Finalmente, a lei há tanto tempo esperada foi aprovada.
O povo está agradecido para sempre a essa heróica mulher - Carolina Salgado!
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Pessoal e transmissível
Desde que começou a sair a revista “Time Out”, já por três vezes utilizei sugestões que aí encontrei, não para os filmes de estreia, peças de teatro nos palcos mais conhecidos, concertos há muito anunciados ou exposições nos sítios do costume; apenas referências pequenas, difíceis de encontrar noutros locais.
Assim, fui ver a exposição “Zoolywood”, que aqui referi em recente post; mas antes disso fui a um espaço que desconhecia em absoluto, num 1º.andar em frente ao Conservatório, ao Bairro Alto, e que tem o curioso nome de “Bomba Suicida”, onde há espectáculos alternativos, e onde assisti a uma peça de bailado, “Narciso”, com coreografia e interpretação de Filipe Viegas, sendo o palco uma pista de dança quase vazia, apenas com um dançarino, na sua tentativa de agradar, de conquistar tudo e todos; o público segue-o através dos seus passos de dança, e ele avança para uma exposição mais erótica ou porno provocadora. O exibicionismo, que vai entre o degradante, o íntimo ou o enternecedor é uma última tentativa de captar o desejo/amor do público, que o vê expor-se. Talvez até à alma. “Narciso” é uma peça sobre a solidão. Infelizmente já não está em exibição.
Esta tarde foi a vez de ir ao Teatro Maria Matos, assistir a um “bailado”, coreografado por Paulo Ribeiro, nome que não necessita apresentação no panorama da dança em Portugal.
Um quarteto de intérpretes masculinos protagonizam “Masculine”, uma peça intensa, quase febril, capaz de levar fàcilmente o público ao riso ou às lágrimas e que gira à volta do que aproxima esses intérpretes da “pessoa” de Fernando Pessoa.
Miguel Borges, Peter Michael Dietz, Romeu Runa e Romulus Neagu são os intérpretes de um espectáculo, com um ritmo avassalador, e que não encaixa bem, numa só nomenclatura, pois sendo essencialmente dança ( e que bem dançam os quatro intérpretes), tem também teatro, pantomina e tem...Fernando Pessoa, em todos os seus “eus”.
Termina com uma admirável sequência de sobreposição de corpos ao som do “Bolero” de Ravel, onde não falta alguma erotização. Enfim, um espectàculo imperdível, mas que, não entendo bem porquê, esteve apenas em cena, sábado à noite e domingo à tarde.
Nos meus tempos de universidade, era hábito fazer umas rondas por várias livrarias, não só às mais conhecidas, no Chiado, como a outras, mais pequenas e estratégicamente situadas, perto do Campo Grande ou na Rua da Escola Politécnica.
Nestas últimas, mais frequentadas por estudantes, havia sempre uns “caixotes”, bem arrumadinhos no sotão, aos quais não era difícil aceder, e onde se encontravam os livros proíbidos pela censura, que naturalmente não poderiam ter exposição pública. Ir ao “caixote” era um hábito e um bom hábito, pois quantas preciosidades por lá encontrei, folheei, li e adquiri.
Vem isto a propósito de uma colecção de 50 livros, que compunham a colecção “Cadernos D. Quixote”, da editora de mesmo nome, e que eu, em boa hora, resolvi assinar; assim, à data da sua publicação, eu recebia-os em casa, pelo correio, ainda antes de passarem pelo odioso “lápis azul”; e devem ter sido para aí 50%, os títulos que tiveram esse destino. Era uma colecção, com títulos extremamente actuais, ao tempo, essencialmente sobre temas políticos e sociais, que transcreviam textos sobre o tema versado, publicados nos grandes periódicos dos países democráticos, por especialistas e comentadores de renome. Com formato de livro de bolso,, com cerca de 100 a 150 páginas cada, o primeiro saíu em Julho de 1968, e o último, precisamente quatro anos depois, em Julho de 1972.
O preço começou por ser de 20$00, depois passou para 25$00 e finalmente estabilizou nos 30$00.
Tenho um imenso orgulho em ter toda a colecção, que independentemente do seu valor monetário, tem para mim, um enorme valor pessoal.
Presumo que foi devido a um título, que tinha lido na véspera de uma “conversa” com alguns chefes militares, na EPI, em Mafra, “A crise da Igreja”, e sobre o qual dissertei nessa “conversa”, que vim a ser escolhido para vir a ser capitão miliciano; essencialmente o livro referia o papado muito político de Paulo VI, a forma quase “comprada” como foi escolhido para papa e os posteriores apoios aos movimentos independentistas.
Porque é curioso ver a abrangência dos temas expostos nesta colecção e a oportunidade do seu lançamento, no mercado, aqui fica publicada a totalidade dos títulos editados e publicados.
1 – O conflito Israelo-Árabe
2 – Bolívia, um segundo Vietnam?
3 – A revolta dos negros americanos
4 – Grécia 67
5 – Guerra ou paz?
6 – O drama do terceiro mundo
7 – Que futuro para o Vietnam?
8 – Checoslováquia na hora da democratização
9 – Biafra
10 – EUA – ano de eleições
11 – A revolta de Maio em França
12 – URSS – 50 anos depois
13 – A crise da Igreja
14 – O desafio americano
15 – China hoje
16 – Médio Oriente – solução impossível?
17 – Apartheid
18 – Black Power – Poder Negro
19 – As crises monetárias
20 – Lua – Sim ou não?
21 – De Adenauer a Willy Brandt
22 – A Rodésia e a independência
23 – Japão outro gigante
24 – Uma nova Espanha?
25 – Itália entre direita e esquerda
26 – O Brasil na encruzilhada
27 – Droga – inferno ou paraíso?
