seguir e a comentar quando me pareça interessante...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dois textos de um leigo - 1 - Europa

Em dois textos vou analisar, na minha perspectiva, que é apenas a de um leigo que gosta de saber o que se passa no mundo e principalmente no seu país, a actual situação económica na Europa (EU) e em Portugal, em particular. Começo pela situação europeia e de seguida num próximo texto falarei do contexto português.
A Europa cada vez mais se confunde com a União Europeia, a chamada Europa dos 27, que no próximo ano serão 28, com a adesão da Croácia (mais um fiel aliado dos alemães); realmente, apenas não estão nela integrados, a Islândia, Suiça, Noruega (belíssima opção do povo norueguês), estados minúsculos, alguns países balcânicos, a Rússia e alguns estados da ex URSS e ainda a Turquia (porque a Alemanha não deixa). De resto, todos os outros estados pertencem à EU, embora o “clube do euro” seja mais restrito, pois há apesar de tudo, políticos um pouco mais espertos que outros.


Tem-se vindo a acentuar de há uns largos anos a esta parte, a preponderância do eixo franco-alemão nesta coligação de Estados, mas nunca como hoje, em que este eixo está totalmente desequilibrado, pois Sarkozy é um político medíocre e pouco esperto, ao passo que a senhora Merkl é uma política também medíocre, mas astuta.

Convém fazer aqui um parêntesis sobre a Alemanha como país desde quase o início do século XX até hoje: país derrotado das duas únicas guerras mundiais, sempre soube “dar a volta”, devido a dois factores – a inegável capacidade de trabalho do seu povo, e a eficácia dos seus políticos, mesmo que para o mal (caso Hitler); depois da Segunda Guerra Mundial, foi devido ao Plano Marshall,


que políticos como Adenauer, recuperaram a então Alemanha Ocidental (RFA) e a transformaram, progressivamente numa grande potência económica;
recuperaram a então Alemanha Ocidental (RFA) e a transformaram, progressivamente numa grande potência económica; a Alemanha de Leste (RDA) nunca passou de mais um aliado da URSS e apenas dava cartas no desporto e na ciência. Com a ajuda ocidental, uma vez mais, e aproveitando a abertura dos tempos de Gorbachev e da sua “perestroika”, o então chanceler alemão Helmut Kholl reunificou de novo a Alemanha em 1990.
De então para cá a Alemanha não tem parado de crescer economicamente e detém hoje posições muito fortes na EU devido essencialmente a essa sua solidez económica.
Com a chegada ao poder do primeiro chanceler alemão oriundo da antiga RDA, Ângela Merkl e principalmente devido à crise económica mundial iniciada em 2008, que lesou essencialmente as economias mais débeis da EU, (que incluem, é claro, Portugal), a Alemanha chamou a si a resolução dos problemas económicos da EU e principalmente da zona euro, beneficiando aqui da ausência do Reino Unido, e começou a ditar leis, coadjuvado por esse fantoche que é Sarkozy. As consequências não se fizeram esperar e a Irlanda, a Grécia e Portugal (tarde demais),três dos chamados PIIGS
tiveram que pedir a ajuda económica internacional. Curiosamente, um país que teve enormes problemas económicos, soube resolvê-los a contento, precisamente por estar fora da EU e consequentemente da zona euro – a Islândia.
Esta dependência económica externa por parte dos três países atrás referidos tem provocado sucessivas ondas de austeridade, que não têm surtido qualquer resultado, pois esquecem de todo o crescimento económico, que é fundamental, quer na Grécia, quer em Portugal, pelo menos; a eminência de situações idênticas noutros países, (Espanha, Itália, Áustria, Bélgica e até a França) têm levado também nesses países à imposição de medidas de austeridade e não se sabe o que mais aí virá, podendo até voltar-se o feitiço contra o feiticeiro, e vir, mais tarde a própria Alemanha a ser atingida.
É que a senhora Merckl pode comandar a Europa comunitária, mas não controla algo mais forte e que é a essência de toda esta situação, que são as agências de rating, ou seja as agências comandadas pelos grandes bancos mundiais e também grandes empresas multinacionais que classificam o risco de investimento não só nos países, mas também nos bancos, empresas e municípios, seus clientes (sim, pois para se ser “classificado” por essas agências, paga-se). E há quem pense que uma nova ordem mundial estará a formar-se por via económica, o que equivale, com o devido distanciamento, quase a uma nova guerra mundial.
A Europa, essencialmente por falta de políticos capazes, está economicamente moribunda, mas ainda há o descaramento de se exigir, por imposição alemã (evidentemente) uma uniformidade no caso do deficit da dívida pública, que não deverá exceder, a curto prazo os 3% do PIB de cada país, o que leva a situações quase utópicas, comparando economias como por exemplo a alemã e a portuguesa.
E, o descaramento atingiu as raias do absurdo, quando há dois dias essa mesma governante
ousou propor o perdão da dívida grega caso a Grécia fosse supervisionada na sua política orçamental pela própria EU, o que levou o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos a afirmar, com toda a razão, uma frase que deve ser registada como histórica: “Alguém que coloque uma nação perante o dilema de uma «ajuda económica» ou a sua dignidade nacional, ignora algumas lições fundamentais da História”.
Felizmente e como se esperava, esta sugestão vergonhosa foi recusada liminarmente na reunião da EU que ontem terminou, e que nada trouxe de novo, no que toca a resoluções práticas.
Uma coisa é certa, e disso poderão os países agora “cercados” fazer uso: a bancarrota de um país pertencente à zona euro acarretará, a muito curto prazo, o fim do euro, como moeda única. Pelo menos isso…







Adenda: Deixei na caixa de comentários desta postagem um interessante texto sobre a dívida alemã à Grécia (não estou a ironizar).


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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os "Mercados" e os seus "agentes...

Talvez que com a leitura deste excelente artigo, se perceba melhor a chamada “Crise dos Mercados”:

«Agora está claro: não existe, no interior da União Europeia, nenhuma vontade política de enfrentar os mercados e resolver a crise. Até há pouco, atribuiu-se a lamentável actuação dos dirigentes europeus à sua desmedida incompetência. Mas esta explicação, ainda que correcta, não basta, sobretudo depois dos recentes “golpes de Estado financeiros” que puseram fim, na Grécia e na Itália, a certa concepção de democracia. É óbvio que não se trata só de mediocridade e incompetência, mas de cumplicidade activa com os mercados.

A que chamamos “mercados”? A este conjunto de bancos de investimento, companhias de seguros, fundos de pensões e fundos especulativos (hedge funds) que compram e vendem essencialmente quatro tipos de activos: moedas, acções, papéis da dívida dos Estados e produtos derivados dos três primeiros.

Para ter ideia da sua força colossal, basta comparar duas cifras: em cada ano, as empresas de bens e serviços criam, em todo o mundo, uma riqueza estimada (se medida pelo PIB) em cerca de 45 biliões (milhões de milhões) de euros. Ao mesmo tempo, em escala planetária, os “mercados” movem capitais avaliados em 3.450 biliões de euros. Ou seja, setenta e cinco vezes o que produz a economia.

Consequência: nenhuma economia nacional, por poderosa que seja (a da Itália é a oitava do mundo), pode resistir aos assaltos dos mercados quando estes decidem atacá-la de forma coordenada, como estão a fazer há mais de um ano contra os países europeus depreciativamente qualificados como PIIGS [porcos, em inglês]: (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha).

O pior é que, ao contrário do que se poderia pensar, estes “mercados” não são unicamente forças exóticas, vindas de algum horizonte distante para agredir as nossas gentis economias locais. Não. Na sua maioria, os “atacantes” são os nossos próprios bancos europeus (estes mesmos que foram salvos, com o nosso dinheiro, pelos Estados, na crise de 2008). Para dizer de outra maneira, não são apenas fundos norte-americanos, chineses, japoneses ou árabes os que estão a atacar maciçamente alguns países da zona euro.