28 – Igreja velha, Igreja nova
29 – Hippies – quem os conhece?
30 – Suécia – mito ou realidade?
31 – Bolívia, depois de Guevara
32 – Cuba e o Socialismo
33 – A pílula é um perigo?
34 – O futuro é dos jovens
35 – E depois do Laos?
36 – India – sem Nehru
37 – Mulheres contra homens?
38 –Inglaterra – Trabalhadores, Conservadores ou europeus?
39 – F.B.I. – Abuso de autoridade
40 – Marrocos – Hassen e as conspirações
41 – Vietname – antes da paz
42 – Quem tem medo da China?
43 – A nova esquerda na Europa
44 – E depois de Franco?
45 – Grécia – ano quinto
46 – A Jugoslávia de Tito
47 – Polónia – um novo rumo?
48 – A outra Alemanha
49 – Guerra química e bacteriológica
50 – Albânia – o país das águias
Armando da Silva Carvalho, nasceu, perto de Óbidos, em 28 de Março de 1938.
Frequentou um colégio particular nas Caldas da Rainha e, depois de passar pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, licenciou-se em Direito, na mesma Universidade.
Entretanto exerceu várias profissões: empregado de escritório, tradutor, jornalista, copy-writer numa agência publicitária e, finalmente, a advocacia em Lisboa.
Em 1962 foi-lhe atribuído o Prémio Revelação pela Sociedade Portuguesa de Autores, pelo seu livro “Lírica Consumível”.
Tem várias obras de poesia publicadas, entre elas “Alexandre Bissexto” (1983), “O uso e o abuso” (1976), “Técnicas de engate” (1979) e “Em nome da mãe” (1994).
Publicou também “A vingança de Maria de Noronha” (1988), “O homem que sabia a mar” (2001) e recentemente, em 2006, junto com Maria Velho da Costa, “O livro do meio”.
É um dos melhores poetas portugueses revelados nos anos 60.
Colocas mais palavras
sobre o corpo. Divagas
construindo os pés
de uma retórica
por vezes
fraudulenta.
Por vezes
só.
Sino de músculos
aos meus tão periféricos.
Tão oca. Tão sonora.
Tão perfeita.
Com seu motor erótico
posto em movimento.
Teus lábios
despegam-se
de uma boca harmónica.
Transitam cordiais
num espaço proibido
enriquecido
por límpidos sinais.
Por vezes
tão solene
que os meus olhos
se fundem
liturgidos
na água preciosa
dessa sucinta flor
tão especiosa.
Os meus vocábulos
Dou-tos.
Cruzam c’os teus
no parapeito histórico
em que debruças
o corpo já sem fraude
que mil e uma vezes
pronuncias.
Por vezes
Som.
Subindo na solidão doméstica
com seus talheres de sonho.
Inversa dessa boca transitória
que mastigava a minha
na meiga confusão
dos beijos
e da sesta.
Teu rosto
nesta ilha requintada
onde a chuva choca
os planos pacientes da tristeza
- teu rosto é um turista.
E um voo que se freta
num espaço doente
e a que eu liberto agora
toda a pista.
Por vezes
Sonho
com a matéria
magnífica
dos teus membros,
teus dentes incrustados
numa manha altiva.
E o mar
dá-me esta ilha
todas as manhãs.
Pedro Zamith nasceu em Lisboa em 1971. Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em 1999 depois de terminar o Bacharelato em Cenografia e Figurinos pela Escola Superior de Teatro e Cinema em 1993. Em 1999 frequentou o curso de Desenho Animado na Fundação Calouste Gulbenkian.
Conta já com três livros de banda desenhada publicados, dois pela editora Francesa Nocturne e um pela Bedeteca de Lisboa.
Fez ilustrações para o jornal Público, revista Sábado, revista Bíblia, Volta ao Mundo, OP Magazine, entre outros.
Participou em vários concursos tendo recebido uma Menção Honrosa e um prémio da editora Francesa Nocturne.
No que toca a exposições, Zamith tem integrado desde os anos 90 várias colectivas de artes plásticas: FBAUL, Galeria Zé dos Bois, Museu de Serralves, Hospital Júlio de Matos, e recentemente o projecto artístico “Comboio Fantasma” com o apoio da agência de arte Vera Cortês. Conta ainda com exposições individuais nas galerias Quadrum, Monumental e Pedro Serrenho.
Desde 1993 é professor de Oficinas de Arte e Teoria do Design no Colégio Planalto de Lisboa.
Perante a avalanche de fotos em todos os casamentos, deveriam, como neste caso, agrupar-se os convivas em especiais categorias.
Esta é um bom exemplo, e aplicada à letra nalguns casamentos "de conveniência" ia ser o bom e o bonito...
Faleceu na passada terça feira, em Inglaterra, com 86 anos de idade a actriz de origem escocesa, Deborah Kerr, cuja carreira de mais de 50 filmes, decorreu, principalmente em Hollywood.
Foi uma mulher muito bela, não tipo “mulher fatal”, mas uma beleza serena, e que curiosamente soube envelhecer conservando esses belos traços de uma senhora distinta, como se viu ainda há poucos anos, quando apareceu em público, numa cerimónia de entrega dos Óscares, em que se juntaram personalidades ainda vivas galardoadas pela Academia.
Curiosamente, o único Óscar que ganhou, foi o da carreira, em 1994, pois das 6 vezes em que foi candidata, como melhor actriz principal, nunca o obteve. A sua segunda nomeação era, porventura, merecedora do mesmo, mas o escândalo que rodeou o filme “Até à eternidade”, de 1953, e principalmente a tórrida cena do beijo entre as ondas, no Hawai, entre a sua personagem, uma mulher casada e um sargento do exército americano (Burt Lancaster), para a época, claro, pois hoje a cena é quase púdica, embora plena de sensualidade, impediram que o Óscar lhe tivesse sido atribuído.