Trata-se essencialmente de uma agressão de dentro, dirigida pelos próprios bancos europeus, as companhias europeias de seguros, os fundos especulativos europeus, os fundos europeus de pensões, as instituições financeiras europeias que administram as poupanças dos europeus. São eles que possuem a parte principal da dívida dos Estados. E que, para defender em teoria os interesses dos seus clientes, especulam e obrigam os Estados a elevar as taxas de juros que pagam, a ponto de levar vários (Irlanda, Portugal, Grécia) à beira da falência. Com o consequente castigo para os cidadãos, que devem suportar medidas “de austeridade” e brutais ajustamentos decididos pelos governos europeus para “acalmar” os mercados-abutres – ou seja, os seus próprios bancos.

Estas instituições, além de tudo, conseguem facilmente dinheiro do Banco Central Europeu a 1,25% de juros, e emprestam-no a países como Espanha ou Itália a… 6,5%. Daí a importância escandalosa das três grandes agências de avaliação de riscos (Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s): da nota que atribuem a um país, depende o nível dos juros que este pagará para obter um crédito dos mercados. Quanto mais baixa a nota, mais altos os juros.

Estas agências não apenas costumam equivocar-se – em particular na sua opinião sobre as hipotecas subprime [de segunda linha] norte-americanas, que deram origem à crise actual – mas desempenham, num contexto como o de hoje, um papel perverso e execrável. Como é óbvio que todos os planos “de austeridade” de cortes de direitos e ataque aos serviços públicos irão traduzir-se em queda do índice de crescimento, as agências baseiam-se nisso para rebaixar a nota do país. Consequência: este deverá reservar mais dinheiro para o pagamento da sua dívida. Dinheiro que precisará obter cortando ainda mais o orçamento. Provocando queda inevitável da actividade económica e das próprias perspectivas de crescimento. E então, de novo, as agências rebaixarão a sua nota.

Este ciclo infernal de “economia de guerra” explica porque a situação da Grécia se foi degradando tão drasticamente, à medida que o seu governo multiplicava os cortes e impunha uma férrea “austeridade”. De nada serviu o sacrifício dos cidadãos. A dívida da Grécia baixou ao nível dos “títulos lixo”.

Deste modo, os mercados obtiveram o que queriam: que os seus próprios representantes cheguem ao poder, sem precisar submeter-se a eleições. Tanto Lucas Papademos, primeiro-ministro da Grécia, quanto Mario Monti, presidente do Conselho de Ministros da Itália, são banqueiros. Os dois, de uma maneira ou de outra, trabalharam para o banco norte-americano Goldman Sachs, especializado em colocar os seus homens nos postos de poder. Ambos são, também, membros da Comissão Trilateral.

Estes tecnocratas planeiam impor — custe o que custar socialmente e nos marcos de uma “democracia limitada” — as medidas que os mercados exigem (mais privatizações, mais cortes, mais sacrifícios) e que alguns dirigentes políticos não se atreveram a tomar, por temerem a impopularidade que tudo isso provoca.

A União Europeia é o último território no mundo em que a brutalidade do capitalismo é mitigada por políticas de protecção social. Isso que chamamos “estado de bem-estar”, os mercados já não toleram e querem demolir. Esta é a missão estratégica dos tecnocratas que chegam ao centro do governo graças a uma nova forma de tomada de poder: o golpe de Estado financeiro. Apresentado, é claro, como compatível com a democracia…

É pouco provável que os tecnocratas desta “era pós-política” consigam resolver a crise. Se a sua solução fosse técnica, já teria sido adoptada. Que se passará quando os cidadãos europeus constatarem que os seus sacrifícios são em vão e que a recessão se prolonga? Que níveis de violência os protestos alcançarão? Como se manterá a ordem na economia, nas mentes e nas ruas? Haverá uma tripla aliança entre o poder económico, o mediático e o militar? As democracias europeias converter-se-ão em “democracias autoritárias”?»

- Artigo publicado em Le Monde Diplomatique em espanhol, traduzido por António Martins para Outras Palavras, revisto por Carlos Santos para esquerda.net
Esqueceram-se que aqui já temos o "agente" a trabalhar, o Gasparzinho...

Este texto foi enviado, como a minha participação para  o tema mensal da "Fábrica de Letras" - a crise!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Judeus ortodoxos

Na minha última viagem, e na escala em Londres, já no regresso, enquanto aguardava, no aeroporto de Lutton, a chamada para o “boarding”, cruzei-me com uma enorme quantidade de judeus ortodoxos, com os seus originais trajes negros, o seu cabelo caindo em caracóis e os seus enormes chapéus, pois havia dois voos programados na mesma altura para Telavive; curiosamente quase todos muito jovens, quase imberbes, acompanhados das suas jovens (e bonitas) mulheres e de vários filhos para quem é tão jovem. As mulheres também respeitando no vestuário as suas convenções a esse respeito
Veio-me à lembrança um filme recente sobre a relação homossexual entre dois judeus ortodoxos, de idades diferentes, um casado e outro solteiro, e do qual gostei muito.
Trata-se de “Eyes Wide Open”  2009, de  Haim Tabakman .
Sucede que estou a meio da leitura de um de vários livros que comprei no foyer do cinema S.Jorge, quando do festival de cinema "Queer Lisboa", por tuta e meia; trata-se de “Martin Bauman; ou Uma Presa Segura” de David Leavitt (custou-me um euro e meio). Deste autor já havia lido antes “A Linguagem Perdida dos Guindastes” e “Florença – Um Caso Delicado”, da colecção “O Escritor e a cidade”. Sucede que estou a gostar muito do livro, que não trata de assuntos religiosos, mas sim da vida de um jovem escritor americano (será auto-biográfico?), mas que a uma certa altura, nos apresenta uma personagem, Sara, que professa a religião em causa. E achei uma delícia o pequeno diálogo que aqui transcrevo e que faz a ligação ao tema desta postagem:

“Foi aí que lhe confessei, numa quinta-feira à noite, que era gay. Ela permaneceu muda e queda.
-Mas aposto que não há gays judeus ortodoxos, pois não? – perguntei, em tom de desafio.
- Claro que há.
- E como é que conciliam a sua vida sexual com a religião?
-Bem - explicou Sara - aqueles que eu conheço, como as escrituras dizem que não se podem deitar com outro homem, fazem-no de pé.”

Finalmente e para aguçar o apetite pelo excelente filme atrás referenciado, aqui deixo algumas imagens e o tema musical do mesmo

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Um Homem Sem Importância"

Ontem, vi um filme de 1994, que me “encheu as medidas”.
Trata-se de “Um Homem Sem Importância” (A Man Of No Importance), de um realizador de que nunca tinha ouvido falar, Suri Krishnamma, especializado mais em séries televisivas e passado no início dos anos sessenta do século passado, em Dublin.
Como se sabe, Dublin foi o berço de um dos maiores vultos da literatura moderna, Óscar Wilde, e este filme é, de uma certa forma, ao longo da sua história, uma homenagem ao grande dramaturgo e homem de letras, que foi Wilde, e até o título tem algo a ver com uma das suas mais conhecidas obras – “A importância de se chamar Ernesto”.
Também é conhecida a outra faceta de Wilde, a sua homossexualidade e toda a tragédia que sobre ele se abateu nos últimos anos de vida.
Neste filme, o protagonista é um revisor de uma carreira de autocarros urbana, numa Dublin, muito conservadora, católica e demasiado pachorrenta. É um homem de meia idade, devotado às letras, principalmente poesia e teatro, tendo OW como grande mentor, e que é um homossexual não assumido, tendo uma paixão platónica pelo condutor do autocarro em que ambos trabalham, um atractivo jovem, a quem chama afectuosamente Bosie, o jovem amante de Wilde.
Com os habituais utentes da carreira onde trabalha, cria laços de amizade e estes, homens e mulheres de meia idade e pouca cultura gostam dos seus poemas e colaboram com ele na montagem de peças de teatro.
O nosso amigo resolve montar uma peça, mais ousada, de Wilde (obviamente), “Salomé”, desafiando assim o meio conservador em que está integrado; encontra numa nova e bonita passageira da carreira a intérprete ideal, pura aos seu olhos e a quem chama princesa.
Mas nem tudo é o que parece, nem tudo é como se quer: devido à descoberta da realidade da vida da sua “princesa” e depois de ver o seu platónico apaixonado beijar uma jovem, o protagonista resolve assumir-se como é realmente e assume a personagem real de Wilde, publicamente e sofre as naturais consequências. Acaba com uma réstia de esperança ao ver o regresso do seu Bosie, para junto de si, e ao ver o apoio dos seus amigos de sempre.
Para desempenhar este papel foi escolhido um dos grandes actores ingleses, Albert Finney, que tem aqui uma interpretação fabulosa, bem acompanhado por outros dois conhecidos nomes: Brenda Fricker e Michael Gambon.
Escolhi apresentar dois vídeos, o trailer e uma cena, para mim, a melhor do filme, em que Finney mostra o extraordinário actor que é, quando recita uma conhecida fala de Óscar Wilde ("love that dare not speak its name").