Recebeu, no entanto, um Globo de Ouro pela sua interpretação em “O rei e eu”, de 1957, onde contracenou com Yul Brynner.
Entre a sua vasta filmografia, permito-me destacar numa pessoalìssima escolha os seguintes filmes, para além dos dois já citados:
-“As minas de Salomão” (1950)
-“Quo Vadis” (1951)
-“O Prisioneiro de Zenda” (1952)
-“Júlio César” (1953)
-“O grande amor da minha vida” (1957)
-“Vidas separadas” (1958)
-“Bom dia tristeza” (1958)
-“Os inocentes” (1961)
-“A noite da iguana” (1964)
-“O compromisso” (1969)
E, principalmente um dos filmes mais belos e o primeiro filme sobre homossexualidade, suponho, a ser exibido em Portugal: “Chá e simpatia”, de 1956, e em que contracenava com John Kerr.
E assim continua a ser este, um ano muito triste para o espectáculo, pois é mais uma grande figura que nos deixa.
Voltando ao tema do post anterior, e seguindo o raciocínio do Tong zhi, no seu comentário, de que as conversas passariam a ser como os “tintins”, recordei-me de uma cena, que se passou com os meus avós paternos, lá para os tempos revolucionários dos anos 70; sucede que tendo uma filha a residir no Porto, eles de quando em vez, iam até à Invicta, e ficavam sempre hospedados no Hotel Batalha.
O meu avô era mesmo intragável, de um conservadorismo ridículo, para desgraça da minha santa avó (santa porque o aturava), que era uma senhora bela, culta e distinta; ora, das pouquíssimas concessões dele, era quando estavam fora, no Porto, no Hotel Batalha e em Lisboa, no Hotel Tivoli, ele permitia-se uma ida ao cinema, com ela claro, e sempre ao Batalha, no Porto, pois era só atravessar a praça, ou ao S.Jorge, aqui em Lisboa, a 50 metros do hotel; eram cinemas bons, que passavam bons filmes e não havia problemas, apenas perguntava qual o nome do filme e mandava comprar os bilhetes.
Estando uma ocasião no Porto, foram ver um filme, ao Batalha claro, cujo nome em português era “As bailarinas”, tradução muito à letra do título original “Les valseuses”, o que era um perfeito disparate, pois “les valseuses”, quer dizer em calão, os ditos “tintins” ou as “cerejas” na minha moderna versão...e com propriedade, pois são muito “mexidos” os ditos cujos; O filme, bem, eu vi-o, era quase sexualmente subversivo, com sexo a três, sexo descarado entre os 2 protagonistas masculinos, nús integrais em grande parte do filme, enfim, um pagode (os intérpretes eram o Dépardieu, a Miou-Miou e o malogrado Patrick Dewaere e o realizador era o Bertrand Blier).
Imagine-se o espanto e a incredibilidade do meu avô ao deparar com aquilo, era um escândalo e trata de sussurrar para minha avó: “isto é uma porcaria, não podes ver isto, fecha os olhos, Eduarda”; a senhora respondeu-lhe e bem, que se estava incomodado deveriam sair, mas isso , para ele era impossível, outro escândalo seria, sair do cinema a meio, com a luzes apagadas, teriam que esperar pelo intervalo, mas ela deveria fechar os olhos(...).
Bem, a risada que eu dei quando a minha avó me contou isto mais tarde, sem ele saber, claro, e juntou um magnífico comentário; “ E eu até estava a achar divertido, filho...”
A propósito, se puderem encontrar o filme, vejam; vão divertir-se e achar ainda mais piada a esta história.
Já são conhecidos os prémios Nobel deste ano; não me debruço sobre aqueles que são de áreas mais específicas, como a Física, a Química, a Medicina ou a Economia, para me deter nos dois mais mediáticos, naturalmente o da Literatura e o da Paz.
O Nobel da Literatura premiou uma grande carreira de uma velha senhora inglesa, de origem persa, Doris Lessing, que já havia ganho por assim dizer todos os prémios que havia a ganhar e que agora, como ela diz, com uma graça pouco habitual na sua idade, deram-lhe o Nobel à pressa antes que “pifasse”; tem vários títulos publicados no nosso país e a sua figura fará lembrar a “nossa” Agustina, mas um pouco mais democrática... Este prémio contrariou a maioria das prespectivas, mas a Academia Sueca assim determinou, e quanto a mim, muito bem.
Já o prémio para a Paz foi dividido entre uma instituição pública, o IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, da ONU), e Al Gore. Dando toda a razão da atribuição do prémio ao IPCC, pois esse é um dos temas que mais preocupa as gerações actualmente, já não estou tão seguro do mérito de Al Gore, que, embora bem intencionado, me parece que está mais a investir no seu futuro político, a curto, médio ou longo prazo.
Mas à margem do Nobel e antecendendo-os, foram atribuídos, como é hábito, pela universidade de Harvard, nos EUA, os já muito conhecidos IgNobel, dez prémios que pretendem ditiguir nas diversas áreas, investigações de conteúdo sério, mas improvável, brincando assim com o lado ignóbil de alguns estudos científicos. A cerimónia da entrega dos prémios, nessa mesma Universidade será tudo menos académica, embora quem faça a entrega dos prémios sejam individualidades, que ganharam mesmo os prémios das Academias Sueca e Norueguesa.