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

15º.Queer Lisboa (1º.Balanço)

O festival vai a meio e é altura para fazer um primeiro balanço.
A sessão de abertura teve um filme à altura, pois tendo este festival como tema a transgressão, poucos filmes poderiam representar esse tema como  "Uivo" (Howl), de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, com James Franco no papel do poeta Allen Ginsberg - este filme estreia quinta feira no circuito comercial; casa cheia, noite muito agradável sob todos os aspectos.
Dos filmes seleccionados para a melhor longa metragem de ficção, vi até agora cinco, e todos eles com motivos de interesse: "Looking for Simon", uma produção franco-germânica sobre um jovem desaparecido que a mãe procura na companhia do seu ex-namorado; o chileno "Mi último round" sobre a vida de um pugilista e do seu jovem amante, passado numa Santiago cinzenta e chuvosa, triste como o filme, mas com interesse pois não entra nos clichés dos filmes gay; o tão esperado "Ausente", um filme argentino, de que gostei francamente sobre a situação entre um aluno e o seu professor de educação física, que vão jogando ao "gato e ao rato" no seu relacionamento (um caso interessante de debater será se a homossexualidade do professor só se manifesta perante a situação causada ou se já havia antecedentes); um filme alemão, ao mesmo tempo divertido e muito sério sobre o problema da mudança de género - "Romeos", e finalmente o filme deste grupo que mais me seduziu: "Rosa Morena", um co-produção entre o Brasil e a Dinamarca, que relata a ida a S.Paulo de um homossexual dinamarquês a fim de comprar um bebé para adoptar, de uma rapariga grávida que se torna um problema difícil. Não é um filme de tema LGBT, mas sim um drama que tem uma personagem gay - é um filme terno e duro, que para mim será um forte candidato a ganhar o festival

Quanto a documentários, vi um muito interessante filme alemão "Silver Girls". sobre a vida de três prostitutas berlinenses e a forma muito natural como encaram a sua profissão mostrando o seu dia a dia e até a sua vida familiar: um  outro filme com interesse, "Mia, a japonese icon", um dos artistas de entretenimento japoneses mais conhecidos; e um filme tailandês, verdadeiramente mau,"The Terrorists".
Vi um filme da secção especial, que gostei bastante, "FIT", sobre uma turma de dança que se torna numa quase terapia para alunos desadaptados no que respeita à sua homossexualidade ou à forma como a vêem.
Ainda antes de falar nas curtas metragens,uma palavra para um longo e chato filme porno americano, que não aguentei até ao fim - "Leave Blank" e outra para um dos melhores momentos do festival: a peça da companhia espanhola "Sudhum Teatro" que se chama "Silenciados", com cinco magníficos intérpretes, e que representam o assassinato de cinco tipos de pessoas, pelo preconceito contra a homossexualidade - um prisioneiro gay num campo de concentração nazi, um activista LGBT, uma transsexual, um católico gay, cheio das contradições entre sexualidade e religião, e um jovem vítima de bullyng.
Uma encenação simples , mas muito conseguida e a inserção de conhecidas músicas muito oportunamente.
Eis um vídeo sobre esta peça

Finalmente, as curtas metragens, das quais poucas vi ainda, tendo gostado muito de uma que já conhecia "Blokes" da Argentina, de uma bastante má, brasileira, "Duelo",;de uma sofrível alemã,"Beardead Man", de uma idiota israelita, "The Wanker"; e de uma estreia do português Luís Assis com o sua interessante "10 Dias (sem bater)".
Guardo para o fim, o momento mais transgressor deste festival: a curta de animação "Judas & Jesus", que é tudo menos um filme gay, mas é verdadeiramente "hard", e que justifica plenamente o aviso para adultos no início do blog. (um aviso - se tiver algum preconceito para algo que atente contra a religião é melhor não ver o vídeo); mas se o vir vai-se rir com certeza...