Neste ano, o prémio mais polémico, terá sido o da Paz, que premiou a fórmula da bomba gay, e que se resume a usar químicos que influenciem o comportamento humano para desviar a disciplina e moral do inimigo, ou dito de outra forma mais perceptível, sugere afrodisíacos fortes, especialmente químicos que provoquem comportamentos homossexuais..
Adriano Correia de Oliveira, nasceu no Porto, em 1942, mas desde os primeiros meses de vida, passou a residir em Avintes, onde frequentou a escola primária. De 1952 a 1959, fez o ensino liceal, no Porto, no Liceu Alexandre Herculano, no final do qual, ingressa na Faculdade de Direito de Coimbra, tendo logo iniciado a sua colaboração com o Orfeão Académico, como primeiro tenor. Em 1961, transfere-se para Lisboa, mas voltou a Coimbra, no ano seguinte, onde como membro dos orgãos da Associação Académica, participa nas célebres lutas e greves estudantis de 1962.
Desde o início da década de 60, torna-se militante do Partido Comunista Português.
Em 1966, casa, casamento esse do qual teve dois filhos, e passa a viver em Lisboa, pedindo novamente a transferência para a Universidade de Lisboa.
Em 1967, inicia em Mafra, a sua vida militar, na qual passou por Santarém, antes de ser colocado na Ajuda, em Lisboa, onde cumpriu o resto da sua tropa, em 1970.
Em 1969, recebe o prémio do melhor disco do ano, pelo álbum “Adriano Correia de Oliveira”, e apareceu no conhecido programa televisivo “Zip Zip”.
Começa a sua vida profissional em 1971, como acessor de imprensa na FIL, e é também então que começa uma actividade artística, em colectividades e assossiações e em meios populares.
Criou uma editora em 1973 e em 1979 realiza o sonho de formar uma cooperativa artística, a Cantabril, de onde é afastado mais tarde, associando-se então à Cooperativa Era Nova.
Morreu, vítima de um acidente vascular esofágico, a 16 de Outubro de 1972, há 25 anos, portanto.
Foi, juntamente com José Afonso, quem mais divulgou, antes do 25 de Abril a música de contestação, e encontrou, entre outros poetas, na sua carreira artística, a colaboração grande de Manuel Alegre. O fado de Coimbra, encontrou na sua voz, um dos melhores divulgadores.
Para melhor conhecer a vida e a obra de Adriano Correia de Oliveira, consultar o site elaborado pelo GTI (Grupo de Trabalho da Intranet, da Escola Secundária de Emídio Navarro, de Viseu), e com uma página inicial da sua filha, Isabel Correia de Oliveira - "Adriano Sempre", onde colhi a maior parte das referências deste texto.
Também no blog "Cantaremos Adriano", podem encontrar-se todos os eventos das comemorações dos 25 anos da sua morte, nomeadamente o lançamento do CD "Cantaremos Adriano", onde se reunem os seus maiores êxitos, e dois inéditos.
Discografia
1960 – “Noites de Coimbra”
1961 –“ Balada do Estudante” (Balada do Estudante)
-“ Fados de Coimbra”
1962 – “Fados de Coimbra” (Senhora, partem tão tristes)
1963 – “Trova do vento que passa” (Trova do vento que passa – Capa negra, rosa negra – Trova do amor lusíada)
1964 – “Adriano Correia de Oliveira” (Lira – Canção da Beira Baixa)
- “Menina dos olhos tristes” (Menina dos olhos tristes – Canção com lágrimas – Canção do soldado)
1967 – “Elegia”
“Adriano Correia de Oliveira” (Margem Sul – Para que quero eu olhos)
1968 – “Adriano Correia de Oliveira” (Exílio)
- “Rosa de sangue” (Pedro soldado)
1969 – “O canto e as armas” (As mãos – A batalha de Alcácer Quibir)
1970 – “Cantaremos” (Canção com lágrimas – Fala do homem nascido)
1971 – “Trova do vento que passa nº. 2” (E a carne se fez verbo)
- “Cantar de emigração” (Fala do homem nascido)
Lisboa tem finalmente a sua “Time Out”, como Londres, Paris e outras grandes cidades.
Era uma revista necessária e lê-se com um agrado acrescentado, pois não se limita a enumerar os muitos acontecimentos que a nossa cidade tem para oferecer semanalmente; opina, aconselha e descobre pequenas e interessantes coisas que, de outra forma, nos escapariam à atenção.
Curiosamente, fiquei muito satisfeito ao ver no segundo número que foi considerada a carta da semana, aquela que foi enviada pelo amigo Luís Galego, que leio com enorme prazer, sempre que ele actualiza o seu “Infinito pessoal”.
Habituado como estou ao seu estilo inconfundível de nos mostrar uma vasta cultura sem contornos intelectuais, que toda a gente aprecia, quase não era preciso ler o seu nome para reconhecer o autor da carta.
Porque o Luís passou há poucos dias por momentos menos bons, não encontro melhor forma de lhe mostrar toda a minha solidariedade, e também um imenso agradecimento pelos textos que connosco compartilha no seu blog, do que trancrever, na íntegra a referida carta.
«De um minuto para o outro atravessei museus e colecções, deslumbrei-me com “As Tentações de Boch”, descobri arte arriscada na galeria Zé dos Bois, apurei ouvidos com as vozes mais atraentes, dancei até ser dia no Jamaica e até cortei o cabelo com uma taça de champanhe na mão. Espreitei antiquários e designers, fitei a cómoda onde nasceu Alberto Caeiro, encontrei velhas histórias num alfarrabista, entrei em livrarias para perceber melhor a morte de Theo Van Gogh, descasquei cebolas com a ajuda de Gunter Grass, enchi a dispensa com mimos da DeliDeluxe e mesmo em cima da hora estreei-me com o construtor de Ibsen, o príncipe Luís Miguel Cintra, a reinar ali na Cornucópia, onde o melhor teatro acontece. Espreguicei-me ao sol nos Meninos do Rio, sentei-me à sombra das oliveiras no jardim do CCB, contemplei o Sol descer sobre a cidade no Bairro Alto Hotel, experimentei fado vadio na Tasca do Chico e ainda tive tempo para rir com os melhores “sketches” dos Monty Python, em versão lusa. E não deixei de agendar um curso de cozinha, para o meu filho, com o mestre Sobral e de oferecer uma flor, não uma margarida ou uma gerbéria, mas uma rosa vinda de longe, onde a simplicidade faz a sofisticação. De um momento para o outro, apercebi-me que não estava em Londres, nem em nenhuma outra time out city, estava em Lisboa. A Time Out ali mesmo num quiosque perto de mim.»
Pela primeira vez, na minha vida , "voto" Santana Lopes.
É completamente inadmissível o sucedido na Sic Notícias, quer o entrevistado fosse este ou outro qualquer; é uma atitude editorial da estação televisiva de Carnaxide, ainda para mais, a não generalista, que vai contra os princípios da boa educação e mostra a subserviência à vontade popular, quando nem sequer Há motivo para aquela interrupção.
não se trata do futebol ser mais importante que a política, mas sim de dar uma importância desmesurada a uma figura endeusada pelos "media".
Se isto acontecesse na TVI, se fosse passível de acontecer, por absurdo, no "24 Horas", não era justificado, mas entendia-se um pouco melhor...Agora na SIC Notícias...
Santana Lopes mostrou, por uma vez, uma dignidade e sobriedade que só tenho que louvar.
O "desconforto" da apresentadora foi notório, embora sem culpas no caso.
Lamentável.
Este é o Portugal de hoje. Mourinho ao poder, já!!!
De entre os diversos textos já publicados sobre a minha vida militar, tenho seguido uma certa cronologia; mas porque não há factos relevantes todos os dias durante a minha estadia em Moçambique, gostaria hoje de falar sobre um assunto mais geral, mas sobre o qual tenho uma opinião formada, filha da observação, e também de alguma experiência. Refiro-me à homossexualidade nas forças armadas portuguesas, principalmente no teatro da guerra colonial.
Recuando um pouco, e como nota introdutória, devo dizer que, quando iniciei a vida militar, já tinha plena consciência dos meus gostos sexuais, e já tinha tido experiências práticas; no entanto, estava ainda numa fase de não total aceitação intima, desse facto. Durante os tempos de Mafra e até durante os quatro meses de Guiné, não houve qualquer desejo acerca deste assunto, tendo eu passado ao lado.
Já o mesmo não sucedeu em Moçambique, onde permaneci tempo mais que suficiente para que o tema não viesse ao de cima; no entanto, e devido à minha posição de capitão a comandar 200 homens numa zona de guerra, havia um natural medo de me expor, pois achava que deveria ser um imperativo para mim, não permitir que um assunto tão intimo e dificil de compreender, pudesse vir, por qualquer motivo, a interferir, mais tarde e causar situações embaraçosas.
Assim, e hoje acho alguma piada ao caso, nunca tive tantas relações sexuais com o outro sexo, como nesses primeiros tempos, não porque tivesse necessidade de me afirmar como tal, mas normalmente, quando acompanhava alguns companheiros em noites de devaneio, e isso abrandava-me, de certo modo, os ímpetos, sempre presentes do desejo de ter sexo com homens.
Fui observando os homens da minha Companhia, e se por um lado, na sua grande maioria, eram de raça negra, a qual é habitualmente muito púdica, mesmo no simples facto de mostrarem os seus orgãos sexuais, por outro, nos poucos brancos que havia, sempre notei conversas e comportamentos, não óbvios, claro, mas que me deixavam adivinhar certas coisas...Pois, havia um soldado que, esse sim era demasiado óbvio e por tal facto era muito mais útil a servir à mesa na messe de oficiais e sargentos, do que no mato, onde decerto estragaria a pintura das unhas, sempre muito cuidadas no seu verniz pérola; curiosamente não era alvo de comentários de censuras jocosas.
Até que um dia, um furriel que há muito “marcava” surgiu na messe com um livro forrado por papel de embrulho, e que não permitia saber de que obra se tratava; tendo deixado ali o livro, por descuido (?), não resisti e fui ver o título: “As amizades particulares” do Roger Peyrefitte, e curiosamente com as partes mais significativas, sublinhadas...
O rapaz voltou, para buscar o livro e ficou naturalmente embaraçado ao ver-me a folheá-lo; perguntei-lhe se o livro era dele, e ele corando, disse que sim; retorqui-lhe muito calmamente que conhecia bem o livro, tinha gostado de o ler e particularmente das partes que ele sublinhara. Ele não sabia como reagir, estava simultâneamente feliz e assustado, e eu expliquei-lhe que deveria estar à vontade comigo, pois decerto teríamos gostos similares sobre esse tema. Ele mais à vontade, perguntou-me abertamente se eu era homossexual, e obteve como resposta, um convite para passar na minha “cabana”, durante a próxima noite que estivesse de ronda, num dos intervalos das suas visitas às sentinelas.
E assim começou um relacionamento, apenas e só, sexual, que muito me reconfortava; o rapaz, no dia a dia tinha comigo um relacionamento absolutamente normal, mas quando estava comigo, soltava a sua língua, que não era pequena e foi-me contando o que se passava na intimidade entre a quase totalidade daqueles 20/30 homens brancos da Companhia, encontros e relações, sempre no segredo, mas quase todos o faziam, mesmo aqueles com ar de machões e que eram casados e pais de filhos; não só experimentavam, como repetiam, segundo ele dizia...Havia um alferes que também tinha essas experiências, e que curiosamente, tempos mais tarde vim encontrar num seu espaço agradável no Bairro Alto, e com total abertura falámos no assunto e ele tudo confirmou; só desconhecia o meu caso (pelos vistos, o furriel não contou a outros, esta sua aventura).