No final do festival,cá estarei com mais novidades.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Uma frase e uma foto...

Uma frase belíssima
e uma foto de homem muito belo, para desanuviar a segunda feira e o regresso ao trabalho de muita gente

E atenção à música...




sábado, 27 de agosto de 2011

Eu não vou boicotar o semanário "Sol"

É com este título que Helena Araújo diz da sua justiça no blog "Dois dedos de Conversa", acerca das polémicas e infelizes considerações do director do semanário "Sol", sobre o caso do divórcio de um casal do mesmo sexo e já amplamente divulgado.
Aqui vai o texto de HA:
"Recebi no facebook um convite para boicotar o semanário Sol devido a este texto de António José Saraiva.
Não o vou fazer, por duas razões:
- nunca comprei o semanário Sol, pelo que dizer agora que o vou boicotar era uma grande piada para a
 insider que há em mim;
- a liberdade de expressão existe para promover o debate de ideias - e é o debate que nos faz avançar.

Ora então, por partes:

1. À data em que este artigo de opinião foi escrito, o casamento de pessoas do mesmo sexo já era permitido na Holanda há dez anos, na Bélgica há oito, em Massachusetts (EUA) há sete, na Espanha e no Canadá há seis. Nos últimos cinco anos, muitos outros estados se juntaram a essa lista. Em Portugal, a respectiva lei foi aprovada há mais de um ano - e após um intenso debate.
 

Ou seja: hoje em dia, qualquer pessoa minimamente informada que leia sobre um casal em que ambos os cônjuges têm nomes masculinos, não precisa de ler segunda vez para verificar se leu bem. Pode concluir logo à primeira leitura que se trata de um casal de pessoas do mesmo sexo.
 


2.
 "Separado? Mas os gays, que travaram uma luta tão grande, tão longa e tão dura para poderem casar-se, separam-se afinal com a mesma facilidade dos outros casais? Não seria normal que, pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares, até para provarem aos opositores que as suas convicções eram fortes e sua luta era justa?"

Sim, os gays separam-se afinal
 com a mesma facilidade dos outros casais. O que está em causa é a igualdade: o direito de casar, e o direito de se separar com a mesma facilidade dos outros casais.
(nesta frase, gosto especialmente da palavra "facilidade" - não fazia ideia que os casais heterossexuais se separavam com facilidade, o que pressupõe uma certa leviandade na decisão de casar - e eu a pensar que os heterossexuais levavam essa instituição muito a sério!)

E não, não seria normal que,
 pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares. Um casamento não é uma bandeira, é um acto fundado no amor. Se a relação não funciona e não se lhe vê futuro, o mais normal é que se desfaça o casamento: por respeito a si próprio, ao outro membro do casal e até à própria instituição.
Surpreende-me que alguém sequer imagine que se possa prolongar o vínculo do casamento por motivos exteriores à relação, mascarando e pervertendo a sua verdade.


3.
 "Acresce que um dos membros do ‘casal’, Jorge Nuno de Sá, na altura deputado, pessoa com alguma notoriedade social, ao assumir o risco de tornar pública a sua homossexualidade e o seu amor por um homem, parecia querer dizer a todos que a decisão de se casar fora devidamente amadurecida. Ora, depois disso, qual o sentido de se separar ao fim de meia dúzia de meses?"

Acontece nas melhores famílias. Alguém precisa de exemplos?
 