Nas minhas visitas à Beira ou a Nampula, no aninomato de um traje civil, nunca foi difícil encontrar companheiro sexual, de enter os muitos militares, de várias patentes que circulavam por essas cidades; e curiosamente, eram paraquedistas, fuzileiros ou comandos os que mais abundavam, e eram donos de apetecíveis físicos.
Como conclusão, e sei que não é senão uma teoria minha, penso que uma grande, mas mesmo muito grande maioria do pessoal que esteve na guerra colonial, experimentou a homossexualidade, o que não é necessàriamente a mesma coisa de afirmar, que se tornou homossexual...
Há, no entanto, algo de muito positivo que devo, neste campo, à minha estadia em África; tive tempo mais do que suficiente para pensar nas minhas opções sexuais e decidir finalmente em aceitá-las em pleno.
Quando cheguei, cheguei outro Homem!
Les hommes qui passent Maman
M'envoient toujours des cartes postales
Des Bahamas Maman
Les hommes qui passent tout le temps
Sont musiciens artistes peintres
Ou comédiens
Souvent
Les hommes qui passent Maman
M'offrent toujours une jolie chambre
Avec terrasse Maman
Les hommes qui passent je sens
Qu'ils ont le cœur à marée basse des
Envies d'océan
Les hommes qui passent pourtant
Qu'est-ce que j'aimerai en voler un
Pour un mois pour un an
Les hommes qui passent Maman
Ne me donnent jamais rien que de l'argent
Les hommes qui passent Maman
Leurs nuits d'amour sont des étoiles
Qui laissent des traces Maman
Les hommes qui passent violents
Sont toujours ceux qui ont gardé
Un cœur d'enfant perdant
Les hommes qui passent pourtant
Qu'est-ce que j'aimerai en voler un
Pour un mois pour un an
Les hommes qui passent Maman
Ne me donnent jamais rien que de l'argent
Les hommes qui passent Maman
Ont des sourires qui sont un peu
Comme des grimaces Maman
Les hommes qui passent troublants
Me laissent toujours avec mes rêves
Et mes angoisses d'avant
Les hommes qui passent pourtant
Qu'est-ce que j'aimerai en voler un
Pour un, ois pour un an
Les hommes qui passent Maman
Ne me donnent jamais rien que de l'argent
Les hommes qui passent Maman
Les hommes qui passent Maman
Les hommes qui passent pourtant
Les hommes qui passent Maman
Terminou o Festival Queer Lisboa 11, que durante uma semana decorreu no cinema S.Jorge.
Em termos de balanço, e claro está, com as lacunas normais de não ter visto muitos dos filmes, (e apesar de tudo, muitos consegui ver), devo concluir que o saldo é positivo, embora com alguns considerandos.
Este festival ganhou já uma importância real, não só no panorama cinematográfico nacional, pois há um aumento significativo de filmes apresentados, de público a assistir, e com júris equilibrados, que fazem com que o evento, passe a ser mais um acontecimento cultural da cidade do que uma simples mostra de filmes GLBT, exclusivamente para o público GLBT; mas também porque é um festival que começa a ter um nome importante nos muitos festivais do género que vai havendo em grandes cidades , pela presença de filmes a concurso absolutamente recentes, e pelo sempre crescente números de convidados estrangeiros aqui presentes.
Claro que não é fácil montar um festival destes e só a conjugação de muitas boas vontades entre os organizadores e diversas organizações públicas e privadas o permitem; não é de admirar algumas falhas na programação, pois não há coisas destas perfeitas 100%.
A programação, a meu ver, sem títulos muito fortes, apostou, no entanto numa diversidade grande, quer de temas, quer de origens dos filmes.
Talvez o conjunto das curtas metragens não tivesse estado ao nível das longas e dos documentários, embora sobre estes, não possa ter opinião concreta, pois não assisti a nenhum.
Assisti a uma quantidade razoável de curtas, das quais poucas destaco: “Chalk line”, de Dan Brophy – Austrália; “Kampisar”, de Magnus Mork – Suécia; “Private life”, de Abbe Robinson – UK; “A prayer in January”, de Ofir Rave Graizer – Israel e “Wrestling”, de Grímur Hákonarson – Islândia.
Destaque para uma iniciativa muito interessante, que foi a exibição de um ciclo de quatro filmes, denominada “Cinematografia gay portuguesa dos anos 70”, da autoria de Óscar Alves (1975/1978).
Houve debates, exibição de sessões com video-clips e a presença de vários realizadores nas sessões em que os seus filmes foram apresentados.
Dos filmes de longa metragem a concurso, vi vários: “The Bubble”, objecto do meu édito anterior; “Keiller Park”, interessante filme sueco de Susana Edwards, sobre o relacionamento amoroso entre um bem sucedido executivo e um imigrante; “Solange du hier bist”, do alemão Stefan Westerwelle, um belíssimo e tristíssimo filme sobre o amor e a solidão de um homem idoso, cuja única alegria é a visita habitual de um prostituto; “Comme des voleurs” , confirmando plenamente que o seu realizador, o suiço Lionel Baier, sabe fazer um cinema vivo, actual e interessante, como o seu “Garçon Stupide”, apresentado há dois anos, e os decepcionantes “Wild tigers I have known”, e “The picture of Dorian Gray” de Cam Archer e Duncan Roy respectivamente, ambos americanos.
O palmarés ditou como vencedor, por maioria, o filme alemão, e embora não fosse o meu preferido, considero-o um bom vencedor, pois não é costume retratar de uma forma tão atenta e digna o problema da homossexualidade na velhice, e a solidão imensa a que isso conduz. Houve ainda um prémio especial, por unanimidade para o desempenho da brasileira Carla Ribas, pela sua interpretação no filme de Chico Teixeira “A casa de Alice”.
Nos documentários venceu “Estrellas de la línea”, do espanhol Chema Rodriguez, que nem sequer é um filme GLBT, mas parece ser um filme muito bom sobre a vida das prostitutas da capital guatemalteca, que para chamarem a atenção para a sua vida miserável, formam uma equipa de futebol.
Finalmente o prémio da melhor curta metragem, atribuído pela votação do publico foi para o filma brasileiro “Singularidades” de Luciano Coelho.
Para o ano há mais...
Vi esta semana no “Queer Festival Lisboa 11” o filme israelita “The bubble”, do realizador Eyton Fox, do qual já conhecia o seu primeiro filme, de 1990, que era uma curta metragem: “After”, e duas longas metragens, “Yossi & Jaguar” e “Walk in the water”, respectivamente de 2002 e de 2005; todas estas obras são de temática gay e são todas de muito bom nível.
Na generalidade, Fox, centra os argumentos dos seus filmes, em situações que têm a ver com a específica situação de Israel, nos dias de hoje, quer na realidade da guerra e do terrorismo, e também, no caso do “Walk in the water”, no passado, da problemática judeus/nazis.
“The bubble” não foge a esta regra, e embora quase sempre num tom leve e moderno, não deixa nunca de equacionar o actual antagonismo entre israelitas e palestinianos que habitam os territórios sob sua jurisdição, e fá-lo de uma forma muito forte e com cenas de grande crispação, quer na cena inicial, quer principalmente no dramático final.
O filme segue um grupo de três amigos – dois rapazes, ambos gays, e uma rapariga, que compartilham, não só um apartamento em Telavive, mas também muito das suas vidas, amores, desilusões, enfim o seu quotidiano, o qual se altera com o aparecimento na vida de um deles, Noam, de um palestiniano, Ashraf, que ele encontrara, quando, como militar, estava de serviço num “chek-point”, entre Israel e os territórios palestinianos, e que aparece na sua casa de Telavive, iniciando-se uma relação sentimental entre ambos.
As recordações do passado, em Jerusalém, onde ambos viveram quando crianças, e a realidade actual, estão sempre muito presentes, e acabam por conduzi-los a um fim dramático, bem representativo da realidade de hoje e que deixa o espectador, a pensar muito no que é o amor e no que são os terríveis tempos que se vivem na actualidade, em regiões como aquelas.
É um filme belíssimo, que me marcou muito; e, porque não vi muitos dos filmes em competição para o prémio do melhor filme do festival, não me desagradaria, nem admiraria que esse prémio lhe viesse a ser concedido, até porque as críticas dos especialistas, não do júri, são muito boas.
Se o filme for exibido comercialmente, será imperdível; caso não seja, é de estar atento ao mercado dos DVD, ou então recorrer, como eu fiz, à velha “mula”.
O Ramadão é o nono mês do calendário islâmico. É o mês durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual, o quarto dos cinco pilares do Islão. A palavra Ramadão encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo facto do Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano. Uma vez que o calendário islâmico é lunar, o Ramadão não é celebrado todos os anos na mesma data, podendo passar por todas as estações do ano .O momento em que se inicia o Ramadão depende da lua: só começa oficialmente quando for avistado o primeiro traço da lua nova. Por isso, em todo o mundo os sábios e teólogos estão atentos ao céu nesta primeira noite (que este ano aconteceu na quarta feira passada, dia 12). É mês sagrado, período de renovação da fé, da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência à mesquita, correcção pessoal e autodomínio. Durante todo o dia os muçulmanos respeitam o jejum, não podendo ingerir nem alimentos nem água – alguns mais rigorosos, evitam mesmo acumular saliva na boca para aliviar a sede, considerando que isso representa já uma quebra do jejum. Este deve ser mantido do nascer ao pôr do sol, o que os obriga a levantar antes do dia começar para fazerem o “sehri”, a refeição que os vai aguentar até ao final da tarde. Quando o sol se põe – e há em todos os países muçulmanos calendários que indicam a hora exacta em que acontece – podem finalmente quebrar o jejum, e a partir daí iniciam-se as grandes refeições, “iftar” que juntam familiares e amigos nas casa e nas mesquitas. O jejum aplica-se também ao fumo e às relações sexuais. O crente deve não só abster-se destas coisas, mas também não pensar nelas .Durante o Ramadão, é comum a frequência mais assídua à mesquita. Além das cinco orações diárias (salat), durante este mês sagrado recita-se uma oração especial chamada Taraweeh (oração nocturna). O Ramadão é o período em que a vida social dos muçulmanos é mais activa. A 27ª. Noite, de “Lailatul Qadre”, é a mais importante por ter sido, provàvelmente, nela que o Corão foi revelado ao profeta Maomé. Por isso, nessa noite os muçulmanos permanecem em vigília nas mesquitas até o dia nascer. Actualmente, com a ampliação do diálogo interreligioso, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a partilhar este momento de convívio e é cada vez mais freqüente que cristãos ofereçam e celebrem um iftar para os seus amigos muçulmanos.
Wikipedia e "Público"
A família comia tranquilamente quando, inesperadamente, a filha de 11 anos se sai com esta:
-Tenho uma má notícia...deixei de ser virgem!