4.
 "Mas a leitura de mais pormenores sobre o ‘casal’ ajuda a lançar alguma luz sobre a história. O ainda marido (ou mulher?) de Nuno de Sá é um massagista de nacionalidade venezuelana, de nome Carlos Eduardo Yanez Marcano (e não Maceno como dizia o DN), com menos 10 anos do que ele. Perante este bilhete de identidade, compreendem-se melhor as zangas, as agressões – e finalmente a lavagem de roupa suja na praça pública."

Depois do conselho às raparigas portuguesas para pensarem duas vezes antes de casar com muçulmanos, vem o conselho aos rapazes portugueses para que pensem duas vezes antes de casar com estrangeiros 10 anos mais novos e com profissões mal remuneradas. Atentem no aviso que vos é feito: podem meter-se num monte de sarilhos!
Caramba, está cada vez mais difícil escolher a pessoa certa e infalível para casar.
Agora, a sério: não caia na tentação de generalizar, José António Saraiva. Não venha com insinuações sobre os sul-americanos de baixos rendimentos que são mais novos que o parceiro. Olhe que o Ben Kingsley pode não achar muita graça.
 


5. Que nome dar a um dos elementos de um casal de homens: marido ou mulher? É uma questão complicada, reconheço, porque nos habituámos a dizer casamento-marido-mulher, e agora é preciso construir novos troços nas auto-estradas dos neurónios. Boas notícias para todos: consta que essas obras nas auto-estradas cerebrais são um óptimo exercício para prevenir o Alzheimer.
Quanto ao mais, esclareça-se que um marido é um cônjuge do sexo masculino. Não há que hesitar.
 
Porquê chamar-lhe mulher? Um homem não é uma mulher (sim, eu sei: foi a lapalissade do dia). Pese embora a polissemia do termo "mulher", parece-me que dizer que um homem é a mulher de outro comporta o seu quê de chacota e humilhação premeditadas, atitudes que convinha evitar nos discursos que se pretendem construtivos, respeitadores e pacíficos.
Porque (cá vamos nós fazer uma pequena revisão da matéria dada) a Democracia defende a liberdade de expressão não para que cada um diga tudo o que lhe apetece, mas para que as suas ideias possam enriquecer o debate público e alargar os horizontes da sociedade. Esse direito pressupõe a aceitação dos princípios básicos da mesma Democracia, nomeadamente o respeito pela dignidade do ser humano.
 


6.
 "As palavras que usamos têm um significado que o tempo e o uso foram consolidando – e ‘casamento’ na nossa civilização quer dizer a união entre um homem e uma mulher, ou seja, o acto fundador de uma família. Querer que a palavra tenha outros significados é uma aberração que põe em causa as próprias referências do meio em que vivemos."

O significado das palavras não é imutável. O tempo e o uso tanto consolidam como transformam. Na nossa civilização (atenção: já vamos na segunda década do séc.XXI) o casamento está cada vez mais assente no aspecto afectivo.
Olhemos para a História, observemos como foi evoluindo o modo como a sociedade entende esta instituição. Porquê parar algures em meados do século passado, porquê recusar à sociedade o direito de se continuar a transformar? Concretamente: se nos nossos dias o elemento fundador do casamento é o amor, porquê recusá-lo aos casais do mesmo sexo?
Olhemos também para as contradições do nosso presente: o casamento (heterossexual) é muitas vezes usado para fins diferentes daqueles que se diz serem a sua essência, o que põe em causa as
 referências do meio em que vivemos. Pensemos no casamento tipo golpe do baú, no casamento entre o estudante de vinte anos e a velhota que lhe subaluga o quarto, no casamento para sair finalmente da casa dos pais... 


7.
 "(...) não é necessário pôr em causa as nossas referências nem baralhar os nossos pobres espíritos.
Nem – já agora – complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar se estará certo dizer ‘o ex-marido de Jorge Nuno de Sá’."


"baralhar os nossos pobres espíritos" e "complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar"
Homem, porque não avisou logo no princípio

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Excitante????


Há tempos vi num blog de um amigo esta foto, e comentei que ela, não sabendo bem porquê, me excitava. E mantenho a afirmação.
Proponho um desafio: será que esta imagem te excita? E em caso afirmativo, porquê?