E começa a chorar. Visìvelmente abatida, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.
E os pais começam a trocar acusações mútuas.
-Tu, sua filha da p...(marido dirigindo-se para a esposa). Isto é por tu seres como és. Por te vestires como uma p... barata e te arreganhares toda para o primeiro imbecil que chega aqui em casa. Claro que com este exemplo que a menina vê todos os dias...
-E tu também (pai apontando para a filha de 25 anos). Sempre agarrada no sofá a lamber aquele filho da p... do teu namorado, que é mais gay que outra coisa. Tudo na frente da menina!
A mãe não aguenta mais e explode, virando-se para o marido:
-E tu, meu camelo? Gastas metade do salário com p... e despedes-te delas à porta. Pensas que eu e a menina somos cegas? E além disso, que exemplo é que lhe podes dar, se desde que assinaste a m... da TV Cabo, passas todos os fins de semana a assistir a filmes porno de quinta categoria, com p... e cavalos e depois acabas por bater dezenas de p...., com direito a todos os tipos de gemidos e grunhidos?
Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos cheios de lágrimas e a voz trémula, pega na mão da filhinha e pergunta baixinho:
-Como foi que isso aconteceu, filhinha?
E entre soluços, a menina respondeu:
-A professora tirou-me do presépio! E a virgem agora é a Ana e eu vou fazer de vaquinha!
Uma tia encontra uma amiga que não via há muito tempo e vai logo dizendo:
-Querida, você está tão diferente! Cortou o cabelo...Tá giraça...
-É...
-Tá mais magra...Bonita...
-É...
-Então conte-me, o que anda a fazer?
-Eu tou a fazer quimioterapia.
-Ah, é o máximo! E diga-me, está na Moderna ou na Independente?
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Um tipo entrou num bar e disse ao barman: " Eu queria que o senhor me pagasse uma bebida! "
O barman, muito admirado, respondeu que não, alegando que aquilo não era a Santa Casa da Misericórdia.
" Ah! Eu tenho aqui uma coisa impressionante e, se eu lha mostrar, você vai-me decerto pagar uma bebida! "
O barman, intrigado, pede-lhe que mostre. Então o cliente tira do casaco um baralho de cartas, com cerca de 30 cm de tamanho.
O barman fica perplexo e, como nunca tinha visto um jogo de cartas tão grande, resolve pagar uma bebida ao homem. Alguns jogos e copos depois, o barman esolve perguntar ao homem onde é que ele tinha arranjado tão estranho baralho.
" É que encontrei um génio que concede desejos!!"
O barman, todo empolgado, pede logo ao homem que lhe mostre o génio, para poder pedir alguma coisa.
O homem dá uma lâmpada ao barman, que a esfrega, e, realmente, aparece o tal génio, dizendo o seguinte: " Vou conceder-te um único desejo, mas rápido, que eu quero voltar a dormir!"
O barman então, sem pensar muito, pede a primeira coisa que lhe vem à cabeça:
- " Quero um milhão! Um milhão em notas!"
O génio estala os dedos e, de repente, o bar fica atulhado de botas.
- " Botas??? Eu pedi um milhão em notas e não em botas! Essa droga de génio é um bocado surdo, não acha??"
O homem responde:
- " Claro!! Ou você acredita que eu ia alguma vez pedir um "BARALHO" de 30 cm??"
Há silêncios que são demasiado ruidosos, eu sei que é uma frase feita, tal o repetido uso do sentido da mesma.
Eu prefiro outra imagem, pese embora possa ferir os “pessoanos” puros: há silêncios que se estranham deveras quando nos acontecem, mas depois entranham-se e habituamo-nos a eles, embora sempre com um som (triste, embora belo) a acompanhá-los – “The sound of silence”!
De regresso estou, da costa dálmata da Croácia, local que desde já recomendo sem reservas para quem queira passar umas férias sem luxos, sem grandes aldeamentos turísticos, mas muito mar, ilhas e mais ilhas, animação sadia, principalmente nas ruas, e uma certa pacatez que é raro encontrar num sítio tão turístico, onde não há a habitual chusma de japoneses e de espanhóis...
Zadar é a quarta cidade da Croácia, com cerca de 100.000 habitantes e muitos turistas no verão, essencialmente provenientes do centro da Europa.
É uma cidade bela que irei mostrar, e foi nela que nasceu o motivo que me lá me levou, o Déjan.
Aí viveu até aos seus 17 anos, ali tem as suas raízes, e embora as relações entre croatas e sérvios não sejam pròpriamente de um grande entendimento mútuo, ele sérvio de família, tem uma forma original de gostar daquele sítio de um país do qua não gosta, ele considera-se um dálmata!
As praias têm uma claridade e uma temperatura fabulosas, apenas com um senão, e bastante penoso, para mim, que é a falta de areia; é terível a entrada na água com aquelas pedras a sentirem-se por baixo dos pés; mas depois, é óptimo.
Fiz cruzeiros de barco a pequenas e lindíssimas ilhas e visitei Split, já uma grande cidade e já com um turismo em grande escala.
Mas acima de tudo, estive duas semanas com a pessoa com quem me sinto bem, a viver uma vida quase normal, ir às compras, cozinhar e comer em casa, ver televisão, conversar muito, ir beber um copo a um bar ou simplesmente passear, além de outras coisas que não valerá a pena falar, é claro...
Neste regresso gostaria de questionar duas coisas inquestionáveis: não seria possível abolir as despedidas? E a outra, mais passível de explicação lógica, talvez; porque razão as saudades nos parecem sempre maiores nos momentos imediatamente posteriores à separação do que quando o peso dos dias separados começa a ser demasiado pesados?
I miss you, Déjan!